33. CAPÍTULO TRINTA E TRÊS
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS
❛ ato dois: a ordem da fênix ❜
ERIKA NÃO SE preocupou em contar a ninguém sobre o golpe em Draco. Depois do ocorrido, ela foi direto para sua sala comunal para ir ao banheiro molhar o rosto para relaxar a raiva e, ao mesmo tempo, colocar a mão embaixo da água para que não ficasse mais inflamada ou vermelha com a pancada e assim não recebesse perguntas no dia seguinte.
Na manhã seguinte a Lufa-Lufa caminhou como se nada tivesse acontecido, sua caminhada até a biblioteca foi bem rápida para seu gosto, isso era algo que vinha acontecendo com ela ultimamente. Ela fazia as coisas automaticamente e sem perceber, algo assim a deixava com um pouco de medo.
Como era dia de semana, a biblioteca estava cheia de alunos. Ela estava indo se juntar a Pansy para avançar no projeto de poções onde elas haviam sido emparelhadas, e preferiu acelerar o passo para não ter que ouvir as reclamações dela. Erika encontrou a Sonserina em uma das mesas do fundo que dava para a janela, conseguiu vê-la já com um livro aberto e escrevendo algo no pergaminho então se aproximou rapidamente para não ganhar uma bronca, anunciou sua chegada movendo uma das cadeiras e não tão discretamente ela olhou para ela por alguns segundos antes de se sentar como se esperasse que ela lhe desse permissão para se sentar.
— Achei que você fosse esquecer nossa pequena reunião como se esqueceu de prestar atenção na aula de Snape. — Pansy disse sem olhar para ela.
Erika revirou os olhos e sentou-se, deixando a bolsa em cima da mesa para tirar suas coisas.
— Dormi mal naquele dia, me desculpe.
Pansy revirou os olhos e olhou para cima para falar com ela, mas seus olhos pararam para analisar a garota que estava agora na sua frente. Erika Frukke estava pálida, mais que o normal, ela tinha olheiras levemente marcadas que davam sinais de que ela não estava dormindo bem. Ela se atreveu a dizer que desde que a viu na primeira semana de aula ela estava um pouco melhor, mas não cem por cento. Ela tinha perdido peso? Pansy não tinha como saber ao certo, era mais provável que o corte de cabelo marcasse mais suas feições fazendo seu rosto parecer um pouco mais magro.
O que havia de errado com ela?
— Não importa. — Pansy terminou de dizer para voltar os olhos ao pergaminho. — Estamos perdendo a última coisa então acorde.
Silenciosamente Erika assentiu e começou a ler o livro de poções enquanto anotava o que estava faltando. De vez em quando, Pansy olhava para ela com o canto do olho, procurando uma maneira de trazer à tona o assunto de bater em Draco sem fazer com que parecesse muito desagradável. Ela não queria falar sobre isso porque, para ser honesta, ela não se importava com o que aconteceria com Draco por não saber controlar a boca, mas se não o fizesse tinha certeza que o loiro continuaria provocando Frukke e isso não seria nada bom.
— Ei... O que aconteceu com Draco?
A garota de olhos azuis parou de escrever, franziu os lábios e simplesmente ergueu os ombros.
— Ele foi para a sala comunal chorando? — Erika murmurou secamente.
Pansy ficou surpresa com o tom usado pela Lufa-Lufa.
— Algo assim... — Pansy respondeu um pouco preguiçosamente. — Olha, se você quiser algum conselho eu posso te dizer para deixá-lo em paz.
Erika levantou a cabeça e olhou para ela, incrédula.
— Pansy, Draco falou sobre minha mãe.
Parkinson franziu o rosto, o estúpido do Draco e seu hábito de entrar nos assuntos mais delicados de todos.
— É... Às vezes também não tolero, mas acredite, não é do seu interesse que Draco conte ao pai que você está batendo nele. — Pansy parou de escrever e mordeu os lábios.
— Por que? — franzindo a testa, a Lufa-Lufa olhou confusa para a Sonserina à sua frente.
Pansy procurou as palavras para dizer isso, mas não encontrou nenhuma, ela começou a mover a perna ansiosamente, pois, afinal, eram apenas suposições dela para espionar seu pai. Ela não poderia garantir nada específico, mas ela sabia quando algo não estava certo dentro do círculo de seus pais.
— Porque aí chega o grande Malfoy e começa a te incomodar, você conhece ele. — Pansy acabou dizendo, parte mentira e parte verdade.
Erika olhou para ela com desconfiança por alguns segundos antes de concordar. Sim, Lucius Malfoy era um pouco exagerado quando se tratava de família e ela nunca gostou muito dele. Não importa o quanto ela tentasse encontrar um traço positivo nele, era impossível com todas as coisas negativas que seu pai dizia sobre ele.
— Se você quer proteger Draco é só dizer. — Erika suspirou, escrevendo novamente em seu pergaminho.
— Não se trata de proteger Draco, Erika. — Pansy levantou a cabeça imediatamente com a testa franzida. — Estou te ajudando.
— Com o quê?
— Olha, não tenho certeza, se eu soubesse mais, acredite, eu te contaria. É por isso que estou lhe dizendo para não se meter em problemas especificamente com Draco. — Pansy suspirou para escrever novamente. — Agora escreva, quero que o fim de semana descansado e não ter que fazer um pergaminho de poções.
Erika balançou a cabeça lentamente, ultimamente, em vez de dar respostas, todos concordaram em gerar mais dúvidas que corroiam sua mente todos os dias.
Ela escreveu o que precisava depois de uns 30 minutos, o procedimento de preparação com detalhes em cada etapa foi a parte mais longa do trabalho e Pansy teve a brilhante ideia de separar alguns trabalhos e, para sorte de ambas, deu certo muito bem. Assim que terminaram, a Sonserina decidiu pegar o trabalho para revisá-lo e entregá-lo perfeitamente. Erika não reclamou nem um pouco, Pansy era quem tinha boas notas em Poções, não ela.
Enquanto elas guardavam suas coisas, uma voz masculina vinda de trás de uma prateleira e Theodore Nott olhou e se aproximou com um sorriso. Ao perceber que Erika também estava lá, ele não conseguiu esconder seu sorriso zombeteiro.
