Era uma ilusão pensar que voaríamos
quando nossos pés estavam fincados nessa terra rígida.

Nossos olhos não viam, nossos corações não sentiam,
mas o tempo movimentava-se
e fazia de nós mártires que não queríamos,
exemplos de um sofrimento desprovido de lógica.

Então sofremos a cada palavra silenciada, a cada aceno perdido,
cada gesto abortado;
nós tínhamos todos os sonhos,
mas foi no abandono que nos sentimos lembrados
e capazes de chorar lágrimas quentes.

Foi num momento de compreensivo desespero
que nos unimos contra nós mesmos.

Assim caminhamos, como sempre caminhamos
por lugares invisíveis e que nos perdemos,
ora feito um prólogo do paraíso -
figuras celestiais, luzes
e uma paz que não nos leva a níveis incompreensíveis.