Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

4 - Anjos Não Se Meteriam Nessa Enrascada

Os dias de Fredrick se seguiram iguais. Acordava, preparava o café da manhã para si e para Allissa, então, ia trabalhar. Pelas manhãs, lecionava para turmas de medicina e durante as tardes, praticava a ortopedia em um hospital de alto padrão. Era bastante comum que seu ofício de professor e de médico se misturassem, já que, por vezes, recebia o dever de orientar os alunos residentes em seus primeiros atendimentos.

Em seu tempo livre entre um e outro emprego, comia e conversava com seus colegas de trabalho que eram, em geral, homens e mulheres com mais ou menos a mesma idade e casados, embora houvesse um ou outro divorciado ou viúvo, como ele próprio. Contentavam-se em falar de seus trabalhos (que resumia o assunto em discutir se o país deveria ou não adotar um sistema de saúde gratuita para a população de baixa renda), reclamar das gerações atuais e das próximas (atitude típica dos mais velhos) e comentar sobre suas famílias.

— É algo com a Allissa, não é? — indagou o doutor Leroux, que estava sentado a frente de Freddy, no refeitório da universidade.

— Não, Lerry, — Fredrick não conseguia pronunciar corretamente a palavra Leroux, por isso apelidou o amigo de Lerry — Allissa está bem. E eu tô bem!

— Não caio nessa, Fred... — Leroux nunca decidia se chamava Fredrick apenas de Freddy ou de Fred. — Você tá estranho desde o aniversário dela. — doutor Leroux e doutor Warren se conheciam há muitos anos, fizeram amizade ainda quando eram médicos residentes no mesmo hospital e um assistiu o outro crescer na carreira e na vida — Sendo a melhor amiga da sua filha, Sam não me diz nada, mas eu sei que ela sabe de algo, então só posso deduzir que tem a ver com a Allie. — ninguém diria que aquele homem baixinho, meio careca e nada atlético acabaria casado com uma linda modelo escocesa. Samantha Osgood Leroux tinha, por sorte, herdado a beleza da mãe, contudo, também foi agraciada e punida, ao mesmo tempo, com o bom humor do pai — Sou seu amigo ou não sou? Vamos, pode me contar o que houve. — e tal como Sam era a melhor amiga de Allie, Lerry era o melhor amigo de Freddy.

— Ok! — Fredrick não queria chatear o amigo — É que... bem...

— Fica tranquilo, amigo... eu vou te apoiar. — Lerry se esticou e deu um tapinha no ombro de Freddy.

— Eu... acompanhei a Allie e a Sam até uma casa noturna... como te falei, para comemorar o aniversário, enfim... — Fredrick sentiu as mãos começarem a suar por causa do que estava prestes a dizer — Quase não acreditei quando vi... hã... quando vi a Allie beijando outra garota.

O cu de Leroux caiu da bunda.

— Freddy, eu não imaginava, nossa... — o doutor de sobrenome francês quase engasgou com a comida — O que fez a respeito?

— Ora, nada. Era aniversário dela, afinal. — Fredrick estava dividido entre bater com a cabeça na parede por mentir ou entregar um Óscar de melhor ator para si mesmo por conseguir improvisar histórias com tanta naturalidade — É que, sabe como essa molecada é...

— Se sei? Essa geração está perdida, meu amigo! — exclamou Lerry — A juventude está ficando cada vez mais depravada...

— Sim, sim... — Freddy cortou o amigo antes que ele começasse a falar "na minha época" — Não sei se isso era só uma coisa de momento ou se é... pra valer...

— Como assim, coisa de momento ou pra valer? — o melhor amigo ficou confuso.

— Quero dizer... A Allissa é lésbica? Ou estava só se divertindo? — Freddy apoiou o queixo em uma das mãos e fitou o nada — E... outra questão é... vai acontecer de novo?

— Escuta, Fred... — Lerry falou após respirar fundo — Se a Allie costumava namorar garotos, então talvez o nome correto seja bissexual, é o que dizem, né? — corrigiu — Ah, sei lá. Não entendo essas coisas, tipo, quando a gente era mais novo, não tinha tanto isso, sabe? Esse negócio de homem beijar homem e mulher beijar mulher e, não sei se era assim para você, meu amigo, — o médico deu uma risada estranha — mas eu costumava ter que batalhar muito para conseguir beijar alguém. A gente tinha que paquerar, ir à casa dos pais e pedir permissão para levar para sair, lembra disso? Essa molecada faz tudo parecer fácil, se agarram em festas como cães no cio, ficam com qualquer um... não, eu não acho isso uma boa coisa...