— A própria Erika Frukke! — exclamou satisfeito, passando o braço pelos ombros de Pansy. — Você pode me ensinar a bater como fez com Draco?
— Theo. — Pansy repreendeu.
O garoto riu, olhando para a amiga e depois para a Lufa-Lufa.
— Não pensei que a pequena texugo que estava rodeada de cobras iria arrancar as garras em algum momento. — o garoto zombou, colocando os dedos das mãos como se fossem garra. — Gosto de você se for capaz de bater no Draco, espero que quando fizermos algo em nossa sala comunal você vá. Tracey ficaria encantada.
Erika apenas sorriu gentilmente e acenou levemente com a cabeça, ela nunca teve interesse em ir a outra festa em casa já que não conhecia ninguém. Além disso, se a única razão pela qual Theodore a convidou foi por causa de Tracey, seu desejo de ir diminuiu um pouco mais. Não que ela não gostasse de Davis, mas ela já havia percebido que estava começando a conversar com ela e sabia que não conseguiria conversar com aquela garota por muito tempo.
Os dois sonserinos começaram a se afastar, mas Pansy não foi embora sem lembrá-la do que haviam conversado. Erika apenas assentiu e deixou-a sair para finalmente ficar sozinha na biblioteca.
Instintivamente seus olhos procuraram por alguém específico, mas, para sua surpresa, não conseguiu encontrá-lo em lugar nenhum. Estranho, quando a biblioteca era seu habitat natural diariamente.
Saiu em direção a um dos corredores principais, teve que passar pelas estufas e lá percebeu o quão frio estava o vento naquele dia. Um pequeno arrepio percorreu seu corpo, talvez ela devesse começar a usar um cachecol ou algo assim quando o inverno estivesse se aproximando.
Uma das estufas estava com a porta aberta, pelo canto do olho ela conseguiu ver alguém mexendo em alguns potes e esperava que fosse a professora Sprout se preparando para alguma aula mas ficou surpresa ao ver Neville sozinho lá dentro. A Lufa-Lufa olhou em volta antes de se aproximar e espiar pela porta para falar com o amigo.
— Roubando sementes?
A pergunta dela fez Neville pular um pouco e olhar para ela assustado, seu rosto relaxou quando percebeu que era Erika e ele se endireitou.
— Olá, Eri. A verdade é que a Professora Sprout me pediu para mudar algumas coisas para ela enquanto ela estava indo para uma reunião do chefe da casa. — explicou olhando para o vaso que estava sobre a mesa. — São orquídeas, mas não naturais.
A menina de olhos azuis observou as flores ao longe e decidiu se aproximar quando ouviu que elas não eram naturais, não importava onde as visse, eram flores reais e não falsas.
— Como você sabe que elas são falsas?
— Existe um feitiço que serve para produzir flores, elas parecem bem reais à primeira vista mas o que as diferencia das flores reais é a essência. As orquídeas reais têm um cheiro mais forte, as mágicas nem tanto.
— Memória nasal... — ela murmurou para si mesma.
— O que?
— Nada. — Erika apertou sua mão. — Precisa de ajuda ou algo assim?
Neville negou ter mencionado que estava quase pronto, mas quando terminou de mover um sprinkler, lembrou-se de algo.
— Agora que sim. — Neville começou a falar um pouco nervoso. — Você sabe que saiu uma nova coleção de cartões de sapo de chocolate, certo?
Erika o encarou por alguns segundos enquanto seus lábios formavam uma linha, ela não sabia absolutamente nada sobre sapos de chocolate.
— Eu não fazia ideia...
— Bom, tenho alguns para trocar e Hannah só precisa de um para completar e...
— Ah, você quer ajudá-la? Você com certeza sabe como conquistar, Longbottom. — Erika zombou, fazendo o amigo corar.
— Você pode me acompanhar no intercâmbio? Você é melhor socializando do que eu.
A Lufa-Lufa estufou as bochechas e soltou um suspiro fazendo seus lábios fazerem barulho, ela não sabia se era muito boa em socializar. Neville esqueceu que só começou a conversar com outras pessoas há um ano e não conseguia trocar mais do que duas palavras com pessoas como Nott ou os gêmeos.
Mas para seu amigo ela poderia abrir uma exceção.
— Tudo bem. Vamos nos reunir na hora do jantar, com certeza alguns alunos da primeira série têm algo para você mudar.
Neville assentiu animado aceitando a proposta, Erika sorriu para ele e decidiu ir para seu quarto ver se poderia descansar um pouco. Ultimamente ela se sentia mais cansada do que o normal por mais que tomasse poções para dormir, os pesadelos pelo menos tinham parado, mas ela não sentia que estava descansando se acordasse no meio da noite de vez em quando.
Durante o jantar Erika ignorou a conversa que Hannah e Ernie estavam tendo sobre a proposta que Alex tinha de combinar a poção de crescimento capilar com a poção fortalecedora para ver o que aconteceria, Susan estava com um livro aberto enquanto comia e lia ao mesmo tempo e Justin olhou para eles como se fossem estúpidos
— Vocês realmente querem tentar algo que Alex disse? — Justin falou irritado, dizendo o nome do ruivo com veneno. — Não desperdice neurônios com coisas assim.
— Eu diria mais para não desperdiçar recursos. — Susan acrescentou olhando para seus amigos. — Vocês podem acabar envenenados ao montarem poções que possuem ingredientes que colidem facilmente.
— Alex seria quem beberia de qualquer maneira. — Ernie ergueu os ombros.
— Por que não estou surpreso... — o moreno rosnou.
Erika apenas riu um pouco e então percebeu que Neville estava sinalizando para ela da porta do grande salão, a Lufa-Lufa assentiu e rapidamente se levantou sob o olhar irritado de Justin.
— Você ainda não terminou de comer.
— Eu estou cheia. — Erika respondeu enquanto se afastava em direção à saída.
Hannah olhou para o prato da amiga e depois a observou sair da grande sala de jantar. Ultimamente ela estava deixando tudo pela metade e isso começava a preocupar um pouco o grupo. Eles sentiram que sua saúde física e mental estava em perigo.
— É como se fosse a quarta vez, certo? — Hannah perguntou.
