Capítulo 20 - Vamos nessa, raio de Sol!
Se olhando em frente ao espelho, Alina respirou fundo. Uma leve, mas irritante dor na boca fez ela se aproximar de seu reflexo e mover os lábios, afastando-os um do outro, tentando ver qual era o problema. Seu dedo indicador encostou em sua gengiva deslizando por ela e nesse momento presas afiadas ficaram a amostra, a garota rapidamente deu um pulo para trás temerosa, mas logo se aproximou novamente olhando para si mesma outra vez.
Minutos mais tarde ela desceu a escadaria e encontrou Derek e Lissa na sala conversando.
— O Miguel vai falar com você Lis, na hora que conseguir fazer isso. Sabe que é melhor dar espaço a ele agora — Derek concluiu, virando-se para fitar Alina.
— Sua cara está péssima — a loira disse para ela.
O comentário fez a jovem levar uma das mão ao rosto, Alina sentiu-se corar. Logo suas bochechas estariam vermelho escarlate.
— Não liga, minha irmãzinha aqui costuma dizer isso para as pessoa — o vampiro retrucou.
— Não! Eu disse a verdade — Lissa falou novamente. — Você precisa se alimentar, tá escrito aí na sua testa: "Me deem comida!" — enfatizou.
— Está bem... Vamos Alina? — Derek chamou.
Ambos rumaram para fora da casa, a garota estava um pouco apreensiva.
Derek se aproximou de sua moto, montando e ligando o motor. Em seguida deu um capacete para Alina que se apressou em dizer:
— Não podemos ir de carro?
— Não — respondeu firme, sem nem olhar para o lado.
A contragosto ela subiu na garupa e seguiram em frente.
As pernas dela estavam encostadas às dele, suas mãos agarradas na cintura. Em algum momento do percurso Derek soltou uma das mãos do guidão e instintivamente repousou na coxa de Alina, fazendo-a encostar seu tronco ao dele, mas aquilo não durou, a jovem se afastou assim que notou onde estavam.
O vampiro parou, desligando o motor.
— O que viemos fazer aqui?
— Procurar alguém.
Ela desceu, fitando-o.
— Alguém para o quê?
Derek tirou o capacete encarando ela seriamente.
— Você sabe Alina, alguém para você se alimentar.
A respiração dela ficou acelerada, mas desta vez não sentiu ou ouviu seu pobre coração dar sinal de vida.
— Eu não vou fazer isso.
— Não estamos falando de matar alguém — ele logo responde, levantando-se fitando as pessoas circulando por todos os lados. — Estamos falando de pegar um pouco do sangue delas.
— Dá na mesma!
— Não, não dá! — ele exclamou sério.
— Alina? — alguém chamou.
A garota olhou para trás vendo Marina se aproximar.
— Dispensa ela logo — Derek murmurou.
— Ou o quê?
— Ou então se tratará de um assassinato — ressaltou.
Ela revirou os olhos, virando-se de costas para ele, indo ao encontro da amiga.
— O que faz aqui na escola? — a loira perguntou. — Pensei que não soubesse mais onde ficava o prédio.
— É, eu sei, já faz uns dias — falou sem graça. — Eu vou voltar, é que está muito complicado pra mim agora.
Marina riu.
— Sua preocupação tem nome e um corpo bonitão, não é? — perguntou desviando o olhar para a direção de Derek.
O vampiro sorriu de lado retribuindo o olhar dela, o que fez Marina pensar ter falado alto demais, mas logo maneou a cabeça chegando a conclusão de que era impossível ele ouvir qualquer coisa que dissesse naquela distância.
— Tem nome sim... O meu. Eu sou o problema agora — Alina desabafou, com voz embargada.
— O que está acontecendo com você? — Marina inquiriu tocando nos braços da amiga. — Você pode contar pra mim...
— Eu sei e vou contar quando puder, mas tenho que ir agora.
— Claro que tem — a amiga retrucou desgostosa.
— Você não entende...
— E como eu poderia? — completou interrompendo Alina. — A gente costumava ser próximas e você me deixou para trás.
A garota arregalou os olhos.
— Do que está falando, Marina?
