O ferrão do escorpião
Escuro ...
Não conseguia ver ou sentir nada.
Era um completo breu.
Não durou muito até eu perceber que aquilo se tratava de uma imagem mental.
Eu estava dormindo.
Em um sono tão profundo que não desejava ao menos pensar em abrir meus olhos.
Fazia tempo que não sentia isso ... Essa despreocupação, esse alivio. Não sentir remorso ou culpa de nada. Era uma sensação nostálgica e prazerosa.
Eu não queria acordar.
Mas para minha infelicidade eu sentia algo me cutucar.
Se fosse somente uma vez não me afetaria, mas aquilo se sucedeu.
Um toque atrás do outro no meu rosto.
Era irritante ...
⁻ ᴱᶤ ˑˑˑ ᴬᶜᵒʳᵈᵃ ˑˑˑᵎ
Dentre o vazio onde descansava, uma voz ecoou suavemente pelo lugar de forma abafada. Uma voz feminina, parecia ser de uma garota.
Eu ignorei totalmente aquilo e voltei a me concentrar em minha própria vadiagem.
- ... Ei! Oh...!
A voz continuou, ela ecoou mais alto que a última vez, mas de novo não dei qualquer atenção a mesma.
Até que ...
- ACORDA LOGO!!!
GHHHRRAA ... !!
Senti algo recair sobre meu estomago com uma delicadeza digna de um ogro.
Meus olhos se abriram quase saltando das orbitas enquanto eu cuspia um pouco de saliva pelo quase que instantâneo refluxo.
(* tosse *) ... (* tosse *) ... Mas ... o que ...?
Disse jogando minhas palavras ao ar.
Após coçar meus olhos passei minha visão por todos os cantos do quarto.
Eu percebi na hora.
Aquele não era meu quarto na estalagem, mas eu conhecia aquele lugar.
- Você demorou pra acorda, então eu não tive escolha. Culpe a si mesmo por isso.
Disse a voz ... Aquela mesma que falava durante meu sono. Eu podia ouvi-la nitidamente agora ... e podia ver ...
Pele de cobre e negros como a noite ... Era uma jovem amazona, não aparentava ter mais de onze anos de idade.
Aquela criança ... Eu a conhecia bem.
Grr ... Você é uma completa sem noção Callíope! Não tinha como ser mais delicada !?
- Eu!?
Ela disse revoltada comigo.
- Como se eu não tivesse tentado !!
Provavelmente não tentou o suficiente ...
- O que foi que você disse !?
Ela ficou revoltada de verdade agora.
Seus olhos arderam em chamas e seus braços e pernas me imobilizaram de forma que eu não tivesse uma escapatória.
Eu senti que poderia sair daquele aperto, mas minha sonolência atrapalhava bastante a situação.
Bem ... Acho que isso não é uma desculpa muito válida.
A verdade era que eu não estava levando nada daquilo a sério mesmo ... e era muito provável que mesmo ela não estivesse também.
Não era como se aquela situação fosse anormal.
Ai! Ai! Ai!
- Pede desculpa!
* Nhom *
- AHHH!
Ela me soltou imediatamente quando eu ... mordi o braço dela.
A marca dos meus dentes ficaram sobre sua pele de cobre.
- Seu nojento!
Sua ogra!
E nós começamos a brigar ...
Aquela menina era Callíope, minha irmã.
Não tínhamos nenhum tipo de relação de sangue, éramos puramente irmãos de consideração e criação.
E como irmãos, nós brigávamos com certa frequência e pelas mais diversas razões, que eram as mais estupidas possíveis.
Minha irmã era dois anos mais velha que eu, mas mesmo sempre se fazendo de "durona" era claro que não era ela que arcava com o título de "Irmão mais velho" e suas responsabilidades.
- Callíope, Bell. Estão atrasados. O que ...
Disse uma voz masculina vinda da entrada do quarto.
Minha briga com Callíope se encerrou no exato momento em que o reconheci.
Um homem alto de cabelos cinzentos com um par de lâminas sobre a cintura, as duas tinham uma nítida diferença de tamanho e aparência. Seu rosto aparentava uma calmaria e seriedade genuína e seus olhos permaneciam fechados.
- Ah ... então foi isso que o velho o ensinou, ahn?
Sua expressão mudou sutilmente quando um de seus olhos abriu para averiguar a situação.
De primeira instancia eu não entendi o que ele queria dizer, mas não demorou tanto até eu ter uma pequena noção.
Eu estava por cima da minha irmã, a prensando contra o chão.
O rosto dela estava muito vermelho e seus olhos estavam arregalados olhando diretamente para os meus. Ela claramente estava com vergonha, mas eu não tinha esta percepção na época.
Diante aquela à situação um tanto vergonhosa eu só tive uma reação.
Que nojo ...
Naquela época eu claramente não policiava minhas respostas. Somente com o tempo aprendi quando falar e não falar.
Eu não tinha percebido o quão sem-graça e irritada a fiz ficar.
Bem ... Até aquele tapa me trazer uma resposta.
A marca da mão pesada de Callíope ficou em meu rosto por um bom tempo.
No final nós tínhamos ficado quites.
..............
......
..
.
Após a morte de meu avô, fui acolhido por meu mestre. O homem de cabelos cinzentos e expressão calma, a pessoa mais forte que já vi em minha vida, Mestre Murasami.
Ele me acolheu como se fosse um filho e tornou-me seu discípulo... A maior das riquezas não poderia pagar pelo seu gesto tão benevolente, nada poderia se igualar a minha gratidão.
Na época, Callíope já era uma protegida do Mestre.
No início ela era outra pessoa ... Uma garota reprimida e de poucas palavras.
Nossa convivência muito próxima fez com que, inevitavelmente, nos aproximarmos.
Com o tempo consegui perceber muitas nuanças em Callíope. Mesmo sendo uma amazona e treinando comigo todos os dias ela não apreciava a batalha da mesma forma que eu, havia vezes que ela entrava em pânico durante o treinamento ou mesmo dormindo.
Pesadelos a atormentavam constantemente ...
E eu, mais que todos, podia entender isso.
Sou atormentado com pesadelos recorrentes desde meus seis anos de idade, então, eu tinha direito de a entender pelo menos em partes.
Só fui entendido o motivo de seus pesadelos por meio de Murasami-sensei.
Callíope veio da Terra sagrada das Amazonas, Telskyura . E por este motivo ela não conseguia sentir nenhum tipo de prazer na batalha.
Nunca soube ao certo qual foi a raiz específica de seu trauma, mas mesmo assim, sendo minha família, me propus a ajudá-la a superar. Mesmo não sendo o mais são naquela época.
...
Minha inquietação ... Essas memórias voltando átona ...
Toda esta situação de Tione e Tiona me fez lembrar aqueles tempos... de Callíope. Por isto minha preocupação, aquela ansiedade.
...
- Ei, Bell.
Hum?
- Quando crescermos, vamos nos tornar aventureiros juntos!
Sim, nós vamos. Mas teremos que ser os mais fortes.
- É Claro, porque se não, não teria graça!
