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03 - Regressão.

  Ao abrir a porta, em meio aquele vento fresco da manhã, entrou no consultório um casal, a mulher de pequena estatura com um vestido fantasioso de um desenho infantil famoso, e o homem, alto de olhos cansados e nariz aquilino.

- Entrem e fiquem à vontade – disse o psicólogo. Como foi a semana de vocês?

- Doutor, essa semana foi horrível, eu fui despedido do meu trabalho. O meu antigo chefe disse que o fato de a Pequena sempre ficar me esperando na hamburgueria desde que eu chego até o momento que eu saio, é uma distração que afeta minha produtividade. – Disse o rapaz de olhos cansados.

- Isso é desculpa do seu chefe, você sabe que eu fico quieta, eu não interajo, apenas fico sentada esperando. Você me prometeu após a morte da minha família que nunca iria me deixar e ficar sempre comigo, então não volte atrás da sua palavra! – disse Pequena.

- Doutor, como posso explicar de uma forma que ela entenda que deixá-la em casa sozinha não é sinal de abandono? – O homem em sinal de protesto, cruzou o braço e virou o olhar para a direção contrária da Pequena.

- Pequena, o que sente quando fica sozinha longe do Senhorio?

- Tipo, eu me sinto desamparada, não é para isso que casais servem? Para que o parceiro ajude com meus medos, paranoias e defeitos?

- Senhorio, o que acha disso que a Pequena acabou de dizer?

- Então Doutor, eu concordo, em partes. Eu acredito que essa ajuda deve existir, mas sinto que o que ela quer dizer com ajuda não é bem ajuda, isso é uma dependência emocional e isso está trazendo prejuízo para nossa vida.

  Eu me sinto sufocado, sinto como se não tivesse mais minha vida, já que minha vida eu vivo para ela, não posso sair com amigos porque ela tem fobia social, no meu trabalho ela sempre arruma um jeito de ficar no ambiente, minha família acredita que ela é doente e não concorda com nosso relacionamento. Eu entendo que sou a única pessoa que ela tem, mas quando que ela vai começar a ver o meu lado? Não são todos os relacionamentos assim? – Finalizou com a voz elevada.

- Doutor, sei que estou sendo um pouco egoísta para com ele, mas você tem que fazê-lo entender que eu tenho essas minhas limitações e eu preciso dele. Nada me deixa mais feliz do que quando ele é minha companhia, quando ele pega na minha mão quando estamos andando, me segura ao chegar perto da travessia, quando ele me faz carinho na cabeça e me elogia, faz os pratos de comida para mim, me dá de comer na boca, me dá banho, me veste. Ele é meu mundo, minha vida e caso eu não esteja sempre perto dele, recebendo carinho, eu sinto que estou afogando.

  Aquela jovem moça se joga para trás no sofá, como um efeito de espelho para com o namorado, cruza os braços e olha na direção oposta.

- Não existe fórmula certa sobre o que um relacionamento precisa ter, e como profissional que está prestando serviço para casais, não tenho julgamento entre o certo e errado em um relacionamento amoroso.

  O que a ciência da Psicologia contribui nestes casos, é buscar compreender possíveis caminhos para que o elo entre duas pessoas possa se manter saudáveis.

  É visto como saudável um relacionamento que há espaço para ambas pessoas contribuam para a manutenção e permanência dessa identidade conjunta que é chamado de casal.

  Saber quem nós somos é essencial, até porque quando investimos em um relacionamento amoroso, se não tivermos praticado autoconhecimento o suficiente podemos acabar caindo no pensamento de ver o outro como uma extensão de nós mesmo, como se fosse obrigatório o outro saciar nossas vontades, desejos e expectativas.

  Mas isso é um sinal que pode muitas vezes levar a um sentimento de sufocamento ou afogamento do(a) parceiro(a). Um relacionamento saudável requer uma relação onde cada um agregue e que a doação de cada um gere "algo novo", e este "algo novo" transforme ambos.

  Vocês conseguem pensar em exemplos no cotidiano onde sentem que o outro acaba vendo você apenas como uma extensão dele(a)?

- O Senhorio sempre que estamos em casa, conversando ou tendo relações sexuais, ele acaba me vendo apenas como um objeto que o satisfaz. Já passei faz anos da minha adolescência, da minha infância, mas ele sempre me pede para que eu faça coisas fofas, aja inocentemente, faça uma voz angelical para que ele cuide de mim enquanto convivemos ou se tocamos.

