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CAPÍTULO VINTE E SETE

Gael bateu na porta do meu quarto às sete horas e pediu para que eu confiasse nele. Foi aí que percebi que ele me estendia uma venda. Quis perguntá-lo para que de tanto suspense, mas deixei para lá e fiz o que ele pediu. Nesses últimos dias, eu passei a confiar mais nele.

– Ainda quero entender como você conseguiu isso – admito.

– Um mágico nunca revela seus truques. – Ele ergue a taça de limonada com um sorriso travesso.

– Mas você não é mágico. Você é um piloto, Gael.

Touché.

A brisa de final de verão agita os fios dourados ao redor de seu rosto. Ele apoia o braço sobre a perna dobrada e admira a cidade à nossa frente. Estamos no telhado do hotel, observando Milão de um ângulo pouco usual. O sol deve começar a se pôr a qualquer momento. Temos frutas e petiscos para acompanhar a limonada – e uma reserva para jantar quando nos cansarmos da vista.

– Eu desejei que essa semana não acabasse – ele confidencia. – Cada minuto de espera valeu a pena, mas eu tenho medo das coisas mudarem.

– Não se preocupe, eu não planejo dar dez passos para trás quando se trata de nós dois. – Ajeito as minhas pernas sobre a toalha branca estendida contra o concreto. – Só não teremos a liberdade que tivemos aqui.

– E se magicamente você tivesse uma reserva no meu hotel, no mesmo andar? – O convite se mistura com o desejo.

Não, não podemos arriscar. Não agora que a poeira baixou, que eu entendi meus sentimentos, que eu posso mudar a minha carreira em um piscar de olhos.

– Se eu limpar a minha agenda para passar uns dias em Paris, você desiste dessa ideia maluca?

Gael joga a cabeça para trás, rindo sem censura. Ele não vai poupar esforços para me ter por perto agora que deixamos de nos odiar. Ou melhor, que eu deixei de odiá-lo, menosprezá-lo, ignorá-lo. Balanço a cabeça e espanto os pensamentos que querem sabotar o momento.

– Prometo não interferir em sua agenda durante as corridas, Perrie. – Ele ergue a mão, atribuindo maior importância a suas palavras. – Mas não posso prometer que não vou enviar presentes para você.

– É um começo, pelo menos. – Toco a mão dele e sorrio quando seus dedos entrelaçam os meus. – Finja que não me suporta quando todos estiverem olhando, Enric.

– Se esforce para manter suas lentes longe de mim, Pêrrí.

Seus lábios tocam os meus. E se afastam como se nunca tivessem ocupado um lugar perto de mim só para retornarem pedindo por mais. Seus dedos deslizam pela minha perna e encontram a bainha do meu vestido. Aperto minha mão contra a nuca dele, e rio.

– Componha-se, Gael. Eles podem estar nos observando – advirto.

– Quem vai estar olhando para o telhado de um hotel em Milão? – Ele se afasta e alcança uma travessa com frutas frescas na pequena mesa ao seu lado. – Espera, você já...

– Não, eu não invado a privacidade das figuras públicas com as quais trabalho. – Tento manter meu tom de voz controlado, porque estereótipos como esses sempre me irritam.

– Nem mesmo espiou alguém com aquelas lentes enormes? – Ele morde uma uva e me encara com curiosidade.

– Não, jamais. Não é assim que as coisas funcionam. – Sorvo meu gin tônica e sorrio. – Não sei que tipo de besteira você viu nos filmes, mas jornalistas sérios não fazem isso.

– Acredito em você, Perrie. Como você está se sentindo?

– Cansada. Foi uma semana bem longa, tenho muito trabalho pela frente, mas terei um voo mais longo que a semana. – Jogo o peso do meu troco para o braço direito e observo Gael em silêncio. – O que você faria se não fosse piloto?

– Provavelmente eu seria curador para uma galeria de arte em Paris, ou lá nos Estados Unidos. Ou apenas um professor de artes muito apaixonado pelo que eu faço – Gael exala orgulho ao falar sobre isso.

– Você seria um bom professor. Mas por que não daria aulas de francês?

