Em tempos idos
eu tinha certas imagens devidamente gravadas na minha mente,
cenários perfeitos para as fugas que eu armava de mim mesmo.

Eu tinha as praças com nomes de santos,
as estátuas de heróis duvidosos
e a perspectiva sempre sinistra de dias cinzas, e às vezes chuvosos.

Eu me sentava em bancos de madeira gasta, envelhecida,
e observava o movimento das árvores, a queda das folhas.
Eu esperava, vindo do céu,
uma tempestade de águas quentes, gotas doloridas...
mas nunca vinha.

Ainda assim
eu me sentia na plenitude da minha existência,
no auge da minha sabedoria.
Minha alma regozijava no vazio,
no silêncio que castiga a ausência
porque eu era invisível
e feliz a minha maneira.