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13 - O Segredo de Le Grand Pain

- Por que você não pede para o seu pai te arranjar um trabalho com algum conhecido dele? - Sam indagou, deitada de pernas para o ar sobre a cama de Allissa - O daddy conhece empresários de vários setores...

- Não quero que meu pai me arranje um emprego, Sam. - Allissa respondeu, suspirando - Quer dizer, não enquanto eu não tentar de tudo para conseguir por conta própria.

- Ah, pra mim, cê tá sendo boba! - Samantha opinou, debruçando-se na cama e fitando a amiga sentada e a mexer no notebook - Minha mãe arrumou o trampo na agência pra mim e eu tô achando ótimo! Posso ver de te indicar quando surgir outra vaga, mas, antes disso, não há nada de mal em usar a influência do seu pai para chegar mais longe.

- Ai, Sam, eu já expliquei! - Allie bufou, impaciente - Não quero ficar tanto na dependência do meu pai. Já tenho vinte e um! Tá mais do que na hora de eu começar a conseguir minhas próprias coisas. As pessoas costumam aprender a dirigir entre os dezesseis e os dezoito. Enquanto isso, antes de o meu pai aceitar trabalhar aqui em Chicago, ele pagava um motorista pra mim, pois nem dirigir eu sei ainda... - apoiou o notebook sobre a cama, ao lado da amiga - A verdade é que tenho sido um peso para ele... e não só para ele, para a sociedade como um todo! - disse, convicta.

- Ah, isso é por causa do Jean, né? - Samantha indagou e se sentou - Allie, desencana. Você não precisa correr para arrumar um trampo só porque se deu conta de que a desigualdade existe. - a ruiva parecia querer provar um ponto - Deveria fazer as coisas com calma, não por uma pressão que você mesmo tá inventando. Quem disse que você tem sido um peso para o daddy? Melhor, quem foi que te disse que arrumar um emprego vai ajudar em alguma coisa? Você vai continuar sendo filha de um ricaço que te criou em berço de ouro. Vai continuar tendo mais do que a maior parte das pessoas e, pior, ainda vai, na visão de um monte de gente, "tomar o emprego delas". Se o seu problema é a desigualdade, recomendaria um trabalho voluntário, doações, sei lá...

Allissa escutava atentamente as palavras da amiga, concluindo, em seguida, que ela tinha razão. Conseguir um emprego não resolveria a questão da desigualdade, de fato. No entanto, a jovem estava consciente de que a busca por uma experiência profissional não existia somente para representar um suposto desejo altruísta contra uma realidade perversa. Allie queria trabalhar porque, desde que conhecera Jean e Lindarosa, sentia que, para eles, não passava de uma mimada que não valorizava a sorte que tinha por ser rica.

Era isso mesmo. Quando morava no interior, vivia em um bairro de altíssimo padrão, cercada por pessoas cujo poder aquisitivo era, no mínimo, alto. Todos os seus vizinhos e colegas de escola tinham motoristas, então não havia motivo para querer dirigir, por mais apta que fosse perante a lei. Tendo Fredrick sempre sido um pai liberal, Allissa não precisava mentir para ir às festas. Não. Bastava pedir e o próprio Freddy a levava para se divertir com os amigos. Sem neuras, então... por que deveria se preocupar?

Na cidade grande, contudo, a aquisição de um nível maior de independência e responsabilidade se tornava mais e mais urgente. Agora, interagindo com pessoas de classes econômicas distintas, enxergava o tamanho dos privilégios que tinha e passava a considerá-los injustos.

Injustos, porque não era certo que Lindarosa tivesse a nota prejudicada pelo fato de não ter conseguido se dedicar tanto a uma atividade do curso justamente por estar trabalhando para pagar o mesmo. Injustos, porque Jean-Claude que trabalhava de domingo à domingo com a mãe no mercado e ainda era capaz de criar trabalhos fabulosos com a câmera, não teria acesso à uma vaga bacana em uma empresa na área de seus estudos porque existia uma imensa probabilidade de um pai ricaço indicar sua filha mimada para ocupar o lugar que poderia ser de quem se esforçava bem mais.

Era por isso que Allissa queria um emprego. Mas não só por isso...

Também tinha o racismo.