– Nunca fui muito bom, eu falo francês, escrevo um pouco e é isso. Acho a arte uma linguagem universal, então eu poderia ensinar arte em qualquer lugar, explorar a história da arte em vários países. E você?

– Se o jornalismo não fosse uma opção, e a fotografia estivesse totalmente fora do meu alcance, eu teria feito psicologia.

– Interessante.

Ele se inclina, aproximando-se de mim. O seu perfume me embala. O entardecer destaca os traços marcantes que, num primeiro momento, podem intimidar desconhecidos. Seus olhos verdes me assistem atentamente.

– De onde você é mesmo?

– Chicago, mas eu moro em Atlanta. Ou morava, porque pretendo mudar de emissora. Onde você morava mesmo nos EUA?

– Costa oeste, nos arredores de Los Angeles.

– Você morava lá por escolha própria ou...

– Meu pai gerencia algumas vinícolas na Califórnia, assim como a minha mãe herdou uma vinícola francesa dos meus avós. – Ele balança a cabeça e mantém o olhar no horizonte. – E os seus pais?

– Minha mãe era enfermeira, meu pai é chef e proprietário de um restaurante com uma estrela Michelin em Chicago. – Encaro as minhas mãos. – Eu sei que pode não parecer muita coisa, mas ter um restaurante bem conceituado era o maior sonho dele.

– Ele tem uma estrela Michelin, Perrie, claro que é muita coisa! O que ele cozinha? Culinária francesa? Italiana? Autoral?

– Autoral, mas com influências tradicionais. É uma pena a corrida acontecer em Austin, eu te levaria facilmente no restaurante do meu pai.

– Teremos outras oportunidades, não se preocupe.

– Primeiro Paris, depois Chicago. – Sorrio. O meu convite fica no ar, e ele entende. – Não quero ir embora, Gael.

– Nós nos veremos de novo em alguns dias. Você não pode enjoar de mim, não agora que estamos oficialmente juntos.

– E quem oficializou? – Meu tom de brincadeira não o preocupa, porque ele logo ri.

– Estamos há meses nos suportando, Pêrrí. Eu diria facilmente que estamos casados, ainda mais quando um mês corresponde a três anos nos relacionamentos contemporâneos.

– Ninguém nem tocou em namoro e já somos casados? Milão é a lua de mel? – Ele está gargalhando com o meu raciocínio, e eu continuo. – Espera, quem vai pedir o divórcio? Eu aposto que serei eu porque você trabalha demais e nunca tem tempo para mim.

– Não, não, eu que vou pedir o divórcio porque você nunca está em casa, sempre está ao redor de outros pilotos e nunca ao meu lado. – Ele se faz de ciumento, e eu gargalho. – Já não bastava eu ter dezenove concorrentes na pista, também terei que enfrentá-los fora delas.

– Não há espaço para outro piloto na minha vida, Enric. Mas não minto que adoraria que você dedicasse uma vitória para mim.

– Alguma preferência de em qual pista devo ganhar?

– Não, só ganhe e eu ficarei feliz. Só por curiosidade: você fica com os troféus?

– Eu ganho uma réplica. E antes que você pergunte – ele ergue a mão como quem pede para que não o interrompa –, sim, eu as guardo no meu apartamento. Mas só o do prêmio da França fica exposto, o resto está num armário com portas.

– Não quer que os troféus desviem a atenção das obras de arte que você tem em casa? Ok, não julgo. Mas só um troféu é muito pouco.

– Minha maior meta para esta temporada era ganhar em casa. Pronto, ganhei, estou feliz. Agora o troféu pode ficar no meu hall de entrada e eu posso receber os convidados e falar que ganhei.

– Não precisa se explicar, se eu tivesse troféus eu faria a mesma coisa. –

– O que você faz com as suas fotos?

– Edito e vendo. Não me sinto confortável em pendurar algo que eu produzi, muito menos quando eu trabalho constantemente com isso.

– Mas as suas fotografias são incríveis! Chloe me fez autografar uma da minha vitória para colocar no apartamento dela.

