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06 - Reciprocidade.


  Por algum motivo a notícia que ouviu no rádio causou uma sensação de incômodo, como se essa notícia fosse diferente de todas as outras, só que não tinha mais energia para refletir sobre, seu dia tinha sido cansativo, e após todos aqueles atendimentos só precisava esvaziar seus pensamentos e sentimentos.

  Observava a janela enquanto contemplava sua presença em silêncio, até que ouviu a porta se abrir sem antes ter batidas.

- Que chuva está lá fora, não é? Espero que não tenha me atrasado para nossa supervisão Doutor.

- Claro que não Irmã, entre.

- Hoje seus atendimentos foram quentes?

  Um silêncio breve se instalou no ambiente. O olhar que o Doutor tinha para fora da janela era penetrante, como se lá fora estivesse a realização dos mais requintes dos seus desejos íntimos. Quando recobrou a atenção que a Irmã requeria, se dirigiu ao seu lugar e sentou, era sua vez de fazer terapia.

- Será que eu faço alguma diferença? Eu preciso acreditar que sim, não sei o quanto mais irei aguentar – Indagou o Doutor enquanto continuava a fitar a janela.

- Você teve algum atendimento hoje que fez duvidar da sua eficácia?

- Sabe o que todos querem quando passam por aquela porta me procurando? Acolhimento e aceitação. Eles querem que alguém ajude a achar respostas para seus problemas, querem não ser aceitos, tento ser isso, mas nem sempre consigo.

 Em alguns momentos eu os entendo, me identifico com a hostilidade do Professor, com o apego ao passado da Pequena e Senhorio, com a resistência da Crítica e com a dor do Sr. M., e graças a essa ressonância fico me pergunto o que estou fazendo da minha vida. Se eu não dou conta dessas coisas em mim mesmo, como vou ajudar eles?

  Continuou a encarar o chão, como se todo o resto fosse um fundo, um fundo que não lhe chamava atenção, só encarava aquilo porque dava liberdade aos seus pensamentos.

- Doutor! Doutor! Você está me escutando? – Exclamou Irmã com uma expressão de frustração.

- Desculpe, você poderia repetir?

- Poxa, eu sou sua psicóloga, por favor mantenha o foco, nosso tempo é breve. Eu perguntei porque você escolheu esta profissão? O que te levou a Psicologia?

- O que me levou..? – Encostou seu corpo no sofá e ficou refletindo até que formulou uma resposta.

- Durante minha infância e adolescência, senti uma necessidade de tentar conseguir descobrir o porquê as pessoas fazem o que fazem, era quase como uma demanda de sobrevivência, como se pudesse utilizar isso para parar alguns sofrimentos que enfrentava diariamente.

- Você não acha que isso é uma resposta exagerada? – Questionou Irmã enquanto cruzava os braços.

- Para quem vivencia é real e para quem acredita faz todo sentido.

  Se levantou e voltou a encarar a janela.

- Sabe, daqui da janela eu consigo ver o rio, e ouvir a água correndo do lado de fora, esse rio é bem significativo para mim. Quando vim para cá não tinha muita condição, e por conta do cheiro forte que ele emanava consegui alugar aqui por um preço abaixo do mercado. É um rio sujo que contêm vida, isso acaba sendo da sua natureza ao mesmo tempo que é inadequado para conter um bem como a vida de outras criaturas, mas ainda está ali cumprindo sua função, e eu me identifico com ele.

Eu tenho um pouco de tudo, dos sentimentos e experiências semelhantes dos meus pacientes e isso me faz ter um entendimento além da racionalidade. Tenho minhas próprias cicatrizes. Eu nunca vou conseguir ter outra família, a que tinha eu perdi, e graças a minha condição, só poderei sonhar com o que nunca irá acontecer e saber que estou contribuindo para que as pessoas consigam conviver com seus iguais sem que suas feridas atrapalhem, é algo que me inspira.

- Saber que nunca vai conseguir alguém te amedronta?

- Bem, sou só mais um ser humano, sou frágil, tenho instintivamente medo da perda, principalmente quando me apego. Nenhuma dor para mim é maior do que aquela causada pela frustração de quem mais amo, e a perda é uma dessas frustrações.

O tipo de dano psicológico que mais me dá medo foi proporcionado após me apegar e me sentir traído, quando acreditei, confiei, me inspirei e fui enganado. Tenho medo que caso eles descubram sobre meu passado e parte de quem sou, que eles tenham esse trauma.

- O que acha que iriam fazer caso descobrissem que você não é diferente deles?

- Eles vêm até mim porque tem uma imagem de que posso desvendar todos os mistérios e dar todas as respostas, como um sábio, mas nenhum conhecimento nasce do nada. Provavelmente eles irão parar de vir, ninguém aceita que o serviço profissional prestado a eles não seja o melhor.

- Não se preocupe, todas as respostas aparecem quando menos esperamos, basta apenas continuar acreditando, tendo fé, e persistindo. Todos temos um objetivo da vida, basta fazer o que sente no coração que irá alcançar. Todo problema tem uma resposta, só não pode deixar que isso tire o prazer de viver a vida.

- Acha que tenho salvação?

- Todos que procuram encontram a própria salvação.

 Um sino toca.

- Acho que deu minha hora Doutor, tenho que ir a outros lugares. De forma agitada, pegou suas coisas e da mesma forma que entrou, saiu, sem nenhuma formalidade.

  Doutor se voltou a janela e continuou a contemplar a visão que estava tendo, até que deitou no sofá e adormeceu, sonhando com o que via lá fora.

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