Ernie assentiu com uma expressão complexa que também demonstrava um pouco de pena.
— Talvez ela precise de algo para se distrair, você acha que o grupo que Harry formou irá ajudá-la a se distrair?
— Falarei com ela em algum momento. — Susan propôs tranquilizá-los. — Ela ainda está mal por Cedric, quero dar espaço a ela.
— Talvez seja isso que esteja deixando ela pior, a cada dia sinto que ela está mais distante. — Justin interveio sério. — Não estou dizendo que estamos em cima dela mas talvez tentando fazê-la falar sobre suas emoções.
— Boa sorte com isso. — Hannah riu sem graça com um movimento sutil das sobrancelhas.
Erika alcançou Neville do lado de fora e ele tirou um monte de cartões de sapo de chocolate dos bolsos sob o olhar incrédulo e exagerado da garota. O grifinório entregou timidamente um pouco da pilha para a amiga e apontou para algumas crianças do primeiro ano que estavam separando adesivos em um dos bancos ali. Os dois se aproximaram lentamente e a primeira a falar foi Erika.
— Olá... Ei, você tem cards da nova coleção? — Neville perguntou gentilmente, agachando-se para ficar na altura deles.
Os dois garotos, da Corvinal e da Sonserina respectivamente, olharam para eles com curiosidade. Não era comum alunos muito mais velhos virem perguntar sobre cartões de sapo de chocolate, o garoto da Corvinal os analisou por alguns segundos antes de falar.
— Se falam da coleção de magos da arte, sim. Por que?
— Você tem Celestina Warbeck? — Neville perguntou a eles e depois mostrou a pilha que eles tinham. — Podemos trocar por muitos.
As crianças olharam para ele com espanto e desconfiança ao mesmo tempo.
— Como sabemos que não são falsos?
— Posso contar o que aconteceu com esse sapo. — Neville disse tirando o croma de um dragão.
— Bem, conte-nos. — o Sonserino insistiu.
Erika se amaldiçoou internamente, ela não achava que as crianças realmente queriam saber o que aconteceu com um estúpido sapo de chocolate.
— Bem... Assim que abri a caixa o sapo saiu e... Bem, eu estava no pátio do relógio num dia de verão muito, muito quente e... Você sabe, o sapo saltou e assim que tocou o chão, ele derreteu. — Erika inventou, exagerando nos detalhes para tentar parecer credível aos mais pequenos.
Ambas as crianças mostraram expressões de surpresa exagerada, rapidamente procuraram dentro de uma caixa onde tinham cartões colecionáveis e tiraram o que procuravam, os olhos de Neville imediatamente brilharam e então ele olhou para os menores.
— Qual você está procurando? — perguntou-lhes, começando a mexer na pilha em sua mão.
As duas crianças se entreolharam e sorriram maliciosamente.
— Nenhum, mas se querem tanto terão que merecer.
— O que?! — Erika franziu a testa indignada.
— Vocês terão que fazer algumas coisas e se fizerem bem, conseguirão. — disse o Sonserino.
Neville olhou assustado para Erika, sua amiga estava pensando seriamente com a mão massageando a testa enquanto ela estava com os olhos fechados.
— Agora, o que devemos fazer?
O garoto da Corvinal sorriu maliciosamente e olhou para o croma em sua mão.
— Vá para a grande sala de jantar e cante uma música de Celestina Warbeck.
— O que você está falando?!
— Se vocês a amam tanto, deveriam fazer isso, certo?
— Se eu propusesse algo assim você certamente estaria chorando! — ela apontou, irritada.
— Não é verdade, sou muito corajoso! — o Corvinal afirmou.
— Temos milhares, por que você não pega apenas um?!
O garoto da Sonserina riu. — Como são covardes os da Lufa-Lufa.
Erika olhou para ele de boca aberta com o que ouviu, franziu a testa lentamente e Neville tentou acalmá-la.
— Eri, não é necessário... Tenho certeza que outras crianças têm. — Neville tentou acalmá-la para que ela não começasse a discutir com crianças de 11 anos.
— Que música?
— Um caldeirão cheio de amor forte, enquanto você faz a coreografia.
Totalmente decidida a não perder para algumas crianças do primeiro ano, ela assentiu e começou a caminhar em direção ao grande refeitório com passos firmes, sua respiração era forte e seu olhar mostrava que ela estava prestes a realizar o evento mais importante de todos os seus tempos escolares. Erika ficou entre as duas grandes portas e observou a atmosfera na grande sala de jantar, engoliu em seco tentando fingir que não havia ninguém ali enquanto seu olhar examinava as pessoas, mas, quando chegou a um certo ponto, parou.
Toda a sua coragem desapareceu assim que ela viu que Hermione ainda estava lá comendo com Harry e Ron. Será que ela queria que Hermione a ouvisse cantar e dançar uma música de Celestina Warbeck? Claro que não! Na verdade, ela não queria que ninguém a ouvisse cantar ou dançar em sua vida.
Seu rosto ficou vermelho de vergonha e ela se virou para voltar rapidamente para onde as crianças e Neville estavam.
— Esqueça, não farei isso. — Erika falou rapidamente enquanto tirava a pilha de cartas que Neville havia lhe dado e as passava para as crianças. — Peguem isso e para acrescentar ao acordo trago para vocês algo da loja de Zonko que Filch não pode inspecionar.
— Melhor alguns doces dos gêmeos Weasley.
— Duas caixas de doces Weasley raros e a carta de Celestina Warbeck é nossa.
— Três caixas.
— Um e meio.
— Você acha que sou idiota? — o Corvinal perguntou irritado e então pensou por alguns segundos. — Uma e meia mas você ainda canta e dança.
Erika bufou e revirou os olhos enquanto cruzava os braços, olhando para o menino incrédula enquanto pensava em algo que os alunos do primeiro ano gostariam.
— Conto sobre você aos seus monitores para que eles deixem vocês ficarem até tarde nos corredores sem ser repreendido.
— Bem, mas ainda queremos que você cante e dance para fechar o negócio.
— Por que você quer que eu dance? — Erika reclamou, deixando os braços caírem ao lado do corpo.
— Queremos ver até que ponto eles podem chegar por um cartão de sapo de chocolate. — a Corvinal respondeu simplesmente.