— Você falou para mim, que eu não podia me aproximar dos Campbells, que eles não eram boas pessoas só porque queria ficar grudada neles e agora não pode nem me falar o que está acontecendo com você — respondeu em disparada. — Olha pra você; pálida, faltando a escola. Você sabia que sua mãe está preocupada com você? Aposto que não... Olha, quando quiser conversar estarei aqui — a loira falou com semblante sério. — E tem mais uma coisa, sua mãe disse que está voltando, só não falou quando — concluiu, afastando-se.
Alina ficou quieta, apenas balançou a cabeça vendo sua amiga ir embora.
— Vamos nessa, raio de Sol.
Ela ouviu com perfeição o sussurrar vindo de Derek. Logo rumou para onde ele estava.
— Eu não posso machucar ninguém.
— Mas você vai — ele respondeu frio, aproximando-se dela. — Querendo ou não, e sabe por quê? Porque você não é uma humana mais, e quando a sede por sangue começar a ser seu único pensamento você vai arrasar com qualquer um que cruzar o seu caminho. Não dificulte as coisas, eu trouxe você na frente dessa escola para escolher alguém...
— Eu conheço essas pessoas — disse alarmada.
— Então eu escolho.
— Não! Eu faço isso — ela olhou para os lados aflita, tentando imaginar como decidir quem ali era merecedor do que teria que fazer.
Cada rosto que fitava naquele momento fazia sua respiração acelerar, de repente Alina notou que o sol trazia uma leve formigação na sua pele e quanto mais pensava sobre tudo aquilo, mais ficava ansiosa. Ela não podia ver, mas suas íris estavam dilatadas.
Alguns segundos mais tarde, Derek tocou no ombro dela, chamando sua atenção. O vampiro não disse nada, mas notou como aquilo estava mexendo com ela. Ele a fitou como se questionasse quando a garota finalmente iria escolher alguém.
Naquele instante ela viu Matt Blecker; o pegador da escola, aquele que se achava o maioral e partia ao meio os corações das meninas. A garota não sabia porque, mas naquele momento decidiu que seria ele sua vítima.
— Aquele com jaqueta do time de futebol, tomando água — ela falou com voz baixa.
Derek olhou atentamente.
— Ele não. Todos aqueles músculos requer um pouco mais do que apenas malhação...
— E daí? — indagou.
— O sangue dele não está saudável — o vampiro respondeu. — Você demorou demais, essa meia dúzia não nos dá muita opção, mas já escolhi por você — disse apontando discretamente para frente.
Ela olhou sentindo sua barriga gelar.
— Está vendo aquele cara ali? — ele perguntou sussurrando no ouvido dela, como se revelasse um segredo. — Se alimente dele...
— Não posso — respondeu sem delongas. — Somos colegas, o nome dele é Gabriel, estudamos juntos na quarta e quinta série. Minha mãe é muito amiga da mãe dele...
— E se eu te falar que ele tem tendência psicopata — Derek falou cortando a fala dela —, e daqui a um tempo ele vai matar muitas pessoas?
— Eu diria que você está mentindo...
— Será? — Fitou-a sério. — Eu sei ler as pessoas.
— Meu Deus... — bufou.
— Deixe o Senhor de lado, raio de Sol, porque você tem uma decisão a tomar; você pode ir atrás dele e beber apenas um pouco do sangue ou eu vou lá e mato ele.
— Derek?
— Anda logo, ele está indo embora e eu estou ficando cansado e com fome.
— Acho que não vou conseguir fazer isso — ela fechou os olhos rapidamente.
— Ok! Você gosta de coelhos?
— Eu adoro coelhos, eles são fofos.
O vampiro riu passando a mão sobre o queixo, antes de virar-se e dizer:
— Então só sobra aquele cara e você tem dez segundos pra ir.
— Derek...
— Oito... É melhor correr, a comida está indo embora.
— Meu Deus, ele é um ser humano — replicou.
— Precisa ver ele como uma bolsa de sangue, Alina — Derek falou franzindo a testa. — Seis...
— Pera aí, essa contagem está acelerada demais!
— Cinco... — Ele falou, aproximando-se.
— Ok, ok!
Ela logo começou a caminhar, seguida pelo vampiro. Seus passos começaram a acelerar e a adrenalina começou a correr em suas veias quando o rapaz adentrou uma estreita viela vazia.
— Essa é a hora — Derek falou quase inaudível.
Alina acelerou os passos novamente aparecendo diante do jovem. Ela não pensou em nada, ou disse algo. Àquela altura desejava aquilo mais do que tudo.
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