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2. Sob a luz do luar

O coração às vezes faz alianças com o momento, uma má aliança que serve para deixar-nos confusos sobre o que você acha que é, e o que realmente é. Os corredores escuros tomados pelo silêncio noturno trazia cada vez mais desconforto á mim, e andar ao lado daquele homem só deixava as coisas piores, cada passo era pior, cada respiração era pior, cada toque invisível era pior, essa era a reação em cadeia que o Sr. D causava em mim, um garoto vindo de uma cidade pequena e vintage, que ao invés de prédios haviam casas, ao invés de ruas tinham estradas de terra e poeira; E agora, dividia meus pensamentos, eu poderia ver minha vinda como, um presente bom, ou um presente ruim, e até agora não sei como definir. Aos poucos, a iluminação volta ao normal e percebo que tem a tonalidade diferente dos outros cômodos, é como se estivéssemos indo para um sótão escondido que eu com certeza não tinha visto ainda. Engulo em seco e procuro meu celular no bolso de minha calça, olho para a tela onde está uma foto minha com minha melhor amiga, Alisha, espero encontrá-la aqui algum dia; ponho a senha e minha caixa de mensagens abre-se, vários grupos que já não tem assunto e eu continuo neles, talvez apareça alguma novidade, e então eu sou acordado do delírio virtual com uma leve tosse, olho ao redor, mas não há ninguém, e duvido que o Sr. D tenha feito isso. Volto a mexer, mas outra tosse impede e desta vez, mais rápido que pude pensar, meu celular foi tomado das minhas mãos e enfiado no bolso do terno de Sr. D, hesitei boquiaberto, qual direito ele tinha para tomar meu aparelho? A resposta está na ponta da minha língua, mas não posso pronuncia-la, ele é o dono da mansão, e eu sou apenas um peso que seu pai colocou antes de morrer, ele certamente deve estar implorando para que esse ano acabe e ele possa trazer mulheres novamente e transar com elas toda a noite até que canse... sinto muito Sr. D, mas não vou ficar calado para sempre.

– Quem deu permissão para que tomasse meu celular? – pergunto um pouco baixo, quase como um resmungo, ele não vira-se, apenas continua andando, seu silêncio e formalidade me trás calafrios, mas não vou ficar quieto, aumento a voz – devolva meu celular. Por favor.

Sinto que ele sorriu, a luz já próxima dá um toque sombrio á ele, um pouco de seu rosto iluminado e o resto apenas escuridão. Respiro fundo tentando me acalmar, não quero dar um treco e gritar feito um louco apenas porque ele tratou-me como um adolescente viciado em internet. Tomo coragem e avanço, e ao tocar seu ombro, meu corpo estremeceu

– Por favor Sr. Darkness – repito, minha voz saiu tão suave que eu mesmo me surpreendi – pode me devolver meu celular?

Ele deu de ombros e finalmente olhou para mim, se ele não fosse tão mal educado e irritante, e hétero, talvez eu... Não posso pensar nessas coisas, ele é a pessoa mais antipática que conheço.

– Você quer seu celular, estou certo? – assenti com a cabeça, seus olhos esverdeados trouxeram-me um vontade imensa de estar em algum outro lugar, diferente e paradisíaco com uma praia, eu realmente acho que estou ficando louco. – Contanto que não use-o durante todo o percurso, e também o jantar, e sequer hesite em pegá-lo, eu devolvo. – Assenti novamente, pronto para ter meu aparelho de volta, ele pôs a mão no bolso e retirou-o, estendi a mão para pegar e ele enfiou-o no bolso mais uma vez, não preciso dizer quão confuso eu fiquei – Olha só, você já ia pegar. Terá seu aparelho ridículo quando eu quiser.

Rangi entre dentes, eu realmente senti ódio daquele homem, ele não fazia esforço algum em seu trabalho de ser ruim, arrogante e um pleno imbecil. Desisto, não importa o quão bonito, elegante, sensual e quanta atração eu sinta por ele, seus defeitos ofuscam todo o brilho de suas qualidades.

Chegamos á saída, uma porta enorme de metal é aberta por ele, que espera-me ao lado, fitando-me com desdém, o que esse homem tem contra mim? Ultrapasso-o e confesso que fiquei surpreso ao dar-me conta de aonde estou, árvores brancas rodeiavam-nos e o vento frio vinha em nossa direção, e próximo á nós, está o carro preto de grande porte, juro que deve ter sido caríssimo, o vidro esfumaçado e tudo era perfeito.