Fredrick havia ficado em silêncio e abaixado a cabeça quando a filha comentou sobre como era comum ver pessoas da mesma cor que ela em situações de vulnerabilidade financeira. Parando para pensar, Allissa nunca tinha conhecido um investidor, dentre os conhecidos do pai, que não fosse branco. As empregadas das famílias de seus colegas de escola e vizinhos do interior eram, coincidentemente, afro-americanas ou latinas, e algumas delas até eram imigrantes ilegais que se sujeitavam a péssimas condições de trabalho apenas para não serem deportadas da "terra de oportunidade e liberdade" que os Estados Unidos se diziam ser.

Algumas eram negras brasileiras, como Elenice.

Elenice morreu casada com um milionário, abastada de tudo, com exceção da saúde. A história dela, entretanto, era a exceção e não a regra.

Allissa teve a oportunidade de conhecer a mãe de Jean-Claude. Olhando para ela, julgou, pelas rugas e aspecto cansado, que a mulher tivesse cerca de sessenta anos e se surpreendeu quando descobriu que dona Handal tinha quarenta e três, sendo ainda mais nova do que Fredrick. Foi aí que se perguntou como seria a aparência do pai, se ele trabalhasse o mesmo tanto (afinal, não ousaria tomar o trabalho de um médico e professor como algo simples), mas não possuísse os recursos para se cuidar, deixando de preservar assim, a saúde e a beleza.

No quarto de Jean, enquanto esperava ele escolher as roupas que usariam para o ensaio, estranhou que um jovem possuísse um guarda-roupa tão pequeno. Quase não acreditou que ele nunca havia segurado um relógio que custasse mais de mil dólares.

Até Lindarosa recusar o convite para ir a uma balada específica por não ter dinheiro para arcar com os valores praticados na casa, Allie nunca tinha tido uma amiga que não possuísse condições de frequentar os mesmos lugares que ela.

Então, começou a ponderar quão sem noção ela e Samantha provavelmente pareciam diante dos olhos de seus colegas menos ricos. Falando de marcas e passeios caros, exibindo fotografias tiradas com câmeras mais caras do que as que o professor possuía.

E, por falar em professor, agora, Allissa entendia melhor a razão para ele ter se recusado a aceitar a desculpa que ela e Jean tentaram dar. Com tantas pessoas se esforçando tanto, não era justo que eles ganhassem nota sem terem feito porra nenhuma.

- Sammy, não tô tentando mudar o mundo, apenas a mim mesma... - Allissa se justificou - Quero aprender a viver com as mesmas oportunidades que todo mundo. Um emprego vai me ajudar, tenho certeza! Você vai me apoiar, não vai?

- Claro que vou, amiga, mas que pergunta besta! - Samantha apanhou o notebook e começou a digitar algo - Só tô dizendo que fazer algo pelo mundo ou pelos outros não vai te deixar feliz. Não dá para viver só de aparência... De qualquer forma, vem cá... - olhou para Allissa e inclinou a cabeça, indicando o espaço vago ao seu lado - Vamos ver como está o seu currículo...

II

- Se nunca teve experiência profissional, comece mandando currículo para as empresas em que gostaria de trabalhar e, sei lá, tente deixar claras as habilidades que possui e que podem ser úteis no cargo para o qual estiver se candidatando. - Lindarosa aconselhou - E tente começar com cargos menores... tipo, atendente, operadora de caixa... se bem que, quando souberem que você é rica, não vão querer te colocar em posições baixas... - a loira franziu o cenho, pensando em como ajudar a colega.

- A gente pode parar de falar de trabalho por um tempo? - Jean-Claude pediu, virando o último gole de cerveja que restava em seu copo - Não aguento mais pensar em trabalhar. - riu - Allie, quer trocar comigo? Eu vou morar no seu apê e você vai para o mercado trampar... - sugeriu em tom de brincadeira - Tô cansadão...

- E sobre o que querem falar? - indagou Allissa, rindo da brincadeira de Jean.

- Sobre o barman que tá olhando muito pra nossa mesa. - Lindarosa comentou baixinho, tentando disfarçar enquanto sorria - Jean, é contigo, viu?

A pele negra do rapaz adquiriu uma coloração avermelhada.

- Não fala merda, Linda. - rebateu encabulado - Sou macho!

Lindarosa se empertigou na cadeira e fechou a cara.