....
Foi o fim daquela memória feliz.
Aquela promessa...
Se as coisas não tivessem terminado daquela forma... talvez eu teria ficado feliz em me lembrar de tudo isso.
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...
......
.........
.....
....
...
..
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++++++++++++++++++
Suas pálpebras se abriram abruptamente.
Bell havia saído de seu sonho.
- Tse ... - disse estalando sua língua.
Aos poucos sua visão começou a ajustar.
Ele estava em seu quarto na estalagem, deitado sobre a cama. Seu corpo estava envolto de inúmeras ataduras, que cobriam os hematomas de sua luta passada.
"Acho que superestimei um pouco minha resistência ... Quanto tempo eu fiquei aqui ...?"
Mesmo desconfortável com suas feridas, ele se levanta e vira sua cabeça em direção a janela.
O céu estava totalmente escuro e as ruas eram iluminadas pelas pedras luminosas das colunas e prédios.
Ele havia dormido até o anoitecer.
Contemplando a cidade, Bell se perdia em seus próprios pensamentos.
- Não vou perder mais tempo.
Dizendo estas palavras o garoto pega Anglakel e parte para fora.
Mas no último segundo outro algo veio a sua mente.
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Em outro cômodo.
Sendo mais especifico, no quarto das irmãs amazonas.
Tiona dormia tranquilamente em sua cama desfeita, abraçada ao seu único travesseiro, enquanto que Tione estava deitada sobre sua cama ainda acordada olhando para o teto.
Após todo aquele dia agitado, a garota não conseguia dormir.
As lembranças daquela luta, as memórias desenterradas, o sorriso de Kali... Tudo aquilo a preenchia do mais puro ressentimento e rancor, tamanha que sua mente simplesmente não conseguia descansar.
Ela estava em um looping de emoções que não conseguia lidar direito.
⁽* ᵗᵒᵠᵘᵉ *⁾ ˑˑˑ ⁽* ᵗᵒᵠᵘᵉ *⁾
O foco que tinha em seus pensamentos se desconectou no mesmo momento.
Algo bateu suavemente na porta.
Pelo silencio, o baixo barulho se propagou por todo o quarto, mas não foi o suficiente para acordar a amazona mais nova que somente rolou para o lado oposto de onde estava.
Tentando fazer o máximo de silêncio possível, Tione se dirige a porta e vira sua maçaneta devagar.
Abrindo a porta ela vê ...
- Bell...? - disse ela em sussurro um pouco surpresa.
- Desculpe te incomodar, Tione. Podemos conversar um pouco? - falou Bell, o mesmo parecia estranho nas concepções da garota, seu olhar estava um pouco baixo.
- Escute ... Bell, eu ...
- Eu não vim aqui para exigir nada e nem pretendo forçar você a se abrir. Vim porque acho que você, de todos, é a pessoa que mais pode me entender. Eu ... preciso retirar algo de mim.
Tione não esperava por isso. Ela estava convicta que o garoto tinha vindo tentar consola-la, como Ais já tentou, mas sua atitude foi tão fora da curva que mesmo ela em seu estado atual não conseguiu disfarçar a surpresa.
Em um único instante de reflexão a amazona mais velha tomar sua decisão.
- Tudo bem.
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Lanternas de pedras mágicas pendiam das colunas e prédios do porto, banhando a estrada principal com uma luz alaranjada quente. Uma atmosfera festiva zumbia sobre o mercado e suas bancadas ao ar livre, a rua inteira transbordando de multidões intermináveis de transeuntes. Viajantes juntaram-se as fileiras de construtores de navios e pescadores, todos solicitados pelos sons e cheiros de frutos do mar frescos enquanto vagavam de uma tenda a outra.
Desnecessário dizer que o porto era um lugar movimentado, um verdadeiro aglomerado de estrangeiros.
Nos bares, também, demi-humanos e até alguns deuses se misturavam, brindando com todos os tipos de novos parceiros de conversação.
Foi em um desses bares, um pequeno estabelecimento não muito longe do hotel da < Loki família >, que Loki estava agora.
- Como vai Tione, Riveria? - perguntou a deusa.
Quando o alto-elfo apareceu, a deusa a chamou de seu lugar em uma pequena mesa de dois lugares cercada pelo barulho da clientela entusiasmada.
- Mesmo com Tiona e Ais ao seu lado ... ela não está muito bem. Tione Levou muitos golpes diretos. Ela ainda está com alguns hematomas. - explicou Riveira, puxando uma cadeira em frente à deusa e sentando-se longo em seguida. - (* Suspiro *) ... Ela não está na melhor das condições. - acrescentou a elfa, com culpa em seus ombros. Riveria se culpou por não ter estado no local quando tudo aconteceu, ela se arrependia de não ter pensado em seguir Bell, talvez se o fizesse aquela situação poderia ter sido evitada e tanto Tione quando o próprio garoto não estariam em situações difíceis. Mas tudo o que a restou daquilo foi uma rua deserta e as meninas de < Loki família > cuidando de Tione imóvel e de Bell inconsciente.
- E como está Bell-tan? Se ele não está com você é porque ...
- Ele está bem. Sua situação era mais delicada que a de Tione, mas não creio que suas feridas vão perdurar por muito mais tempo, tendo em conta a facilidade que tem de se recuperar. Por hora ele só precisa de um descanso prolongado para seus ferimentos sumirem.
Loki se recosta sobre as costas de sua cadeira.
- Com certeza ele não vai ficar muito feliz de ser "ausentado" da discussão. Espero que ele não se meta em mais problemas... Seu sumiço na Dungeon e logo após entrar de cabeça numa batalha contra um nível seis já me parece bom o suficiente. - disse a deusa de forma exausta.
Riveria suspirou, Loki tomou um gole de sua caneca de cerveja.
- Eu sei que temos que continuar esta investigação, mas ... está começando a parecer que devemos levar Tione e Tiona de volta para a cidade o mais cedo possível. - diz Riveria.
- Tiona deve ir em silêncio, mas duvido que Tione volte atrás sem lutar...
- Hmm... melhor você e eu irmos falar com ela.
Por mais preocupadas que estivessem com as duas irmãs amazônicas, elas tinham um tópico mais importante para discutir. A verdadeira razão pela qual elas estavam se encontrando neste bar era trocar as informações que descobriram sobre as < violas >.
- Tudo bem então, vamos repassar tudo o que sabemos primeiro. Sabemos que Tiona e Tione não encontraram nada fora de ordem no fundo do lago. O velho selo estava intacto. Enquanto eles não sondaram todos os cantos, acho que é seguro dizer que a segunda entrada da Dungeon que estamos procurando não está no lago ... - recapitula Loki.
- O que significaria que, se as < violas > chegaram lá, eles usaram uma rota na superfície. - diz Riveria.
- Exato! Se eu incluir que adivinhar, eles estão nos esgotos. E alguém os leva para o lago. Nós só precisamos procurar por algo suspeito... caixas, gaiolas ou algo assim ... e então nós encontraremos o cérebro por trás dessa coisa toda.
