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💥CAPÍTULO V: ONOMATOPEIAS💥

— 𝕾𝖊𝖗𝖎𝖆𝖑 𝕶𝖎𝖑𝖑𝖊𝖗 𝕰𝖘𝖈𝖆𝖕𝖊—

O quão trágico pode ser a vida de um sujeito fadado à solidão? E, ainda, o que poderia na sua infância causar um rebuliço de confusões emocionais para tamanha distância dos demais?

Há muitas respostas, a que serve para Sarah Kato era a forma como foi chamada na infância: cabelo de bombril; macaca; suja; fedida, entre outros insultos que marcou seus pensamentos e convicções para sempre.

Sarah foi crescendo uma menina curiosa e esperta. O fato dos amigos da escola sempre falarem mal de seu cabelo a incomodava no começo, mas, depois, aprendeu a empinar o nariz e a xingar, a responder a altura o que foi descobrir depois não ser somente brincadeiras.

Eram racismo puro, foi o que a mãe, com os olhos asiáticos, falou, e depois foi correndo até a escola tomar alguma providência quando a menina contou. 

Tum, nhec, tum, nhec, tum, nhec, tum, nhec, tum, nhec, tum, nhec. O barulho no mais perfeito compasso representa a besta no andar de cima. Tic-tac, tic-tac, tic-tac, era o som do tempo passando no andar de baixo.

Tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, o tempo voa. Tic... tac... tic... tac, o tempo desacelera. Tic... tac, o tempo para. Tac... tic, o tempo volta.

Emmanuelle tinha mesmo acabado de experimentar sua fantasia de Halloween, contudo, o que a levou para a cafeteria não havia sido a desculpa esfarrapada que falou de maneira tão idiota como se fosse uma criança de dez anos de idade num berreiro. Buá, buá, buá.

Os ouvidos humanos são treinados para reconhecer o barulho de uma criança chorando longe. Buá. Buá. Buá.

Daniel tinha ouvido uma criança chorar, desconfiou da facilidade em que a acalmou. De fato, tudo aquilo que aconteceu no momento que conheceu Emma Magalhães foi estranho. Tsc. Tsc. Tsc. Tsc.

De Daniel para Emma, teoria do caos. De Emma para Daniel, improviso. Independentemente da interpretação, a realidade é única: tudo começou com um pedido que não foi atendido. Grrr. Grrr. Grrr.

Após os quatro dias em que Samantha não respondia mais às suas mensagens, Emma começou a suspeitar que a namorada estava desaparecida.

A breve e amadora investigação começou com o Buscar iPhone do celular de Samantha. Ao ver o endereço, Magalhães foi até a delegacia relatar o que havia descoberto no MacBook da namorada. Por sorte, ela não havia o levado na viagem.

Os policiais sequer começaram a procurar Samantha, até porque não podiam dizer que ela havia desaparecido, mesmo com a insistência de Emma. Não era à toa. Sam avisou todos os vizinhos de que iria viajar e, ainda, explicou para os chefes da livraria em que trabalhava que as férias seriam destinadas justamente para ir ao Rio de Janeiro.

Assim, ao ouvir Emma, os oficiais alegaram que a garota não poderia ser dada como desaparecida. Então, nada fariam. Emma não se conteve e insistiu.

Informou a eles como o aparelho de Samantha estava em São Paulo e, pior ainda, em Pedra da Lua! Na verdade, nunca havia saído da cidade. Mesmo assim, os policiais comentaram que a garota poderia muito bem ter esquecido ou perdido o celular antes de entrar no avião.

Emma se irritou muito, não poderia crer que, justamente naquela cidade em que corpos sem cabeça boiavam nas grutas, nada seria feito.

Nervosa e assustada, vendo-se em um beco sem saída com a polícia, decidiu que daria uma de detetive e iria descobrir o que ou quem estava por trás do desaparecimento de sua namorada.

Foi na semana passada que ela viu aquele sobrado pela primeira vez, após encontrar o endereço exato onde o celular estava.