Se agarrar com um qualquer como um cão no cio foi exatamente o que Freddy havia feito, sendo assim, considerando a idade do doutor, talvez atitudes do tipo não fossem exclusivas do grupo que Leroux entendia como "molecada".

De qualquer maneira, Fredrick ouviu com atenção as palavras do melhor amigo — Não tinha tanto isso de homem beijar homem porque nossos pais jamais aceitariam algo assim. A gente era ensinado a odiar esse tipo de coisa, lembra? — o doutor adicionou aos comentários do outro — Hoje o mundo é outro. Isso é até bem visto em certos casos, sei lá.

Fredrick desviava o olhar e passava as mãos nos cabelos. Se sentia acuado ouvindo as impressões do amigo. A necessidade de justificar relações homoafetivas crescia conforme se deparava com a noção de que suas atitudes recentes iam de encontro aos valores que recebera quando menino.

— Mas você não acha estranho? — indagou Lerry — Essas pessoas simplesmente não seguem o chamado da natureza. A gente é médico, a biologia...

— A biologia explica a homossexualidade existente em diversas espécies, Lerry. — Freddy se apressou ao dizer. Uma parte de si queria respostas e a outra tentava defender o que havia feito — Mas o que tá me deixando confuso não é a parte biológica da coisa. — Warren olhava para os lados, verificando se mais alguém poderia ouví-los — Minha dúvida é... — precisava continuar com a mentira — Será que isso é o tipo de coisa que vai passar? Tipo, ela só estava curiosa a respeito de como seria estar com alguém do mesmo sexo? Ou ela vai chegar em casa de mãos dadas com outra garota e chamá-la de namorada? Minha filha vai se casar com uma mulher? Como eu devo reagir a isso?

— É mesmo complicado, meu amigo. — Leroux suspirou, terminando sua refeição e colocando os talheres sobre o prato — A Allie já é adulta e a gente não pode mais dizer o que ela tem que fazer com a própria vida, não é? E eu sei que essas coisas não mudam... não é como se tivesse um botão que desligasse isso. Ela pode estar se divertindo ou pode realmente gostar da coisa. De qualquer forma, se colocar contra isso pode abalar a sua relação com a menina. — Lerry estava realmente tentando ajudar.

— O que eu faço? — indagou Freddy, deixando vir à tona um pouco de seu desespero.

— Se fosse com a Sam... bem, acho que eu fingiria não saber de nada. — Lerry pensou um pouco, recostando-se na cadeira do refeitório e se deixando escorregar — A gente não sabe dessas coisas então, talvez seja um erro ficar se descabelando a respeito. Espera um pouco e vê se acontece de novo ou se ela decide vir e falar contigo. Vamos torcer para que seja só uma curiosidade que ela queria matar...

— E se não for? — Fredrick sentiu medo.

— Bem, todas as famílias têm seus problemas, não tem? — Lerry indagou, rindo.

Problema? Então, para Lerry, se descobrir homo ou bissexual era um problema? Droga! Ao ouvir as palavras do melhor amigo, Fredrick entendeu o tamanho do buraco em que havia se enfiado. — Terei que pagar para ver, então? — disse ele, sorrindo um sorriso desolado.

No mesmo dia, quando voltou para casa após o trabalho, o doutor Warren tratou de contar para Allissa o que tinha feito.

— Você disse o que para o tio Lerry? — Allie quase desmaiou ao ouvir do pai que havia sido envolvida numa mentira a respeito de sua sexualidade — Pai! Por que não contou a verdade a ele? Lerry é o seu melhor amigo! Foi um dos motivos pelo qual aceitou vir morar e trabalhar nessa cidade!

— Eu sei, querida, eu sei e... me desculpe por te envolver, mas eu entrei em pânico. — Fredrick observava Allie andar de um lado para o outro com a mão na testa. Se sentiu envergonhado por ser ele aquele a se meter em problemas típicos dos adolescentes — Gente da minha idade não costuma ser compreensiva com esse tipo de coisa...