Riveria assentiu.
Os remanescentes dos males, e talvez sua única conexão possível com as criaturas, poderiam estar em algum lugar dentro desse mesmo porto.
- Você e o Bell-tan conseguiram algo de novo na caçada hoje? - perguntou Loki.
- Principalmente mais do mesmo. Dada a forma como as coisas estão ultimamente, todos estão mais preocupados com as amazonas do que com qualquer tipo de monstro. Ninguém havia sequer visto uma < viola > antes do ataque de ontem.
- E as pessoas da Guilda?
- Só conseguimos falar com o gerente da filial, um homem chamado Rubart. Mas eu tenho minhas suspeitas. - admitiu a alta-elfa, fechando um olho.
- Alguma coisa que você pode identificar?
- Havia apenas algo não muito natural em toda a conversa. A maneira como ele abordou o tema da <Kali família>, afastando completamente minha atenção das violas...
Loki não era de criticar o julgamento de Riveria.
Embora Finn possa ser o cérebro e a intuição do grupo, Riveria certamente era o olho que tudo via. Sua capacidade de discernir os corações dos outros poderia ser vitoriosa mesmo contra as defesas de Ais e Bell, muito parecido com um tipo de percepção maternal.
- E quanto a Alicia e a viagem da tripulação para ver o governador? Elas conseguiram alguma coisa?
- Infelizmente não, elas foram expulsas por suspeitas de envolvimento com a Guilda. Quase inacessível, parece. A conversa em si foi totalmente unilateral.
- Hmph ... Envolvido com o Guilda, claro ... - resmungou Loki, levando uma caneca aos lábios.
Riveria ficou em silêncio enquanto a deusa pegava sua comida, um filé de peixe com óleo e molho levemente esverdeados, antes de finalmente falar:
- E você? Você conseguiu adquirir novas informações? Você foi ver Njord, não foi?
Loki ficou ainda mais quieta.
Com a mão do garfo parada, ela lançou um rápido olhar para a alta-elfa.
- Ei ... você não acha que o Njord poderia estar envolvido nisso, não é?
A surpresa se estampou nos olhos cor de jade de Riveria.
- Você realmente suspeita que Njord poderia ter algo a ver com isso?
- Foi só um palpite ...
- Acho difícil acreditar, até absurdo. Embora eu possa não ter passado muito tempo com ele, o tempo que ele levou para ajudar outras pessoas como eu quando chegamos em nossas viagens a Orario foi extraordinário. Ele é, acima de tudo, um homem de caráter - afirmou a alta-elfa, sem um traço de dúvida em sua voz.
Loki coçou sua cabeça desajeitadamente.
Tendo conhecido o outro deus desde seu tempo no mundo superior, isso era algo que ela sabia muito bem. E, no entanto, havia algo que ela simplesmente não conseguia se livrar da conversa anterior.
- Nós, deuses, temos dificuldade em dizer quando outro deus está mentindo. Ainda assim ... Njord, ele ... nunca foi muito bom nisso. Pelo menos da minha perspectiva. - explicou Loki, recordando da imagem de Njord de costas para ela, evitando o contato visual.
Foi nesse momento que Loki soube.
- Ele está escondendo algo de mim. Eu sei disso.
- ... E esse "algo" está relacionado às < violas >?
- Isso eu não sei ... mas ele certamente tem uma culpa sobre alguma coisa.
Riveria sacudiu a cabeça.
- Eu não acredito nisso ...
Enquanto Loki estava sentada, os olhos de seu seguidor se estreitaram para ela, incrédulo, uma sensação estranha tomou conta dela, uma que ela nunca havia sentido antes.
Havia uma sombra em forma de flor pairando sobre esta pacífica cidade portuária. E embora isso não a tenha perturbado, por assim dizer, ainda estava afiada contradição com tudo que Ais e os outros descobriram hoje.
Isso é o que a incomodava. O fato de que ela simplesmente não consegue descobrir.
Loki deixou a cabeça do cair.
- Essa coisa toda pode ser maior que todos nós ... ou talvez mais "emaranhada" seria a melhor maneira de colocá-la.
Havia um número de personagens que ela não podia deixar de fora de suas suspeitas. Três, se ela incluísse apenas humanos e deuses.
Rubart na guilda , Borg na prefeitura e a divindade patronal da <Njord Família>, o próprio deus Njord.
Havia uma boa chance de que um desses três fossem o mestre das marionetes que Loki estava procurando.
- ... O que devemos fazer sobre a <Kali família>? - Riveria finalmente perguntou, ainda pensando em Njord.
Loki ficou quieta.
- Você acredita que eles não têm nada a ver com isso?
- Por mais que eu me preocupe com Tione e Tiona, elas não estão no meu radar. Seja ou não completamente inocente, embora... - ela parou, descontente com sua resposta vaga. Finalmente, depois de outro momento para pensar, ela continuou tentando colocar seu instinto em palavras. - ... Eu não posso deixar de sentir que há algum tipo de conexão entre eles. É um minúsculo fio, um que você não pode ver, mas não importa o quão invisível pareça ... um fio continua sendo um fio. - ela meditou, quase para si mesma, enquanto seus olhos se arregalaram levemente.
Riveria levou a mão ao queixo em pensamento.
O barulho das pessoas em torno deles se propagou através do silêncio dos mesmos. Desejando álcool para lubrificar as engrenagens de seus pensamentos, Loki procurou sua caneca apenas para descobrir que não tinha mais cerveja. Ela mostrou a língua em desgosto antes de levantar a caneca vazia.
- Eu preciso de uma outra rodada aqui, meu velho! - disse Loki sinalizando.
- Parece bem ocupada na bebida senhora. Alguma coisa ocupando sua mente? - perguntou o dono do bar, um velho guaxinim, enquanto ele trocava a caneca vazia de sua mesa por uma nova cheia de cerveja.
- Oh, isso e aquilo. Muita coisa para pensar quando meus filhinhos fofos estão envolvidos, sabe? A única escolha é afogar meus problemas!
- Se você tiver algum Alb Water , eu aceito. - Riveria falou quando chegou sua vez de pedir, nunca uma para tocar a bebida sozinha.
- Por curiosidade, você distorce algo estranho acontecendo ultimamente, velho? Não precisa ser grande. Algo que você pode ter notado passando por aí. - Loki disse despreocupadamente, consumindo metade de sua cerveja em um gole.
- Qualquer coisa estranha, hein ...? - murmurou o guaxinim. - Sabe, havia algo. Amazonas! Tenho as visto em toda parte nas ruas ultimamente...
- Amazonas ...? - Perguntou Riveria.
- Isso! Daquela família de uma senhora formosa. - Podemos ter nosso quinhão de bordéis nas ruas de trás, mas essas não são damas de Meren! Não reconheço uma delas se quer ... Então, novamente, poderia ser apenas minha mente brincando comigo. Afinal de contas, esta cidade é a porta de entrada para Orario, então temos todo tipo de gente vindo de um dia para o outro ... - ele pensou, com a cabeça inclinada para o lado, como se de repente se sentisse inseguro.
