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CAPÍTULO VINTE E SEIS

Quando estou sob muita pressão, não importa o quanto a razão me guie, as minhas emoções falarão mais alto. O tempo ocioso entre uma tarefa e outra muitas vezes se torna a minha própria armadilha: eu me pego pensando em momentos que eu considero como as minhas falhas.

Aposto que durante as semanas de trabalho com Carpentier ao longo da temporada me deixaram cega, eu estava com medo de perder a minha maior oportunidade e ficar sem carreira nenhuma. Se eu pudesse me distanciar dele naquele momento, eu o faria sem pestanejar. Cada momento que eu tinha sozinha era um respiro de alívio.

Com os boatos de um relacionamento e comentários sobre vantagens adquiridas de modo injusto, a preocupação era o que pensavam ou diziam de mim. E como o meu emprego estava em risco mais uma vez em menos de seis meses. Eu ainda me desculpo com Eric e Luca toda vez que me lembro do que falei no quarto de hotel sobre o momento dele. Eu fui uma bacaca egoísta ao pensar que ele tinha feito aquilo por minha causa. Eu sempre fiz tudo para protegê-lo de seus pais, mas eu não posso protegê-lo do mundo. A decisão sempre foi dele e jamais tinha algo a ver comigo.

O momento é outro. Ainda estou ansiosa com a provável mudança de emprego, com o desfile de Heart, com o início de um relacionamento depois de tudo... Não é o mesmo que estar sob a constante pressão de se provar como profissional.

Foi um pouco esquisito presenciar o dia de hoje. Ziwak apareceu no circuito sem ser anunciado e, mesmo que Gael não estivesse competindo ou correndo com o carro da temporada, o consultor da equipe tomou um rádio para si e apontou tudo o que estava errado na direção do jovem piloto. Eu percebi o clima estranho na garagem quando eu voltei da minha caminhada pela pista para registrar alguns momentos, mas não entendi o motivo até ouvir Ziwak gritar para o rádio.

Não quero nem imaginar o clima na equipe num geral. A aposentadoria de Honan começou a ser discutida como uma possibilidade entre os veículos e jornalistas da área – não houve nenhum pronunciamento oficial ou rumor, o tema surgiu para suprimir a falta de pautas –, e há uma pequena possibilidade de Gael conquistar o campeonato de pilotos se ele performar perfeitamente nas próximas corridas. Então a pressão é servida diariamente entre as quatro paredes da equipe.

Eu me assustei quando Gael encerrou seu trabalho na pista, levou o carro para a garagem e saiu dele como quem estava pronto para cometer um assassinato. Ele tirou o capacete e a balaclava, sondou os rostos ao seu redor e encontrou Ziwak. O que aconteceu depois eu não tenho muitos detalhes. Assim que o calouro e o veterano começaram a gritar, eu recolhi meus equipamentos, vi que estava na minha hora de encerrar e voltei para Milão junto com o motorista disponibilizado pela equipe.

– Você fez tudo errado, Perrie! – Heart resmunga do outro lado da tela.

Depois de fazer muito suspense sobre o jantar com Carpentier, eu fui intimada a atender Harriete para uma longa chamada de vídeo.

– Você quer que eu assine mais um termo de confidencialidade, maninha? – Desvio meu olhar do notebook para a tela do celular. – Não, obrigada, que eles briguem para lá.

– Você é uma jornalista ou uma puritana?

– O único fofoqueiro profissional é o Luca – comento e, como se eu tivesse invocado a presença, vejo a solicitação dele para se juntar à chamada. – Ei, Luca! Acabamos de falar de você.

– Falar de mim? O que eu fiz dessa vez?

– Eu vou anunciar que Perrie Michelle não trabalha ou assina nada sem que Luca Anderson esteja incluído no pacote! – Harriette revira os tecidos sobre sua bancada. – Conta para ele, Perrie, vai.

– Eu não – rio. – Ele vai pegar um voo da Inglaterra até aqui.

– Acabei de chegar em Chicago, querida, mas eu posso muito bem voltar se for preciso. Que besteira que ela falou para o francês?

– Está mais para o que ela não ouviu! Ziwak e o pupilo brigaram, e a minha irmã achou melhor ir embora ao invés de ouvir a briga!

– Perrie Michelle, que tipo de jornalista é você? Estou desapontado.

– Por que você não muda de ramo e me dá a sua vaga, Anderson? Aposto que você se daria muito bem numa revista de fofoca.

– É, eu com certeza preencho todos os requisitos para uma – ele alfineta de volta. Sabemos muito bem que Luca tem sua paixão por esportes, e a fofoca é apenas uma parte secundária de seu trabalho. – Mas sério, eles brigaram? Por um acaso tem um terceiro piloto envolvido nisso?

– Honan não quer mais se envolver quando pretende se aposentar.

– Ele o que?!

– Ops, escapou. – Tapo a minha boca. – Não é nada confirmado, mas eu ouvi por aí que Honan vai se aposentar no final desta temporada.

– E eu jurava que ele ficaria mais alguns anos correndo. – Luca se entristece. Quando alguém decide se aposentar ou mudar de time, a reação mais comum do público é o saudosismo, ainda mais se a trajetória do piloto é marcante. – Mas você está desviando do assunto!