— Vocês são amigos! — a menina insistiu — O tio Lerry entenderia. Quer dizer, não há nada para entender. Você é bissexual, muita gente é. Isso é perfeitamente normal!

— Filha, é fácil para você dizer isso. Você cresceu num mundo diferente e... eu não sei se posso dizer que sou bissexual, tipo, eu dormi com um cara apenas... — Freddy se explicava. Sua cabeça repleta de princípios e valores de outra época jamais seria inteiramente compreendida por uma jovem que ganhou seu primeiro celular aos três anos de idade. Como poderia colocar em palavras o fato de estar se sentindo como se não soubesse mais a própria identidade? — Isso pode afetar a minha amizade com o Lerry, pode afetar o meu trabalho e... enfim, pode afetar negativamente toda a nossa vida. Tenho que ser cauteloso com essa questão...

— Ok, bem... — Allissa se sentou no sofá ao lado do pai — Vou falar com a Sam. Ela já meio que sabe que não deve falar nada, mas vou pedir para ela confirmar sua história, caso o tio Lerry pergunte, tá?

Fredrick suspirou. Era verdade aquela ideia de que a mentira tendia a se transformar numa bola de neve. Não haviam se passado vinte e quatro horas desde que decidira mentir para o melhor amigo e já tinham mais duas pessoas envolvidas na manutenção da tal mentira.

No entanto, o que diria? Contaria que tinha transado com um homem que conheceu numa casa noturna? Sabendo agora que seu amigo achava que tal tipo de relação era equivalente a "não atender ao chamado da natureza" e que a possibilidade de ser qualquer coisa distinta de heterossexual consistia num problema?

Fredrick não queria ser visto como um problema, como alguém que subverte os princípios naturais. Ser tolerante a um tipo de comportamento era drasticamente diferente de ser praticante da tal ação. Era muito confortável pensar em gays, lésbicas e transexuais a partir de uma posição privilegiada de heterossexual. Era muito fácil se dizer contrário à homofobia enquanto não precisava se aproximar daqueles que a sofriam. Contudo, ali, dias após ter feito sexo homossexual com uma pessoa, Freddy começava a questionar todos os seus valores e sua vida até aquele ponto.

Quem era Fredrick Warren? Sua trajetória permitia aquele tipo de virada? Poderia ele reconhecer aqueles estranhos desejos como parte de si ou os consideraria mera curiosidade para fugir do tédio?

O médico se lembrava da época em que esteve no colégio e em que pôde participar de algumas festas questionáveis em que garotas se beijavam para excitar os garotos. Se lembrava também do colega estranho sobre o qual diziam coisas cruéis.

O colega, supostamente, gostava de meninos.

Freddy nunca soube se os boatos eram verdadeiros, pois nunca teve a oportunidade (ou a vontade) de se aproximar do tal. A face de um antigo amigo também lhe vinha à memória: Romeo. Por onde será que andava aquele latino magrelo sobre o qual cochichavam obscenidades que chamavam de piadas. Piadas. Freddy gostava de rir daquelas piadas. Não por mal, pois nunca quis ferir alguém. Apenas gostava delas porque eram engraçadas.

Fariam piadas sobre ele? Fredrick riria das tais piadas agora? Ainda as acharia engraçadas? Bem, se condenar pelo passado não era a melhor saída era? A única alternativa que tinha era esperar. Esperar e ver se aquele louco desejo o consumiria outra vez ou se simplesmente desapareceria.

Esperava que desaparecesse.

Seria conveniente que desaparecesse.

Mais dias se passaram e a rotina de Freddy continuou, exceto pela vez em que passou numa revistaria próxima a universidade e comprou a edição mais recente de uma revista com conteúdo sexual explícito. Não levantou o rosto para encarar o lojista ou qualquer outro cliente, imaginando a vergonha que passaria se um de seus alunos ou algum colega de trabalho o visse com aquele tipo de produto nas mãos.

De fato, se sentia horrível por comprar a revista. Não que não apreciasse as modelos ou o aspecto exibicionista das fotos. No entanto, uma parte de si considerava a busca pelo prazer sexual através de fotos de desconhecidos numa revista algo imoral, até nojento. Se sentia como um daqueles tarados que assediava mulheres. Mas era isso o que homens faziam, não era?