Loki e Riveria só podiam olhar um para a outra em silêncio.
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Sobre a luz do luar, duas pessoas conversavam em uma sacada.
Uma mulher esbelta de pele de cobre e um homem de peitoral exposto e vestimentas um tanto simplórias.
Com auras imponentes era claro que estes dois se tratavam de deuses.
Esgueirado sobre as sombras um par olhos, afiados como uma lâmina, observava a conversa atentamente escondendo sua presença dos mesmos.
Cabelos brancos como a neve e olhos vermelhos como rubi, aquele era Bell.
Durante o dia anterior, o garoto achou as palavras do capitão da <Njord família>, Rod, um tanto questionáveis.
Tudo parecia muito conveniente, e suas palavras sugeriam estar incompletas de informação.
Dados os motivos, seus olhos punitivos repousarão sobre a <Njord família> e sua divindade padroeira, Njord, para qual estava olhando no exato momento.
A distância não o permitia ouvir a conversa, fazendo com que muitos detalhes não pudessem ser entendidos com exatidão.
Bell pensou por um momento como seria benéfico possuir a audição de Bete neste momento.
Em compensação a sua audição, sua visão era apurada o suficiente para conseguir ler os lábios de ambos da distância que se encontrava.
Dentre a conversa Bell conseguiu captar várias coisas promissores e junto a elas o nome da deusa que se encontrava com Njord.
- Ishtar ... Hum !?
O albino não teve muito tempo para raciocinar sobre a informação, várias presenças se puseram sobre sua retaguarda.
Sua mão recaiu sobre a guarda de Anglakel enquanto seus olhos carmesins identificam aqueles que o estavam vigiando.
Eram entorno de cinco mulheres armadas.
A pele em tom de cobre revelava claramente. Eram todas amazonas.
Tendo em vista os acontecimentos era quase inevitável, de primeira vista, que aquelas mulheres eram identificadas como dependentes de Kali. Mas algo não bateu com este pensamento imediato, suas roupas não se pareciam com as guerreiras de Telskyura.
Vestimentas bordadas que enfatizavam propositalmente suas curvas e decotes tão exorbitantes que encheriam os olhos de muitos homens.
"Prostitutas ... Devem ser as dependentes de Ishtar." - concluiu Bell.
Sua conclusão não foi sem fundamentos, Bell já conhecia mulheres e sua deusa matriarca. A tempos, Eina uma vez já mencionou sobre a <Ishtar família> e sua influencia em Orario, sendo uma das famílias com maior poderio econômico e "militar", ocupando o maior monopólio de prostíbulo da cidade.
Não foi difícil discernir que aquelas não se tratavam meramente de prostitutas quaisquer da família. Eram as combatentes da <Ishtar família>, <Berberas>.
- Você vem com conosco. - disse uma das amazonas.
- Perdoe-me senhoritas, mas não posso me divertir com vocês. - disse Bell de maneira folgaz contrapondo-se a sua seriedade costumeira.
- Ora seu ... Peguem ele!
As amazonas ergueram suas armas e dispararam contra o garoto.
Bell desembainha sua lâmina carmesim, segurando-a com o punho invertido, esperando pacientemente uma colisão inimiga.
Metal se chocou.
A batalha teve seu início sem muita mais enrolação.
As <Berberas> lutavam selvagemente, como uma matilha de lobos atrás de um coelho.
Mesmo os constantes das amazonas o albino conseguia se esquivar e rebater os ataques de maneira fluida e ágil, como as águas correntes de um rio.
Metal estalou.
Anglakel dançava majestosamente ao ritmo da sinfonia, mas aos poucos aquele baile marcava seu fim.
Seu fio cortou a carne que estava em seu caminho.
Os lobos, antes ferozes, perdiam suas vontades à medida que um ia ao chão.
Uma por uma.
As cinco <Berberas> caíram sobre o telhado inconscientes.
O nível de sua esgrima aliada aos seus potentes chutes foram o fator determinante de sua luta.
Todas as amazonas aparentavam estar no mesmo nível que Bell, mas mesmo assim não aparentaram ser algo extremamente desafiador mesmo tendo a vantagem numérica. Seus músculos ainda se recordavam da força dos golpes de Bache, daquela discrepância total.
Sendo assim os golpes das <Berberas> não pareciam mais que ataques delicados em comparação com seu inimigo anterior.
"Minha localização foi comprometida. Eu tenho que..."
Seus pensamentos pararam em um único instante.
Uma silhueta surgiu em sua frente, uma familiar o suficiente para ser identificada no mesmo segundo.
A luz lunar pairou sobre o telhado escuro banhando-a com sua claridade fria, revelando a presença sobre as sombras.
Cabelos cor areia esvoaçaram sobre a brisa calma da noite.
Abaixo do véu negro seus lábios se abriram a falar:
- Nos encontramos novamente - disse a mulher em uma língua não era a nativa deste lugar.
- Bache ... não é? - disse Bell revelando o nome da mesma à sua frente. - Por que está aqui? Veio cobrar a continuidade de nossa luta? ... Ou ... - seus olhos se estreitaram. - Está no lado da deusa delas...? - disse citando as <Berberas> no chão.
Bache permaneceu em silêncio.
Sua única resposta foram seus punhos cerrados erguendo-se em postura para o combate.
- Talvez ... Um pouco dos dois. - disse Bache.
"Parece que não tenho muita sorte ... Tenho que voltar e reportar. Mas é obvio que ela não vai me deixar simplesmente ir." - Bell embainha Anglakel e entra em postura, mantendo suas palmas abertas.
"Essa luta não é igual a anterior. Não tenho a vantagem da surpresa. Mesmo que eu não goste disso ... tenho que me manter até achar uma abertura e fugir."
Mesmo que sua luta anterior não tivesse sido o maior de seus problemas Bell não saiu ileso batalha, mas mesmo nas condições que estava juntamente com as feridas que acabara ganhando ele não podia deixar de lutar.
Mesmo não sendo uma situação ideal o garoto não conseguia deixar de se sentir ansioso.
Os dois se encararam pelos poucos segundos que os pensamentos de Bell durarão. No primeiro soprar da brisa foi dada a largada para ambos.
Surpreendentemente primeiro a tomar a frente foi Bell. Direcionando seu punho ao chão, o garoto golpeou o terreno a seus pés levantando uma nuvem de poeira e detritos que o cobriram por completo.
Desta mesma cortina criada três fragmentos pesados de laje voaram em direção a Bache a toda velocidade, mas mesmo os projeteis sendo rápidos o tempo de reação da amazona não era nem um pouco inferior. Seus punhos de aço socaram os três fragmentos rapidamente, os despedaçando sobre o ar.
- Hum?
Não ouve um movimento se quer que fosse em vão, ou que não fosse calculado.
Em um piscar de olhos Bell apareceu diante a amazona revestido com sua aura brilhante.
Três chutes a acertaram em uma sequência quase que rítmica, tendo como alvos abdômen, tronco e têmpora.
Tudo aquilo não havia demorado mais que segundos.
