𝕮𝖆𝖕í𝖙𝖚𝖑𝖔 6 - 𝕺 𝕻𝖆𝖑𝖆𝖈𝖊𝖙𝖊 𝕶𝖆𝖗𝖆𝖒𝖆𝖓𝖑í𝖘
O tempo passou sem eu ver, na verdade passei mais alguns anos mentindo para todos a minha volta e principalmente para mim mesmo. Menos meus avôs acreditavam, ambos tinham o dom de ler os meus sentimentos em meus gestos, atitudes e muitas vezes pelo meu olhar. Nesse tempo que passou tive mais alegrias que tristezas, mas nem tudo são flores na vida de uma pessoa. E enquanto o tempo passava eu ficava mais amadurecido, esse mesmo tempo acabou levando tanto a minha avó, como o meu avô num curto espaço de tempo. Então entendi que nesse mundo duas almas gêmeas jamais ficariam tanto tempo afastadas uma da outra. E mais uma vez eu tive medo dos meus sentimentos... Medo de amar!...
As vezes as aparências enganam e foi isso que aconteceu, quando foi obrigada a fazer um trabalho em uma das propriedades de um grande magnata.
— Calma. É apenas mais um trabalho e nada mais. Disseram minhas sócias. Erica. Sophia e Lydia. Porque sempre as ouvi afinal?... Aquela construção e sua imponência me fascinava e aterrorizava.
Aquele prédio era o mesmo que surgia em meus sonhos e pesadelos desde criança. Sinto arrepios por todo o meu corpo ao ficar diante dele. Ouço passos atrás de mim e ao me virar magníficos olhos castanhos me fitam curiosos, misteriosos passeiam por todo o meu corpo.
— Mas o que isso? Ninguém me disse que seria uma mulher!
— Perdoe-me Senhor, mas não tivemos escolha. Ela é a melhor profissional que nos recomendaram.
— Pois bem. Cuide disso, Thales. Mas não quero ser informado se algo der errado.
Resmungou outras palavras que pra mim não fizerem nenhum sentido e o Senhor arrogância em pessoa saiu em direção a grandiosa construção.
— Senhorita Jadde Alburquerque é um grande prazer conhecê-la e acompanhá-la por nossas dependências. Por favor, me siga lhe mostrarei tudo e assim poderá começar o seu trabalho imediatamente.
Explica-me o homem bem trajado e educadamente. Mas meus olhos e ouvidos só tinham prestado atenção aquela figura máscula e arrogante que nem se dignou a me cumprimentar direito.
— Quem pensa que é aquele homem? Pergunto muito irritada com sua atitude.
— Quem? Devolve a pergunta o segundo se divertindo por sinal.
— Quem? Ora o Senhor arrogante. Quem mais?
— Senhor arrogante? Essa é nova, mas interessante. Já o chamaram de tantas coisas ao longo dessa vida. Explica ele sorrindo.
— Vai me dizer ou não? Digo cruzando os meus braços e me negando acompanhá-lo seja para onde ele queira me levar.
— Ele senhorita é o nosso patrão, o dono de tudo isso aqui. O senhor Konstantínos Karamanlis!
Droga! Aonde foi que eu acabei de me meter?
Toda essa história está tão estranha e assustadora. Por que precisam de uma avaliadora valores.
— Senhorita por favor, queira me seguir. Lhe mostrarei seus aposentos. A senhorita ficará hospedada na Ala principal. Espero que tudo seja do seu agrado.
-— Espere um instante. Como assim meus aposentos?
Ele para por alguns instantes com seu olhar interrogativo.
— Senhorita Alburquerque, nosso contrato foi estipulado por no mínimo 6 meses. Mas se a senhorita conseguir avaliar tudo antes será perfeito. Comenta ele inocentemente.
Erica? Lydia? Sophia?... Quando eu voltar teremos uma conversa bem séria. E aí, vocês três vão me pagar.
— Senhorita está tudo bem? Podemos continuar?
— Ham... Sim, podemos. Afirmo vermelha como um pimentão.
— Por hora acredito que queira se refrescar e descansar. Deixarei aos cuidados de uma de nossas serviçais.
Serviçais?
Que mundo esse cara vive. Isso ainda existe? Penso estranhando a sua maneira polida de agir e falar.
— Depois explicarei as regras que deverá seguir enquanto estiver hospedada na propriedade. O Senhor Konstantínos Karamanlis gosta que todos a obedeçam.
Mas essa. Mas que droga é... Sou interrompida em meus pensamentos assim que entramos pela porta principal. O que posso dizer.
Magnífica! Essa é a palavra certa para tentar descrever tamanha beleza e imponência do local.
Seguimos por uma longa escadaria até pararmos diante de um quarto.