Num instante, Fredrick se odiou por ser homem e por pensar em tudo o que aquela palavra significava. Tinha a certeza de que decepcionaria mais sua filha por se masturbar para mulheres em fotos do que por se envolver com alguém numa balada. Contudo, ele precisava saber, precisava sentir aquele fogo queimar outra vez, dessa vez, pelo tipo correto de gente.

Tipo correto?

Em que momento da vida Fredrick Warren havia se conformado com a ideia de que existia um "tipo correto"? Quando foi que sua mente aceitou tamanha limitação?

Após o jantar, Freddy se trancou em seu quarto e abriu sua mochila, apanhando a revista adulta e a jogando sobre a cama. No entanto, não estava no clima. Estava nervoso demais — Vou tomar um banho... — decidiu, crendo que a água quente o deixaria mais relaxado. Quando saiu de debaixo do chuveiro, se secou e vestiu apenas um roupão, então, sentou-se na cama e começou a folhear a revista.

Era verdade que ninguém poderia realmente dizer que as mulheres ali eram feias ou não atraentes, pois elas o eram, mas suas poses apelativas só serviam para afastar Freddy ainda mais do tão desejado "clima".

Doutor Warren era um romântico e detestava resumir a figura humana somente em sua faceta sensual e erótica. Podia até transar casualmente e em primeiros encontros, no entanto, precisava sentir aquela coisa inexplicável, a atração irresistível e o desejo louco por uma beleza que transcende os limites do corpo.

Deixou a revista de lado e pegou o controle da Smart TV que ficava em frente a sua cama. Abriu o aplicativo de internet e digitou o endereço de um site pornô gratuito. Passeou pelos vídeos, buscando algum que o interessasse. Também não tinha o costume de ver aquele tipo de produção, embora elas não o incomodassem tanto. Era só que não tinha muito tempo para pensar no próprio prazer e algo em seu âmago sempre o condenava por buscar formas rasas de se satisfazer. Mas ele também era filho de Deus, não era? Não. Fredrick Warren era ateu. O que era ótimo, pois se fosse cristão, seria mandado para o inferno.

I'm on the highway to hell! — o médico cantarolou a música da banda AC/DC enquanto pensava no que Deus (ou o diabo) faria com ele. Irônico era o fato de a expressão "AC/DC" ser uma gíria para representar indivíduos bissexuais.

Independentemente disto, porém, Freddy não conseguia achar nada que o interessasse e o motivo era simples:

Ele estava curioso.

Desde sua noite com o tal ladrão de batidas do coração, o que consumia o médico era a curiosidade, era o desejo de saber se o que sentiu naquela noite se repetiria, pois, por mais que temesse o significado daquelas vontades obscenas, não conseguia se esquecer do fato mais importante:

Ele havia gostado.

Sim. Fredrick Warren tinha gostado do que experimentou com aquele deus encarnado e sua mente deu um jeito de guardar os detalhes mais insignificantes de tudo, como a sensação em suas mãos, quando seus dedos se curvaram ao redor dos quadris da criatura enquanto a penetrava. Lembrava-se do calor das respirações ofegantes e de como os músculos das costas da obra de arte se contraiam, estremecendo no prazer do orgasmo.

Aquilo não se resumia a uma experiência para se ter antes de morrer, não, Freddy se lembrava, no seu íntimo se lembrava e, por mais que tivesse medo, não via a hora de poder fazer aquilo outra vez.

E quando se deu conta disso, percebeu que seu pênis se encontrava duro como pau.

Pronto, tinha conseguido ficar excitado. Agora tinha que resolver aquela situação. Seu cérebro já sugeria a resposta, mas Fredrick não queria aceitar. Pornografia gay? — Qual é o problema? — indagava o diabo em seu ombro esquerdo — Ninguém mais vai saber e... você gostou tanto.

Isso quer dizer que você realmente fica ligado com... esse tipo de coisa? — outro diabo (porque nenhum anjo se meteria nessa enrascada), entrou na conversa mental — O que isso diz sobre você?