Enquanto tomava uma nova postura o garoto pode ver nitidamente seus resultados.
Nenhum.
Nenhum dos chutes havia feito algo contra Bache, ao menos a feito mover. Todos haviam sido defendidos com extrema facilidade.
"Agora preciso faze-la recuar. Preciso por mais força." - mensagem ele.
Não perdendo nenhum milésimo, Bell cerra seu punho e concentração sua aura neste mesmo ponto.
"Se eu tentar ... usando só um pouco."
** <SCΔVEṈGER> ҒOI ΔΓIVO **
- HAAA!
O punho do garoto avança em um gancho colidindo contra a defesa da mulher.
Uma energia escura maculou de seu punho.
Desta vez, seu ataque surtiu algum efeito. Bache cambaleou para trás. Seus braços, que defenderam o soco, pareciam trêmulos.
- Ahm ...? - se perguntou a amazona.
A mulher parecia surpresa e curiosa, o dano do gancho do albino tinha que ser claramente externo, como foi, mas parecia que outro algo havia acertado diretamente seus ossos e músculos com a força de uma pequena explosão. Um segundo dano ainda mais forte.
Enquanto a curiosidade tomava conta da mente de Bache, Bell se recuperava de seu próprio ataque.
Muito menor em comparação ao dano causado pela amazona, o garoto havia recebido um coice de sua própria energia. Uma dor constante invadiu todo seu braço e seus músculos se encontravam tão rígidos quanto uma pedra. Seu dominante havia sido inutilizado, ou pelo menos muito fragilizado.
Além de todo seu malefício, a utilização de sua habilidade fez seu sangue subitamente ferver e suas veias saltarem. Sua razão estava à beira do precipício.
"Esse é o meu limite. Mais um pouco e perderei meu senso." - ele move seu olhar para o lado. - "Me desculpe Bache, mas agora é minha hora de bater em retirada."
Mergulhando-se na escuridão novamente, Bell correu dentre os telhados fazendo seu caminho de volta.
Mas de repente ...
(*boom*)
Um chute o interceptou no ar mandando-o direto ao chão.
Mesmo defendendo, Bell foi empurrado para o fundo de um dos becos abaixo de onde estava, afundando sobre o chão de concreto e espantando a quem passava próximo dali.
- Não posso deixar você ir. - disse Bache aterrissando sobre o solo.
Bell se ergueu do chão com dificuldade.
- Esse golpe foi mais delicado do que os anteriores. - disse o garoto se lembrando da força impiedosa dos golpes de Bache.
- Minha intenção era impedir você de fugir não o derrotar.
- Muita consideração de sua parte. - disse Bell. - Vejo que não tenho chance real de escapar... (*suspiro*)... então me permita desfrutar desse combate.
O garoto toma postura novamente e a amazona segue seu exemplo.
- Sua sequência anterior ... - disse Bache quebrando o silêncio momentâneo.
Bell ficou surpreso, pelo olhar calmo e atitudes serenas o garoto pensava que uma mulher fosse alguém quieta e reservada, mas pelo jeito ela parecia bem falante.
- Foi boa. Utilizou cada segundo a seu favor e não me deu brechas para ataca-lo em nenhum momento durante a investida. Sua postura também é admirável.
- Oh... Obrigado...? - disse Bell um pouco confuso.
- Qual seu nome?
- Bell Cranel.
- Sou Bache Kalif. Irei me lembra de seu nome.
Os lábios do albino se arquearam em um sorriso.
- Gostei de você, Bache. Que tal tonarmos é uma luta amistosa entre amigos?
Bache surpresa em seu olhar.
- Como? - perguntou Bache sem entender a proposta do albino.
- Podemos ser companheiros, o que me diz? Você não me parece uma pessoa ruim, então, se formos lutar, porque não como amigos em vez de inimigos?
"Estranho", esse foi o primeiro pensamento que surgiu na mente de Bache em sucessão como palavras do garoto.
A amazona conhecia a palavra "amigo", mas por muito tempo isto não era mais que meramente uma palavra para a mesma. Uma palavra que nunca precisou dizer ou ouvir, principalmente em sua caótica terra natal.
Em um único dia, em uma único encontro, Bell despertou a curiosidade da mulher não uma, mas duas vezes quase que seguidas.
Aquilo era totalmente incomum.
Atenção de Bache foi atraída ao garoto como uma mariposa se atrai pela luz. Cada vez mais enquanto pensava no assunto.
Sua postura amoleceu por instantes e seus olhar afiado fraquejou.
- Por que ...?
Os olhos curiosos de Bell cruzaram com os da mulher.
- Por que disso ...? Como pode achar algo assim tão de repente?
- Hm... Bem, eu não sei explicar direito. Mas algo me diz que você não é uma pessoa ruim. Esse pressentimento já aconteceu outras vezes e acertaram... então eu acho que posso confiar. - respondeu Bell de forma serena e um tanto monótona.
Bache ficou confusa, ela se perguntava se Bell era esperançoso demais ou maluco.
Mas, mesmo em confusão, ela disse:
- Eu ... acho ... - disse a amazona de forma estranhamente acanhada.
- Ei! O que tá fazendo, Bache? - do alto, uma voz estridente surgiu.
Todo aquele momento foi desfeito em questão de segundos.
Os dois olhares se direcionaram para cima seguindo a voz que acabara de interferir.
Alta com pele de cobre, corpo volumoso com cicatrizes e cabelos longos arenosos.
Sua enorme trança, semelhante a calda de um escorpião, e sua longa lança carmesim revelavam claramente sua identidade.
- O que está fazendo aqui, Caenis? - perguntou Bache cerrando seu olhar.
A alta amazona saiu do telhado onde estava saltando ao chão. Sua aterrisagem grosseira quebrou o solo a seus pés e espalhou detritos pelo chão.
- Eu devia estar perguntando isso a você. - a lanceira começou a se aproximar. - Eu que desvia cuidar de Sabre.
- Deixe de ser infantil. Eu estava fazendo meu trabalho, como Kali designou.
- É, é ... E como ela disse, eu cuido dele.
- Caenis! - Bache elevou seu tom.
- Está tudo bem, Bache. - disse Bell pondo um fim aquela discussão. - Acho que tenho mesmo algo a tratar com ele.
- Haha! Viu? - disse Caenis com um olhar arrogante para Bache. - Bom, agora é minha vez.
Caenis girou sua longa lança e o apontou em direção a Bell.
Enquanto isto o garoto desembainhou Anglekel mais uma vez.
As duas lâminas carmesins ficaram frente a frente.
Os dois olhares afiados se colidiram.
- Você é da <Kali família>, certo? Não sabia que as amazonas de Telskyura permitiam tipos como você sendo guerreiros.
A conversa tomou outro rumo de repente.
Bache não entendeu o que exatamente Bell queria dizer com aquilo, mas parecia que uma lanceira havia entendido claramente.
Caenis sorriu.
- Sou caso a parte ... Mas não estou aqui para papear. Quero ver até onde pode chegar.
Os olhos do albino mal conseguiram piscar.
