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Capítulo 6 - O caçador da caçada


    Derek imobilizou o indivíduo,  que ficou totalmente imóvel, intrêmulo e assim o homem nada expressou em seu semblante. O vampiro então passou a mão que estava livre em seu ombro analisando o buraco que a flexa a pouco tinha feito e disse semicerrando o punho:

— Essa sua flexa maldita rasgou a minha camisa favorita.

— Você não era o meu alvo...

— É, estou sabendo... Fico surpreso afinal eu sou o vampiro mau aqui, então por que queria matar ela? — inquiriu.

— Não adianta você protegê-la — o homem respondeu rapidamente. — Se não for agora, ainda será. Ela já está morta.

— O único morto aqui é você — Derek retrucou sacudindo o sujeito.

— Você sabe que se me matar outros vão aparecer em meu lugar, não é?

Derek sorriu de lado.

— Vocês são como baratas, mas imagine só meu prazer em matá-los também — contra-atacou. — Agora me responda a pergunta!

— Você não sabe, não é? Aposto que nem imagina o tipo de criatura que caminhava ao seu lado.

O vampiro semicerrou os olhos.

— O que ela é? —  perguntou aproximando seu rosto ao do homem. — Me diga de uma vez.

— Não... Nela há o que existe de pior.

— O quê? —  rosnou impaciente.

Dos lábios do caçador surgiu um sorriso.

— Não serei eu a lhe contar!

Nesta hora o sujeito inseriu no corpo de Derek uma pequena estaca que escondia na manga da camisa, o vampiro o soltou indo para trás com as mãos tremulas. A ponta da estaca cravada em sua pele encheu seus olhos azuis de dor e ódio; alguns centímetros a direita e ele teria partido dessa para uma melhor, ou pior, quem sabe... Ouviu instantaneamente Alina chamar seu nome horrorizada, ao fitá-la notou que a garota tremia, ela se deixou ficar ali por vários minutos, estática. Pensou em fugir, e contudo não ousou.

Naquele momento o caçador se levantou silencioso, aproveitando-se do súbito momento de distração de seu adversário, então o homem pegou de forma hábil o arco e flecha; o apontando na direção da garota, no instante em que pretendia atirar sentiu o frio do chão lhe receber novamente, foi Derek o derrubando de novo com uma rasteira, e desta vez o cara ouviu mais uma de suas costelas quebrar com o ardo baque.

"Como pude, deixar-me ser atingido duas vezes pelo mesmo caçador; medíocre e insolente?". O vampiro se perguntou.

— Criatura burra — o homem disse ousadamente. — Se fosse esperto acabaria você mesmo com a garota.

Enfurecido Derek cravou suas presas no pescoço do sujeito com brutal violência e força, e de imediato sentiu o sangue jorrar em sua boca, trazendo prazer momentâneo. O caçador por sua vez se contorceu rígido na explosão de dor que lhe consumiu com grande velocidade. Sua dor poderia facilmente ser comparada a dor de lhe arrancar um membro do corpo.

Do outro lado da rua Alina podia ver como o homem perdia a cor, conforme Derek o sugava friamente; roubando-lhe a vitalidade. A sensação estranha do que era a morte ao ver o sangue escorrer no pescoço do sujeito, a dominou. A palidez era notável e nada ela podia fazer, estava paralisada, o medo lhe sucumbiu naquele momento. Um cheiro doce penetrou em suas narinas e desceu palpável por sua garganta, tinha gosto de dor, de forma que a fez se arrepiar. Sua garganta se fechou de repente e um zumbido tomou seus ouvidos, sentiu suas pernas pesadas o que a faz cair de joelhos, sua visão passou de nítida a turva em segundos. Era surreal, mas ela tinha esperanças de acordar em sua cama macia e quente, constatando então que tudo era um terrível pesadelo, mas não era. Seus cabelos se eriçaram, naquele instante o universo se tomou silêncio, imobilidade. Tudo parecia distante, não era como da primeira vez em que esteve com Derek e foi mordida, desta vez era completamente diferente. O que mais lhe poderia acontecer agora?

Quando já não havia mais sangue a ser sugado, Derek soltou o corpo do caçador — sem vida — e fitou Alina, caída a poucos metros de distância.

— Era só o que me faltava — ele murmurou.