– Eu não estou! Por que não posso trabalhar em paz sem vocês falarem que eu deveria contar todos os detalhes de uma briga que eu não deveria nem ter a chance de presenciar? – Meus olhos estão presos na tela do meu notebook enquanto eu edito as fotos.

– Porque nós gostamos da fofoca! Ainda mais se envolve o favorito não tão favorito que é seu namorado!

– Você sabe de alguma coisa que eu não sei? – Heart questiona Luca. Ninguém tinha tocado no termo namorado até agora.

Encaro a tela do notebook, nervosa com os próximos segundos desta conversa.

– Você acha mesmo, Harriette Michelle Aroniz, que a sua irmãzinha está apenas tratando o francês como um peguete? Você já foi melhor, mulher! – Luca exclama.

– Eu não acho que eles sejam oficialmente namorados ainda. Eu conheço a minha irmã e eu sei que ela está indo devagar. Aliás, se eles tivessem oficializado qualquer coisa, nós saberíamos!

– E não falem que ele é meu namorado. Até umas semanas atrás eu jurava que ele queria destruir a minha carreira – adiciono à conversa.

– Então você não acha que o relacionamento vai avançar o suficiente para isso?

– Sério? – Coloco a minha atenção no meu celular e ajeito meu fone de ouvido. – Não depende só de mim, gente. Eu não faço ideia, talvez eu acabe namorando o piloto que quase arruinou a minha carreira, ou talvez não. Estamos nesse local complicado, ao mesmo tempo que estamos nos conhecendo de verdade, sem todas aquelas palavras comedidas por conta dos nossos status, também estamos indo devagar. Nós jantamos juntos, nós transamos, mas não estamos pensando no futuro.

– Eu aposto que ele fica todo bobo quando ela está por perto – Heart menciona, e Luca solta um suspiro.

– Ele disfarçou por muito tempo, nem eu poderia dizer que ele tinha interesse na Michelle. – Luca, que esteve ao meu lado praticamente o tempo todo, admite. Foi só depois do beijo que ele começou a analisar todos os detalhes que passaram despercebidos.

– Podemos não falar sobre esse assunto? – Recebo o silêncio deles como resposta e respiro fundo. – Muito obrigada. Harriette, como vai o trabalho para a Semana de Moda?

– Eu ainda acho que vou surtar com todos os detalhes e preparativos, e olha que ainda estamos a algumas semanas do evento! Por favor, Perrie, passe alguns dias aqui e me ajude, eu imploro!

– Você está com sorte, eu posso te ajudar depois de Singapura. Uma semana serve? – Deixo a data da Bélgica de lado porque é algo que eu não tenho certeza, e já prometi para Gael que o informaria da minha disponibilidade.

– Já ajuda muito! Eu não consigo cuidar dos e-mails, da papelada, da produção e do design sozinha! Você é minha salvadora, Perrie.

– Eu também posso ajudar! – Luca se oferece.

– E que tipo de barganha você fará pelos seus serviços, Luca? Eu não aguento mais você e seus pedidos malucos – ela resmunga, e eu rio. Luca sendo Luca, Harriette sendo Harriette. Sempre há algo em jogo quando esses dois trabalham juntos.

– Eu já te disse que vou pagar pelos seus serviços daqui para frente! Por Deus, o que eu fiz para vocês nunca acreditarem no que eu digo? – Ele se revolta, decepcionado porque nós o conhecemos tão bem. Droga, eu sinto falta dos tempos em que conversávamos sobre tudo durante as madrugadas e ríamos de nossos planos impossíveis.

– E é isso o que eu ganho por ter uma amizade com vocês. – Heart aponta para a câmera e gargalha. – Droga, que saudades de quando não tínhamos responsabilidades.

– Você saiu das fraldas ontem, nem comece. – Implico.

– E quem você acha que é, Senhorita Contrato Exclusivo?

– Eu sou a sua irmã mais velha, e a pessoa que te mais te ajuda quando o mundo parece desabar.

– Mas essa não é sua obrigação como minha irmã?

– Eric! Elas vão brigar! – Luca grita.

Estou prestes a respondê-la da forma mais malcriada que conheço quando ouço alguém bater na porta do meu quarto. Eu não pedi nada para comer porque fiz isso antes de chegar no hotel, mas não estaria surpresa se fosse um jantar oferecido por Gael – nem tivemos a chance de nos falarmos depois que eu fui embora, então existem chances de ele estar me presenteando. Tiro um fone, mas não me levanto da cadeira.

– Quem é?

– Perrie, sou eu. – A voz de Gael me surpreende.

Levanto-me da cadeira e destranco a porta para ele, que entra no quarto quase correndo. Não me importo que ele faça isso, seu semblante preocupado é um sinal de que as coisas não deram muito certo hoje. Retorno para o meu lugar e penso em como vou encerrar as coisas.

– Você está trabalhando? – Ele aponta para meu notebook, e eu percebo as sacolas de comida em suas mãos.

– Sim. O que aconteceu? Você está bem? – Olho para o meu celular, para os meus amigos e para o meu trabalho. – Você pode me dar um minuto?

– Fotos bonitas. Quem é o piloto no carro? – Ele se inclina por trás de mim e observa a imagem em que estou trabalhando. – Posso ficar com uma dessas fotos?