Caenis já havia sumido de sua visão deixando somente poeira atrás.
Um único milésimo se passou.
Em um impulso instantâneo, seu corpo se curvou para trás. Uma lâmina vermelha passou reto por sua visão rasgando o ar a sua volta.
No momento que se sucedeu ...
- GHAAA!
Um chute acertou seu torso com tudo, arremessando-o pelo ar.
Bell tentou se estabilizar, mas um soco o alcançou fazendo-o ir direto contra a parede.
- Grha ... "Forte ... Muito forte. Eu não consegui prever nada." - Bell se ergueu com dificuldade cuspindo sangue. - Scintilla!
Seu milagre o envolveu por completo.
Brandindo sua espada Bell agora fazia o seu primeiro movimento contra seu oponente.
Em uma velocidade anormal as lâminas se colidiram com violência repetidas vezes.
Cada segundo que se passava um corte aparecia em seu corpo.
A espada carmesim não conseguia resultados perante a lança rubra.
Na verdade, Bell estava na desvantagem.
A vantagem da lança perante a espada é, principalmente, seu alcance elevado. Sendo assim, sua fraqueza é a proximidade. O que exatamente o garoto tentava ganhar, mas a defesa de Caenis se mostrava inabalável.
Falhas não existiam, sua força não era suficiente para forçar uma brecha e os golpes velozes da amazona não o davam respiro.
Ele precisava pensar, e pensar muito rápido, antes que seu vigor e mente viessem a se esgotar.
Em meio aos ataques, Caenis avança em com sua lança em uma estocada veloz contra Bell.
"Uma chance."
Bell se abaixou rapidamente, desviando do ataque. Logo em seguida ele balançou Anglakel em um ataque em meia lua, de baixo para cima, desestabilizando um lança.
"Agora!"
O albino concentra sua aura em sua lâmina, a fazendo ficar branca e extremamente reluzente.
- Calibur !!!
Balançando mais uma vez sua espada o garoto corta o abdômen de Caenis.
A energia se espalha por todos os cantos fazendo um clarão.
Segundos se passaram.
A claridade diminuiu.
Quando a mesma se esvaiu o suficiente, Bell conseguiu ver seu resultado.
Um único corte superficial, isso foi tudo que seu golpe direto e energizado conseguiu fazer.
"Como ...?" - se perguntou Bell incrédulo. - "Mesmo devolvendo todo o dano... mesmo usando Calibur . Como não teve dano?"
Caenis estava parada de braços abertos.
Uma única gota de sangue escorreu de sua ferida.
- HAHAHA! Muito bom! Esse ataque foi realmente ótimo, mas ... - Caenis alargou seu sorriso. - Não foi o suficiente para me atingir.
A lanceira exalou uma pressão esmagadora que fez com que Bell recuasse por puro instinto.
Mesmo Bache, fora de combate, recuou um passo para trás.
- Vamos começar o teste de verdade.
Caenis segurou sua longa lança com suas duas mãos e entrou em postura.
Sua lâmina carmesim começou a brilhar e uma aura da mesma cor envolveu a arma como fogo em brasas.
- Minha lança, Antares , é uma arma amaldiçoada. Tudo que sua ponta rasga não pode ser curado, mas isso não é seu diferencial. Minha arma possuiu uma maldição que quando liberada, não importa o quão forte sua armadura for ou quanto resistente seu corpo seja ... Tudo que a agulha escarlate perfura não sobrevive.
- Caenis! - disse Bache aumentando seu tom, mesmo com relutância.
- Quero ver se aquela determinação era verdadeira ... - disse Caenis em tom serio, desfazendo totalmente sua postura psicótica.
- Scintilla.
Afiando seu olhar, o albino cobriu-se com seu manto de luz novamente se pondo em postura defensiva.
Louco ou muito altruísta, o garoto encarou de frente o inimigo varias vezes mais forte que ele, se preparando para o choque.
As chamas escarlates se acumularam sobre a ponta da lâmina da lança, a fazendo afinar. Caenis toma forma de impulso e, chutando o solo aos seus pés, arranca em direção a Bell.
Uma gota de suor escorre de sua têmpora. Bell estava nervoso, mas mesmo assim ele segurou firme Anglakel retomando sua coragem. Seus olhos carmesins brilharam em dourado.
- Vem! - de forma louca Bell disse com um sorriso.
- Skorpiós ... - Caenis avança com sua lança em direção ao peito de Bell. - Antares !!
Bell põe a lâmina de Anglakel na frente do ataque, como um escudo.
As duas se colidiram.
No mesmo instante tudo congelou ...
A ponta de Antares foi, de fato, impedida pela espada de Bell, mas sua agulha não foi.
A lâmina fantasma da lança mudou sua trajetória e ignorou completamente Anglakel.
O tempo voltou a correr...
Quando Bell percebeu a deslocação do ataque já era encima da hora.
O peito do garoto foi perfurado pela maldição de Antares enquanto que o golpe físico o arrastou metros para trás.
Sangue salpicou pelo ar.
Ele foi arrastado até finalmente cair sobre o chão, levando consigo uma nuvem espessa de poeira.
Os olhos de Bache se arregalaram. "Ele morreu" foi o que passou olhando o corpo caído do garoto de cabelos brancos.
- Pff ... - disse a lanceira desfazendo sua postura enquanto recolhia Antares. Um sorriso se formou em seus lábios . - Que maldito... sobreviveu a maldição a minha lança.
Para surpresa da amazona mascarada, Bell se levantou após ter recebido o que era para ser um ataque mortal.
- ... (*tosse*) ... (*tosse*) ... E ... então ..? - disse Bell fragilizado segurando seu peito com força. - Era isso...?
- Você é realmente determinado, gostei disso!
...
"Essa foi por pouco ... Se eu não tivesse feito minha aura proteger unicamente meu peito eu já estaria morto" - Bell ergueu Anglakel mais uma vez. - Eu ainda consigo ... erguer minha espada ... Ainda posso lutar.
- Bastante corajoso ... Eu aceito seu desafio. - Caenis brande sua lança.
Ambos se encontraram um de frente ao outro novamente.
Seus olhos afiados se encontram uma ultima vez até o momento final.
Caenis foi para cima de Bell em uma velocidade surpreendente, mas enquanto avançava algo o tinha chamado a atenção. O albino não havia dado um passo se e ainda por cima havia posto sua espada na bainha.
"O que tá fazendo?" - se perguntou a amazona com a lança.
De repente, Bell desembainhou rapidamente sua espada.
Um corte surgiu abaixo de seu olho e logo em seguida vários outros se sucederam em outras partes.
Múltiplos ataques cortantes o atingiram a distancia.
"Como me atingiu nesta distancia? Como conseguiu me ferir?" – duvidas vieram na cabeça da lanceira, mas tudo isso foi afastado por sentimento forte que o encobriu, excitação.
Sangue jorrou.
A lança escarlate retalhou as costas de Bell em uma sequencia rápida de cortes.
O albino embainhou Anglakel novamente.
- Não... gosto de admitir...mas... você venceu.