— Senhorita peço inúmeras desculpas. Mas estamos com problemas elétricos; além de muitos outros ainda. Suspira ele cansado. Mas acredito que o mais tardar, amanhã tudo será resolvido.
O que? Sem eletricidade...
— Isso mesmo. Mas já providenciamos as velas e...
Velas?
— Cadê o gerador desse local?
— Gerador? Há... O instalador deve problemas com algumas peças, então... Explica dando de ombros.
— Alguém avisou aos fantasmas desta casa para ficarem afastados? Pergunto irônica.
— Fantasmas? Senhorita essa piada é boa! Afirma ele sorrindo. — Mas se eu fosse a senhorita teria mais medo dos vivos do que dos mortos! Responde mantendo o mesmo sorriso no rosto.
Foi alguns passos para atrás me afastando dele. Ele gargalha gostosamente e caminha em minha direção.
— Foi uma piada senhorita. Agora se precisar de algo. Estarei no quarto dos fundos ou prefere que alguma de nossas serviçais permaneça em seus aposentos?
— Não é necessário. Obrigada Thales...
— Pode me chamar de Bob, todos na realidade me chamam assim. E sai andando até o fundo do corredor.
Dormir em um ambiente como aquele até poderia ser agradável se não fosse as atuais circunstâncias. Porque suas sócias omitiram detalhes desse novo contrato?
Porque tanto segredo? E elas não confiaram nela para contarem o necessário. Detestava ser pega de surpresa.
— Senhorita seu banho está pronto. Precisa de algo mais ou posso me retirar? Pergunta uma voz feminina relativamente jovem que me faz sobressaltar de susto.
— Como entrou aqui?
— Eu nem sai. Recebi ordens de aguardá-la dentro dos aposentados e servi-la por toda a sua estadia. Explica a jovem seca sem olhar em minha direção.
— Certo então. Pode se retirar eu não preciso de mais nada. Respondo o mais gentil possível e a observo sair depressa do quarto.
— Droga isso fica cada vez mais estranho com o passar das horas. Afirmo trancando a porta e indo até minhas coisas.
Pego o básico e me dirijo ao banheiro, onde uma enorme banheira com água quente me aguarda.
— Tinha que ser água quente? Falo comigo mesma enquanto abro a torneira de água fria com a esperança de deixá-la menos quente.
— Detesto água quente. Não sou galinha para ser escaldada. Caiu na risada com os pensamentos idiotas que me surgem de repente.
Amanhã seria diferente! Assim esperava enquanto deslizava meu corpo para dentro daquela linda banheira de mármore branco. Uma boa noite de sono resolveria tudo... E estaria pronta para o trabalho. E que trabalho...
Acabo adormecendo na banheira e tendo um sonho...
𝕸𝖆𝖘 𝖀𝖒𝖆 𝕻𝖊ç𝖆
Mais um sonho, dessa vez 1320, Suécia...
"Era de manhã e meu pai havia prometido um novo brinquedo, esperava a mais de um mês por sua volta. Um rei tinha que cuidar de seus servos e a guerra batia na porta de todos...
— Princesinha, pare de correr entre essas flores sujas, se sua mãe a haver assim acaba comigo.
— Desculpe-me babá. A abraço feliz e sinto tanta saudades.
— Papai ainda não chegou. Digo triste fazendo careta e ela sorri ajeitando meu vestido.
— Ele chegou sim. Mas precisou ir até o quarto de sua majestade. Daqui a pouco ele virá até você doce menina.
— Porque mamãe não gosta de mim? Quando papai sai ela é má comigo.
— Querida um dia um príncipe irá salvá-la e levá-la pra bem longe. Ele te protegerá de todo mal... Explica a mulher me abraçando forte.
Ouço passos e todos ficam de cabeça baixa. Sinto medo... Muito medo... Mas aí, papai está à frente dela e o medo vai embora.
— Papai. Grito e corro para seus braços amorosos que me apertam e ele beija minhas bochechas e cabelos.
Tenho os cabelos loiros e a pele pálida, branca demais... Sou uma jovem donzela!
— Papai demorou? Sentiu saudades minha pequena?
— Muita papai e meu presente? Pergunto ansiosa.
— Alexia tenha modos. Majestade perdoe-me a falta de educação dela. Diz a mulher que é a minha mãe com os olhos frios me olhando e volto a sentir medo.
— Ela não é mais uma criança minha senhora. Responde meu pai sorrindo muito. — Uma linda menina, a futura rainha, não é meu amor.
— Sim papai! Afirmo feliz o abraçando apertado.
— Eu lhe trouxe está linda boneca de porcelana. Gosta?
— Ela é linda! Mas eu não brinco mais de bonecas! A pego envolvendo em meus braços.