Com o carro estacionado ali na frente, procurou na internet o nome do endereço e, após algumas pesquisas, descobriu que a residência foi por anos de um casal com o sobrenome Miller. Aquele nome não lhe era estranho...

Procurou o sobrenome com a palavra Pedra da Lua na barra de pesquisa do Google e não levou nem dez segundos para ler a manchete de um jornal. Sabonetes Miller: de uma pequena empresa familiar de Pedra da Lua para uma multinacional em mais de cinco países.

Emma clicou no link para ler mais. Os olhos ficaram arregalados, era uma reportagem sobre o negócio de sabonetes. Logo lembrou que aquela marca estava em todos os mercados do estado, em qualquer cidade que tivesse visitado, há os cheirosos sabonetes Miller.

Alberto e Solange Miller são os empreendedores que saíram da cidade de Pedra da Lua para conquistar o mundo.

Em menos de dez anos, a empresa do casal lucrou mais do que qualquer outra do setor, comprou concorrentes, abriu filiais em mais de dez estados e, agora, é dona do monopólio de produtos de higiene em mais de cinco países.

Em entrevista, Alberto Miller disse que o segredo para o sucesso é amar o que faz. Aprendeu com os pais a fazer sabonete e desde criança era fascinado pelos diversos aromas que poderia colocar neles.

"Quando me casei, sabia que tudo iria melhorar nos negócios, já que minha esposa compartilha da mesma paixão que eu e duas pessoas fazendo o que gostam dão o dobro de resultado."

Emma leu por cima o restante da reportagem. A notícia era um pouco antiga, foi escrita e publicada no ano dois mil. Percorreu o restante da página até parar em uma foto que finaliza as informações.

Nela, o casal estava segurando a mão de um garoto de cabelos lisos e loiros, rosto bochechudo e expressão vazia para uma criança. A legenda fez os olhos de Emma saltarem e ela levou o celular para mais perto do rosto:

Além da empresa, o casal tem outro legado. O filho, Daniel Miller (8), demonstra interesse pelos perfumes dos sabonetes. Teria essa paixão uma explicação como um fator genético? Daqui alguns anos, descobriremos.

Samantha fez os cálculos. Se aquele casal tinha por volta de trinta anos na época, agora seriam idosos. A criança, um adulto. Ficou estacionada na frente da casa esperando o que sairia de dentro.

Por três dias acampando na frente do sobrado, Emma não viu ninguém sair, nem na sexta-feira à noite, quando fez a primeira vigia, nem no sábado e domingo.

A única coisa que conseguiu foi o vislumbre de um homem pela fresta da porta para pegar as refeições que chegavam por delivery, mas ele não parecia ser um senhor de idade.

Sabia, entretanto, que era um homem alto e loiro. Nada mais. Procurou nas redes sociais e... não encontrou nenhum Daniel Miller. Depois tentou Alberto e Solange, nada também. Que inferno!, ela pensou.

Na segunda-feira, sabia que não poderia desprender todo o seu tempo para continuar de vigia. Assim, precisou contar tudo para os irmãos.

As suspeitas de Emma foram bastante convincentes para o trio. Como era a mais velha e eles não passavam de adolescentes e jovens adultos que a idolatravam, a loira não permitiria que os amados irmãos Magalhães ficassem no mesmo ambiente que Daniel Miller, mas a ajuda deles era necessária nesse momento.

Assim, os quatro revezaram e ficaram escondidos até o homem sair. Na tarde de quinta-feira, João Pedro seguiu o carro de Daniel e mandou uma mensagem em desespero aos irmãos. O celular de Emma Magalhães disparou em quatro notificações seguidas.

Trrrim.

João Pedro: "Ele saiu! Está indo para a cafeteria!".

Trrrim.

Patrick: "Cuidado! Não chegue perto. Vamos todos para lá".

Trrrim.

Eduardo: "Ah, mas você não vai me impedir de ir atrás desse cara, Patrick. Quando eu chegar, vou entrar na hora!".

Trrrim. Trrrim.

João Pedro: "Eu vou esperar alguém chegar. Não vou fazer nada".