- E a gente tá no século vinte e um! Vê se acorda! - Linda reclamou, indignada - O que é que tem o cara estar olhando pra você?

- Nada, é só que não sou obrigado a gostar. - Jean ficou sem graça - Cê não é lésbica? Por acaso gosta quando um cara fica te secando?

- Eu não gosto quando um cara me falta com o respeito! Não tem nada a ver com o fato de ele ser hétero e eu não!

- Tá, gente, para! - Sam chamou a atenção dos amigos - Que besteira! Por falar nesses negócios de gay e hétero, Allie, cê acredita que minha mãe veio me perguntar se eu já tinha ficado com alguma menina?

- Quê? - indagou Allissa, curiosa - Como assim?

- Foi do nada, amiga! - a ruiva se aproximou mais da mesa e viu os colegas fazerem o mesmo - Acho que é por causa do negócio que o daddy falou.

- O quê? - Linda, curiosa como sempre, perguntou.

- Ah, ele ficou com medo de sair do armário para o meu pai e disse que Allie tava ficando com uma menina. - Sam contou e Allissa quis morrer.

- Sam! De novo, caralho! - Allissa vociferou, reclamando - Não é você que tem que decidir falar ou não dessas coisas para os outros! E bem que a Linda poderia parar de querer bisbilhotar!

- Ai, garota, calma, a Sam não disse nada de errado! - Linda revirou os olhos - Eu hein! Nem parece que está entre amigos... Tá achando o quê? Que a lésbica e o gay enrustido aqui vão sair contando os segredinhos do seu pai?

- Eu não sou gay enrustido, Linda, para de falar bosta ou a gente vai brigar feio! - Jean se irritou.

- Não é isso, Linda! - Allie respirou fundo, tentando achar palavras para se justificar - É um assunto delicado para o meu pai e...

- E que tá me afetando. - Samantha voltou a falar - Meus pais nunca foram de pegar no meu pé para saber com quem que eu fico. No máximo pediam para que eu apresentasse meus namorados, para não ficar namorando escondido por aí... Agora, graças ao daddy, eles desconfiam que eu tenho ficado com meninas só por ser sua amiga, Allie. Eu tô mentindo para os meus pais para proteger o seu pai e não posso nem falar do assunto na frente dos nossos amigos? Para de ser chata! Mais cedo ou mais tarde, as pessoas irão saber que o daddy curte a mesma fruta que eu e você, amiga. É bom você e ele começarem a se acostumar. - chateada, a ruiva cruzou os braços e se encostou na cadeira.

III

- Desculpa pelo jeito que falei mais cedo. - Allissa começou um diálogo com Samantha, que aguardava sua carona na saída do bar, após Linda e Jean terem partido.

- Desculpa também por ter falado demais. - Sam abaixou a cabeça, com vergonha de fitar a face da amiga.

Ambas suspiraram.

- Desculpa fazer você mentir para os seus pais...

- Não é culpa sua... e nem do daddy, na verdade. - a ruiva respondeu - Se meu pai não fosse preconceituoso, o seu pai não teria sentido a necessidade de esconder a verdade. - justificou a mentira de Freddy - Contudo, vocês deveriam confiar em mim. Por mais ignorante que meu pai seja com essas questões, ele preza muito mais os laços que tem com as pessoas, ou seja, ele vai entender...

- Eu não quero falar mal do tio Lerry, amiga, - Allie se encostou numa parede - mas meu pai disse algo que faz sentido. Eles são mais velhos e têm uma cabeça diferente da nossa. Tipo, é mais fácil pra gente da nossa idade se aceitar e ser aceita, mas para um cara de quase cinquenta anos?

- Eu sei, eu sei... - Samantha mordeu os lábios - LGBT é legal desde que seja jovem, bonito e branco. As pessoas simplesmente agem como se LGBT velho não existisse ou fosse algo ridículo. E meu pai tá para o lado dos que acham ridículo.

- Sinceramente, queria poder chegar e chutar o pau da barraca... contar logo tudo para todo mundo. - Allissa foi sincera - Pessoalmente, não vejo problema algum em falar que meu pai gosta de homens, mas... De qualquer forma, eu só tô pedindo para você tomar cuidado e não falar disso para todo mundo... Meu pai virou "amigo colorido" do professor Cavanagh e eu só tenho a certeza de que se o profe sentir cheiro de problema, ele vai meter o pé na bunda do meu pai e aí, menina, a gente vai conhecer o Sr. Melancolia - riu.

