Possesso
"Já que sou, o jeito é ser..."
- Clarice Lispector.
O capítulo já vai começar a todo vapor, apertem os cintos!
Já avisando que terá múltiplos pov's.
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Ricardo.
Acabara de acordar, eram dez horas, estava um pouco atrasado acho. Ia dar bom dia para Emma e ver como Logan se sentia. Ele exagerou na bebida anteriormente.
Vesti uma camiseta de malha cor roxa, uma calça jeans preta e meu sapatênis marrom escuro. Sai do quarto e meus olhos pararam automaticamente em algo que eu não esperava. Guzman na frente do quarto de Emma — ela de camisola rosa clara, baby doll para ser mais exato. Conversando com ele, parada na porta. Aqueke desgraçado passou a noite com ela, tive certeza!
A ira me deixou cego.
– Até outro dia francesa. – Ele disse em tom baixo e com um sorriso de malicioso e convencido. Eles ainda não tinham me visto. Consegui ouvir pois fiquei perto o suficiente.
– Até outro dia Gu. – Ela pronunciou com felicidade no olhar e a expressão leve, deram um selinho e ele foi embora. Emy fechou a porta entrando no quarto. Algo em mim, rugiu com revolta dentro do peito.
Meu amigo me apunhalou pelas costas, Emma iria ser minha, nem ele, nem Logan vão roubá-la de mim. Iria garantir para que ele nunca mais aparecesse na frente dela. Desgraçado cínico. Sabia que estavam tendo algo a mais, só não pensei que chegaria tão longe. De qualquer modo seria a última vez.
Ligação:
— Escuta seu inútil, mas escuta muito bem porquê eu te pago pra isso!
— Pode falar chefe.
— Uma Van, um coreano, já sabe o que tem que fazer, mando a localização.
— Para ontem chefe. — Ouvi o barulho de papel sendo riscado ao fundo.
...
Desliga.
A ordem já estava dada, eu não sujava minhas mãos, não diretamente.
Guzman.
Assim que sai do hotel, pensei estar sendo observado, mas deveria ser coisa da minha cabeça.
...
Três quadras abaixo do hotel, continuei convicto mais ainda que estava sendo seguido, espero não estar certo. Peguei meu celular para discar o número do meu pai. Algo cobriu minha visão num flash tão rápido quando a luz se dissipou, deixando tudo escuro, senti mãos agarrando meus pés, não conseguia gritar pelo pano estar abafado em meu rosto. Minha cabeça bateu em algum lugar e eu não vi mais nada.
..........
O ar invadiu novamente meus pulmões e uma luz forte atingiu meus olhos.
– Acordou coração? – Tal voz soava familiar.
– Ricardo? – Perguntei e só então percebi estar amarrado, os pés e as mãos, em uma cadeira velha.
– Eu vou ser bem claro. – Ele arrastou uma cadeira e senta de frente para mim e com a cabeça da cadeira virada do lado contrário. Mantendo a expressão sombria nos olhos.
– Você dormiu com a Emma? – Seu olhar claramente doentio.
– Por quê você quer saber disso? O que deu em você? –Não tenho medo de encará-lo. Debati o corpo tentando me soltar.
– Dormiu ou não? –Recebi um soco no rosto, covarde, não pude me defender e por isso ele se aproveitou.
– Se você quer tanto saber, sim eu dormi! E o quê você vai fazer a respeito? Seu maluco! – Cuspi o sangue da minha boca. A pancada doía. Ricardo sorriu se deliciando com minha situação.
– Pensei que você era meu amigo coração. –Ele saiu da cadeira e veio para trás de mim. Cada passo mais perigoso do que o outro. Imprevisível. Tomado pela possessividade sem fundamento.
– Isto não te dá o direito de mandar da minha vida sexual, muito menos a da Emma! Seu psicopata! –Gritei para que ele me ouvisse claramente. Desafiando a sorte. Ou a piedade dele.
– Vou dizer uma única vez, não quero questionamentos ok? – Ricardo saiu e voltou com uma arma de choque. Tremia a cada movimento sob sua palma.
– Ricardo olha o que você está fazendo! – Tentei fazer com que ele caísse em si. Insano.
– Emma Myers vai ser minha e de mais ninguém, nem você e muito menos Logan irão entrar no meu caminho, no meu relacionamento! Está avisado. -Ricardo aproximou a arma do meu corpo e apertou o botão. A sensação foi terrível, o choque, a dor. Não evitei chorar de desespero. Ardência. Não contente, ele repetiu várias vezes. Até que não tive mais forças, meu corpo todo entrando em colapso por causa dos choques. Tortura.
– Eu não quero que você chegue perto da Emma, NUNCA MAIS na sua vida miserável! –Ele gritava em meu ouvido, sem se importar com meu corpo aquele estado e a probabilidade de que eu viesse a morrer. Ricardo não ia aturar meu desaforo e muito menos minha contradição contra si.
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Ricardo. Pov
De volta ao hotel, Emma devia estar tomando café, ajeitei minha camisa no pulso e fuiaté a área de lazer onde tomamos café ontem.
– Emy, bom dia. –Esfreguei levemente suas costas e recebi um sorriso em resposta.
– Bom dia, dormiu bem? –Claramente ela estava feliz.
– Muito bem e você? –Cumprimentei Malcom do outro lado da mesa.