Espero-o até que ele feche a porta enorme e venha, olho para o céu escuro, olho para o chão, mas não hesito em olhá-lo, não tenho coragem e isto é o que me define fraco, sim, sou fraco, mas queria conhecer alguém que não fosse tratando-se do Sr. D. Ajeito meu paletó pela milésima vez e pressiono os lábios gélidos, se há algo que vou fazer é, não falar com ele, é exatamente a solução dos meus problemas. O homem passa por mim e nada diz, seus olhos fitam-me de esgueira e depois reviram com desdém, ele abre a porta para o assento do motorista e entra, enquanto eu continuo tremendo de frio parado ao lado do carro. Após alguns minutos, ele abre a porta do passageiro com ignorância e eu juro que vi a porta se quebrar, mas nada aconteceu

– O que está fazendo? – perguntou com desdém misturado a raiva, sinto uma leve vibração com sua voz grave e sexy que, até mesmo irritado, deixava-me atraído... porque os melhores sentimentos podem ser direcionado á más pessoas? Isto é tão injusto. – Entre logo no caralho deste carro!

– O que? – meu pescoço quase torceu quando virei, não acredito que ele, um homem tão rico e prestigiado poderia xingar?

– Quer que eu te coloque dentro do carro? – perguntou mais irritado ainda, suas mãos nervosas davam leves socos no volante de couro preto – Ou quer sentar no meu colo?

Merda! Merda! Não posso acreditar nisso, observo-o para ver sua expressão e quase morri ao ver aquele sorriso provocante, e suas sobrancelhas arqueadas davam mais poder ainda ao seu ar desafiador. Juro que haviam mais que borboletas no meu estômago, e eu desejava acabar com todas as que faziam-me sentir assim. Arqueei a sobrancelha em resposta e suspirei, entrei no carro e fechei a porta, o cheiro de seu perfume cobriu-me e foi impossível não sentir, era refrescante, forte e sensual, trouxe-me uma sensação de liberdade que deixou-me em êxtase por alguns minutos, até que já no caminho para o tal lugar, ele resmungou

– Achei que iria optar pela segunda opção... – disse com desdém, soltando uma risada irônica, encolhi-me no estofado, fui burro em pensar que ele não seria mais homofóbico, afinal, ainda há tantos... – mas quais merdas você estava olhando?

Olhei para o retrovisor, vi o rosto pálido e apavorado de um garoto que estava sendo pressionado por um homem que, sequer tinha tal direito, aquele não era eu. Respirei fundo e meu corpo entrou em fúria, eu não iria mudar, não vou agora, nem pelo Sr. Adrian e nem por ninguém

– Para você. Imaginava até que ponto você seria tão idiota. – sabia que queimava-me com a fúria e chamas de seus olhos, no entanto, controlou-se por estar dirigindo. Dei de ombros e continuei – Se eu tinha dúvidas, não tenho mais.

Numa baliza rápida e desnecessária, ele estacionou na beirada da pista e deu um soco tão forte em seu volante que eu estremeci, preparei-me para dar meu adeus e morrer, aquele homem era tão forte que no primeiro golpe, eu já estaria no chão inconsciente.

– Então é assim? – perguntou mostrando o sorriso mais falso de todos – Você chega na minha mansão, aproveitando-se da boa ação do meu falecido pai, passa algumas horas e já acha que pode falar comigo de qualquer jeito? Eu sou Adrian Darkness, se eu quiser, posso te expulsar nesse exato momento e você irá voltar para aquele lugar invisível e nojento que você chama de cidade, afinal, seria um favor a mim, e outra, quando seu pai me ligou dizendo que você seria a "ajuda" do meu pai, ninguém me disse que teria um viado apaixonado por mim! Não acha que é cedo demais para isso? Já quer ser fodido na primeira noite.

As lágrimas caíam pelos meus olhos, eu nunca havia sido humilhado desse jeito, eram tantas verdades que eu não sabia sequer o que responder, meu limite havia estourado, já ele, havia estourado há tempos. Procuro a maçaneta da porta e tento abrir, não quero ficar ali nem mais um minuto. Confesso que o subestimei, pensava que ele não poderia ser pior do que já era, mas agora fui provado, ele pode ser pior do que imagino. Quando finalmente encontro a maçaneta, abro a porta do carro e saio, limpo minhas lágrimas e começo a andar. O céu estrelado sob a imensa floresta é uma bela paisagem, e acalmou-me um pouco, o carro continuou no mesmo lugar, eu no entanto já estava longe, apesar de eu ser um pouco baixo e me sentir extremamente menor perto do Sr. D, eu não hesitei em continuar a caminhada, iria chegar na cidade sem entrar naquele carro.