– Não sei, vou pensar no seu caso. – Sorrio e salvo o meu trabalho, abaixando a tela do notebook.

– E se eu fizer isso?

Gael é rápido em depositar um beijo casto em meu rosto. Agora com a mão livre, ele vira o meu rosto e toca os meus lábios com os seus. A cada vez que nos conectamos, eu me sinto mais livre para puxá-lo em minha direção e me jogar de cabeça nas emoções que ele desperta.

– Perrie Michelle, sua safada! – Luca grita na ligação e eu pulo de susto.

Gael me encara enquanto eu agarro o meu celular. Não estou brava com ninguém além de mim mesma. Como eu pude esquecer que estava em uma ligação? Ah, claro, este é o efeito que Gael tem sobre mim.

– Vá se foder, Luca! Heart, te amo! Até amanhã! – Aceno e desligo a ligação antes que eles possam falar qualquer coisa.

Começo a rir histericamente quando me dou conta do que acabou de acontecer. Carpentier não está entendendo nada, mas não me questiona. Ele tira as vasilhas com comida das sacolas em silêncio.

– Eu estava numa ligação com a minha irmã e meu melhor amigo. Eles nos viram – admito.

– E a câmera estava ligada?

– Eles não teriam nos visto se estivesse desligada. – Retruco e percebo o quanto fui bacaca. – Desculpa, estou nervosa porque gritaram no meu ouvido e me arrancaram do nosso momento.

– Não tenho mais energia para brigas hoje, então não se preocupe. – Ele abre o meu frigobar e pega duas águas com gás. – Você já jantou?

– Sim, mas faz muito tempo. Você está bem?

Recolho meu notebook e os meus equipamentos, abrindo mais espaço na mesa. Algo está errado com Gael, talvez tenha a ver com a discussão com Ziwak, mas não vou perguntar de novo. O silêncio dele sempre pareceu mais perigoso que as frases de duplo sentido e indiretas perigosas. Empurro a porta da sacada para o quarto não guarde o cheiro do molho fresco e das massas e me sento do lado oposto a ele.

– Macarrão ao molho sugo – ele diz enquanto coloca o recipiente à minha frente. – Eu comprei muçarela, se você quiser. – E ele desliza um pequeno pacote sobre a mesa.

– Muito obrigada. Eu vou passar o queijo hoje. – Desenrolo os talheres do guardanapo e sorrio. – O que você tem aí?

– Carbonara. – Ele leva o garfo com um montinho de macarrão à boca. Reconheço que ele não quer conversar porque seu olhar abandona o meu e ele se entretém com a comida.

Aprecio o jantar em silêncio. Reconsidero a minha escolha: eu poderia ter ficado no autódromo e procurado Gael depois da briga. Ele transparece estresse, cansaço e desapontamento. Ele está distante de mim, do momento, de seu corpo. Sei que há uma forma de perguntar sobre o que aconteceu, porém tenho medo de insistir e isso deixá-lo chateado.

Termino de comer, recolho os recipientes sujos e coloco-os numa sacola, abro ainda mais a porta para a varanda e me apoio contra a sacada.

– Eu acho que você é um dos pilotos mais talentosos que estão competindo atualmente. – Admito agora que sei analisar os movimentos dele sem pensar na raiva que sentia ao ouvir seu nome sendo comentado.

Merci, Pêrrí. – Ele ainda está comendo, e cada garfada ele perde o interesse na comida.

Eu esperava que ele viesse com uma de suas tiradas confiantes, e não recebê-la acende um sinal de alerta na minha cabeça. Assisto a ele terminar seu jantar, recolher a sujeira e colocá-la na sacola que deixei próxima à porta.

– Ok, você está mais bem disposto para conversar? Você está me deixando preocupada, Gael.

– Então você não estava na garagem quando Ziwak gritou comigo sobre o meu rendimento naquele carro estúpido? – Ele caminha até mim, mas não cria o contato entre nossos corpos. Seu olhar está perdido na cidade ao nosso redor, e seus braços estão apoiados um de cada lado do meu corpo.

– Não, não estava. Mas eu ouvi ele reclamando no rádio. O que está acontecendo entre vocês?

– Há uma pequena chance de eu conseguir meu primeiro título no meu ano de estreia, e todo mundo está ciente disso. Ziwak está estressado porque ele não acha que eu estou tirando o máximo do carro, então estamos em conflito há semanas – ele desabafa. – Eu gostaria de ganhar? Claro. Mas já há muita pressão no time por conta da saída de Honan, e eu não vou ficar desapontado se eu não ganhar este ano.

– O que Honan sair tem a ver com você?

– Eu não sei. Ziwak está estressado desde que recebeu a notícia, eles eram rivais, mas se respeitam muito, sabe. Do mesmo jeito que ele chega nas melhores estratégias para mim, ele o faz para Honan.

– Então Ziwak gritou com você porque seu rendimento não estava bom hoje? É isso?

– Sim, é isso. – Ele esfrega o rosto e suspira. – Não é o carro com o qual eu corro normalmente, qual a necessidade de exigir que eu seja perfeito? Ele já esteve no meu lugar, por que não entende que eu não penso na competição o tempo todo?