Como as crianças podem ser cruéis.
Erika suspirou profundamente, olhou para Neville irritada e relaxou o corpo, se ela não amasse muito o amigo não estaria fazendo absolutamente nada que lhe pedissem. Ela pegou sua varinha e colocou na frente da boca para imitar um microfone, ela respirou fundo e se lembrou da letra daquela música que ouvia a Professora Sprout cantarolar de vez em quando.
— Eu tenho um caldeirão cheio de amor quente e forte... — Erika começou, elevando a voz para um tom mais alto enquanto se movia rapidamente de um lado para o outro, movendo os braços exageradamente para os lados e para cima. — E está borbulhando para você.
As duas crianças não conseguiram conter o riso, Erika só cantou a primeira parte, as notas altas da música saíram horríveis porque ela tentou não cantar muito alto para não chamar a atenção, mas ela tinha certeza que o riso das crianças a fez risada ecoará pelo corredor e mais de um aluno terá se virado. Os dois estavam morrendo de rir enquanto a observavam cantar e fazer a coreografia com o corpo todo rígido e descoordenado.
Neville olhou em volta tentando não deixar ninguém olhar para eles, mas não pôde evitar a vontade de rir ao ver que sua amiga dançava muito, muito mal.
Finalmente Erika terminou a música abruptamente com uma cara de raiva. Ela olhou para as crianças enquanto estendia a mão para que lhe passassem o cartão e elas pararam de rir enquanto balançavam a cabeça. Elas passaram o pequeno cartão para Neville e ele agradeceu educadamente. As crianças saíram felizes e com uma excelente anedota para os amigos, em que outra circunstância poderiam fazer uma monitora dançar e cantar só por um estúpido cartão de sapo de chocolate?
— Muito obrigado, Eri! — Neville olhou para o croma com um grande sorriso. — Você realmente vai falar com os monitores dele?
— Nem morta, Pansy me mata e eu não pediria algo assim para Patil, com quem nem converso. — Erika suspirou, tentando fazer o rubor em seu rosto desaparecer. — Nenhuma palavra sobre isso para ninguém, Longbottom.
Neville assentiu, sorrindo suavemente, e Erika decidiu acompanhá-lo até a sala comunal. Ela o ajudou a colocar os cartões em uma sacola ao longo do caminho enquanto repetia que se alguém descobrisse ou ouvisse, ela iria matá-lo sem pensar. Quando eles subiram alguns andares, o grifinório começou a falar sobre como Hannah reagiria quando finalmente terminasse sua coleção graças a ela, ele começou a falar sobre como os olhos da loira iriam brilhar e que com certeza daria um grande abraço nele, tudo isso com um tom sonhador e um sorriso atordoado.
É assim que você gosta de alguém?
— Ei... Como você percebeu que gostava da Hannah?
Neville pareceu pensar sobre isso por alguns segundos, ele começou a revisar cada acontecimento e situação que compartilhava com Hannah. Ele não havia pensado nisso, simplesmente se deixou levar pela pequena emoção que aparecia toda vez que via ou estava com Hannah Abbott.
— Acho que quando comecei a pensar nela foi quando algo de bom aconteceu comigo. — Neville disse. — Também quando queria passar mais tempo com ela e convidá-la para conhecer alguns lugares ou ir a certas lojas para ver a reação dela.
— Ah... Eu entendo.
— Por que?
Erika apenas encolheu os ombros.
— Não é nada, só... Curiosidade. .
— Você está começando a gostar de alguém, certo? Tivemos uma conversa parecida quando Adrienne te convidou para ir a Hogsmeade, você me perguntou se eu achava que ela gostava de você. — o menino lembrou gentilmente. — Posso saber quem é? Talvez eu possa ajudá-la.
— Não. — Erika respondeu imediatamente. — Quer dizer... É complicado, não sei se gosto assim ou não.
— Eu entendo... Não pense muito nisso. Talvez você apenas tenha que se deixar levar pelo sentimento e verá o que acontece, perceberá imediatamente. — Neville recomendou. — A verdade é que Hermione é muito boa em ajudar com coisas assim, talvez ela possa te ajudar, ela me aconselhou sobre como abordar Hannah ano passado.
Erika forçou um sorriso e acenou com a cabeça para sair da conversa naquele momento; era justamente Hermione quem estava gerando esse tipo de dúvida nela; Ela não queria falar sobre a sensação estranha que começava a ter toda vez que estava perto de Hermione no meio de um corredor onde qualquer um pudesse ouvi-los.
Eles viraram no corredor e inadvertidamente Neville e Erika se encontraram entre dois garotos grandes e corpulentos que os empurraram com força. Quando eles se viraram encontraram Crabbe e Goyle, Crabbe olhou zombeteiramente para Neville e Goyle olhou desconfiado para Erika.
— Cuidado por onde você está andando, Longbottom! — Crabbe gritou com ele.
— Cuidado com o que você faz, Frukke!
Erika olhou para eles com desprezo, ela tinha certeza que os dois seguranças de Draco haviam descoberto sobre o golpe e agora queriam defendê-lo de alguma forma. Neville deixou cair os ombros em derrota e isso não passou despercebido a amiga que o olhou preocupado.
— Tudo certo?
— Sim, bem... Não. — ele suspirou frustrado. — Ultimamente o grupo do Malfoy tem estado insuportável e toda vez que eles podem me dizer coisas bastante ofensivas, não aguento mais por muito tempo.
— Entendo... É só ignorá-los, eles são... O que foi isso?
Erika parou quando ouviu algum tipo de barulho perto deles, Neville olhou para ela com curiosidade enquanto ela movia a cabeça, parando na parede atrás deles. O menino seguiu seu olhar e ambos compartilharam uma expressão de confusão e surpresa quando de repente uma porta começou a aparecer na parede. Nenhum deles se moveu já que uma porta que apareceu de repente não parecia segura, mas Neville honrou sua casa e foi o primeiro a se aproximar por mais que Erika tentasse impedi-lo.
O menino abriu a porta e olhou para dentro, lá encontrou uma grande sala com diversos tipos de equipamentos de defesa de qualquer tipo. Erika colocou a cabeça para dentro para analisar o local e ambas pensaram a mesma coisa, a sala havia aparecido no melhor momento já que ainda não havia lugar para praticar defesa contra as artes das trevas.