Ele se vira para Caenis com os braços abertos.
A amazona franziu suas sobrancelhas em duvida.
- O que tá fazendo? – perguntou ela.
Mesmo acabado, Bell curvou seus lábios em um sorriso.
- Cicatriz nas costas é uma desonra para mim.
- Ha! É assim que se fala!
- ...!!!
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Em outro lugar.
Loki e Riveria faziam seu caminho de volta para estalagem.
Mesmo estando de noite, muitas pessoas andavam pela rua e muitas delas pareciam conversar algo similar.
Dentre essas conversas as orelhas pontudas da alta-elfa capitaram algo que fez a chamar a atenção.
- É, disseram que estava rolando um briga próximo do cais.
- E o que era? Briga de bêbados?
- Não idiota. Eram aquelas amazonas de novo.
- Elas? E o que era?
- Eu sei lá. Devem ter encrencado com aquele garoto.
- Um garoto?
- É. Eu vi só de relance antes de dar no pé. Tinha cabelo branco e usava roupas pretas.
A ultima frase puxou totalmente a atenção de Riveria.
- Loki!
- Hm? O que foi?
- Temos problemas.
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Já era um novo dia.
Na estalagem onde a <Loki família> se instalava, sua deusa padroeira, Loki, conversava com seus dependentes.
- Serei direta. Na noite passada Bell-tan foi capturado.
As palavras da deusa fizeram com que todos entrassem em choque, principalmente Ais que pareceu não receber bem a notícia.
- Pelo podemos colher das poucas informações, ele entrou em confronto com uma amazona no cais e foi levado. Mesmo que seja um choque não podemos fazer isso nos abalar e não podemos negligenciar do nosso proposito central. – ela pausa sua fala momentaneamente. - A <Njord família>, o ramo da Guilda e a antiga propriedade Murdoch... Começando hoje. Estamos concentrando nossos esforços nessas três coisas. Dito isso, Njord vai começar a suspeitar, então eu mesma cuidarei da casa dele. Então, todos vocês cuidem dos outros dois.
As meninas aceitaram quietas as palavras de Loki, mas Tione e principalmente Ais ficaram inquietas, até mesmo Tiona sentiu tal desconforto. Negligenciar o caso do sequestro de Bell era algo que não podiam aceitar tão facilmente.
- Quanto a <Kali família>... Ignore-os até segunda ordem.
As sobrancelhas de Tione franziram e seus dentes rangeram. Como se tudo já não bastasse aquelas palavras a fizeram realmente descontente.
- Mas, me escutem, se elas vierem e tentarem algo, certifiquem-se de ficarem juntos. – ela olha na direção da amazona mais velha. – Entendeu, Tione?
- Tsh. – disse a amazona virando seu rosto irritado.
- Certo. – Loki volta seu olhar novamente para todos. – Agora, Tiona e Tione, estamos separando vocês. Tiona, você ficará com a Ais. Tione, com Riveria. Contanto que vocês estejam em pares, devem ficar bem, caso arranjem uma briga. Ah, e a propósito, nenhuma objeção é permitida. Isso é uma ordem.
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Após algum tempo.
Todas se dividiram em grupos.
No grupo de Leffiya...
"Pelo que posso ver, parece uma pacífica vila de pescadores. Mas se a Guilda ... e a <Njord família> estão envolvidos em todo esse caso com as Violas ... Podemos estar em uma montanha de problemas ..." – pensou Leffiya enquanto caminhava, seus pensamentos a fizeram um pouco distante das demais de seu pequeno grupo. - "Bell-san... será que... não. Melhor eu não pensar nisso. Eu não deveria estar preocupada, afinal, ele é forte! Pode lidar com qualquer coisa! ... Eu espero..."
- Leffiya, a Ais e Tiona estão cuidando da propriedade Murdoch, então estamos fazendo um levantamento aqui! – diz uma das companheiras de Leffiya, uma maga de cabelos curtos e castanhos usando um manto longo azulado com bordas brancas.
- Parece bom! – disse a jovem elfa deixando seus pensamentos para trás e indo em direção a suas companheiras.
Dando um único passo para frente Leffiya é surpreendida por algo.
- ... Ei, senhorita...? – disse uma voz infantil chamando a atenção da elfa.
A maga olhou para o lado. Seus olhos se encontraram com uma pequena menina de pele bronzeada, cabelos longos negros e olhos carmesins usando um vestido branco.
"... pele de cobre...! Uma amazona..." – pensou Leffiya pondo seu cajado entre as duas.
- ...? – a garota a olha com dúvida.
"... ou não?"
- Algum problema?
- Ah ... Não, não, sinto muito. – disse a elfa desfazendo sua postura e abaixando seu cajado. – "Mesmo com a bênção de um deus, nunca se pode abaixar a guarda, mas essa garota não tem a aura de um membro de família. Ela parece uma residente normal de Meren." – pensou ela. – "Acho que me precipitei um pouco..."
- ... você é uma aventureira? De Orario? – perguntou a garotinha.
- Eh ... Ah, sim, isso mesmo! Há algo de errado?
- Você pode ajudar? Eu venho ouvindo gritos assustadores. No lugar onde gosto de brincar ... Pode ser como aqueles monstros compridos que vêm do lago ... Não podia contar a nenhum adulto, mas estou com tanto medo...
- Onde você ouviu isso? – perguntou a maga.
- Por esse caminho ... – disse a garota apontando para um beco.
- Leffiya, Leffiya... – diz uma de suas companheiras, uma demi-humana de cabelos bem curtos e longas orelhas de coelho, a chamando de modo "discreto".
- Eh... Só um momento. – diz Leffiya.
Ela andou em passos apressados na direção de seu grupo.
- Você realmente acha que ela ouviu um monstro? Pode ser outra coisa ou pode ser que esteja mentindo... – disse a demi-humana com orelhas de coelho.
- Não temos nenhuma pista agora, vamos ver o que podemos descobrir. – disse a maga humana.
Leffiya volta para a menina.
- Você poderia nos mostrar o caminho?
Com um sorriso a garota acena com a cabeça e começa a guia-las ao ponto.
- Aliás, qual é o seu nome? Eu sou Leffiya.
- Chandie. – respondeu a garota.
O grupo continuou a caminhar beco adentro. Mas algo parecia estranho para Leffiya.
Ela sentia algo por perto.
- O que foi, Leffiya? Há de errado? – perguntou sua companheira maga.
- Alguém está... nos observando.
- ... Essas amazonas estão aqui ... não estão? – disse a garota com calma... calma até demais.
- O qu...
A elfa não foi capaz terminar sua simples pergunta.
De repente alguém cai do céu, pousando de trás da maga de cabelos alaranjados.
Uma amazona alta com uma grande trança e empunhando uma longa lança.
Antes mesmo que alguém pudesse ter a mínima reação a guerreira leva Leffiya ao chão, a fazendo literalmente beijar o solo.
No segundo posterior uma reação unanime se sucedeu.
- LEFFIYA!