- Não quero nem imaginar! - Samantha riu com a amiga e fez o sinal da cruz - Mas vê se você relaxa também, sua trouxa! Fez mó ceninha no bar... - ergueu as mãos, como se estivesse na defensiva - É como a Linda disse, a lésbica e o gay enrustido não vão contar para alguém que possa prejudicar seu pai ou o professor. A gente ainda quer ser aprovado no curso. - gargalhou.

- Por falar em enrustido, cê acha que o Jean é mesmo... gay? - Allissa indagou, mudando o foco da conversa.

- Sei lá, sinceramente, achei que ele tava querendo te pegar... - Samantha cruzou os braços e se curvou em direção a rua para ver se o carro que havia chamado pelo aplicativo estava chegando.

- Se ele tava, não me avisou. - Allissa brincou.

- Se ele quiser, você não pega? - Samantha indagou, erguendo a sobrancelha.

- Eu não! Não tô a fim de namorar!

- Quem tá falando em namorar, amiga? - a ruiva sorriu, maldosa - Tô falando de putaria! - gargalhou.

- Sem putaria para o meu lado... sou menina direita... - a negra fez um biquinho e virou o rosto para o lado.

- Sei... - a ruiva deu de ombros - Quem não te conhece que te compre! Cê é igual ao daddy, quer metelança logo no primeiro encontro!

A palavra "metelança" fez Allissa perder a compostura, caindo na gargalhada, e, por consequência, esquecendo o que pretendia dizer...

IV

Jean-Claude estava encostado na lateral do carro que tomara emprestado de sua mãe mais cedo, a fim de ir encontrar as amigas de curso. Tinha estacionado em frente a uma padaria bem iluminada que ficava algumas ruas para baixo do bar que visitou. Pelo bairro em que se localizava, a tal padaria, cujo nome era "Le Grand Pain", podia ser considerada de alto padrão. Por isso que o rapaz negro não se surpreendia com as carrancas dos seguranças que jaziam parados na entrada do estabelecimento.

- Racistas de merda... - pensou e cruzou os braços, lançando uma expressão ainda mais carrancuda para os homens que pareciam estar extremamente incomodados com a presença de Jean. Depois, contudo, não segurou um sorriso e a causa disso era que, usando o básico conhecimento de francês que possuía, concluiu que o nome da padaria significava algo como "O Grandioso Pão", no entanto, para um falante de inglês, a placa luminosa seria provavelmente compreendida como "A Grande Dor".

- Ei! - uma voz conhecida chamou a atenção de Jean-Claude - Cuidado, neguinho, podem achar que cê tá querendo assaltá-los. - disse o dono da voz em tom de ironia.

O jovem negro sorriu e se virou, erguendo a mão para cumprimentar a pessoa que reconhecia como o barman que, de acordo com Lindarosa, o estava observando, - Ora se não é o latino folgado! - respondeu, dando um abraço no rapaz.

As provocações com relação às etnias de ambos haviam começado após um pequeno mal-entendido com o termo ofensivo "nigger" , usado sem querer pelo latino que, sem dominar certas questões da língua inglesa, achou que a palavra era um mero sinônimo do termo "black" .

Por sorte, o mal-entendido foi desfeito e uma amizade um tanto ácida surgiu.

Isto é... se a relação entre aquele negro e aquele latino pudesse ser chamada assim.

- Vamos? - o barman, cujo nome era José Carlos, esperou Jean dar a volta no carro e entrar no lugar do motorista - Essa padaria tem um nome muito mal pensado. - comentou ao tomar o assento no lado para passageiros e olhou para Jean-Claude - Tô tão cansado hoje... queria uma massagem, cê faz pra mim, né?

- Qualquer coisa por você, bebê... - Jean respondeu, olhando rapidamente para José, que sorriu e selou seus lábios com um beijo extremamente e indiscutivelmente heterossexual.

Notas Finais: Este é um capítulo novo, resultado da revisão. Outros, como este, virão e estarão espalhados pela obra, explorando melhor as situações que criei. Espero que tenha gostado da leitura. Vote e comente, se estiver gostando. Obrigada por ler!

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