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04 - Rejeição


  Ao se aproximar da porta para abrir, ouve uma voz dizendo:

- Então pessoal, agora cheguei na minha sessão com o Psicólogo, farei neste lugar, ele não está me pagando para divulgar viu, até depois.

  Abrindo a porta, uma jovem com óculos colorido, e uma tatuagem de escorpião na bochecha estendeu a mão:

- Olá Doutor, sou a Crítica, tive boas recomendações do senhor e como tinha dito anteriormente, gostaria de iniciar um tratamento psicológico, onde me sento?

- Olá Crítico, geralmente na primeira sessão, tenho o costume de acertar alguns combinados referentes a horários e os valores, e depois faço um questionário pegando algumas informações básicas que dá base para fazer as próximas intervenções, o valor que cobro é R$ 75,00 reais a consulta, ou também há possibilidade do pacote que sai R$ 250,00 por mês, este preço e este horário é possível para você?

- É sim, eu trabalho como Youtuber, faço bastantes vlogs, meu canal se chama Eu e o Mundo Literário, dinheiro não é problema para mim já que tenho milhões de seguidores, e sobre o horário, sempre posso ter uma rotina flexível por conta do meu trabalho. – Joga o cabelo para trás.

  Eu sou uma pessoa bastante ansiosa e comunicativa, você poderia me passar todas essas informações que quer saber sobre mim? Aí eu já falo tudo e você já me ajuda com o meu problema.

- Calma, podemos ir aos poucos, primeiramente, você disse sobre um problema, qual seria este problema que te estimulou para vir me procurar?

  A jovem aponta o dedo para direção do psicólogo com um olhar fixo.

- Então, primeiramente como sou uma figura pública, quero dizer que tudo que vou te falar é o mais alto sigilo.

- Não se preocupe, o sigilo psicólogo-cliente é algo que priorizo e faz parte da ética profissional.

- Sabe, eu evitei muito entrar em contato com "isso", mas estava pensando recentemente e decidi procurar ajuda, eu sou homossexual, porém eu não quero ser assim, então soube que você é uma grande referência no que se trata de sexualidade e doenças então vim te procurar para me ajudar com o meu problema, soube que recentemente aprovaram um projeto de cura gay.

- Ok, deixa eu te interromper um pouco, primeiramente ser homossexual não é ser doente, a homossexualidade não é uma doença, é mais visto como uma condição humana. Se você tem algum conflito com seu próprio corpo, com a forma que você se vê e com a sua identidade, posso trabalhar com você nisso, mas não será um trabalho de cura.

- Olha, eu estou desesperada, eu não aguento mais viver neste corpo que se nega obedecer a razão, me sinto doente, isso já está afetando minha rotina, eu me odeio, eu me desprezo, e sinto nojo de mim. – Enquanto desabafa, seus olhos se tornam vermelhos e suas coxas recebem massagens das próprias unhas

- Você pode me relatar uma situação que aconteceu na sua rotina que está envolvida com este problema que te trás sofrimento?

- Sei que você não vai entender direito, mas me ouça até o final. Uma das situações que me encontro atualmente é que tipo assim, eu tinha prometido que como uma comemoração de um marco de inscritos, eu iria fazer um tour pela minha casa, mas eu não posso fazer isso, tem um cômodo que não posso mostrar, meu quarto, ele é o único espaço da minha casa que posso manter minha privacidade e não teria como fazer um tour pela minha casa sem mostrar o cômodo que mais passo meu tempo.

- Porque não poderia mostrar?

- Eu não posso mostrar porque ninguém entende minha relação com meu quarto, para mim, meu quarto é uma representação simbólica e real da minha vida. Eu vivo bastante uma vida estética, uma vida de aparência, e nem sempre eu trato com total sinceridade as pessoas. Mas o meu quarto é uma exceção, posso ser sempre sincero e ele sempre estará lá por mim e sempre serei aceito.

- Você poderia descrever com detalhes como é o seu quarto?