– Entra aí. – a voz grave e autoritária do Sr.D me assustou, no entanto continuei a caminhar, a porta estava aberta e ele dirigia aos poucos para me acompanhar – Entre aí agora!

Fingi não ter escutado, prefiro ir sozinho do que mal acompanhado. Então ele gritou mais uma vez, com o triplo de raiva, não consegui ficar calado e respondi em alta voz

– Foda-se! – gritei, se não estivéssemos em meio á floresta, juraria que teriam rostos espantados. Ele fitou-me atônito – Foda-se eu vou sozinho...

Seu rosto voltou ao normal e então um sorriso provocante tomou conta

– Foda-se você também. – respondeu mudando totalmente de tom, agora soava calmo e eu realmente estou com medo dele – uma péssima noite e tomara que morra.

– Desejo o mesmo para você – rebati forçando outro sorriso – obrigado por nada.

Ele fechou a porta do carro e acelerou, deixando-me sozinho naquela estrada.

Aquele tempo que passei sozinho, foi usado para pensar, voltei há dois dias atrás quando eu estava ansioso e temeroso com a viajem, imaginando todos as ótimas lembranças que eu teria daqui, mas até agora, nada disso aconteceu, só conheci um milionário arrogante e mal educado que atormenta-me sempre que sinto aqueles toques estranhos, talvez eu seja maluco, mas tenho quase certeza que ele é algum ser sobrenatural ou algo do tipo. Meus pés doem e sinto frio, só nos últimos minutos, já dei uns três espirros e prevejo um resfriado, mas não me arrependo de rejeitar a carona e nem pedir para outra pessoa, não conheço muito daqui, mas sei que próximo a entrada da floresta, há algumas lojas e talvez eu encontre um restaurante, há boas chances de eu encontrar alguém legal para me ajudar.

Chego à uma esquina, não posso evitar sorrir de alívio ao ver a grande placa neon escrito "Light house", aquele lugar caiu-me como uma luva naquele momento, minha melhor amiga Alisha já me enviou várias selfies enquanto trabalhava, ela é barista da boate, já imagino as loucuras que ela deve fazer durante seus turnos, ri só em pensar.

Caminho para lá, logo em frente tinha dois seguranças, eles são bem altos e fortes, mas um deles me chamou atenção, era loiro e tinha olhos azuis claros, ele tinha quase a altura do meu irmão mais velho, Pietro, que já é casado. Entro no final da fila e aguardo, procuro minha carteira só para ter certeza que o Sr. D não pegou-a também. Após quatro minutos, eu ouço um ruído vindo de longe, e então, um estrondo, acompanhado da voz irritada bem familiar

– Tomar no cu! – gritou a garota, não hesito e disparo em direção ao fundo da boate – vai se foder garoto retardado!

Quando finalmente chego ao local, vejo a cena mais cômica, digna de Alisha. Ela segurava um saco de lixo na mão direita, e com a outra empurrava um garoto moreno que tentava beijá-la, ele segurava uma garrafa de whisky e pela sua aparência, era óbvio que estava bêbado. Fiquei ali, parado, apenas observando, quando senti um leve toque em meu braço, meu corpo estremeceu e logo virei-me assustado, deparei-me com um dos seguranças, ele me fitou e um sorriso esboçou seu rosto

– Desculpe se te assustei – sua aparência jovial me fez pensar em algo, porque até agora só encontrei homens bonitos? Se fosse em minha cidade, eu deveria andar por horas para encontrar os pais de um. – não foi por mal.

Assenti com a cabeça, ainda em êxtase, os olhos azuis eram como a água do mar, e naquele momento, eu me afogava. Ele desviou-se de mim e foi em direção a minha amiga

– Há algum problema aqui? – perguntou o segurança, sua voz era grave e bem diferente de como falara comigo. Eu acompanhava tudo de longe.