— E também tenho uma surpresa pra minha menina. Trouxe um príncipe para te conhecer.
— Um príncipe de verdade? Como nas histórias?
— Claro que sim meu Amor.
— Alexia deixe de ser idiota. Perdoe-me majestade mais ela não entende a gravidade da situação e...
— Você querida esposa que é a idiota aqui. E jamais volte a se referir a minha filha neste termos. Ou você que acabará sofrendo as consequências. Explica meu pai apertando a sua garganta com força.
A babá vira o meu rosto tentando me distrair com a boneca. Mas percebo o ódio nos olhos de minha mãe enquanto ela sai em direção aos seus aposentos enfurecida. Seguida por suas damas de companhia...
— Minha pequena a Letícia cuida bem de você?
— A mamãe, sim. Papai... Respondo olhando para os meus pés, escondendo meu medo fingindo timidez.
Ele sorri e acaricia meus cabelos encaracolados, mas agora envolvidos numa linda trança.
— Certo. Agora venha quero que conheça o príncipe. Ele pega em minha mão e me leva a entrada do Jardim.
— Christopher venha aqui. Ouço papai chamar um jovem que se aproxima devagar e sério. Vejo apenas os olhos castanhos se fixando em mim e mais nada..."
Acordo gelada e enrugada de tanto ficar dentro da água. Mais uma vez dormi no banho, isso estava acontecendo cada vez mais com frequência.
Saiu achando aquele sonho perturbador, mas deve ser por causa do cansaço e essa atmosfera. Visto apenas uma camiseta longa e deito no aconchego dos lençóis brancos e macios dormindo em seguida.
"Outra viagem... E choro de medo... Meu pai ficou por 4 anos ao meu lado e ele voltaria, levando meu príncipe e meu mais novo amigo, juntos nos dois crescemos.
— Chris você vai me deixar? Pergunto esfregando os olhos de tanto chorar.
— Princesa boba, eu vou mais volto. Eu prometo. Não sou seu príncipe encantado? Pergunta ele sorrindo.
— Promete. Indago o olhando fixamente.
— Prometo. E quando eu voltar você será minha noiva, minha princesa e minha rainha. Diz o jovem me abraçando forte.
Não consigo ver seu rosto. Só seus olhos castanhos e seu amor é puro e cristalino.
— Christopher venha... Grita meu pai sorrindo caminhando até nos dois.
— Logo voltaremos querida. Christopher precisa rever seus pais e contar a novidade. Assinaremos o termo de paz entre nossos países e em seguida ambos vão se casar! E tem mais, logo você irá encontrar com ele, eu prometo. Explica o rei, meu pai.
Eles partiram de manhã cedo e a noite, mamãe veem ao meu quarto.
— Por quinze longos anos aguardei por esse momento. Maldita... Por sua culpa o rei não olha pra mim. Mas vou dar um jeito nisso e a minha vida vai mudar.
Ela avança contra mim puxando meus cabelos. E me empurrando contra a parede, sinto diversos tapas em meu rosto.
— Mamãe o que eu fiz?
— Cale a boca, maldita. Eu não sua mãe... Eu sou apenas mais um espólio de guerra, assim como o seu príncipe Christopher... E quando você sair do meu caminho terei tudo o quero. O rei, o Reino e até o seu prometido. Ele logo se tornará um belo homem e eu estarei aqui. E você princesa não. Explica Letícia me enforcando com suas mãos.
Suas mãos apertam minha garganta e grito pedindo socorro. Onde está minha babá e minha dama de companhia. Olho em direção a porta e elas estão presas sendo arrastadas por homens que não conheço. Lágrimas descem de meu rosto, antes de sentir meu pescoço quebrar..."
Acordo sendo envolvida por braços fortes que me abraçam tentando me proteger.
— Calma foi apenas um pesadelo. E só o que vejo são os olhos castanhos. E apago novamente...
Estou deitada enquanto um homem todo de branco examina o meu pulso e uma senhora troca uma compressa que está sobre minha testa.
— Como se sente senhorita? Ele pergunta atrás dos grandes óculos de graus.
— Meu corpo todo dói muito.
— Certo. É por causa do resfriado forte. Talvez a mudança de tempo ou algo emocional. Mas antes precisa descansar bastante e não ter aborrecimentos. Quando ficar melhor faça exames médicos, mais precisos. Certo mocinha.
— Certo, Dr.??? Afirmo pensativa.
— Dr. Gastão. Sou médico aqui da região. O prazer foi meu senhorita, até mais.
Assim que o médico sai pela porta, a mesma senhora chega com um prato de sopa quente.
— Vamos menina. Você tem que se alimentar. Ontem você deu um tremendo susto em todos aqui, sabia.