– Ela fez o que? – Tento me lembrar de que não há diferenças entre ver as minhas fotos nas reportagens e vê-las nas paredes de alguém. – Não, nem precisa falar nada, não quero saber do destino das minhas fotografias. Elas não me pertencem mais, o que você faz com ela não cabe a mim.

– Aliás, obrigado pelas fotos. – Ele esboça seu sorriso travesso. – Acho que vou estudar fotografia para apreciar ainda mais o seu trabalho.

– Já me arrependendo de ter cumprido a minha promessa e te enviado as fotos. Eu poderia ter falado que elas estavam corrompidas, sei lá – balanço a cabeça, me recusando a imaginar o que ele pode fazer com essas fotos. – Só prometa que não vai colocá-las em um quadro.

– Eu já disse que não gosto muito da ideia de ter que dividir a sua atenção com outros pilotos, então conte comigo para manter essas fotos em segredo.

Gael puxa meu rosto e me beija de novo. Seu corpo atrai o meu como a velocidade atrai a câmera. Acho que no fundo não queremos que nosso tempo aqui acabe. A realidade se aproxima e nos lembra de que teremos que agir como se nada estivesse acontecendo. Porém enquanto não voltamos a nossa rotina, eu acabo com a distância de nossos corpos.

E quando enjoamos de nossos lábios, voltamos a conversar sobre tudo.

Conversar com Gael é tão fácil quanto tirar uma fotografia. Ele compartilha assuntos diversos e os desenvolve como fosse sua profissão. Aquela máscara mal humorada para os jornalistas não representa a pessoa que ele é. A postura elevada quase desaparece quando estamos juntos: mesmo que ele não considere o momento como uma competição, ele mantém as costas eretas e o olhar compenetrante.

– Será que você pode parecer menos sério?

– Eu pareço sério? – Ele relaxa os ombros e me encara. – Acho que é a tensão de meio de temporada. Às vezes sinto muitas dores no pescoço e nos ombros.

– Deixa eu tentar te ajudar. Vem cá.

Gael se senta na minha frente. A tentação de tocar a pele dele com meus lábios e memorizar seu aroma é maior, mas não me vence. Afasto o cabelo dele e aperto alguns pontos em sua nuca. Quase que instantaneamente um gemido de alívio escapa dos lábios dele.

– Isso, nesse ponto mesmo. – Ele relaxa os ombros e eu sorrio.

– Muita tensão, Enric. Seu treinador não faz massagens antes e após as corridas não?

– Não como... – Ele geme mais uma vez. – Você. Onde você aprendeu?

– Posso não dirigir em altas velocidades, mas meu corpo também sente os efeitos de passar o dia todo andando de um lado para o outro e vendo o mundo através das lentes – explico. – Um dos meus vizinhos é fisioterapeuta e ele me ensinou quais pontos apertar para aliviar a tensão.

– Você tem mãos mágicas. Fazer isso sobre a roupa deve ser ruim, deixe-me te ajudar.

Afasto as minhas mãos e assisto enquanto Gael tira a camisa. Ele passa as mãos pelo cabelo para ajustá-lo. Percebo que os acessórios que ele usou na maioria das vezes que saímos juntos não foram escolhidos para esta noite. Menos um cordão que sempre o vejo usando. Mesmo quando ele está prestes a começar uma corrida, o cordão aparece escondido no macacão vermelho.

– É algum tipo de superstição? – Toco o cordão. – Você nunca anda por aí sem ele.

– Chloe me presenteou com ele depois que eu tive alta da terapia. – Ele me mostra os pingentes em formato de círculo. – Eles contém as datas do meu aniversário, do aniversário da Chloe e do dia que eu saí da reabilitação.

– Adoro quando os nossos irmãos mais novos tomam conta da gente. Tira aquele peso de, por sermos mais velhos, termos que ser exemplares e perfeitos para que eles sejam como nós.

– Eu nunca fui perfeito, e acho que fui um péssimo irmão para ela quando decidi me mudar para os Estados Unidos. Porém ela esteve comigo nos meus piores momentos, e eu não sei se teria conseguido sem ela. – A voz dele está embargada. – Se eu consegui ser o piloto que sou hoje, foi porque ela acreditou em mim.