Com um ágil movimento se aproximou dela, mais rápido do que antes fizera, sentindo suas forças revigorada. Alina por sua vez tentava desesperadamente encher de ar os pulmões. O vampiro a fitou, tentando entender o que estava acontecendo, havia um brilho incomum no castanho escuro dos olhos dela.

— O que está acontecendo com você?

— Eu. Não. Sei... —  sua voz tremeu ao se esforçar.

— Vamos.

Ele a pegou no colo sentindo seus braços e peito queimar com o calor que o corpo quente dela emitia, voltou até a casa da garota, pra sua sorte a rua estava completamente vazia, e com uma das mãos Derek forçou a fechadura até que abriu a porta, entrando no imóvel.

— Meu Deus! — Meredith expressou tomada pelo pânico. — O que aconteceu com minha filha?

Ele deu de ombros.

— Me diga aonde é o quarto dela?

— O quê?

Meredith estava pasma.

— AONDE É O MALDITO QUARTO DELA?!

Meredith se assustou com o grito, rapidamente subiu as escadas e ele foi atrás, levando Alina até a cama. Ao deitá-la, sentiu um tapa queimar brevemente em suas costas.

Ele se virou, encostando a mulher contra a parede.

— Faça isso mais uma vez e eu quebro seu pescoço —  sussurrou furioso.

Lágrimas então começaram a brotar nos olhos da mulher que fitou sua filha inerte na cama, naquele momento Derek apertou os olhos e os lábios, respirando fundo tentando se acalmar.

— Tudo bem. Está tudo bem —  as pupilas dele rapidamente se dilataram deixando suas íris brevemente maiores. — Alina vai ficar bem, mas você precisar esquecer tudo isso, certo?

A mulher o encarou, seus olhos piscaram e logo ela assentiu, calma.

— Certo, continue a fazer o que estava fazendo... Nada aconteceu aqui.

Ela assentiu novamente, e saiu do quarto.

Aquele sentimento de piedade surgiu novamente, o vampiro voltou até a cama da garota passando o lado externo da mão direita no rosto de Alina, colocando os cabelos para trás da orelha, sentindo a macieis da pele dela. Cismado inquiriu retoricamente:

— Você não está ferida, então qual é o problema?

Pela primeira vez aquele brilho incomum que a pouco vira nos olhos dela; o tocava, inquieto se afastou e saiu da casa poucos minutos depois. Caminhou mais uma vez até a outra rua, precisava se livrar do cadáver que deixou para trás, mas chegando ao fim do beco ouviu:

"Ele carregava um arco e flechas. O que você acha que o matou, Xerife?"

"Um animal. Um lobo talvez, veja o pescoço desse homem; está estraçalhado..."

Derek se inclinou contra a parede e viu os dois policiais observando o defunto.

✣✣✣

— Onde você acha que ele está?

— Não sei Lis — Miguel retrucou.

— Ele não parecia estar bem muito bem —  ela falou, sentando-se no sofá ao lado do irmão. — Você viu ele, não é?

— Derek está bem Lissa, ele sabe se cuidar. Você não precisa se preocupar com ele.

Ela suspirou.

— Vocês dois, se parecem tanto — Lissa falou de repente.

— Eu não me pareço com ele —  seu tom de voz aumentou ligeiramente.

— Na verdade, acho que você tem razão. Vocês... —  a voz dela se foi subitamente ao ver Derek adentrar o cômodo. — O que aconteceu com você?

Ela olhou atenta as manchas de sangue já secas estampadas na camisa de irmão.

— Um caçador.

Um caçador?  —  Repetiu temerosa.

— Não se preocupe, ele está morto — anunciou triunfante.

— Ele era dá cidade? — Miguel perguntou.

— E como vou saber?

Lissa se levantou indo até o irmão mais velho.

— Acha que ele estava aqui por nossa causa? — ela questionou.

— Não.

— Tem certeza?

— Ele estava caçando outra pessoa...

— Quem? —  ela perguntou com os olhos faiscando.

— De qualquer forma — Ele prossegui como senão tivesse ouvindo ela —, é melhor tomar cuidado. Sabe como são esses vermes. Você mata um e aparecem uns quatro no lugar.

Ela assentiu.

— Você parece melhor...

— E estou — Derek respondeu.

Miguel apenas observou a cena. Logo Derek se afastou; seus passos firmes foram ficando mais distantes conforme subia a escadaria, indo em direção ao quarto. Naquele momento lampejou em sua mente tais palavras que ouviu mais cedo: "Nela há o que existe de pior..."

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