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⛓️CAPÍTULO IV: INIMIGO NÚMERO UM⛓️

— 𝕾𝖊𝖗𝖎𝖆𝖑 𝕶𝖎𝖑𝖑𝖊𝖗 𝕰𝖘𝖈𝖆𝖕𝖊—

Lembrou-se com perfeição o que havia feito ela quase desistir de duas décadas de sobriedade.

Às vezes a imagem das costas com as longas cicatrizes vermelhas e com vergões do pai invadia sua mente sem aviso prévio.

Deixou a taça de vinho no balcão de mármore da cozinha, chorou mais ainda. Tinha somente dez anos quando ousou perguntar, enquanto passava a mão pequena pelas vigas incrustadas na pele negra, brilhante e forte dos músculos das costas de seu pai:

"O que é isso, papai?" e ele disse somente: "são as marcas da chibata, minha filha, as marcas da chibata".

Desistiu de beber, respirou fundo, encarou a janela e prometeu para si mesma que, se um dia pudesse saber tudo sobre quem tinha feito aquilo, não haveria escrúpulos, empecilhos ou vidas que a impediriam. 

Simplicidade e conforto representavam aquele sobrado de classe média. Um casebre em tons de salmão passava despercebido no subúrbio de Pedra da Lua.

Na residência do diabo, a fachada continha uma escadinha branca de três degraus, uma varanda pequena com uma cadeira e, por fim, no topo, um sótão com telhas verdes e teto pontiagudo fechavam o cenário.

Emma Magalhães andou atrás de seu salvador, subiu as escadas arrastando o vestido branco e vermelho pelos degraus que rangiam a cada passo. Nhec, nhec, nhec. Andava rumo aos portões do inferno, onde o cheiro de podridão e enxofre a esperava.

Ao aguardar o homem abrir a porta, levantou o dorso da mão tapando a narina em uma careta de repulsa. O loiro a olhou enquanto girava a maçaneta.

— Sinto muito pelo cheiro. Acho que tem algum animal morto no porão, mas ainda não fui ver — ele disse abrindo a porta.

Emma concordou com a cabeça e entrou atrás dele.

Após alguns passos, o homem voltou-se para a porta e a trancou. Emma deu um pulinho com mais um pequeno susto e encarou o interior escuro da residência.

Um hall que mais parecia um curto corretor a introduziu ao recinto. Móveis brancos e cinzas, uma estante de livros empoeirada, algumas caixas de sapato espalhadas, um tapete no meio da sala, sem televisão, apenas um velho aparelho de som, era só isso ali.

O fim do hall levava para o começo da cozinha, uma passagem de canto arredondado revelava os ladrilhos brancos e a janela, o único lugar pelo qual passava alguma luz.

Antes da passagem começar, ao lado esquerdo, uma escada de madeira escura levava ao segundo andar.

A penumbra percorria o primeiro ambiente; o ar parecia rarefeito e pesado; o cheiro apenas piorava a cada passo que dava, uma mistura de podridão de carne velha com mofo dominava seu olfato.

Emma precisou se segurar para não vomitar quando o gosto amargo e azedo invadiu o paladar.

— Sinta-se em casa. Vou pegar umas roupas para te emprestar e você pode se trocar no banheiro ali. — Daniel apontou a direção do banheiro e subiu as escadas com o corpo duro de tensão e ansiedade.

Emma concordou com a cabeça. Quando saiu da visão do homem que subia os degraus de maneira sincronizada com o ranger da madeira fria, nhec... nhec... nhec... ela retirou a mão da face e se permitiu intensificar o nojo que estava expressando na face.

Precisava respirar fundo devido ao estresse que era estar ali, na penumbra, no frio, com as sombras dos móveis em sua direção devido à luz natural e fria que saia da cozinha. Mas não conseguia fazer isso, sabia que o cheiro horrendo a sufocaria.

Estava a alguns passos da morte certeira e não fazia a menor ideia disso. Opondo-se ao milagre da inspiração e expiração, segurou ao máximo o ar que tinha em uma tensão aguda que piorava com o passar dos segundos.

