Não haviam mais motivos para eu ficar instalada no andar alugado pelo Clã Ichinose, após largar o anel de noivado com Kureto a primeira coisa que fiz foi cuidar de uma nova mudança. O presidente do concelho até tentou me convencer a ficar instalada nas terras que pertenciam aos Hiragi, mas eu não era idiota, sabia que ele apenas queria o poder de Shura por perto.

Então voltei para meu plano original, o apartamento que meu pai alugou antes do início do ano letivo. O clã Hirai já estava ciente da situação, no dia em que voltei para casa a fim de receber o título do antigo cabeça também fiz um pronunciamento sobre minhas decisões, e ouvi o que os membros tinham a dizer. Por sorte eles sabiam minhas ambições, e também confiavam em meu julgamento, isso fez com que eles me seguissem e colocassem suas forças a minha disposição.

Faltavam poucas caixas a serem levadas quando recebi um aviso que de Guren havia acordado. Não que me fizesse muita diferença. Kureto já havia feito um pronunciamento sobre o sucesso das armas demoníacas, e mantivera o Ichinose protegido por conta disso.

Se eu o conhecia bem talvez ele já devesse ter dado um jeito de encontrar Kureto pessoalmente e perguntar sobre as mesmas coisas de sempre. Onde estavam suas subordinadas, o que aconteceu com os discípulos de seu clã e o que o mais velho faria em relação a Mahiru. A traidora.

Sabendo o tipo de resposta que o hiragi incitaria, talvez fosse melhor eu mesma me apresentar no escritório. Não muito após deixar o prédio me vi caminhando por corredores já conhecidos, apenas para ouvir no fundo dele vozes exasperadas e lâminas se chocando.

Bem a tempo.

Havia um grupo de soldados cercando Kureto e Guren, esse segundo parecia tem passado por mais do que dias ruins.

— Essa batalha acabou, mas logo uma próxima batalha começará. No entanto, em relação ao futuro, Mahiru, que detém informações, está no caminho. Então ela deve ser eliminada. Essa é a sua missão.

— Se eu não matá-la, minha família será toda morta?

— Se você não a matar eu mesma vou — abri meu caminho entre os soldados chamando a atenção dos dois em minha direção — Mas completar a tarefa só vei te trazer vantagens, ela já derramou sangue demais.

Era sempre assim, ele tomava ações que achava certa para proteger a todos, mas apenas se importava com uma realmente.

— Quer proteger seus companheiros? Mate Mahiru dentro de um mês. Se você não a matar dentro de um mês, matarei seu pai primeiro. — Kureto deu a ordem — Caso não a mate após mais um mês, matarei cem de seus subordinados.

Olhos ametistas se viraram em minha direção — Não pode simplesmente concordar com isso.

— Sim, eu posso — rebati — O acordo entre o clã Hirai e Ichinose foi cancelado.

— O que me lembra — o presidente do conselho colocou a mão no bolso e de dentro dele tirou uma joia bem conhecida e estendeu na direção do outro — Esse anel deve ser seu.

Bastardo, aquele Hiragi devia estar esperando por uma oportunidade de fazer algo como aquilo. Girei o pescoço de leve quando Shura começou a se manifestar nas sombras no chão.

— O que isso quer dizer? — me perguntou.

— Cansei se esperar.

Metais voltaram a se encontrar dessa vez foi a minha foice com a katana amaldiçoada dele, os sentimentos potencializados pelo demônio aflorando o fazendo agir como alguém descontrolado de novo. O forcei para trás fazendo com que batesse contra uma parede de livros de Kureto, foi nesse momento que Shura se colocou entre nós.

— Teria muito cuidado em manifestar esse pirralho de demônio perto de mim Guren, agora que a princesa já não precisa mais de você. Não tenho porque te manter vivo.

— As coisas poderiam ter sido diferentes Guren — falei — Mas você escolheu se deixar manipular por um sentimento infantil e tolo. Não se pode salvar aqueles que não querem ser salvos, o meu sentimento por você foi verdadeiro, mas parece que não foi o suficiente. Nunca foi para ser o meu lugar.

— [Nome] e-

— Não preciso de desculpas vazias — interrompi — Eu fiz o melhor para mim assim como você veio fazendo o melhor por você.

Ele se manteve quieto enquanto me ouvia despejar sentimentos que ficaram guardados por muito tempo. — Achou que dormir comigo faria alguma diferença? Que misteriosamente eu ficaria ao seu lado assistindo uma missão suicida? Uma busca para salvar alguém que não merece?

— Me desculpe se tenho um pouco de amor-próprio. Tentei levar isso o mais longe que pude, mas a verdade Guren... — Mantive a postura e fiz questão de olhar em seus olhos para dizer a próxima frase — É que nossa história termina aqui.

N/A - 9/10: De longe não é o final que se esperava, mas é um final. A verdade é que essa história nasceu com uma premissa de cobrir todo o Catástrofe aos 16 que é a light novel, porém no meio do caminho conforme o mangá era publicado comecei a perder o encanto pelo personagem, o que tornou muito mais difícil o desenvolvimento.

Então finalizo aqui com as minhas desculpas a todos que tinham maiores expectativas, mas não adianta ficar carregando e jogando a sujeira para debaixo do tapete.

Não é um final feliz, pelo contrário, é amargo e incerto um reflexo do que o personagem acabou representando para mim hoje depois de anos de publicação.

Obrigada aqueles que acompanharam. Xx

Finalizada 08/05/2022