Sono II
Minha trajetória pela experiência de viver num corpo
e sofrer na pele que o reveste tende a ser grandiosa,
segundo meus próprios relatos.
Conduzi minha consciência
ao centro de todas as coisas ditas mundanas,
e flertei com ninfas e as esposas de homens poderosos;
abriguei os desamparados, amei os malditos,
perdoei os pecados dos ímpios
e abracei leprosos.
Aconselhei sábios, reis e chefes de Estado,
me infiltrei em sonhos alheios
e me foi dada a chave mestra para todas as almas vivas -
e também as penadas.
Oh, pobre almas, por onde vagam?!
Eu semeei o campo onde cresce uma plantação de esperança,
que chove um dilúvio
e borra os céus com as cores do arco-íris.
Não vejo nada, sou daltônico.
A água é paciente
e as estrelas derretem vermelhas
como o sangue das minhas têmporas.
Eu pago o preço da humanidade,
e também pelo apreço pela minha ruína;
caí às margens do rio late,
mas me agarrei à minha história, e as lembranças
e ao sofrimento que elas me causam.
Eu vi sombras movendo-se pelas árvores, e eu vi a cor do medo
e o peso da fúria de algo maior,
mas sem nome ou forma.
Eu caí
e minha queda é o início da minha libertação,
o marco zero da consciência do meu ser,
mas também,
é o caminho sem volta.
Agora, Morfeu me abraça!
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