— Temos que contar para Hermione. — disse a Lufa-Lufa apressadamente. — Vou correr para pegá-la no salão principal, não se mexa!
Neville ficou parado com as palavras na boca, era mais fácil esperar ela subir quando se dirigia para a sala comunal da Grifinória já que o jantar já estava terminando, mas parecia que sua amiga estava com mais pressa do que ela.
— Vocês encontraram o quarto necessitado! — Hermione exclamou surpresa ao entrar.
Erika chegou rapidamente ao grande salão de jantar em busca do trio dourado, ela os encontrou quando já estavam a caminho da saída e imediatamente se aproximou deles para pedir que a seguissem. A Lufa-Lufa falou com muita energia e rapidez a ponto de Harry pedir que ela repetisse tudo o que disse, mas ela não o fez, ela simplesmente agarrou o menino de óculos pelo manto e começou a correr. Sem entender nada, Hermione e Rony seguiram de perto mas apenas em uma caminhada rápida, eles não queriam correr tantas escadas depois de terem comido recentemente.
Quando chegaram ao sétimo andar viram Neville esperando por eles encostado em uma parede, ele guiou Harry e os outros em direção à grande porta que haviam encontrado acidentalmente e os recém-chegados ficaram maravilhados.
— O que é uma sala precisa? — Ron perguntou confuso.
— Também é chamada de sala que vai e vem. — explicou a morena enquanto olhava em volta. — Aparece apenas quando alguém precisa e é equipado conforme a necessidade.
— E se eu precisar de um banho?
Hermione fechou os olhos e suspirou profundamente, Erika e Neville seguraram um sorriso ao contrário de Harry que ainda estava absorto no quarto que, assim como sua amiga havia mencionado, tinha o que eles precisavam.
— É um caso muito rebuscado, Ronald... Mas sim.
— Mas que tipo de banheiro você acha que seria? — a Lufa-Lufa falou com Rony que a olhou atentamente. — Um daqueles de Hogwarts, criado pelo próprio quarto ou aquele da sua casa?
O resto se virou para olhar para ela lenta e estranhamente, Hermione olhou para ela incrédula, ela não conseguia acreditar que a Lufa-Lufa estava seguindo a sequência estúpida de ideias que Ron havia iniciado. O ruivo pensou seriamente por alguns segundos, pois, para desgosto de Harry e Hermione, Erika tinha razão.
— Talvez se você simplesmente pensar em um banheiro ele será um normal ou parecido com os de Hogwarts, mas se você pensar especificamente no banheiro da sua casa, aquele da sua casa vai aparecer.
— Faz sentido. — o garoto concordou, convencida. — Devíamos tentar...
— Ninguém vai tentar nada. — Hermione repreendeu, olhando para os dois. — Usaremos esta sala apenas para treinos de defesa, nada mais.
Ron e Erika se entreolharam, torcendo a boca com a bronca, ninguém saberia se eles fizerem isso, mas também deixaram claro que se fossem descobertos por Hermione algo iria dar muito errado.
Harry caminhou pela sala olhando todos os artefatos que havia ali, havia prateleiras, almofadas no chão e bonecos de treino Todos começaram a circular, Erika conferiu os bonecos de treino e também os espelhos que estavam ali, no reflexo ela conseguiu ver Ron batendo suavemente nas almofadas para ver se eles conseguiam cair sem dor e Hermione e Neville olhando uma estante cheia de livros.
— Isso é perfeito! É como se Hogwarts quisesse que nos defendêssemos. — Harry virou-se entusiasmado para seus amigos e então fixou seu olhar em Hermione. — Por favor, reúnam todos o mais rápido possível, vamos começar o mais rápido possível.
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A grande sala necessariamente recebeu todos os alunos que haviam participado da reunião no cabeça de javali, a surpresa no rosto de cada um era perceptível. Eles não podiam deixar de se aproximar de cada dispositivo ou objeto que estava ali para tentar ver do que se tratava. Luna ficou grudada em observar os bonecos de treino que Harry havia preparado, eles moviam as mãos levemente para cima e para baixo de uma forma lenta, quase hipnotizante.
— Esse lugar é fantástico, Harry! — Cho Chang exclamou junto com outras pessoas que pensavam como ela.
— Neville e Erika acharam, o crédito é para os dois. — Harryolhou para os nomeados com um sorriso.
Os dois amigos se entreolharam e coraram com a atenção repentina que estavam recebendo. Hannah caminhou até Neville com um sorriso e deu-lhe um aperto no ombro, parabenizando-o silenciosamente enquanto Alex apertava sua prima com força enquanto bagunçava seu cabelo curto vigorosamente fazendo-a reclamar.
Harry bateu palmas ruidosamente para chamar a atenção de todos. Aquele de óculos estava parado no meio da sala convidando todos a sentarem nas almofadas que a sala lhes deu. Harry, Ron e Hermione também se sentaram em algumas almofadas na frente do grande grupo expectante à sua frente.
— Bem, eu estava pensando por onde começar e... — ele parou quando viu que Hermione estava pedindo para falar, olhando para ela um pouco assustado ao pensar que tinha dito algo errado. — O que houve?
— Devíamos eleger um líder. — ela sugeriu.
— Harry é o líder. — Cho falou imediatamente, como se fosse a coisa mais óbvia enquanto olhava para Hermione.
— Sim, mas eu gostaria muito que fosse algo que todos aceitassem, que a gente desse esse título a ele em vez de apenas assumi-lo. — Hermione explicou seriamente. — Levante a mão se aceita Harry como seu líder.
Todos levantaram a mão rapidamente e com encorajamento, até mesmo Zacharias, que não conseguiu escapar do olhar julgador de Erika do outro lado da sala.
— Ótimo, proponho que também tenhamos um nome.
— Temos que seguir suas ordens? — Erika ouviu Terry Boot murmurar irritantemente.
A Lufa-Lufa apenas olhou para ele pelo canto do olho sem dizer nada para não interromper o brainstorming que alguns estavam dando a Hermione para nomear o grupo.