– Não! Nenhum! – gritou Allie esbaforida, a ironia era visível em suas palavras, e eu sorria feliz por encontrá-la novamente – Só esse descarado tentando me pegar... – o bêbado tascou-lhe um beijo em sua bochecha – vai bater uma seu infeliz!

O segurança correu para livrá-la, enquanto eu ria baixinho, se ela não estivesse no horário de trabalho, já teria dado-lhe um chute em suas genitais, no entanto, se fizesse agora, perderia o emprego por atacar um cliente. Após o segurança tirar o bêbado aos puxões, fui falar com minha amiga. Foi apenas aparecer e ela já soltou um grito eufórico, como sinto saudade de suas crises de euforia...

– Will! Seu cafajeste! – ela literalmente correu e num pulo, me abraçou, seus cabelos ruivos presos ainda eram os mesmos, apesar dela ter me prometido pintar quando chegasse aqui – tomou vergonha na cara? Pois para vir aqui, foi uma eternidade.

Ela se afastou, cruzou os braços e desconfiada

– Não vai me dizer que a fazenda da sua família faliu... – antes que eu negasse, ela mudou totalmente de assunto – ou tá com boy novo?

– Na verdade, nenhuma das alternativas. – respondo sorridente – Estou morando aqui por um tempo.

Ela fitou-me por alguns minutos e então soltou um grito agudo de desespero, foi tão rápido que não consegui perceber e o bêbado tinha voltado e avançou, quase agarrou os seios de Allie, o segurança apareceu, agora acompanhado, eles agarraram o tal homem e levaram novamente

– Vai pegar nas tetas da vaca que é a sua mãe – resmugou ela arfando de ódio, então seus furiosos olhos caíram sobre mim – e você William? Porque não faz nada?

Dei de ombros, afinal, o que eu poderia fazer?

– Você sabe se defender Allie – retruquei rindo, ela revirou os olhos – lembra do jogo de queimada que o professor foi parar na enfermaria por sua causa?

– É que eu estava num dia ruim... – sua desculpa era falha, ela é três vezes pior quando está com cólica, outra vez, falou tantas coisas à Esther, uma garota do colégio que lamentava-se pela morte de seu camundongo, que precisou fazer dois anos de terapia psicológica – Mas você não é o macho alfa?

– Você sabe que não gosto de brigas.

– Olha Will, um soco não mata ninguém. – ela tem o costume de mexer as mãos enquanto fala, ou seja, é como um farol humano.

– Sei...

– Alguém pode pegar gelo e um curativo? – o loiro apareceu, ele tinha um corte na testa e sangrava, Allie entrou para a boate xingando e eu não fiz nada senão ajudá-lo

– O que aconteceu? – ele tentava parar o sangramento com a mão, aproximei-me para ver e fiquei preocupado, era muito sangue e estava um pouco inchado.

– O amigo de sua namorada, adora quebrar whisky na testa de outras pessoas. – ele rangiu entre dentes

– Aqui está o gelo e os curativos. – avisou Allie voltando da boate trazendo a bolsa de gelo e uma pequena maleta de socorros – Will você pode ajudá-lo enquanto eu atendo os outros pedidos?

Arregalo meus olhos, assim talvez ela percebesse a tentação onde deixou-me

– Allie, espere... – tentei

– Obrigada, te amo viado. – fracasso, ela adentrou a boate e me deixou com aquele segurança sedutor e simpático... diferente do Sr. D.

Com as coisas em mãos, tirei algo para limpar o sangue, olhei para o loiro que fitava-me

– Você sabe fazer curativos? – perguntou exasperado, talvez com medo dos meus dons medicinais. Não o-culpo.

– Melhor tentar do que nunca aprender. – respondi dando de ombros – acho que não há riscos de te matar.

Ele riu da minha piada ruim e deixou que eu cuidasse do seu machucado, às vezes ele suspirava aflito por causa da dor, tirei alguns pequenos estilhaços enquanto limpava e enfim, consegui o que queria. Peguei um curativo e pus no local, a sorte dele foi não ter sido um corte profundo, senão teria que dar pontos no machucado,e eu não sou enfermeiro ou algo do tipo.

Quando finalmente terminei, sorri orgulhoso comigo mesmo, e então suspirei

– Pronto. – avisei ao loiro – curativo feito.