- Mas Pequena, você não gosta quando fazemos isso, dessas fantasias e role-playing? – disse o Senhorio com um olhar espantoso e envergonhado.

- É claro que gosto, mas o que eu quero que ele entenda é que este é o defeito dele, e eu estou bem com isso, por isso obrigatoriamente ele tem que aceitar o meu defeito também, não é bom quando eu o satisfaço? Então ele também precisa me satisfazer e sempre ficar ao meu lado ou em uma distância onde posso lhe ver. – Nesse momento sua expressão está tão agridoce quando limões.

- Mas não dá Pequena, eu não posso ter você sempre por perto, nos meus trabalhos isso acaba só me prejudicando, como a gente vai conseguir obter bens materiais se eu estou sempre limitado a procurar empregos que permita essa sua obsessão, esses empregos geralmente não dão um bom dinheiro e como eu não fico muito tempo no mesmo lugar, nunca consigo aumentar o meu salário. E outra, todos os meus colegas ficam rindo de mim, eu sinto vergonha.

- Pequena e Senhorio, eu até falei um pouco sobre o conceito de relacionamento e fiz as perguntas para checar se é consciente o olhar sobre o outro como uma extensão de si, porque é justamente o que eu percebo em vocês.

  Ambos acabam enxergando o outro como uma extensão de si, não é a primeira sessão que trazem conflitos relacionados a frustrações com o(a) parceiro(a), e essas frustrações geralmente acaba acontecendo quando buscam no outro alguma coisa para preencher algo particular.

  Pequena eu percebo que você costuma buscar um porto seguro no Senhorio, mas não percebe que esta busca acaba gerando uma dependência emocional. Senhorio você se queixa que a Pequena é dependente emocional, mas quando estão sozinhos você estimula que ela se comporte assim, cobrar que ela mude quando tiver outras pessoas porque sente vergonha é algo que não contribui para uma assertividade um com o outro.

- Mas Doutor, se fazer essas atuações faz bem a nós dois, porque temos que mudar? – Disse a Pequena em protesto.

- Concordo com ela Doutor, a gente veio para resolver essa insegurança dela que acaba afetando meu trabalho e não para falar das nossas práticas que exercemos na nossa privacidade. Não acho que temos que parar com essas práticas, é só dar um trato na ansiedade e insegurança dela e pronto.

  Naquela sala fria, ressoa três olhares furiosos e incompreendidos, porém apenas duas pessoas estão sendo transparente.

- Pequena e Senhorio, eu vou ser bem franco com vocês, não tem como eu simplesmente ajudar a Pequena a superar isto que você chama de insegurança e ansiedade sem que outras questões paralelas sejam também discutidas.

  Um sino toca.

- A sessão já está chegando ao fim, como a prioridade é a questão da ansiedade e insegurança, vou pedir que cada um ao longo da semana, criem duas tabelas a partir de exemplos do cotidiano que forem vivenciando.

  Uma das tabelas de "coisas que faço porque me sinto bem" e a outra de "coisas que faço para o outro sentir bem" e na próxima sessão checaremos se esses exemplos tem relação ou não com as demandas que trazem de insegurança e ansiedade.

- Tudo bem Doutor, procuraremos fazer isto – disse Pequena.

  Ambos se levantam, e na hora de sair, Senhorio fecha a porta com uma exagerada força brusca e o som estremece pelo ambiente.

  Sozinho na sala após mais uma sessão de balançar sua estrutura emocional, se levanta para beber um pouco de chá gelado, liga o rádio baixinho e ouve:

Novas evidências geram reviravoltas nas investigações sobre o criminoso sexual que está percorrendo nas noites da nossa calma cidade. Inicialmente imaginavam que se tratava de um homem, porém com novas evidências, a polícia passou a cogitar que o criminoso seja uma mulher na casa dos 40 anos, tomem cuidado ao sair de casa à noite.

  Refletindo sobre o atendimento que tinha acabado de acontecer anotou:

-> Há queixa de insegurança e ansiedade, porém há dificuldade em perceber as raízes que mantêm ativo esses estados emocionais.

-> Devido aos exemplos trazidos hoje e nas sessões anteriores, tudo indica que há um forte indício no qual ambos possuem comportamentos regressivos. Necessita maior investigação para entender a relação da regressão com a manutenção de comportamentos relatados como problemáticos.

  Quatro batidas vieram da porta, anunciando a chegada do próximo paciente.

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