— O Senhor Konstantínos Karamanlis precisou arrombar a porta. Seus gritos eram ouvidos lá embaixo. Explicou ela calmamente. — Ele então a trouxe para este quarto, enquanto concertam a porta de seu quarto. Termina ela de contar como se fosse uma história qualquer.
— Eu sinto... Quer dizer. Desculpe-me... Digo envergonhada.
— Todos acharam que poderia ser um invasor ou coisa pior. Quando o menino chegou e a porta estava trancada. Não tiveram outra alternativa. Coitado do Thales quase infartou... Conta ela sorrindo lembrando do ocorrido.
— Eu não imaginava que algo assim poderia acontecer. Suspiro me encolhendo nos cobertores.
— Ninguém imaginou querida. Mas quer um conselho, não volte a trancar a porta. Tudo bem? E só mais uma coisa, vai permanecer por muito tempo aqui?
— Apenas o tempo de realizar a minha inspeção! Digo afirmando o meu propósito neste lugar.
— Bom saber, agora se cuide. Sorriu satisfeita.
Assinto com a cabeça e ela sorri docilmente.
— Certo, agora é hora do banho menina.
— Eu posso tomar banho sozinha. Respondo irritada.
— Isso eu sei. Ora bolas, o que achou? Se precisar de algo é só mandar me chamar. Nossa como sou desligada... Me chamo Lorel... Eu sou... Bem, sou a babá do senhor Karamanlís. Volto mais tarde!
Uma babá? Um homem mal humorado e arrogante tem uma babá. Que louco! Penso antes de me levantar e fazer minha higiene e tomar um pouco da sopa. Algumas de minhas coisas estavam neste novo quarto. Que por acaso é bem bonito e tem um cheiro diferente.
𝕸𝖆𝖌𝖎𝖆 𝖉𝖔 𝕮𝖔𝖗𝖆çã𝖔
Quando estava para sair do quarto, ao abrir a porta me deparo com o Senhor Karamanlís. Parado diante da porta vestido informalmente. Ele tinha uma das mãos no alto, com certeza iria bater na porta.
— Desculpe-me mas preciso pegar uns documentos que acabei esquecendo dentro do meu quarto. Diz ele me analisando por alguns instantes.
Aqueles olhos castanhos eram tão familiar pra mim. Fiquei paralisada e muito pálida.
— Seu quarto?
— Sim. Meu quarto. Não tive tempo de pensar direito ontem à noite, quando senhorita gritou e precisei arrombar a porta. Quando a senhorita desmaiou a trouxe pra cá. Gaguejou ele constrangido e sem jeito.
— Me desculpe-me o transtorno Sr. eu... Digo afastando para que ele passe para dentro de seu quarto.
— Como se sente? Ele pergunta caminhando a uma escrivaninha pegando uma pasta de couro antiga.
— Melhor. E obrigada, eu não sei o que aconteceu.
— Tudo bem. Descanse, Thales cuidará de tudo. Assim que melhorar volte ao trabalho imediatamente. E mais a porta será descontada do seu salário senhorita. Com licença. Diz isso e sai batendo a porta.
— Credo o que foi isso? De gentil a arrogância em menos de dois minutos. Teve ser bipolar, só pode. Penso sussurrando baixinho saindo do quarto com minhas coisas.
— Srta. Por favor, não faça imprudências. Comenta Bob correndo a mim para pegar minha nécessaire.
— Que exagero. Já estou bem. Só preciso descansar umas horas e poderei trabalhar. Nada demais... Afirmo sorrindo.
— Os dois são tão iguais! Sussurra Thales baixinho.
— O que foi que você disse?
— Nada Srta. Sua porta está pronta e a eletricidade também. Quer conhecer o palacete daqui a algumas horas?
— Seria um prazer. Digo feliz e sorrindo.
— Maravilhosa. Passarei daqui 2 horas para buscá-la Srta. Descanse bastante. Até mais...
Meu quarto está limpo e arejado. As cortinas levemente afastadas deixando a bela paisagem a mostra. Um lugar magnífico com certeza. Vejo rosas brancas em um pequeno e discreto vaso sobre uma mesinha. Rosas como souberam que são as minhas favoritas?
Pego uma e sinto seu perfume. Deito na cama e sorriu feliz sem saber exatamente o por que.
Adormeço profundamente sonhando com os olhos castanhos de um certo homem.
Do outro lado da porta, Angel se encosta na parede, sua respiração está pesada e o coração disparado. Ele fecha os olhos por alguns instantes e tenta controlar as suas emoções. "Desde quando essa mulher chegou em minha recém adquirida propriedade estou inquieto. Tenho certeza que é ela, mas ela não me reconheceu. Não sei se isso é bom ou ruim na verdade." Pensa com receio do que o destino está lhe preparando.
2866 Palavras
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