Seus olhos fitaram-me por alguns minutos, as órbitas azuis brilhavam em meio as sombras escuras que nos rodeavam, e apesar de estarmos no fundo duma boate, sentados num banco próximo à uma enorme lata de lixo, conseguia sentir o cheiro refrescante que exalava daquele homem, seu rosto poderia me fazer suspirar, mas temo que corações feridos demorem um pouco para se recuperar .

Luzes coloridas iluminavam o centro da cidade, uma grande multidão sentada no gramado olhando para o céu à espera do grande show de luzes e beleza, logo os fogos iriam subir em direção a noite, juntar-se com as estrelas, e quando isso acontecesse, teríamos um novo ano para viver, mais um de muitos.

– Será que Nancy já teve o bebê? – perguntou Alisha, ela usava sua visão panorâmica para tentar encontrar Kyle, seu namorado. – Acho que se eu fosse ela, iria esperar mais alguns minutos, só pra ele nascer no ano que vem.

Ri de seu comentário e voltei a olhar para o céu, o vento era frio e a noite prometia várias coisas, tinha a festa na piscina de Nicole, que mesmo sabendo do frio, insistiu... E também havia outra coisa, Greg, há alguns meses que venho gostando dele, sim, o acho tão lindo e tão simpático, e sinto algo tão estranho e ao mesmo tempo, legal em relação à ele, bem que se ele pelo menos olhasse para mim, do jeito que eu quero, como um...namorado.

A música ecoa por todo o lugar, procuro saber de onde vem até que Allie vira-se e caminha em direção ao carrinho de hot-dogs, de longe ouço seu grito de euforia

– Nasceu?! Meu sobrinho nasceu?! – Ela deu pulinhos e fez uma dancinha bem esquisita, foi impossível não rir – Puta que pariu! Minha irmã teve um menino!

Minha tia a repreendeu, enquanto isso, voltei a observar o movimento, até que meu coração disparou, ali estava ele, junto com seus amigos, ele mostrava aqueles sorrisos perfeitos enquanto ria, seus olhos castanho-claros eram um sonho e...Eu literalmente estava apaixonado. Como sei disto? Quando você está apaixonado, você é cegado pelo amor e só observa uma metade, uma boa metade, sendo que é necessário vermos ao todo.

De repente, nossos olhares se encontraram, e ele mantia o mesmo sorriso encantador e gentil que fazia meu corpo vibrar de alegria, desviei meu rosto assim que percebi , minhas bochechas queimavam e meu coração estava acelerado, eu queria-o tanto que não tinha capacidade alguma de ver a maldade por trás daquele belo rapaz.

Recebi uma mensagem e quase gritei alegre, era ele, ele havia enviado uma mensagem para mim, tremia enquanto respondia-o e foi então que a maldita mensagem chegou, ele queria que fosse até a lateral dum colégio próximo dali, e fui, sem pensar.

Passei a minha primeira manhã, num novo ano, deitado numa cama sem poder mexer meu corpo, nem sorrir eu conseguia, machucados aqui e ali, hematomas em algumas regiões, cabeça dolorida e braço engessado, quatro garotos na delegacia e mães dizendo que seus filhos nada fizeram, que apenas divertiram-se como todos que estavam lá, eu não era importante, não era humano por ser do jeito que sou e eu não merecia súplica. Era isso que significou amar, para mim, amar é deixar ser guiado com os olhos vendados.

– Thomas, você foi liberado por hoje – a voz de Alisha despertou-me de meus pensamentos e Lembranças, virei para vê-la – Mas você tem que ir com alguém...hum...Will porque você não acompanha ele?

– Eu não – minha voz falhou – Queria conversar com você...

– Acho que vou sozinho então. – Disse Thomas levantando-se, mas antes que fosse embora,Allie gritou

– Espera Thomas! Ele vai com você sim, e não recuse pois foram ordens do patrão. – Respirei fundo para não dá-lhes um puxão no cabelo, ela voltou-se pra mim e cochichou – Relaxa, ele não vai te morder, caso você não queira.

A louca gargalhou de um modo extremamente alto e voltou para dentro. Logo ouço a voz do loiro

– Agora podemos ir? – ele tinha as mãos nos bolsos da calça escura, assinto com a cabeça e o-acompanho.