— Liga Anti-Umbridge parece ótimo. — Angelina propôs.
— Grupo contra os idiotas do Ministério da Magia. — Fred sugeriu.
— O Esquadrão Umbridge é feio. — Alex propôs animadamente.
Lea soltou uma risada que camuflou com um pigarro para recuperar a postura indiferente.
— Acho que algo que não é tão óbvio com o que fazemos é melhor. — sugeriu Hermione. — Assim podemos conversar sem que ninguém presuma do que se trata.
Depois de alguns segundos em que todos pareciam pensar sobre isso, Cho propôs uma ideia.
— Entidade de defesa? Portanto, podemos abreviar como ED e ninguém saberá a que se refere.
— ED está bem, mas em vez de uma entidade de defesa, que seja a Armada de Dumbledore. — Ginny propôs com um sorriso malicioso. — É isso que o ministério teme, certo?
Todos sorriram e acenaram com a cabeça concordando com esse acordo.
— Todos concordam com AD? — vendo que todos responderam positivamente, ela sorriu. — Ótimo!
Ela pegou o pergaminho onde todos haviam deixado seus nomes escritos e escreveu Armada de Dumbledore em tamanho grande no topo e depois pregou-o firmemente na parede. Hermione se virou para olhar para Harry, dando-lhe um sinal silencioso para começar a apresentação agora.
— Bom, antes de começar queria comentar uma coisa. — Harry levantou-se para olhar para todos. — Como estamos estudando e praticando como nos defender, além de praticar feitiços também praticaremos duelos. — Erika automaticamente ficou tensa ao ouvir as palavras do garoto. — Por isso pedi a ajuda de alguém com mais conhecimento sobre duelos reais. Erika, se você puder se levantar para explicar...
As orelhas da Lufa-Lufa começaram a arder quando ela percebeu os olhos nela novamente, ela timidamente se levantou e caminhou até a frente onde Harry a esperava com um pequeno sorriso. Com o olhar completamente voltado para o chão, ela se posicionou ao lado dele e levantou a cabeça tensa. Ela notou o olhar de ódio e olhares confusos de Zacharias de outras pessoas que não a conheciam bem.
— Bem... Olá. — Erika cumprimentou timidamente, limpando a garganta, coçando a cabeça nervosamente antes de continuar. — Uhm...Como Harry acabou de dizer, estarei ajudando nos treinos de duelo e, bem, vocês sabem... É como se fosse o segundo ano do clube de duelos, mas mais... Avançado? — ela tentou explicar da melhor maneira possível sem se deixar levar pelos nervos.
Cho ergueu a mão timidamente e Erika deu-lhe a palavra.
— Qual seria a diferença entre o clube de duelo daquela época?
— Bom, aqui os duelos serão mais informais. Não vou contar as típicas "Posições, varinhas para cima e pronto", mas apenas colocarei cada um de vocês em uma extremidade e os três lançarão qualquer feitiço o mais rápido possível entre defesa e ataque. — explicou agora de uma forma mais séria, olhando para todos. — Lá fora, ninguém vai esperar chegar a sua vez de atacar, eles apenas farão.
— E por que você? — Zacharias perguntou sem levantar a mão.
— Porque estou mais familiarizada com o estilo de luta dos Comensais da Morte. — Erika respondeu secamente, olhando para ele com severidade. — Se quisermos nos defender bem, devemos saber como eles lutam, por isso farei uma pequena introdução quando chegar a hora certa.
Ninguém mais disse mais nada, então Erika apenas agradeceu por ouvirem e rapidamente voltou para onde estava sentada. Ela soltou a respiração que havia segurado sentindo como Susan estava acariciando suas costas para lhe dar paz de espírito, ela ergueu o olhar e enquanto Harry explicava que eles iriam começar com algo básico ela percebeu que Rony fez sinal de positivo para ela e sorriu brilhantemente para ela. Ao seu lado, Hermione olhou para ela com orgulho, dando-lhe um sorriso de orelha a orelha.
— Começaremos com uma prática do feitiço de desarmamento, acho que é um feitiço bastante útil e...
— Mas o que você diz? — Zacharias afirmou irritado. — Não acho que um expelliarmus seja suficiente para lutar contra quem você conhece.
Erika revirou os olhos e estava prestes a falar, mas Hannah rapidamente cobriu a boca e lançou-lhe um olhar de advertência, não era um bom momento para discutir ou reclamar com Smith.
— Ninguém disse que você brigaria com quem você conhece. — Alex disse sério ao invés do primo. — Você acha que eu perderia meu tempo com alguém como você? No máximo você lutará contra um Comensal da Morte, isso seria útil lá.
— É coisa de família tentar discutir sobre tudo? — Justin perguntou em um sussurro.
Harry sorriu para o menino agradecendo silenciosamente, ele estava perdendo a paciência com Zacharias Smith toda vez que ele abria a boca e estava começando a entender porque muitas pessoas na Lufa-Lufa não gostavam dele.
— Ok, formem duplas para praticar. — Harry anunciou.
Erika rapidamente se aproximou de Neville. Ela sabia que Hannah escolheria alguém de seu grupo, pois não gostaria de parecer fraca ou estranha na frente do garoto de quem gostava. E sem Hannah ou Erika, ninguém mais o escolheria como parceiro de treino.
— É simples, tenho certeza que vai dar certo para você. — Erika o acalmou ao vê-lo nervoso.
— Você acha?
— Claro! E se não der certo da primeira vez, tente novamente, mas eventualmente dará certo. Experimente.
Neville assentiu e acenou com a varinha dizendo expelliarmus! A própria varinha de Neville voou para frente com força, conseguindo acertar Erika na testa, deixando uma marca avermelhada. O garoto assustado se aproximou dela, a frustração podia ser vista em seu rosto por não ter conseguido lançar o feitiço corretamente na primeira tentativa.
— Desculpe, Eri, sou um desastre...
— Não diga isso! — Erika o interrompeu esfregando a testa, assim que ela abaixou a mão dava para ver uma linha vertical no formato da varinha do amigo. — Com certeza é o movimento da sua mão ou algo assim, tente um movimento mais seco. — Erika olhou em volta até ver Alex praticando com George. — Olha, expelliarmus!
