Consciência...

Inconsciência...

Eu tinha a sensação que esse padrão já estava acontecendo por algum tempo, eu sabia muito bem que tinham atacantes no ginásio. Mas devido ao meu pequeno contrato com o "diabo", que nesse caso também atende pelo nome de Kureto, eu não tinha muito o que fazer além de aceitar o que estava acontecendo ali.

Girei minha cabeça, parecia que ela pesava toneladas e eu não sei se conseguiria a manter reta por muito tempo parecia sempre querer pender para as laterais. Com toda a minha força de vontade eu tentei abrir meus olhos, logo os fechando em seguida. A luz estava forte demais, meus pulsos e minhas pernas estavam presas na cadeira que estava fixa no chão.

Deixei meus olhos se ajustarem a luz, num primeiro momento não tinha ninguém na sala eu estava sozinha. Olhei que ao meu lado e tinha um suporte para soro, e o cano estava ligado com o meu braço, eles devem ter me mantido drogada por um bom tempo.

Foi quando eu comecei a retomar os meus sentidos e comecei a perceber algumas coisas, as pontas dos meus dedos estavam todas com vestígios de sangue, assim como o chão a minha volta, tentei olhar para os meus dedos dos pés mas fui restringida pela corrente no meu pescoço.

Uma porta abriu as minhas costas me fazendo reagir ao som. Passos pesados se aproximaram, tinham duas pessoas ali.

Um cara vestido inteiro de branco com óculos redondos e uma prancheta, esse eu acreditava ser o torturador, pelo menos o rosto apático dele passava essa sensação. Junto com ele estava Kureto Hiiragi.

-Pelo seu rosto eu presumo que alguma coisa não acorreu como o planejado. – falei.

-Saia – ele falou pro outro que estava trocando o meu soro que parecia estar quase no final. O garoto ficou parado na minha frente com os braços cruzados, ainda parecia imponente mas tinha alguma coisa no meu subconsciente que estava dizendo que ele estavam com medo de mim e não ao contrário.

-Achei que tivéssemos um trato – ele disse.

-E temos, eu fiz o que você me pediu não fiz? – pisquei meus olhos devagar e voltei olhar pra ele – Me diga, você descobriu alguma coisa maravilhosa sobre mim não descobriu? – dei o sorriso mais sarcástico que eu consegui – Grande Kureto Hiiragi está com medo de um lixo de uma casa inferior. Ah, se o resto da escola soubesse disso você estaria fodido.

Ele então se curvou segurando os meus dois braços com força, eu consegui ver a raiva queimando nos olhos dele, então ele começou a falar – Durante as primeiras horas que você passou quase consciente, três dos meus torturadores morreram antes mesmo de começar a fazer qualquer coisa, o que você fez?

-Vai saber – respondi – Deve ter sido um pico de adrenalina, isso faz com que possamos fazer coisas humanamente impossíveis.

Ele continuou encarando os meus olhos – Eu não estou no clima pra brincadeiras hoje Hirai.

-Você quer saber a verdade? – foram as palavras que saíram da minha boca – Vai ter que chegar mais perto...

Com o pouco de movimento que a corrente me provia eu me inclinei e encostei meus lábios com o do garoto na minha frente, e mesmo antes que ele pudesse reagir todo o ambiente estava cinza e o tempo parecia estar passando de uma maneira mais devagar.

Kureto se afastou e colocou a mão na boca, revelando em seguida algumas gotas de sangue.

-O que você fez? – o ódio era visível na voz dele fazendo com que ele sacasse a espada.

-Eu sei que tem várias câmeras e microfones escondidos na sala, você quer saber a verdade não quer? Não vou permitir que mais ninguém saiba sobre [Nome].

-Sobre [Nome]? – ele deu alguns passos para trás.

-Ah que descuidado, eu sou prazer eu sou Shura o demônio que vive dentro desse corpinho bonito, a propósito desculpe pelo beijo. Não é algo que eu ou [Nome] gostaríamos de fazer, mas não tinha outra maneira de te trazer para a dimensão das sombras. Por favor não se sinta decepcionado, você não faz o tipo dela.

-Veja bem – comecei a falar enquanto me soltava das amarras – Eu não poderia deixar vocês fazer o que quisessem com a minha garota, afinal ela é o que me mantem vivo, temos alguns acordos a serem cumpridos antes dela morrer.

Quebrei a corrente que estava prendendo o pescoço – Tenho certeza que você sabe como esse negócio de demônio e humano funciona, afinal a vadia da sua meia irmã também tem um bichinho de estimação dentro dela. A propósito os seus torturadores, totalmente de segunda categoria, precisa escolher melhor quem trabalha para você.

-A sua cara é ótima – dei risada – Humanos nunca falham em me divertir.

Num piscar de olhos ele avançou na minha direção tentando me atacar, mas era como se eu tivesse na minha caixa de areia, nunca existiria chances de fazer qualquer enquanto estivesse ali. E assim fi por um tempo sem ele conseguir sequer chegar alguns metros de mim.

-Se você é tão forte assim, porque não destruiu a casa Hiiragi ainda? – ele perguntou.

-Não sou eu que dou as ordens, é ela. Enquanto [Nome] mantém suas promessas comigo não me importa o que ela faz com o resto, mas no momento que a existência dela entra em jogo eu sou obrigado a intervir. Se a princesa quer cooperar com seus joguinhos, problema dela.

-O que você quer com tudo isso? – ele perguntou.

-Bem, pra começar que você pare com esse teatro ridículo. Já fazem o que? Quatro dias? Sei que vocês já liberaram Guren e que o velho dele já teve uma parada cardíaca. Já tem os melhores como seus subordinados não precisa mais segurar [Nome] aqui.

-E o que eu ganho liberando vocês? Agora que me contaram o tanto de poder que têm eu posso simplesmente usar vocês dois pra tudo, sob o meu controle.

Sorri novamente – É mesmo?

Num segundo Kureto estava ajoelhado com as mãos na cabeça gritando desesperadamente. – As sombras de uma pessoa podem dizer muitas coisas sobre ela, junte isso com os poderes de tortura de um demônio e você verá o próprio inferno sem nunca ter estado lá.

Ele levantou os olhos assim que meus poderes sobre ele diminuíram – Vamos manter o trato.

-Que bom, espero que esse seja nosso segredo – respondi. Tinha certeza que [Nome] ficaria furiosa quando descobrisse, mas não tinha outra opção no momento, é manipular ou ser manipulado.