- hngh... – no chão, com seu nariz quebrado e sua boca ensanguentada, a elfa olhava para a garota que estranhamente não parecia surpresa muito menos desesperada com a situação.
- Existem certos tipos de deuses... Deuses que são capazes de suprimir sua vontade divina, como Zeus e Odin e os outros grandes reis deuses. Mas eles não são os únicos. – disse a garota retirando seus cabelos negros falsos, dando lugar a seus verdadeiros cabelos carmesins.
"Esse sentimento ... Uma presença divina ...!?" – pensou Leffiya.
- Eles se consideram humanos. Misturando-se à população sem serem notados... – colocando sua mascara a menina revela finalmente sua identidade, deusa Kali. – ... Deleitando-se em suas próprias versões de alegria no mundo inferior. Você aprende algo novo todos os dias, filho de Loki. Espero que não se importe se eu pegar emprestado esse seu corpo por um tempo. Não vou fazer nada muito grosseiro com isso.
Leffiya desacordou.
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Em um outro lugar da cidade.
Com o grupo de Riveria.
- Argana! Você já não fez o suficiente ...!? – disse Tione irritada.
A amazona, dependente de Kali, havia bloqueado de repente o caminho do grupo. Sendo assim o motivo mais plausível seria estar querendo cobrar algo.
Impedindo com que Tione avançasse em direção a Argana, Riveria colocou sua mão na frente.
- Tione, dê um passo para trás! Acalme-se! – a alta elfa olhou para a amazona a frente. – Se há algo que você deseja, então fale imediatamente. Caso contrário, retire-se daqui.
- Rhada fa arhlo. Nahaak jgi deena, noy phae garaahdo sol die hyrute. - disse Argana em sua língua nativa com um sorriso debochado para Tione.
Logo após dizer o que queria a mulher simplesmente deu suas costas e foi embora.
- E o que isso quer dizer? ME DIGA!! – disse Tione.
- Não vá atrás dela, Tione! – disse Riveria.
- Riveria-sama! – disse uma jovem elfa correndo na direção do grupo, ela parecia estar em pânico. – R-Rakta e os outros ... Leffiya... ela...
No chão, Tione percebe algo que foi deixado para trás por Argana.
- ...!!
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No porto.
... Mas... o quê? – disse Loki incrédula com o que estava vendo.
Vários eram carregados e cuidados pelos membros da <Njord família>. Todos eram membros da <Loki família>.
- Rod! Dê uma mão. Rápido! – disse Njord.
- Roger isso! Vamos, seus imprestáveis! Coloque suas bundas em marcha!
Aquelas eram o grupo de Leffiya.
Todos, sem exceção, estavam em um estado um crítico, desmaiados e com vários hematomas e sangue pelo corpo.
- Desculpe, Loki ... Eles foram demais para nós. – disse a coelha do grupo de Leffiya. – A <Kali família> ... Eles simplesmente atacaram de repente ... Acabaram com todos nós em um instante ... Eles ... Eles levaram Leffiya ...!
Loki se aproxima dela.
- Mas como estão seus ferimentos?
- Sinceramente... dói... dói muito, mas acho que não vou morrer. Além disso, esses caras rasgaram o emblema da família.
- ... Tudo bem. Apenas deixe comigo.
- Loki... Espera... – a coelha chamou novamente a atenção de Loki. – Aqui.
Ela a dá um cordão com uma pedra esmeralda presa a ela.
A princípio Loki não conseguiu saber do que aquilo se tratava.
- O senhor Bell também... foi por elas...
A deusa segura firme a pedra e respira fundo.
- Obrigada, Rakta. Agora descanse.
A menina coelho fecha seus olhos em repouso enquanto era tratada ao máximo pelos marinheiros.
- L-Loki... – disse Njord.
- Aquela anã... Ela que brigar comigo, é?
O rosto de Loki se contorceu em ira e seus lábios se curvaram em um sorriso quase que maníaco. A raiva que tinha suprimido veio átona. O ar pesou a sua volta fazendo com que, mesmo Njord, sentisse medo real.
"Calma... Mas para que? Rasgando o emblema... Ela realmente está pensando em declarar uma guerra? Aqui? Não, pegaram o Bell provavelmente para silencia-lo, mas a Leffiya... !!" – pensou Loki consigo mesma tentando se acalmar enquanto pensava no lógico. – Ah. Então é isso, hein? – disse Loki chegando em uma conclusão. – Traga Tiona e Tione de volta aqui! Não podemos perdê-las de vista!
Perto dali Ais e Tiona vem a confusão que estava ocorrendo no porto.
- O que está acontecendo? – perguntou Tiona vendo toda a agitação de longe.
- Vamos...! – disse Ais indo na frente enquanto que sua companheira a seguia.
Enquanto que as duas iam até o local, uma mão emergiu de um dos becos e agarrou Tiona a puxando para dentro no segundo seguinte.
No instante que aquela mão o soltou a amazona ergueu seus punhos em posição de ataque, mas ao olhar bem para quem era ela se surpreendeu.
- Tione!?
- Shh! – disse Tione com o dedo indicador sobre os lábios pedindo silencio. – Tiona, vem comigo.
Os olhos de Tione estavam mortos novamente. Para a Tiona algo havia acontecido, então, mesmo apreensiva por deixa Ais só, ela resolveu seguir sua irmã.
Indo até o fundo do beco sem saída, a amazona mais velha começou a dizer:
- "Se você quer que a gente devolva os reféns, venha sozinha à noite para o estaleiro". Isso é o que Argana me disse antes. Rakta e os outros foram atacados e ... Leffiya foi feita de refém e Bell também deve ter sido. Esses ... bastardos! Usando a nossa família para nos atrair para ...!
- ... O que você vai fazer? – perguntou Tiona.
- Você ainda tem que perguntar?! Nós vamos resolver isso. De uma vez por todas.
- Tione ... Não podemos pedir ajuda de Ais e dos outros?
- Quão idiota você pode ser? É nossa culpa que Leffiya e os outros ...
- Mas somos uma família, não somos?
- Somos diferentes de como éramos...
Tione jogou algo na direção de sua irmã que a pega facilmente.
Aquilo era o símbolo de sua família, o trapaceiro, provavelmente arrancado de algum de seus membros. Ele estava com quatro cortes, um na vertical e três na horizontal.
- Uma linha vertical e três transversais. - disse Tione. - Sinal de "repetir" de Telkyura . Um aviso. Devemos ir sozinhas. Se não respondermos aos ritos ... Se formos com Ais e os outros ... Nunca vão nos deixar. Se não formos lá e encenarmos os ritos, eles continuarão. Quantas vezes for necessário. Elas não vão deixar nada atrapalhar seu joguinho. Somos as únicas que podemos terminar isso. Não podemos ir para Ais... Nem o capitão e os outros.
- ... Tudo bem. - disse Tiona entristecida compreendendo as palavras de sua irmã. - Não gosto de esconder coisas dos outros, mas ... - a amazona olha para cima contemplado com nuvens. - Realmente parece que não temos outra escolha. Somos só nós duas de novo... Sozinhas ...
// \\ Continua ... // \\
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