– Eu entendo ele querer o seu melhor rendimento, mas não vejo motivos para o que ele fez hoje. – Passo meus braços ao redor do pescoço dele.

– Ele está insuportável. Ele falou coisas como... – Com o olhar no horizonte, ele balança a cabeça e tenta pronunciar o que ouvira. – Gael, você precisa sair com mais velocidade da curva. Você precisa se controlar nos limites da pista. Ah, aqui está uma pilha de dados para você analisar sozinho e ver como está fazendo tudo errado mesmo quando faz a melhor volta da prova. E não se esqueça de que se você ganhar este ano, eu tenho créditos porque sou seu estrategista.

– Bom saber que o Ziwak que faria qualquer coisa por quinze minutos de glória não se aposentou. – Resmungo.

– O cara é um maníaco. Ele é uma ótima pessoa, um dos melhores pilotos do mundo, mas ele me estressa demais.

– Se ele aparecer amanhã, eu me certificarei de puxar o fio da comunicação sem querer. O que você acha?

– Você me pouparia de muito estresse – ele ri e o nervosismo se esvai de seu corpo. – Você tem planos para sábado de manhã?

– Juntar todo o meu equipamento e ir embora. Por quê? Vai surgir alguma entrevista de última hora para a qual eu devo me preparar? – brinco. Não, as coisas não funcionam mais assim, e todo mundo sai ganhando. Menos estresse, mais respeito por nossos trabalhos.

– Não, nada planejado. – Gael por fim coloca sua atenção em mim. – Você me viu acenar do carro para você?

– Aham.

– O que você disse antes é verdade?

– O que eu disse mesmo? – esboço um pequeno momento de dúvida.

– Que eu sou um bom piloto.

– Não sei. – Observo quando ele ergue as sobrancelhas, duvidando de si mesmo. – Eu acho que disse algo sobre você ser um dos mais talentosos atualmente. E sim, eu acho que isso é verdade. Você conquistou muito em um momento em que as chances não estavam tão ao seu favor.

– E o que fez você mudar de ideia?

– Eu fui infantil em achar que você era apenas um rostinho bonito com habilidades medianas. – Quero ser sincera com ele, deixar claro que amadureci minha opinião sobre ele. Como jornalista, eu não rasgava os elogios porque não era meu papel, mas eu também não podia condená-lo como piloto por aquele maldito erro. Quando eu deixei o pessoal se misturar com o profissional, eu acabei refazendo vários materiais porque as emoções estavam embaralhadas. – Se você está aqui é porque há algo diferente em você.

– Eu não sabia que precisava ouvir isso de você até acontecer. – Ele se inclina e sela nossos lábios rapidamente. – Conseguimos provar um para o outro que não sabemos apenas nos odiar.

– Provamos? Eu não sei, não lembro de você...

Gael ri. Nossas bocas se chocam de novo, eu o puxo para mais perto, ele desliza seu toque pelo meu rosto. Como é bom derrubar as muralhas que eu construí e deixar alguém me conhecer de verdade. A cada vez que me apaixono, sinto como se fosse a primeira vez. O primeiro beijo, o primeiro olhar, o primeiro encontro. Eu me apego aos segundos, terceiros, quartos momentos – infelizmente ainda estou presa aos primeiros com Gael, porém estamos indo. Quanto mais me faço presente, mais entendo que antes eu estava apegada ao nervosismo e ao medo.

– Não estrague o momento, Michelle. – Ele acaricia o meu rosto com cuidado. Quero que ele faça isso para sempre, mesmo quando todos puderem nos ver.

– Você também pensa no que poderia ter sido diferente? E se não tivéssemos nos esbarrado na festa? E se não trabalhássemos juntos?

– Eu acho que eu teria encontrado uma forma de me aproximar de você de qualquer jeito. O cenário não seria ideal porque nossos trabalhos são complicados, mas assim que nos esbarramos naquela conferência, eu... – Ele desfaz a nossa conexão e sua risada nervosa me deixa curiosa. – Coup de foudre, Pêrrí.

– Ok, eu vou começar algum curso online de francês para te entender. – Agito as mãos e passo por ele, indo em direção a minha mesa. Ter a companhia dele é divertido, mas amanhã eu ainda trabalho e meu equipamento não está preparado.

– Se você acha que ninguém percebe quando você entra numa sala, você está completamente enganada, Perrie. Eu não consegui tirar a sua imagem da minha cabeça depois da festa. A sua presença, mesmo que atrás da câmera, não passava despercebida para mim. – Ele esfrega o rosto e aperta as grades da sacada. – Eu me apaixonei antes mesmo de entender o que tinha feito com você na noite anterior. Como eu poderia me apaixonar por uma pessoa que eu mal conhecia?

Não consigo esconder meu choque. Sento-me e o encaro. Ele escondeu esse tempo todo? Por que ele escolheu aquela abordagem em vez de qualquer outra? Não tem muito tempo que eu passei a observá-lo com outros ares, mas ele está lidando com seus sentimentos há meses. Droga, tudo isso só me faz parecer ainda mais imatura e ignorante.

Há muitos momentos que eu gostaria de analisar novamente, muitas falas que eu interpretaria da maneira correta, muitas ações minhas que eu consertaria... Como você pode se apaixonar por alguém e aguentar todas as provocações sem transparecer nada? Temos nossas parcelas de culpa nas brigas, mas pensar na minha postura agora me preocupa. Só que é tarde demais para voltar atrás, e eu quero provar – mais para mim do que para ele – que eu não tenho a mesma opinião de quando nos conhecemos.

– Você também disse isso no baile, não disse? – A frase ainda ressoa em mim. Eu me lembro dela, porém não consegui escrever o que foi pronunciado durante a tempestade dentro e fora de mim.

– Aham.

– O raio. – Mais um detalhe, mais uma coisa que eu deixei passar. Apoio meus cotovelos sobre minhas pernas e escondo meu rosto em minhas mãos. – O que o raio tem a ver com isso?

– Um raio é muito rápido, tão rápido quanto se apaixonar à primeira vista. – Ele se ajoelha na minha frente. – Está tudo bem, Perrie. Não adianta pensar nas possibilidades agora, nem nas ações que escolhemos com raiva. Eu nunca esperava que você sentisse algo depois de tudo o que fiz, mas eu também não te falaria se os termos fossem outros. Você entende isso?

– Eu entendo agora.

Cedo ao toque dele, deixo que afaste as minhas mãos do meu rosto e tento não entrar em desespero. Quero perguntar como ele me aguentou sendo uma megera, como ele persistiu tanto. Como eu pude ser tão burra, egoísta e dramática esse tempo todo, como eu não respirei fundo e agi como a pessoa adulta que eu deveria ser. Não, eu tinha que me colocar no lugar de superioridade porque fui ofendida e me defender mesmo quando ele estava tentando ser gentil.

Gael enxuga as lágrimas que nem me dei conta que surgiram. Ele segura o meu rosto e sussurra que está tudo bem.

– Por favor, Perrie, não chore. – Ele passa seus braços ao redor do meu corpo.

– Eu sinto muito, Gael, sinto muito mesmo. – Enterro meu rosto em seu ombro e soluço. – Quanto mais a gente se aproxima, mais eu percebo que fui um pouco dura com você.

– Eu concordo, mas eu também fiz algumas coisas das quais não me orgulho. – Acalmo-me com o movimento suave das mãos dele nas minhas costas.

É tão assustador revelar a minha vulnerabilidade depois de tantos relacionamentos ruins e momentos de insegurança. Eu não sabia que precisava me apaixonar de novo para perceber o quanto eu ainda não aprendi a lidar comigo mesma. Eu foquei no trabalho e no medo de perder a oportunidade, guardei tudo para mim e vesti a minha armadura mais distante e insensível. E esqueci como, na verdade, todos ao meu redor não vão fugir ou me julgar se eu expor o que se passa na minha mente de verdade.

– Pense no agora, e não no que já fizemos e não podemos mudar. Por favor, Perrie.

Respiro bem fundo uma, duas, três vezes. Gael se afasta e estende uma mão para que eu me levante. Eu o agradeço mais uma vez, e ele sorri porque percebe que eu não vou chorar de novo. Nunca fiquei tão aliviada por estar me abrindo com ele um pouquinho mais a cada oportunidade. Não é um relacionamento apenas carnal, cada conversa nossa revela uma infinidade de dilemas que fazem parte de nós.

– O que você acha de pedirmos sobremesa e assistirmos a um filme? – Gael sugere já com o telefone na mão. – Tiramisu é vegano?

– Eu acho que não, mas por mim tudo bem. – Pego meu notebook na mesa, caminho até a cama e me sento com as costas apoiadas contra a parede. – Um sorvete seria melhor nesse calor.

– Ah, o melhor gelato que eu já provei na minha vida não fica muito longe daqui! – Ele deixa o telefone de lado. – Me dê meia hora, ok?

– O que você quer assistir?

– Pode escolher, eu assisto qualquer coisa. – Ele se inclina sobre o colchão para me beijar. – Algum pedido especial?

– Será que você consegue comprar a casquinha do sorvete? Eles vendem isso aqui? Não precisa ser vegano, é que eu amo sorvete com a crocância do biscoito.

– Mais alguma coisa? – ele riu com a minha empolgação.

– Não, não, só isso mesmo. – Agito a mão, distraída demais com a infinidade de filmes e séries. – E eu vou deixar a porta encostada, mas se você quiser pedir uma chave do quarto para si, fique à vontade.

– Não, eu passo. É divertido ser recebido na porta por você. – Ele sorri, e eu reviro os olhos. – Trinta minutos!

Ele ajeita o cabelo, pega as sacolas do jantar, encosta a porta da varanda – minha deixa para ligar o ar condicionado no mínimo e esquecer que estamos em pleno verão – e deixa o quarto com a promessa de voltar com o melhor gelato que eu poderei provar.

Largo meu notebook sobre a cama, refresco o meu corpo com uma ducha rápida e finalmente visto meu pijama. Sim, este é o meu aviso para a minha mente que vou descansar e não quero mais pensar no trabalho. E nada como uma regata velha e short para mais uma noite em Milão.

Eu me sinto mais confortável em minha pele quando Gael volta para o quarto não mais vestido com jeans e a camiseta preta de antes, e sim com uma camiseta cinza – aquele cinza que indica que a peça foi usada diversas vezes – e uma bermuda preta.

– Quarenta e cinco minutos se passaram – implico, com um sorriso provocativo nos meus lábios.

– Eles precisaram encontrar uma caixa térmica para que eu pudesse trazer o gelato – ele diz enquanto deixa o objeto sobre a mesa. – E eu trouxe casquinhas.

– Perdoado! – Pulo da cama e me aproximo dele, ansiando pelo sorvete.

Dentro da caixa térmica, há vários potinhos etiquetados. Gael aponta para os que estão sinalizados como livres de produtos de origem animal, que não são muitos, mas me deixam feliz porque ele está se atentando muito a isso. Ele está se esforçando.

– Aqui, tente este. – Ele me entrega uma casquinha com gelato verde. – É o meu favorito.

– Deixe-me adivinhar: pistache?

– Uhum. – Ele já está com uma colher na boca e o pote com o resto do gelato na mão.

Rio, mas sei que não consigo esconder a minha apreensão. Pistache? Num sorvete? Ok, quem sou eu para julgar o que as pessoas fazem com seus gelatos, não é mesmo? Estamos sentados de frente um para o outro na cama. Gael não tira os olhos de mim até eu provar o que ele me ofereceu.

Ele gargalha muito quando o paladar do pistache explode em minha boca, e eu faço uma careta, claramente nem um pouco feliz. Tento mais duas vezes, porém não gosto nem um pouco do gelato. Ele dá de ombros, pega a casquinha e raspa o sorvete com a colher.

– Chocolate vegano com avelã? É disso que eu gosto! – Transfiro o sorvete do recipiente para a minha casquinha. – Desculpa, sorvete de pistache não é para mim.

– Tudo bem, sobra mais para mim. – Ele dá de ombros. – Você escolheu algo para assistirmos?

– A gente podia conversar em vez de passarmos duas horas vendo algo de mentira – declaro. Estou interessada demais na minha sobremesa, mas encontro um modo de manter minha atenção nele.

– Ok. Sobre o que você quer conversar?

– O que você gosta de fazer quando não está trabalhando? – Tiro um pedaço do biscoito ao redor do sorvete.

– Eu gosto de deitar no sofá do meu apartamento e não fazer nada. Absolutamente nada, inércia total. – Ele repara o quanto eu esperava algo diferente dele, coloca a colher de lado e passa a mão pelo rosto. – Eu acho que te disse uma vez que eu me interesso muito por arte. Não levo jeito nenhum para produzi-la, mas eu gosto de apreciá-la. Quadros, exposições, estátuas, peças teatrais, ballets, óperas: qualquer evento que eu tomar conhecimento, você pode ter certeza que estarei lá. E você?

– Tirando passar um tempo com a minha família e amigos, eu não faço nada interessante. – E Gael ergue uma sobrancelha, descrente de que essa seja a verdade. – É sério, eu estou sempre trabalhando ou fazendo algo relacionado com meu trabalho, seja fotografar ou responder e-mails da marca da minha irmã, ou no restaurante do meu pai fotografando e criando conteúdo para o site.

– Você está sempre fotografando. Mas em algum momento você é fotografada?

– Profissionalmente quase nunca, enquanto trabalho ou estou distraída quase sempre. – A casquinha e o sorvete já estão no final.

Levanto-me e me sirvo sozinha. Dessa vez, opto por pegar uma colher e um pote com sorvete de chocolate vegano. Me dou conta de que temos muito sorvete, então guardo os potes no frigobar. Quando me viro de novo para a cama, flagro Gael próximo dos meus equipamentos fotográficos.

– Só lave a sua mão antes de tocá-los – peço. Não vou bancar a chata e falar para ele se afastar, se ele tem a curiosidade de ver melhor as lentes privilegiadas de capturar momentos com carros velozes e pilotos com emoções à flor da pele, eu vou deixá-lo.

– Ok. – Ele vai e volta do banheiro rapidamente, e ergue as mãos para que eu possa inspecioná-las. Dou de ombros e volto a comer meu sorvete. – Você sempre leva todas para o circuito?

– Normalmente sim. Eu altero entre uma câmera e outra dependendo de onde estou e do que estou fotografando. As lentes maiores eu uso para a ação na pista, as menores ficam mais para bastidores porque eu estou mais próxima dos objetos. – Assisto enquanto ele manipula o corpo da câmera que mais uso. – Essa daí é a minha favorita: eu a uso tem dois anos, meus melhores registros acontecem nela.

– Qual você escolheria se tivesse que tirar uma foto agora? – Ele aponta para a bolsa com as lentes, e eu sorrio.

– A menor delas, no cantinho ali – indico. Percebo a naturalidade dele ao encaixar a lente e ligar a câmera. – Você já fez isso antes?

– Algumas vezes. Posso colocar no automático?

– O que você vai fotografar?

– Você – ele sussurra, e tira uma foto aleatória para testar o resultado. – Acho que o automático vai servir.

Acho que estou chocada demais para reagir quando Gael se aproxima da cama, a câmera ocultando boa parte de seu rosto, a lente direcionada para mim. Desvio a minha atenção dele. Sinto as minhas bochechas queimarem, meu coração disparar em ansiedade. Deixo o sorvete de lado e uso minhas mãos para esconder meu rosto.

– Não finja que você não gosta, Pêrrí.

Gentilmente, Gael afasta as minhas mãos do meu rosto. Ele dá alguns passos para trás, eu aproveito a oportunidade para ir ao banheiro lavar as mãos e o rosto sujos de sorvete. Se ele quer me fotografar, que pelo menos eu esteja decente nas fotos. Volto ao quarto e me sento no meio da cama.

Eu nunca estou do outro lado da lente desse jeito. Se tenho alguma câmera apontada para mim é porque estou fazendo o meu trabalho e eu não sou necessariamente o foco, apenas a pessoa transmitindo a mensagem. As poucas vezes que servi de modelo para Harriette, o foco era a roupa que eu vestia, e não o meu rosto ou as minhas expressões. Com Gael brincando de fotógrafo, me questiono se deveria deixá-lo me guiar.

Corrijo a minha postura, mas automaticamente desvio o olhar. Não sei o que fazer, não sei que tipo de registro ele quer produzir. Uma parte do colchão afunda e a presença de Gael se torna mais evidente ao meu redor.

– Olhe para mim, Pêrrí.

– Gael, eu... – Seus olhos verdes estão tão brilhantes que eu esqueço o que ia falar.

Com a câmera de lado, Gael inclina o rosto e sorri. Quero tomar a câmera dele e fotografá-lo, mas isso apenas desviaria a atenção dele por poucos minutos. Eu deveria ter percebido antes o quanto ele atrai a minha atenção mesmo sem se esforçar. Talvez fotografá-lo fosse a minha desculpa para passar horas admirando a beleza crua dele.

Sorrio para ele, um pouco mais confiante de como me portar como uma modelo. Espero Gael registrar o meu rosto algumas vezes antes de me levantar, alcançar meu celular e colocar a minha lista de músicas favorita para tocar. Ele me segue, a lente da câmera substituindo o verde de suas íris e os traços marcantes de seu rosto.

Tenho consciência do quanto organizar as minhas coisas pode ser uma tarefa chata, mas preciso esquecer o que está acontecendo para não me sentir tímida ou intimidada. Vez ou outra eu olho em direção a ele, sorrio e volto para a minha mochila.

Assim que ela está arrumada para o dia seguinte, eu abro a porta para a varanda e puxo Gael comigo. Começo a me sentir mais confortável com a câmera apontada para mim, aposto até em algumas interações com Gael para que os registros não sejam apenas completamente posados.

Envolvida demais no meu momento e me esforçando para não me intimidar com a câmera, levo minha mão ao rosto e mordo a pontinha do meu polegar.

– Você tem um belo sorriso, Perrie – ele elogia por trás das lentes.

– Obrigada. – Abaixo a minha mão na hora e sorrio. – Está se divertindo?

– Sim. E você?

– Nunca tinha fotografado assim antes. – Ele afasta a câmera do rosto e sorri, satisfeito com seu trabalho. – Tem certeza que essa é a sua primeira vez modelando? Porque parece natural.

– Posso ver as fotos? – desvio do assunto.

Gael estende o braço para me entregar a câmera, mas ele volta atrás antes que eu toque o equipamento.

– Eu quero uma cópia dessas fotos, todas elas. Você não precisa editá-las nem selecioná-las, eu quero cada foto e eu saberei se você apagou alguma.

– Contanto que você as guarde para si, por mim tudo bem. – Tomo a câmera dele. – Eu as envio amanhã, pode ser? Estou exausta.

– Perfeito. Agora vamos voltar lá para dentro, está muito quente aqui fora e você teve um longo dia.

Ele passa o braço ao redor do meu corpo e me guia até o quarto. Beijo-o diversas vezes, primeiro a pele de seu pescoço, depois os ângulos afiados de seu rosto, culminando em seus lábios. Aproveito este momento de privacidade tão raro para nós da melhor maneira que posso.

Gael retribui, a tensão que ele sentia mais cedo se dissipa aos poucos, as mãos dele acariciam meu corpo, elas vagam pela minha pele quente e sobre as curvas que normalmente passam despercebidas quando se trata de carícias mais íntimas. Eu faço o mesmo, criando uma conexão além de nosso beijos e palavras, meu toque percorrendo os músculos e a pele eletrizante dele.

Nos desfazemos de nossas roupas, nos aproximamos diversas vezes. Eu envolvo o tronco dele com meus braços, impedindo que ele vá longe, que a sensação de vazio colida contra o meu corpo, que ele desapareça diante dos meus olhos. Sinto o prazer tomar conta de mim enquanto minhas inseguranças desaparecem do meu entorno.

Aconchego-me ao lado de Gael, fecho meu olhos e caio no sono enquanto sinto os dedos dele subindo e descendo pelas minhas costas.

++++++

É estranho, mas satisfatório acordar ao lado de Gael.

Desejo parar o tempo para observá-lo enquanto ele dorme de bruços, os fios dourados se espalhando por seu rosto, alguns raios de luz tocando a sua pele, a respiração profunda. Porém não tenho tempo, meu despertador não tocou e eu preciso me arrumar, tomar café e ir para o circuito com o transporte oferecido pela equipe.

Saio da cama cuidadosamente, confiro meu celular e faço a minha rotina matinal. Saio do banheiro com uma toalha ao redor do meu corpo e dou de cara com Gael se espreguiçando, o lençol não cobrindo mais nenhum pedaço de sua pele.

Bonjour, Enric.

Bonjour. – Ele recolhe sua roupa da cadeira e amassa a embalagem do preservativo, arremessando-a no lixo. – Por que você não me acordou?

– Eu ia fazer isso agora. – Pego uma muda de roupa limpa e volto para o banheiro. – Estou um pouco atrasada hoje. Eu achei que meu despertador fosse tocar, mas ele me deixou na mão e o motorista deve chegar em meia hora.

– Então eu também tenho meia hora para me preparar. – A voz dele fica mais alta do outro lado da porta. – O que você quer de café da manhã?

– Não se preocupe comigo – digo enquanto fecho o zíper da minha calça e ajeito meu sutiã. – É sério, não estou com fome, e ainda tem sorvete no frigobar.

– Sorvete não é café da manhã, Pêrrí.

– Mas é o que eu tenho para hoje! – Visto a blusa soltinha e sem mangas laranja, confiro se meu cabelo está bem preso e abro a porta do banheiro. – Eu vou ficar bem, sempre tem alguns pãezinhos lá na garagem.

Puxo gentilmente o rosto de Gael e o beijo. Tenho que aproveitar esses pequenos momentos antes de voltar a ser a Perrie Michelle jornalista. Ele não desfaz a expressão dura nem quando o beijo pela segunda vez. Deixo-o parado sozinho e vou até a mesa conferir se tenho tudo o que preciso para trabalhar hoje.

– Você deveria ir se arrumar. Se o Ziwak estiver na pista hoje de novo e você se atrasar, ele vai fazer da sua vida um inferno – digo.

– Já quer se livrar de mim, Michelle? – Gael passa os braços por minha cintura e impede que eu continue o meu trabalho.

– Eu não quero que vocês briguem, não sei se faria bem para o time. – Viro a cabeça, e recebo um beijo casto dele na minha bochecha. – Nos vemos mais tarde?

– Não se esqueça das fotos. – Ele aperta minha cintura sobre o tecido da minha blusa. – Até mais tarde.

– Até!

Fecho a mochila, pego um potinho de sorvete de baunilha com nozes, respondo alguns e-mails pelo celular mesmo e confiro a minha agenda do dia. Com todos os assuntos mais urgentes solucionados, checo a minha aparência no espelho, saio do quarto e tranco a porta. Tenho tempo apenas para pegar o elevador, colocar meus fones de ouvido e dar as últimas colheradas no sorvete meio derretido.

Livro-me do potinho de plástico assim que chego na recepção, passo no banheiro para limpar a minha boca e sigo em direção à entrada do hotel, onde um carro deve estar me esperando.

Mas em vez do SUV preto dos últimos dias, encontro o carro esportivo prateado e seu motorista francês. Gael desencosta do carro ao me ver.

– Você é a minha carona? – questiono-o, levemente surpresa.

– Sim. – Ele abre a porta do carro e me entrega uma sacola de papel. – Tem alguns pãezinhos aí, e eu comprei café para você.

– Muito obrigada, mas não precisava. – Espio o conteúdo da embalagem e sinto meu estômago resmungar. Como eu pude achar que sorvete me sustentaria?

Ele dá a volta no carro e entra, eu faço o mesmo e ajeito a minha mochila no espaço atrás dos nossos bancos. O motor do carro ganha vida, o rádio transmite uma das minhas músicas favoritas, e o meu motorista não está tão falante como eu esperava.

– Espera, você dispensou o meu transporte naquele dia? – questiono. Tomo mais um gole do café e sinto as engrenagens na minha cabeça acordando.

– Quando?

– Quarta-feira. Foi você, não foi?

– Aham. Mas não se acostume, você não terá nada disso quando todos os olhares estiverem voltados para mim – ele sorri, ciente de que tudo mudará assim que pisarmos no paddock pelas próximas semanas.

– Só espero que você dê boas gorjetas para o pessoal do hotel que tiver que me entregar os presentes misteriosos – retruco.

Gael ri e vira o rosto na minha direção.

– Você ainda tem muito o que aprender sobre mim, Pêrrí.

– Jantar hoje? – convido-o.

– Eu te encontrarei no seu quarto.

Apoio a cabeça contra o encosto do assento, tentando encontrar uma maneira de descrever o burburinho no meu peito e o sorriso em meu rosto. Mas desisto no meio do raciocínio, porque sinto que não preciso colocar em palavras o que sinto para tornar real.

Eu só preciso aproveitar o caminho.

———
Olá, amantes das corridas!

Capítulo novo, capa nova (Wattpad tirou um pouco da qualidade da capa, mas vida que segue)!

Peço mil desculpas pela demora: a faculdade ocupou todo o meu tempo e não tive como finalizar o capítulo para o dia que eu tinha prometido. E na última semana, eu tive uns problemas de saúde, e agora meu pai positivou para COVID (ele está bem, quadro leve, ele tá vacinado).

Mas aqui está! Garrie demorou a acontecer, mas agora SÓ OS MIMOS PRA GENTE!

Cuidem-se!
Amor,
Isa

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