O estrondo fez seu coração ser levado à boca em instantes, Daniel Miller abriu uma porta e a fechou. Mas parecia que havia escancarado um portão de ferro. O som do andar de cima indicava passos vagarosos, Emma olhava para o alto imaginando os movimentos de Daniel.

Um ranger de madeira do lado esquerdo, mais para o lado e, depois, alguns passos abafados em direção a ela. Tum. Tum. Tum. Tum. Tum. Cinco passos. Silêncio, silêncio, silêncio. O ranger se estendeu, nheeeeec, fazendo o corpo pequeno da moça estremecer de pavor.

Uma porta havia sido aberta.

Pensou em desistir, mas não poderia. Estava ali por uma razão muito maior. Não sairia sem respostas.

Provaria para Daniel Miller que destino não existe. E, se existe, Emmanuelle Magalhães o traçava meticulosamente da mesma forma que costurou o bordado do vestido com a agulha e a linha fina.

Tudo começou uma semana atrás, quando Emma Magalhães iniciou uma investigação particular depois de tentar obter a colaboração da polícia e não conseguir.

Agora, a oportunidade de entrar justamente na casa de Daniel Miller caiu como uma luva. O cheiro só comprovou que algo de muito estranho aconteceu ali e, de alguma forma, isso tinha ligação com Samantha.

Emma resolveria todo o mistério sozinha, como sempre havia feito em sua vida. Protegeria quem lhe era querido com garra e determinação.

Havia nascido pronta para fazer o que fosse preciso para se vingar de seus inimigos. Essa força vital de proteção e apego estava com ela desde o primeiro momento em que abriu os olhos ao nascer e chorou alto o suficiente para assustar os médicos.

Ao respirar pela primeira vez, não sabia o nome do que havia sentido. Era um incômodo surreal ser retirada do lugar mais seguro, quente e acolhedor que um dia já pode estar: o útero. Descobriu anos depois que a ansiedade esteve consigo desde o primeiro suspiro da vida, fazia parte dela antecipar o sofrimento.

Aos dez anos, entendia suas amizades como suas poses exclusivas. Detestava ver os amigos terem afeto por qualquer outra criança que não fosse ela.

O mesmo sentimento abusivo continuou com ela na adolescência, piorou seu estado de dependência emocional de maneira definitiva. Nunca seria alguém que viveria levemente, uma vez que as pessoas eram como areia que escorria por entre seus dedos. Era impossível segurá-las por muito tempo.

Ao viver pulando de uma relação tóxica para outra pior ainda, Emma Magalhães estava começando a mudar quando conheceu Samantha Pinheiro. Pois ela não despertava em si um amor possessivo, mas libertador.

Era Sam quem a ensinou como amar não é apego, mesmo que Emma não pudesse entender isso por completo, admirou a ideia.

Com uma relação leve, Emma Magalhães se viu ainda mais dependente emocionalmente de Samantha Pinheiro, apesar de não demonstrar. Temia perdê-la por uma palavra idiota ou ação inconsequente. Não brigaria, tentaria resolver seus problemas consigo mesma, não envolvendo Sam no seu caos interno.

Aos vinte anos, estava mais do que convicta a tomar atitudes moralmente questionáveis, se necessário, e até mesmo absurdas para proteger quem ama. Principalmente se esse alguém for Samantha Pinheiro.

Não havia limites quando desejava saber a verdade, assim como colocava em prática a justiça quando notava que ela nunca seria aplicada.

Neste caso, envolvendo uma pessoa que tanto amava tudo estava no combo: um mistério, um desaparecimento e uma injustiça por parte de policiais negligentes.

Se Samantha estava em perigo, Emma não se importaria com a dignidade ou virtudes de sua alma para salvá-la. Se Samantha tivesse sofrido, a pessoa que causou esse tormento pagaria por isso. Se Samantha estivesse morta, Emma vingaria sua morte.

Até o momento, o dono daquela casa sombria e com sons de estalar de madeira estava no topo da lista de suspeitos.

Se Daniel tivesse feito algo com Samantha, como Emma supunha, seria o seu inimigo número um e receberia, assim, as consequências por seus atos — sofreria penalmente pelas mãos de Emma Magalhães.

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