- Ele se parece um lixão, seria como alguém normal descreveria, eu coleciono embalagens de produtos que eu consumo, dos que não apodrecem e nem ficam com mal cheiro, eu deixo alguns lugares que o pó se acumule, e em outros que teias de aranhas cresçam, gosto de conviver com as aranhas que me acompanham, são como se fossem companheiras.

- Simbolicamente você sente uma relação entre estes atos com questões identitárias e pessoais?

- Totalmente, sou uma pessoa que é movida por significados, por exemplo, eu tenho mania de limpeza, todo o resto da minha casa é super limpa, eu sofro com coisas sujas, e acho que parte da relação com meu quarto é uma autossabotagem sabe, é uma punição que eu me submeto porque no fundo acredito que mereço, é errado eu ser assim, esta vontade suja que é um excesso que vai se acumulando, esse ser repulsivo que se prolifera dentro de mim e me acompanha. Acho que quando eu exteriorizo essas coisas no meu quarto, meus conflitos acabam se tornando algo mais superficial e aí não tenho que lidar de forma intensa, vira uma autossabotagem, uma autopunição e aí fica tudo bem.

- Desde quando você sente estes sentimentos com você, com seu corpo?

- Desde a adolescência, passei por uma experiência traumática, mas eu não gosto muito de relembrar sobre isso. Tem um capítulo de um livro que li recentemente, chamado Horror Brasileiro, do autor VAFranca, que relata a experiência de um jovem, que tem a vivência de ter uma solitária/tênia dentro de si, que ao mesmo tempo que a repudia, ele convive com ela até ter um final trágico, não quero dar spoiler, está disponível no Wattpad, e gostaria que lesse para entender mais simbolicamente daquilo que me persegue e está dentro de mim e o final que se dá. Me identifico e vejo em mim uma relação simbólica semelhante, não quero falar mais sobre isso.

- É importante para o processo que a gente trabalhe os temas e as questões que estão diretamente envolvidos com os casos, consigo imaginar o quanto pode ser difícil falar para você relatar, e vou respeitando, vamos no seu tempo. As consultas não tem a intenção de ser analgésicas, você não vai se sentir livre do sofrimento após sair de todas as consultas, mas é só a partir do sofrer que se torna possível o superar.

  Um sino toca.

- Parece que o nosso tempo junto acabou, você trouxe muitos elementos que são possíveis começar explorar e trabalhar nas próximas sessões, geralmente tenho costume de passar uma lição de casa para que traga na próxima semana, eu gostaria que você se perguntasse o que é seu corpo para você e o que ele te representa, pense na sua corporeidade, como algo simbólico e resposta com alguns desenhos que a gente pode analisar juntos na próxima sessão ok?

- Tudo bem Doutor.

  A mulher se levanta, seus passos em direção a porta são pesados, como se carregasse nas costas um mundo que não a pertence, e quando está do lado de fora o Psicólogo ouve um diálogo, uma gravação de vlog, mas não se atenta a fala da Crítica, estava perplexo imaginando como poderia desenvolver este polêmico caso, anotou em sua agenda:

- > Rejeição a sexualidade, acredita que é algo a ser expurgado

- > Auto sabotagem e fuga de questões internas, exteriorizando-as.

- > Ler o capítulo Solitária que recomendou para entender a relação simbólica vista pelo paciente com seu próprio corpo e qual relação possui com a sexualidade.

  O rádio começa a passar a próxima notícia de forma autônoma:

"Até agora não conseguiram capturar a mulher de 40 anos fugitiva, porém a polícia traçou seu perfil psicológico. Segundo a última entrevista coletiva, esta serial killer sempre dilacera partes erógenas dos corpos de todas as vítimas. Tudo indica que é uma pessoa que vive sozinha, tem um trabalho flexível uma vez que os horários dos ataques variam, e possui traumas possivelmente de abusos sexuais".

  Cinco batidas vieram da porta, a rotina continua para aqueles que a vida ainda não parou. 

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