Por sorte, Emma estava mais próxima da cafeteria do que os irmãos. Correu para lá com a roupa que estava no corpo: a fantasia de noiva cadáver.

E, sem pensar duas vezes, entrou de supetão no local tentando encontrá-lo rapidamente.

Não achou que seria tão fácil, mas, seis passos depois, esbarrou no homem que tanto procurava. Com o olhar vazio e inquieto, lá estava ele.

Emma precisou ser muito criativa, e até um pouco estúpida, para criar uma situação na qual não somente tiraria Daniel dali como também o levaria com ela.

Emma Magalhães era uma promissora escritora independente que estudava Psicologia, logo, mesmo sob a pressão crescente de que os irmãos poderiam chegar, não lhe faltou criatividade.

Estava longe dos planos esbarrar em Daniel Miller, estava fora de cogitação ficar sozinha com ele em algum lugar, mas Emma não resistiu a oportunidade de entrar na casa que ficou quase uma semana vigiando.

Tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, o tempo volta ao momento presente.

Encontrava-se um tanto arrependida, o cheiro tinha causado um rebuliço de ansiedade, pensou que Samantha tinha sido sequestrada, estuprada ou coisa pior.

Contudo, nenhuma das piores coisas que Samantha Pinheiro sofreu ali poderiam emergir até mesmo da imaginação fértil de Emma, isso porque quem ama como ela é incapaz de supor que algo tão grotesco aconteceu com alguém tão querido.

Emma começou a olhar em volta, buscando alguma pista ou alguma forma de dizer para todos que Daniel Miller tinha ligação com o desaparecimento de Samantha. Ela precisava achar o maldito celular.

Mas nada de aparente estava ali. Além disso, a escuridão não facilitava. A visão estava confusa, as sombras se misturavam aos móveis criando formas fantasmagóricas e indefiníveis. O ar rarefeito pesava nos seus pulmões até que ela olhou mais para a direita e viu que embaixo da escada havia uma porta.

Aproximou-se, evitando ao máximo fazer a madeira do assoalho ranger. Girou a maçaneta lentamente, notou que o cheiro estava muito mais intenso ali, cobriu a face com a outra mão e abriu a porta que... não rangeu.

Bum! Um barulho alto de porta fechando no andar de cima fez Emma dar um salto para trás.

O coração martelava frenético no peito e Emma notou que, pela primeira vez na vida, tinha sentido o verdadeiro significado da palavra medo,

Tum-tum, tum-tum, tum-tum, tum-tum, tum-tum, o miocárdio soava. Com as mãos trêmulas, levou-as até a boca impedindo o grito de susto. Sniff. Sniff.

Indo contra o instinto de sobrevivência de se afastar do odor cruel que emanava do porão, Emma Magalhães começou a abrir mais a porta, neste instante, o nhec, nhec, nhec junto do tum, tum, tum dos passos de Daniel recomeçou e se aproximava. Ele descia as escadas.

Tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, o tempo se esgotava no andar de baixo.

— Achei uma troca de roupa que vai te servir! — ele gritou e o tum, nhec, tum, nhec, tum, nhec, continuava em sincronia perfeita como em uma música assustadora.

De um lado, os instintos mais suaves de Emma gritavam para ela não entrar dentro do porão. Do outro, os mais intensos berravam para ela correr o mais rápido que pudesse e sair pela porta da frente sem falar nada.

Sua intuição concordava com ambas as vozes. Mas seu coração... Este ansiava por entrar no porão.

Infelizmente, Emma sabia que o cômodo lhe traria respostas; precisava saber o que tinha acontecido com Samantha, precisava entender se poderia salvá-la; ansiava por respostas.

A curiosidade e o amor mataram o gato.

Ela entrou rapidamente e fechou a porta com força, sem se importar com o estrondo que soou quando a madeira maciça se encontrou com a sua outra parte na parede. Bum!

O barulho fez Daniel Miller correr escada abaixo.

Tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic... tac, o tempo acabou.

💥💥💥

*Os nomes escolhidos para os pais de Dexter são uma referência aos personagens principais da série Borboleta Negra, um terror psicológico disponível na Netflix.

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