Capítulo quatro
CAPÍTULO QUATRO
Kiara Lyns Colyn
Mesmo com todo o chamego que estávamos, eu não escapei de carregar inúmeras caixas, tanto para colocar no caminhão, quanto para levar para o apartamento, não era nem dez horas e eu já estava morta de cansada.
Com toda a certeza do mundo eu não nasci para trabalho braçal, depois que conseguimos descarregar todas as caixas para dentro do nosso novo lar, eu consigo me entregar ao cansaso, e no chão mesmo me deito e sem perceber, durmo.
•••
— Eu acho que pegamos pesado demais com ela, querido.
Ouço a voz da minha mãe, mas meu cochilo está tão bom, que nem saio do lugar.
— Já eu acho que sempre pegamos leve demais com ela, minha vida.
Agora é meu pai que fala, e não acreditando na sua fala, abro os olhos rapidamente, olhos castanhos risonhos me encaram de volta, droga, era um truque para me fazer acordar mais rápido.
— Não acredito que caí nesse truque, de novo!
— Você sempre cai, amor.
— Pai!
— Vamos logo, ainda temos que arrumar todo o apartamento… Pode começar arrumando o seu quarto, de resto, sua mãe e eu damos conta.
E assim, eu me levanto do chão e vou atrás do meu celular, coloco minha nova playlist para tocar, a qual eu coloquei o nome carinhosamente de: “trabalho braçal sem parar, uma escreva em pleno 2024.”
Nem vejo o tempo passar, até que estou me adaptando rápido a essa vida de pobre miserável que precisa trabalhar, algo que eu nunca imaginei que teria que fazer.
Eu sempre fui tratada como princesinha pelos meus pais, acho que nunca nem lavei um prato na vida. Carregar inúmeras caixas? Jamais!
Até que aconteceu, a pobreza chegou. Agora além de carregar as caixas, eu ainda preciso arrumar o meu quarto e tudo isso até amanhã, já que com as aulas na faculdade, fica bem complicado fazer outra coisa que não seja estudar.
Término de arrumar o meu quarto do meu jeitinho, e quando vejo as horas não acredito, vai dá uma da manhã!
Me jogo na cama sem forças, essa vida de pobre demanda muito esforço, e como eu não sou tão acostumada a trabalhar, sinto que meus braços vão até cair.
Durmo e para a minha surpresa, é com Edgar Power que sonho, mesmo tendo a certeza que nunca mais o verei ou falarei com ele, e mesmo não querendo, amanhã mesmo terei que começar a procurar um emprego, esse homem vai sair da minha cabeça de um jeito ou de outro.
•••
Meu despertador berra ao meu ouvido, mesmo preferindo morrer a me levantar, me lembro que não posso faltar a universidade, a última coisa que eu preciso é de matéria acumulada.
Me arrumo o mais rápido possível, e quando desço para implorar para que os meus pais me levem para a faculdade, vejo pela mensagem no papel colocado na geladeira, que eles já foram e a única coisa que deixaram é o dinheiro do metrô.
Ok, certo, não deve ser muito difícil pegar o metrô em Los Angeles…
Mas que inferno é esse! Por que diabos toda Los Angeles resolveu pegar o metrô justo hoje?!
Eu me sinto fadigada, ultrajada, com calor e morrendo de medo! Vi uma pessoa ser assaltada na minha frente, as pessoas não têm mais respeito não?!
Depois de ser avisada pelo homem que me vendeu o ticket, para nunca, jamais, ficar mexendo no celular enquanto estou no metrô, e ficar agarrada com minha bolsa como se minha vida dependesse disso, agora eu realmente o agradeço.
Quando está quase chegando na minha parada, sinto um tarado dando um tapa na minha bunda, mas que porra?
Involuntariamente, dou um chute no infeliz, que geme de dor por ter suas bolas esmagadas pelo meu salto Jimmy choo, aproveito que o metrô finalmente parou, e corro para sair.
Agora estou compreendendo para que serve o manual de sobrevivência para usar o metrô! Só sei que vou começar a trabalhar hoje mesmo, metrô eu nunca mais pego!