Cruzamos o estacionamento da boate até que passamos à um carro belíssimo preto e confesso que pensei que fosse do Sr.D, mas por sorte não tinha o mesmo vidro esfumaçado, sorri aliviado. Chegamos a um azul-escuro e o loiro abriu a porta para mim, estranhei, na verdade fiquei muito desconfiado, qual homem faria isso? Ele mostrou um sorriso ao ver a careta que formou-se em meu rosto, foi impossível não fazer. Depois que já estávamos dentro de seu carro, que por acaso tinha um leve aroma de chiclete de menta, ele olhou para mim e riu, não sei porque, mas eu fitava-o naquele exato momento

– Porque está rindo? – minha voz saiu bem mais grave do que o normal

– Olha, não precisa ficar assim. – Do que ele estava falando? – eu sei que você é tímido e tal, mas não precisa ser agora.

Eu vou gritar! Do que ele está falando? Nenhuma palavra que saía de sua boca tirava-me do transe, eu não parava de fitá-lo e queria parar!

– Eu sou gay – as palavras saltaram da minha boca sem minha permissão, e quando o arrependimento bateu, torci para não ser expulso do carro.

– Eu também sou. – meu queixo caiu e sua naturalidade era tão inspiradora e... – Um gay quebrado na verdade, sou Thomas.

Era impossível não demonstrar a felicidade que eu sentia dentro de mim, como se uma luz resplandece dentro de mim

– E eu sou William.

O caminho inteiro foi tão calmo, Thomas contou-me da quantidade de mulheres que se jogam encima dele no horário de trabalho, houve algumas que fingiam machucados para tirar sua atenção e, eu ria de suas piadas, e era tão engraçado, passamos numa lanchonete e comemos um pouco, e quando ele disse que meus olhos cinzas pareciam deliciosos, eu quase engasgo com o milk-shake. Depois de um tempo, ele perguntou-me onde eu morava e sua cara de espanto foi visível, é bem estranho alguém como eu, morar na mansão Darkness, até para mim. Foram alguns minutos até que enfim, seu carro parou em frente a mansão D.

– Só de estar aqui já dá calafrios. - Comentou ele rindo nervoso, não tenho dúvida nenhuma do grande frio que fazia – Então, nos vemos depois? Qual é seu número?

Sorri aliviado por ter voltado em segurança, e principalmente pela companhia. Falei meu número e ele agradeceu

- Hum...então já vou. - quando virei-me para sair do carro, ele puxou meu braço e então, nossos lábios encontraram-se, num beijo quente e suave, como a brisa do verão e então, ele sorriu contente

- Agora sim, você está em segurança. - meu coração derreteu-se, e meus olhos já ameaçavam derramar lágrimas.

- Até mais.- Respondi sorridente, apesar da minha voz embargada, eu realmente estava feliz.

- Sonhe com os anjos, e comigo também. - assenti rindo e então ele se foi, agora lá estava eu, sozinho, no frio, para caminhar até a mansão e ainda subir a escadaria e... Estarei exausto com toda certeza.

O frio afastou-se logo quando entrei, a porta foi aberta por Anna, sorri para ela que me ignorou como se eu não existisse, mas ela não estava grata por mim e eu pensei que seríamos tão amigos. Subi direto para meu quarto, não queria acabar com a minha alegria momentânea, queria continuar assim, radiante.

Fecho a porta do meu quarto com maior cuidado possível, não quero que o Sr.encrenca venha dar-me mais uma bronca

- O que fazia sozinho pelas ruas? Devia ser bem interessante prevejo.- Meu corpo paralisou e uma brisa fria veio sobre mim. Adrian estava no meu quarto.

Engulo em seco mas não respondo

- O que foi agora? O gato comeu sua língua? - Perguntou carregado de ironia e arrogância- Onde está o rebelde que falava tudo?

Ele não vai me irritar.

Ele não vai me irritar.

Eu não vou estourar.

- Aqui está a merda de seu celular.- ele jogou na minha cama - é todo seu, aproveite.

Aquelas palavras não iriam me acertar, não hoje. Depois que o Sr.D saiu do meu quarto, tirei meus sapatos e fui direto ver se havia alguma mensagem de Thomas, deslizo a tela para desbloquear e meu corpo parou.

Meu coração parou e eu não podia acreditarnaquilo. Havia uma foto, um homem que, eu vi de terno, estava pelado, e...eunão podia acreditar, Eu tinha um nudes de Adrian Darkness.     

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Capítulo novo enormeeee!!! 4000 palavras!!! Primeiro recorde de escrita minha💜

O que acham que vai acontecer? Comecem a guerra de ships!!! E quem amou a Allie? Sincera ela não?

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