A Lufa-Lufa apontou a varinha para o primo, fazendo com que ela voasse para longe. Os dois grifinórios ficaram confusos e olharam para todos os lados. Alex encontrou o olhar zombeteiro de sua prima e franziu a testa enquanto pegava sua varinha.
— Fique com seu próprio parceiro, invejosa! — Alex afirmou.
Erika apenas riu e se virou para Neville com um sorriso alegre.
— Você viu a diferença? — Neville assentiu imediatamente. — Ótimo, tente novamente e...
— Neville, Eri, vocês podem trocar? — Harry perguntou passando por ele. — Gire entre Ron e Hermione, por favor.
E com isso ele caminhou em direção a Cho Chang.
Ron e Neville trocaram entre eles a pedido do próprio Ron. Longbottom se aproximou nervosamente de Hermione para que pudessem praticar ao mesmo tempo que o ruivo se aproximava de Erika com confiança.
— Só para você saber, Eri, desarmei Hermione algumas vezes. — ele disse com orgulho.
— Só uma vez. — apontou Hermione, que estava muito atenta à conversa que os dois estavam tendo perto dela.
— Claro que não, eram pelo menos três.
— Bem, eu te desarmei mais vezes. — a garota finalizou teimosamente, fazendo Erika rir.
Ron e Erika estavam se desarmando há muito tempo, não foi nenhuma surpresa para a Lufa-Lufa descobrir que Weasley era bastante habilidoso, o garoto conseguiu desarmá-la algumas vezes sem nenhum problema.
Depois de um tempo, Harry pediu a todos que parassem, parecendo constrangido com o que tinha visto enquanto fazia uma pequena ronda para ver como todos estavam trabalhando. Ele os encorajou dizendo que poderiam fazer melhor e encorajou-os a fazê-lo novamente com mais entusiasmo. Ele sugeriu que trocassem de parceiros para que não ficassem sempre no mesmo nível e, dessa vez, Hermione e Erika estavam juntas.
— Se eu te desarmar mais de uma vez, você também vai me repreender como Rony? — a garota de olhos azuis perguntou brincando.
— Se você puder fazer isso. — Hermione se atreveu a desafiá-la.
— Sou bastante competitiva, Hermione. — Erika avisou com um sorriso. — Você não deveria me desafiar.
— Competitiva ou não sabe perder? — Hermione disse a ela com um sorriso malicioso e então rapidamente a desarmou.
Erika olhou para sua varinha no chão e depois olhou para Hermione que estava bastante orgulhosa de sua ação, ela soltou uma risada curta e se abaixou para pegar sua varinha. Ambas passaram um bom tempo se desarmando, entre o orgulho de Hermione e a competitividade de Erika, a prática se tornou algo mais sério entre elas, permanecendo em seu próprio mundo, ignorando os olhares irritados ou estranhos que recebiam de alguns ao seu redor. Por que eles estariam interessados nos outros quando tinham a atenção uma da outra sem interrupção?
Ron as observou com um sorriso astuto durante uma pequena pausa que fez ao lado de Neville.
— Alto! — Harry gritou, ouvindo as últimas varinhas caírem no chão enquanto olhava para o relógio. — Chegamos ao final da primeira parte de hoje, Erika fará uma pequena introdução ao duelo antes de prosseguirmos direto.
Hermione e Erika deixaram seu mundinho graças ao grito de Harry, decidiram deixá-lo empatado enquanto se entreolhavam de uma forma um tanto intensa que não conseguiam diferenciar se era por adrenalina e competição ou outra coisa.
Harry sorriu para Erika para lhe dar a palavra enquanto todos se aproximavam para ouvi-la.
A Lufa-Lufa suspirou, preparando-se enquanto todos olhavam para ela com expectativa. Ela ainda não estava pronta para falar na frente de tantas pessoas e pensou que nunca estaria.
— Bem, isso vai ser muito rápido. — explicou depois de engolir nervoso. — É mais do que tudo para que vocês entendam a diferença entre o combate formal e o informal, certo?
Todos assentiram imediatamente, imersos em como seria aprender com a Lufa-Lufa. Ela pediu que deixassem uma espécie de corredor no meio, largo o suficiente para que ninguém se machucasse ao fazer a amostra prática.
— Vou precisar de um voluntário para o show, então... — Erika fingiu procurar meticulosamente quem escolher, mas já havia escolhido quem levaria desde o início. — Terry, por favor.
O Corvinal olhou para seus colegas com curiosidade e deu um passo à frente sob o olhar inocente de Erika, mal sabia o garoto o que o aguardava.
— Bom. Terry, como você inicia um duelo formal?
— Uhm... Cada duelista fica no meio para levantar suas varinhas e fazer uma reverência, quando eles se viram eles vão para cada extremidade e quando indicado o duelo começa em turnos.
— Exatamente, que inteligente. — Erika disse a ele de uma forma um tanto cínica que isso passou despercebido pelo garoto mas não pelos amigos da garota de olhos azuis que riram um pouco. — Nesse caso vocês vão esquecer essas regras.
Todos murmuraram entre si confusos sobre como fariam tudo.
— Harry lhes ensinará muitos feitiços defensivos e de ataque que, se vocês souberem usá-los bem, tornarão um duelo informal ainda mais divertido. — Erika disse brincando com a varinha nas mãos. — Hoje vou mostrar o quão útil o expelliarmus é em um duelo informal, sabe, para que vocês saibam que não deve menosprezar os feitiços que eles ensinam por algum motivo.
Zacharias bufou irritado, revirando os olhos, ele sabia que Erika estava falando sério com isso e estava pensando seriamente que, se toda reunião fosse assim, ele não hesitaria duas vezes em ir embora.
Erika mandou Terry Boot para o outro lado da sala para começar a demonstração, todos estavam esperando para ver como isso iria acabar.
— O importante é a concentração, nunca a perca. — Erika começou a explicar, se posicionando e, consequentemente, fazendo com que Boot fizesse o mesmo. — Muitas coisas acontecem ao seu redor no meio de uma luta desse tipo, você não sabe quando poderá desarmá-los facilmente. Expelliarmus! — ela exclamou, lançando o feitiço rapidamente em direção a Terry que viu como sua varinha voou para longe. — O feitiço não está só aí, se você praticar o suficiente e manejá-lo bem ele pode funcionar como o feitiço repulsor.