Depois de andar umas uma hora e meia até a faculdade (já que eu me neguei a usar aquele transporte feito pelo maligno) chego na universidade, e entro na terceira aula do dia, toda suada e pegajosa.
Como não há nada ruim que não possa piorar, vejo que o professor cancelou a aula, pois nos horários anteriores teve prova surpresa, e percebendo que só dei viagem em vão, passo na reitoria e remarco para fazer a prova no outro dia.
Me sentindo derrotada como pessoa, no meu primeiro dia de pobre, pego um Uber e vou para a empresa que meus pais trabalhavam e vou me humilhar para o senhor Edgar Power, ele precisa empregar os meus pais novamente!
No caminho, penso se estou fazendo a coisa certa, porém, o que ele pode fazer comigo além de se negar a falar comigo?
Chego na entrada no prédio imponente, e olhando para como todos estão vestidos, já sinto vontade de dá meia volta, não estou com as minhas melhores roupas, e ainda por cima, me encontro toda suja e pegajosa pelo suor.
Quando estou quase desistindo, me lembro de tudo o que eu passei naquela droga de metrô, sinto que aquilo é o próprio inferno…
Com as minhas forças renovadas, caminho com passos decididos para a mesa da secretária.
— Bom dia!
Me olhando como se eu fosse a própria assombração, ela me encara pálida.
— B-bom dia. Em que posso ajudar?
— Eu preciso falar com Edgar Power, pode ser?
— Tem horário marcado?
— Bem, não…
— Seu nome, por favor?
— Kiara Colyn.
Vejo ela me anunciar para a secretária do chefão, e pelo seu olhar (transbordando pena), já tenho a minha resposta!
Que homem mais cínico, até tinha me elogiado na festa por conta do telão, e agora fingi que não me conhece, que não se lembra de ter despedido meus pais sem motivos!
Aproveito que ela ainda está conversando com a secretária e solto.
— Diga para ela que a moça que estava lendo no telão da festa da empresa, precisa encontrar ele com urgência, caso de vida ou morte.
Morte? Sim! Vai ser a minha se eu tiver que pegar o metrô outra vez na minha vida. Não demora muito e minha entrada é aprovada.
Depois que entro no elevador, o nervosismo ataca novamente, mas não posso desistir, ainda mais quando cheguei tão longe!
As portas do elevador se abrem, respiro fundo e vou em direção a mesa da secretária, estranho quando ela não fala nada, só aponta para a sala no final do corredor.
Bato na porta, e aquele timbre rouco e gostoso me comprimenta, me convidando para entrar, ok, agora é tarde demais, certo?
Certo!
— Percebi que tinha urgência em falar comigo, senhorita Colyn, o que deseja?
Direto, tanto que preciso de um tempo para me acostumar com a sua presença, voz, e todo o resto. Mas, se ele acha que irei recuar, está muito enganado, de metrô eu não ando nunca mais!
Aquele tapa na bunda sem minha permissão no metrô nunca mais vai se repetir! Não vai mesmo!
— Queria saber a razão por desgraçar a minha vida, senhor Power.
Ele me olha surpreso, como se esperasse outra reação minha, acredito que ele achava realmente que eu iria desistir, coitado, não me conhece mesmo.
— Como?
— O senhor — minha voz pinga veneno em cada palavra. — Acabou com a minha vida ao despedir os meus pais sem razão, ficamos desabrigados ao relento!
Ok, talvez eu tenha exagerado um pouco, mas eu vi a experiência toda exatamente como descrevi.
Do luxo ao lixo.
Rapidamente, ele se levanta e se aproxima de mim, seu olhar antes brincalhão, se torna instantemente mais sério.
— Eu não despedi ninguém, senhorita Colyn. Disso eu tenho certeza.
— Você só pode está louco se acha que eu estou mentindo.
Me exalto, minha postura antes nervosa, se torna feroz, se ele pensa que vai destruir a minha vida, e se fazer de inocente para o meu lado, ele está muito enganado! Muito mesmo!
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Coitada da nossa Kiara, não tá fácil pra ninguém, mas para ela que nunca teve que lavar um prato na vida, deve tá um sufoco KKKKKKKK
tão gostando?! Eu tô amando escrever sobre eles, e esse capítulo ficou ENORME!
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