– Diga isso a ela quando se virem pessoalmente, ok? E mande um abraço para ela.

– Você não conhece a Chloe? Ela não vai aceitar que eu diga que você mandou um abraço. No segundo que você pisar em Paris, ela vai implorar por sua atenção.

– Ela não precisa saber que eu estarei lá. Espera, ela mora com você?

– Não, ela divide apartamento com uma colega. – Ele tenta intercalar as palavras com os murmúrios de satisfação provenientes da massagem. – Quando você se sentir pronta, eu posso conhecer a sua família?

– Claro. Podemos organizar algo depois da competição no Texas ou até mesmo durante uma folga. O que você acha?

– Podemos pensar nisso com calma. – Ele sacode os ombros. – Já me sinto melhor. Merci, Pêrrí.

Ele veste a camisa, mas não volta para seu lugar original. Ele se deita e apoia a cabeça no meu colo. Acaricio seu rosto, seu cabelo, seus traços. Quero memorizar tudo antes de voltarmos para a rotina corrida.

O sol começa a se despedir de nós, e eu pego a minha câmera para registrar o momento. Capturo o céu, os telhados, a minha companhia. Colecionarei esses encontros secretos e conversas íntimas para os dias que eu me questionar se mereço tudo o que está ao meu redor. Gael pede a câmera e tira algumas fotos de mim.

– Pronta para jantar? – Ele me oferece ajuda para ficar de pé.

– Mal fui embora e já sinto saudades da comida italiana.

– Vamos fazer um banquete esta noite, então.

++++++

Entreguei a chave do meu quarto na recepção. Confiro a hora ao passar pelas portas de vidro. A brisa agradável se despede de mim enquanto eu aguardo por minha carona na calçada do hotel.

– Perrie!

Gael passa pelas portas do hotel correndo. Ele veste a camisa da noite passada e uma bermuda informal. Rio quando ele chega mais perto, a cara amassada de quem acordou no susto. O motorista se aproxima e cuida da minha bagagem enquanto eu espero por Gael.

– Sim, Carpentier? – Não sei quantas pessoas estão prestando atenção em nós, tento manter a minha postura profissional.

– Eu odeio quando você é formal – ele resmunga e se recompõe. – Eu só queria te ver uma última vez antes de você ir embora. E te desejar uma boa viagem.

– Obrigada. E muito obrigada pelos jantares, pelas conversas e pela sinceridade. – Quero beijá-lo, mas tenho medo. Não me sinto pronta para enfrentar todos os comentários que surgirão quando nos flagrarem juntos. Esse momento chegará, eu tenho certeza disso.

– Por nada, Perrie.

O motorista que me levará até o aeroporto buzina, impaciente.

Au revoir, Pêrrí.

– Até logo. – Abro a porta do carro. – Não se empolgue muito, ainda temos muitas corridas pela frente.

Ele ri e acena. Enquanto o carro se afasta, vejo ele parado na calçada.

E as memórias do baile me inundam. Suspiro no banco de trás do carro. Será uma viagem de volta longa.

______

Olá, amantes de conversas no telhado!

Capítulo curto? Capítulo curto. Maaaas eu não vim de mãos abanando. Para comemorar as mais de 40 mil leituras, eu encomendei uma arte especial do nosso casal favorito! Também quero agradecer pela paciência e por todos os comentários de vocês. Arte feita pela maravilhosa arda.arts no instagram! Obrigada, Arda, por deixar meus filhos tão lindos (e por me motivar a continuar escrevendo Dangerous Races)!

Sinto muito ter demorado mais para trazer esta atualização: se vocês me seguem aqui no Wattpad, devem ter visto que eu peguei COVID no mês passado (foi leve, estou melhor, continuarei me isolando, usando minha máscara e lutando pela saúde gratuita e de qualidade!) e a recuperação ocorreu enquanto eu tinha que entregar os últimos trabalhos da faculdade. Aí eu foquei totalmente na faculdade e não consegui escrever. Mas agora o semestre acabou e eu tenho um mês de folga pela frente!

Até a próxima!
Isa

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