Os dias naqueles tempos nasciam mais cedo
e o calor do sol dava vida às imagens que habitavam nossas almas.
Falo de alma como se tivesse uma, mas quero dizer do indizível,
aquela dor que não fere nenhum órgão,
mas ainda assim nos fere pungentemente.

Não conto as horas porque elas não passam,
mas adormeci caído entre as pedras
e quando dei por mim, o céu já escurecera
e o brilho da lua era tudo o que iluminava o caminho de volta.

Mas para onde voltar se só se caminha para frente?

Então eu levantei,
tirei a poeira do meu corpo e segui,
cambaleando,
embriagado pelo licor das rosas vermelhas
que nasciam do solo seco desse lugar inóspito.

Pouco depois eu caí novamente
e abri um buraco na minha perna esquerda
que é por onde eu gosto de pensar que expio meus pecados -
aqueles que nos ensinam nas igrejas
e que cometemos por um propósito.

Mas o senhor não está nas igrejas, ou nas escrituras,
ou mesmo nas bocas dos profetas;
ele está nas ações, e na natureza,
e também no alívio que vem do descanso.

Eu acho que já falei isso antes,
mas tudo me soa tão inédito.

Há tantos mistérios pelo universo.