A imagem do deus encarnado a lhe fazer sexo oral, entretanto, já tinha se formado diante dos olhos de Freddy e ele teve que levar uma mão até o membro carente de atenção para se satisfazer. Droga! Por que não se lembrava de todas as mulheres com quem tinha compartilhado a cama? Por que tinha que ser justamente o cara?

Porque era novidade, talvez? Porque, em termos, ter prazer com um homem era algo proibido e o proibido era mais gostoso? Porque uma parte de si queria desafiar a ordem vigente e botar abaixo todas as certezas que Fredrick Warren tinha sobre si mesmo?

Do que importavam as respostas? Freddy desabou ofegante, com as mãos e o abdômen sujos de seu próprio sêmen, estremecendo sem poder evitar pensar em seu deus, quando este lambia os dedos encharcados, rodeando-os com a ponta da língua enquanto o encarava com aqueles olhos delirantes. Talvez o médico tivesse pensado nele porque, em anos, aquela era primeira vez que não tinha tido que lutar, que não teve que fazer um imenso esforço para provar a profundidade de seus sentimentos por alguém que só não dizia o tão esperado "sim" porque acreditava que era imoral não ser difícil.

Tinha sido tão bom não ter que se explicar ou inventar desculpas e simplesmente transar porque se quis, porque deu vontade. E a melhor parte, que também era a parte mais egoísta da coisa, era sentir que ele, no alto de seus quarenta e oito anos, quase quarenta e nove, ainda conseguia despertar o desejo não só das mulheres, mas dos homens. E que homem! Seu ego se encheu de orgulho, finalmente percebendo que ele só poderia estar muito bem na fita para atrair um deus em toda a sua glória

— Mais para mim. — pensou Freddy, rindo para o nada, se divertindo naqueles pequenos instantes que precediam o retorno do medo que viria tão logo ele voltasse a pensar nas consequências de seus desejos.

Mais dias se passaram e com eles se passaram as semanas e os meses. Allissa e Samantha continuavam a guardar o segredo de Fredrick. Leroux, por sua vez, não fazia muitas perguntas a respeito. O mundo continuava girando e as coisas seguiam seu curso. A vida não precisava ser toda a respeito do momento em que Freddy decidiu transar com um cara.

A mente do médico já conseguia se prender a diversos assuntos: ia a bares com os colegas, ouvia Allie falar sobre o que aprendia em seu novo curso de fotografia e de como começava a se interessar por uma profissão nessa área, fazia compras e preparava as aulas que ministrava na universidade.

Toda a neura de ser ou não ser estava ficando para trás, esquecida. Estava, finalmente, tudo bem de novo.

No entanto, quando os olhos dele recaíram sobre aquela figura, sentiu que seu coração tinha se esquecido de como bater e bombear o sangue em suas veias. Sufocou uma exclamação em sua garganta, pois queria gritar de susto, de medo e de admiração.

Não, não de admiração, apenas de medo mesmo. Pois lá estava o ladrão de batidas de coração, sendo levado às pressas numa maca carregada por enfermeiros preocupados e eufóricos. Fredrick estava para voltar para casa quando o viu chegar. Suas pernas pararam de imediato, seus pés perderam o chão. Já era a segunda vez em que aquele ser lhe roubava os batimentos cardíacos. Agora, porém, não tinha sido de uma maneira agradável.

O que teria acontecido? Os olhos do médico procuravam sinais de vida. Havia uma máscara de oxigênio no rosto ensanguentado da criatura. Ele estava respirando então. Ufa!

A trupe de médicos e enfermeiros seguiu hospital adentro e Freddy não soube o que fazer. Uma parte de si queria correr com ela para entender, para tentar ajudar, para entender e tentar ajudar ao mesmo tempo. A outra gritava dizendo que ele deveria se acalmar, afinal, se tratava apenas de um desconhecido. Alguém que sequer lhe disse o nome.

Correu. Correu atrás dos enfermeiros. Disse para si mesmo que era apenas uma preocupação leve, devido ao fato de terem se relacionado no passado, mesmo que tivesse sido apenas por uma noite.

Nada importante. Fredrick Warren não era um monstro, afinal.

Notas Finais: Obrigada por ler! Clica na estrelinha, comenta o que está achando e bora para o próximo! 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro