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07 - Hostilidade 2.0


  Despertou repentinamente, aos poucos sua consciência espacial foi acordando, junto com as dores em seu corpo, não foi uma boa ideia adormecer no sofá.

  Olhou no relógio e lá mostrava 05:43, da mesma cor vermelha que marcava os números também tingia o céu, da janela via um nascer do sol privilegiado.

  Com um suspiro pensou se um dia seria livre com os ventos que lhe traziam o frescor deste momento. Logo após isso voltou a rotina que era escravo, distraindo com o tempo, até que um som ecoou da porta, ao som de três batidas fortes, era sinal de alguém tinha chegado, e assim iniciou a rotina profissional de seu domingo.

  Foi até a porta e abriu, cumprimentou e pediu que se sentasse.

- Doutor, você tinha pedido na última sessão que se eu sentisse que alguma pessoa estivesse me torturando, deveria te contar, eu fiz melhor que isso, eu escrevi para te trazer. Dessa vez a pessoa que mais me torturou foi eu mesmo, nas noites sem sonos, com esperanças falsas e desejos proibidos.

  O homem pegou sua bolsa surrada, uma espécie de companheira da vida, e tirou aos poucos algumas folhas que aparentavam ter sido amassadas e desamassadas repetidas vezes, como quem pega um objeto de amor e ódio e começou a recitar o texto que havia escrito.

- Se eu tivesse que descrever os passos a passos delicados que seria necessário para eu baixar todas minhas defesas e me permitir me entregar para outra pessoa, seria algo como:

Passo 1: Primeiramente para iniciar o primeiro passo teria que ter alguns requisitos, sendo eles: 1) Ter um passado traumático que deixe cicatrizes entre dor e prazer sexual, 2) Um forte senso de lealdade e sacrifício, 3) Ter dificuldades extremas em expressar em palavras o que sente e por último, 4) Expressar claramente interesse, tomando a iniciativa.

O motivo do primeiro requisito é porque somente com uma pessoa que presenciou uma experiência semelhante eu seria capaz de criar um vínculo no qual não tivesse espaço a repulsa de imediato, permitindo assim se aproximar além da zona de perigo que se situa nas periferias da zona de segurança.

O motivo do segundo passo é que tendo consciência do peso que levo nas costas e das dores que continuam a doer mesmo após cicatrizar, sei que não irei superar sozinho, para compartilhar este enfado seria necessário a pessoa entender o papel do sacrifício, pois este compartilhar seria cheio de sacrifícios. Para mim sacrifício é a capacidade de encarar de frente os prejuízos que as vezes as escolhas trazem como resultados, guiado pelos seus valores internos sem esperar alguma recompensa, é uma ação que encontra o sentido nela mesma.

Também tenho traumas relacionados a abandonos, essa é a principal razão de não permitir que vínculos afetivos evoluam para vínculos sentimentais. Não tendo esta evolução, não seria possível continuar para ser algo além de amizade.

O motivo do terceiro passo é algo extremamente essencial. Sou uma pessoa que possuo vários lados, já que minha identidade foi fragmentada, existem lados mais impulsivos e que tem força suficiente para enfrentar meus medos incapacitantes. O meu lado mais forte é o lado que se move para proteger. Se eu sentisse necessidade de proteger de alguma forma, com certeza eu agiria antes das respostas paralisantes dos meus medos, e como valor principal, uma vez tomado uma ação e feito uma escolha, enfrentar as consequências é a regra de ouro. Pessoas que possuem incapacidades naquilo que eu tenho e que posso ajudar de forma acima da média é um dos principais gatilhos, claro, existem vários, mas esse é o mais saudável, espero que outros não seja as circunstâncias porque estaria carregado de várias emoções negativas.

O motivo do quarto requisito é algo obrigatório, todo o processo seria de desconstrução e reconstrução, e para escapar da possibilidade de falha imediata, não poderia correr risco de tomar iniciativa e não ser algo bem vindo, mesmo que haja vários indicativos de ser algo esperado, eu não confio no meu julgamento, já que não entendo e não sei diferenciar relações desse tipo de saudável e não saudável.

Uma vez que haja esses quatros requisitos preenchidos, eu abriria a possibilidade de ver com outros olhos e aceitar construir uma relação afetiva mais íntima, aceitar o amor recíproco, iniciando o primeiro passo que seria propor a ela uma jornada, nessa jornada ela não poderia fazer nenhuma negação, teria que fazer tudo que eu pedisse, falar que isso geraria uma situação de exposição e vulnerabilidade e que ficaria indefesa de meus desejos e pedidos, que era uma escolha com consequências severas e daria um tempo para pensar no que poderia acontecer, não aceitando uma resposta imediata.

Isso é essencial, porque eu preciso de uma companheira que suporte tudo o que eu passo, não negar aquilo que mais me amedronta, me expor ao outro, deixar o que mais me é vulnerável sair, ficar indefeso aos desejos e pedidos de outra pessoa, e enfrentar as consequências severas que isso poderia me trazer, é exatamente o que eu precisaria passar se aceitasse me abrir para esse processo, uma pessoa que não pudesse fazer o mesmo, não entenderia minhas feridas e por consequências não conseguiria ser minha companheira.

Sinceramente, eu poderia parar por aqui, qual mulher com aqueles requisitos aceitaria este pedido?

Passo 2 – Se aceitar o passo 1, isso abriria um novo mundo. Provavelmente eu mostraria este texto sabe, esse é o motivo de eu estar escrevendo. Para mim desenvolver um romance completo, o maior impeditivo é contato corporal. Sei que isso é algo que faz parte de relacionamento amorosos entre adultos, e é obrigatório. Mas no melhor dos casos este seria um resultado de um processo concluído com várias etapas de superação. O segundo passo consistiria em pedir que em nenhum momento do processo peça reciprocidade antes que eu sinalize que já seja possível, e ter vários encontros que me deixe desenhá-la nua.

Este é um passo meio engraçado, mas em uma das minhas inúmeras tentativas de como iniciar as dissociações negativas relacionadas ao corpo, eu imaginei que entrar em contato com o estímulo aversivo com uma tarefa, seja algo que tire o foco, permita ver as reações com exposição, e criar um laço de confiança. Caso a pessoa se sinta confortável com isso, com o tempo eu passaria a me sentir confortável com o corpo da pessoa, parando de dissimular o corpo como algo repulsivo, e assimilando o corpo a pessoa, que é objeto de afeto a mim.

Sou péssimo em desenho, o que levaria a cenas descontraídas e desfocadas a simples exposição e elaboração do que estaria vendo. Poderia ser outra coisa desde que cumprisse o mesmo objetivo.

Passo 3: Uma vez que meu olhar deixasse de ser hostis, seria necessário que o toque também deixasse, quando eu me sentisse confortável a ponto de a presença do corpo da outra pessoa nua não incomodar, eu precisaria fazer massagens.

Novamente uma atividade que descontraísse e desfocasse, porque não tenho toque suave, sou desastrado, e não conheço nada do corpo, aliás, até para dar mãos tenho dificuldade, imagina massagear. Novamente a pitada de comédia e fracasso como caminho para superar o mais forte medo incapacitante, que meu toque não seja que machuque. Uma fase essencial, se causasse desconforto em algum momento, se sentisse que meu toque prejudicou, todo o processo entraria em ruínas, não estaria eu apenas reproduzindo a fonte dos meus traumas?

Passo 4: Tendo visto na prática que meus olhares e toques não causaram mal, e sim construíram uma relação de afeto saudável e recíproco, eu deixaria de lado meu medo mais abstrato, o medo de executar o papel daqueles que mais me machucaram, de quem preferiria morrer a me tornar igual e semelhante, e só ai me permitiria começar a estar disposto a abandonar minha visão perturbada de sexualidade, e construir junto do zero uma nova forma saudável de ver a sexualidade, para isso pediria que em vários momentos se masturbasse na minha frente para que eu veja conseguir satisfação com atos sexuais, expondo seu ativo ato íntimo, compartilhando presença comigo, isso seria um exemplo, uma vez que mesmo passando por experiências semelhantes ao que passei, e ainda sim ser capaz de atingir o prazer saudável seria necessário para eu me acostumar, seguir e ser seu principal admirador e companheiro.

Passo 5: Somente após isso teria o passo final, onde eu estaria disposto a ter relações intimas. Ao menos uma vez seria necessário ter uma experiência em tudo que é tipo. Motivo disso seria, para não ter espaço entre expectativas e idealizações para depois se decepcionar (já que na maioria dos outros relacionamentos isso é com um tempo), mas no caso necessitaria ser aceito por completo, e não ter nenhuma parte ou momento que cause desconforto com qualquer prática. Se sobreviveu até aqui e conseguiu concluir, já vai ter se tornado a pessoa pelo qual viverei, e sacrificaria minha vida pela mesma, pois na vida só tem espaço para uma companheira até a morte, não de um ou de outro, até a morte no seu próprio tempo, já que não seria um contrato e sim uma dedicação intrínseca de minha parte.

  Nesse momento deixa as folhas escorregarem de sua mão e caírem ao chão, como folhas de árvores com a chegada do outono, suas mãos que outrora segurava aquelas folhas amassadas só conseguiriam tampar o rosto, cheio de vergonha e lágrimas.

- Sabe Doutor, mesmo já desistindo de tudo isso, porque em momentos de crise ainda me pego pensando na ínfima possibilidade de isso acontecer?

  O silêncio se estabeleceu na sala. Doutor gostaria de responder, mas sua experiência profissional já o tinha ensinado que esses momentos não era para falar algo que o conforte ou explicações racionais que acalmem suas dúvidas, pelo contrário, era deixar que esses conflitos tomassem formas e no meio da angústia, permitisse o crescimento e o confronto. Seu silêncio era a melhor forma que naquele momento poderia contribuir como mediador, e em pouco tempo sua dedicação começou a dar frutos.

- Sabe Doutor, as vezes eu queria mudar. Mesmo sendo difícil deixar isso sair da boca para fora porque isso significaria abandonar parte da minha identidade, de quem eu sou, partes que seria meus melhores amigos, quem me acompanhou até agora, abdicar parte de mim que me ajudou a sobreviver até agora. Fico nessa encruzilhada onde tenho que abandonar o que mais me é precioso e me tornar o que mais me repudio, isso se eu quiser um futuro feliz e saudável, ou seja, viver uma vida com orgulho de quem sou e estar sofrendo cotidianamente ou ser hipócrita e feliz... "feliz". – Falou ressaltando essas palavras com desprezo e desejo, como se tivesse ecoando do fundo da sua alma.

- Professor, por mais que pareça difícil, você já conseguiu o mais impossível que é saber qual é o próximo passo, como você mesmo disse, abandonar parte de si que está te causando sofrimento no dia a dia ou ser hipócrita e feliz. Independente das tuas escolhas, está tudo bem, como seu psicólogo e humano, espero que faça as escolhas que a longo prazo te faça se sentir bem, mas também sei que para se sentir bem é um trabalho de formiguinha, requer construir, destruir, reformar, recomeçar, reaproveitar e começar do zero as vezes, e está tudo bem. Na vida não há falhas, somente tentativas que produzem ou não aquilo que faz a vida valer a pena ser vivida.

  Naquele momento Professor tirou as mãos do rosto e direcionou o olhar para o Doutor, com espanto, e voltou a direcionar ao chão, com profundidade, como se tivesse fazendo uma viagem interna.

  Um sino toca.

- Poxa Doutor, hoje acabei tomando todo o tempo da consulta falando, mais falei do que ouvi e passou tão rápido. Porém obrigado, suas palavras realmente me fizeram refletir, vou pensar em uma resposta para isso e te trago na próxima sessão.

  Após a saída de seu cliente, voltou a olhar a paisagem da janela que já o hipnotizava por demais, até que quatro batidas vieram da porta, anunciando a próxima etapa de sua inescapável rotina.

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