Erika olhou para todos enquanto falava, ela não conseguia parar de mover a varinha contra a palma da mão oposta por causa do nervosismo, um hábito que ela realmente não sabia de quem havia adquirido. Assim que terminou de falar, olhou de soslaio para o Corvinal que estava do outro lado da linha. O garoto abriu os olhos em alerta ao ver que a Lufa-Lufa apontava rapidamente a varinha para ele e um raio o atingiu no peito, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio e caísse no chão sentado com força. Todos olharam surpresos, ninguém sabia que o feitiço desarmante poderia nocautear alguém se a direção da varinha mudasse.
Hermione deu um leve sorriso quando olhou para Erika, achando muito corajoso da parte da garota de olhos azuis falar entre tantas pessoas quando era bastante óbvio que ela odiava ser o centro das atenções, mas seu sorriso vacilou quando percebeu que o sorriso de Erika rosto mostrou um leve conflito nele.
Se você é patético, pode ir embora.
Foi o que seu pai lhe contou em situação semelhante, quando ela tinha 10 anos e estava tão exausta de praticar duelo que quando seu pai lançou um feitiço deslumbrante sobre ela, ficou deitada no chão enquanto o homem a olhava com desprezo e decepção. E naquele momento ela não pôde deixar de se sentir como Nathaniel naquela ocasião, observando Terry se levantar de dor sob seu olhar sério.
Ela balançou a cabeça ligeiramente e pigarreou para continuar falando.
— É basicamente isso. — Erika disse a eles, desviando o olhar nervosamente. — Vocês vão praticar entre vocês, então... Tomem cuidado na hora. Por hoje é tudo, vocês podem ir.
E com isso ela inclinou ligeiramente a cabeça para encerrar a reunião e recebeu aplausos de todos, exceto se Terry e Zacharias. Erika sorriu timidamente, tentando ignorar como as palavras do pai imediatamente ecoaram em sua cabeça.
Todos começaram a guardar suas coisas e se despedir. Quando passaram por Harry agradeceram pelo treino e Erika disse que estavam ansiosos para quando o verdadeiro treino de duelo começasse. A Lufa-Lufa não pôde deixar de se sentir oprimida por tantas pessoas conversando com ela, se ela contasse para Erika do primeiro ano que teria mais amigos alguns anos depois ela certamente pensaria que eles eram os garotos da Sonserina que ela conhece desde a infância.
Ela começou a guardar suas coisas enquanto Ernie e Justin esperavam por ela, embora assim que notaram Hermione se aproximando cuidadosamente com a intenção de falar com sua amiga, eles se afastaram para esperá-la do lado de fora e lhes dar privacidade.
— Erika? — Hermione chamou com cuidado.
A garota nomeada levantou a cabeça e sorriu ao perceber que era Hermione quem a olhava sem conseguir esconder a leve preocupação em seu rosto.
— Olá... Precisa de alguma coisa?
— Não, eu só... Queria ter certeza de que você está bem. — Hermione murmurou, notando a marca da varinha em sua testa.
Erika piscou algumas vezes e depois de alguns segundos assentiu animadamente.
— Sim, tudo bem. — Erika sorriu para ela sem olhar diretamente para ela, ajeitando o cabelo dela em um dos espelhos ali. — Obrigado pela preocupação.
— Eu coloquei você nisso, é o mínimo que posso fazer. — Hermione insistiu. — Se você se sentir muito sobrecarregada, por favor não hesite em...
— Não vou parar de fazer isso. — Erika pulou imediatamente, colocando as mãos nos bolsos. — Eu entendo aonde você quer chegar, mas... Não posso deixar que velhas lembranças me limitem.
Hermione ia continuar insistindo, mas desistiu, a última coisa que queria era incomodar Erika depois de ela ter ficado um pouco estressada durante a sessão. Hermione olhou para ela por um momento e seu olhar pousou novamente na marca da varinha em sua testa, sem pensar ela se aproximou dela com preocupação em traçar com o polegar a marca vermelha em sua testa fazendo suavemente a respiração da Lufa-Lufa travar.
— Doeu muito? — Hermione perguntou em voz baixa.
Erika negou em silêncio, absorta no rosto de Hermione que estava apenas olhando para ela, observou seus olhos castanhos que a observavam com suavidade e delicadeza, as pequenas sardas que se espalhavam pelo nariz de forma desordenada, ela engoliu em seco e quase automaticamente, seu olhar focou nos lábios opostos por alguns segundos, lábios que estavam levemente separados e ela não pôde deixar de querer tocá-los para verificar se eram tão macios quanto pareciam. A respiração a deixou completamente e ela franziu um pouco a testa tentando entender por que aqueles pensamentos estavam passando por sua cabeça vindos do nada.
— Que bom, afinal é madeira. — Hermione murmurou, afastando a mão dali, seu rosto demonstrando complicação e preocupação.
— Eu realmente aprecio a preocupação, Hermione. Estou falando sério. — Erika disse a ela, finalmente desviando o olhar por alguns segundos. — Acredite ou não, isso me deixa bastante feliz, bom, sua presença em geral me deixa feliz. — ela disse sem pensar, e seus olhos começaram a se abrir lentamente ao perceber o que havia dito.
A cor carmesim começou a invadir o rosto de ambas lentamente, elas se entreolharam por alguns segundos e, antes que ela dissesse algo pior ou incômodo, Erika pigarreou e se despediu sem jeito enquanto andava de costas, sem prestar atenção ao que estava ao seu redor, ela tropeçou em uma almofada que estava no chão e cambaleou um pouco no lugar. Ela rosnou baixinho e olhou para a almofada do chão antes de se virar e ir embora rápida e roboticamente.
Assim que a Lufa-Lufa desapareceu de vista, Hermione passou uma das mãos pelo rosto para tentar diminuir o rubor que restava. Seu coração batia tão forte que parecia que poderia explodir de seu peito a qualquer momento.
ERIKA VAI PERCEBER, EU JURO!
No próximo capítulo começa finalmente a temporada de quadribol e você verá que Erika é muito competitiva no assunto.
Até breve. ❤️❤️
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