– Maravilhosamente bem. –Seu suspiro maravilhado me comprovou que foi por causa daquele filho da puta. Ah!
... Emma, você ainda sentiria essa sensação comigo. Custe o que custar.
– E o Logan? –Ela bebeu um gole de café.
Provavelmente Logan estava se recuperando de una ressaca ou drogado o suficiente, para não conseguir acordar tão cedo. O vício dele, estava me fortalecendo.
Era raro vê-lo estar sóbrio ultimamente, o vício estava o consumindo vivo.
Peguei algumas frutas e um pouco de água.
– Deve estar se arrumando, ele nunca se atrasa. –Virando a cabeça pro lado, achei Lo entrando na área de lazer enquanto se espreguiçava e emitia leves gemidos de quem acabou de acordar. Ele ainda vestia seu pijama.
– Não trocou de roupa? Já vamos sair daqui a pouco para a agência. –Ele nos olhou como se fossemos bichos de outro planeta e deu de ombros. O quê estava havendo com ele?
– Me arrumo em dez minutos, só vou pegar um pouco de café e algo pra encher a barriga. – Emma nem sequer o encarou, ótimo para mim, prefiro mil vezes os dois afastados e eu, mais próximo dela a cada dia. Quase sorri não contendo o contentamento.
Ele sentara ao lado dela e perto de Malcom, cochichou algo no ouvido da francesa enquanto se ajeitava na cadeira. Suas olheiras estavam bem fundas e seu cabelo todo espalhado. Soltei um grunhido involuntário de incômodo.
– Estarei esperando vocês no carro. –Emy e eu assentimos. Logan parecia ter ligado o foda-se para tudo à sua volta.
Logan. Pov
Hoje acordei e decidi que não vou me importar muito com as coisas, afinal minha cabeça está girando igual uma montanha russa desgovernada, meu corpo dolorido e além de tudo me lembro da vergonha que passei ontem na porta da Emma. Pedi desculpas agora usando da primeira oportunidade que tive à ela.
– Será que podemos conversar hoje? –Perguntei com a cabeça apoiada na mão que estava sob mesa, encarando ela.
– Para de me olhar assim. –Ela pediu envergonhada.
– Assim como? –Realmente só estava admirando seus traços. Sua beleza angelical.
– Não temos que conversar, se sua intenção é pedir desculpas, seja sincero, não só porquê sua consciência está pesando, preciso ir porquê Malcom está esperando.
–Ela se levantou e deixa o guardanapo na mesa. Ricardo já foi, só estamos nós aqui.
– Vai ir de pijama? Não irão te levar muito a sério. –Ela soltou um sorrisinho. Por mim eu ia de pijama, mas infelizmente não dá.
– Ultimamente não estou ligando muito, mas vou trocar. –Seus olhos se reviram levemente e ela saiu andando tão elegante e bela como sempre fora. Ajeitei as coisas que usei e fui pro meu quarto.
Mensagem de Ricardo.
(Eu consegui fazer com que você não leve um processo por agressão).
(Obrigado, mas eu não ligaria de pagar um processo, valeu a pena ter dado um soco naquele besta).
(*emoji de olhos revirando* você precisa se ajeitar).
Desliga.
Ricardo querendo me dar sermão, isso era estranho. Escolhi uma camisa social preta, calça social da mesma cor, sapato do mesmo jeito e preto também, preto é a cor mais viável para as pessoas. Tá triste? Usa preto, tá com raiva? Usa preto, feliz? Coloca preto. É isto que eu acho.
...
Entrei no carro e fico do lado da janela, Ricardo já está do lado dela que também estava na outra janela, parece conectada com o seu interior, nem percebeu que eu entrei.
Não demorou muito para chegarmos, o local é bem arrumado. Descemos do carro e entramos um atrás do outro, os responsáveis pela negociação nos cumprimentam e logo guiaram até a sala. Sentamos e aguardamos mais alguns deles para começar.
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Após falarmos nossos pontos de vista e os fatores mais importantes, o dono da agência propôs um gráfico para indicar os lucros que possivelmente obteremos.
– Emma. –Chamei sua atenção porquê parecia estar viajando em nárnia, com o olhar vago.
– O que é? –Ela contestou, um pouco brava por eu ter chamado sua atenção.
– Está é a parte mais importante, você está aérea demais. –Ponderei isto pelo bem dela.
– A noite foi muito boa, talvez seja por isso. – Ela balançou a cabeça levemente e esfregou a mesma com os indicadores.
– Depois que Guzman saiu do seu quarto, percebemos. – Deixei escapar, confesso que não me agradava nada saber daquilo.
– O quê você está querendo insinuar? –Ela ficou com raiva e eu, só disse o que veio à mente.
– O óbvio Emma, não precisa disfarçar a mulher que você é. –Recebi um tapa no rosto tão forte que o estalo ecoou por toda sala. A decepção nos olhos dela, era visível.
– Licença senhores, preciso pegar um pouco de ar. –Ela disse, ajeitando o blazer e me fuzilando com os olhos, meu rosto ficou ardendo e todos me encaram incrédulos, Ricardo também.
– Foi um pequeno desentendimento. –Balbuciei colocando a mão no local do tapa, dolorido.
A reunião termina porquê já estava passando do horário e Ricardo bem atrás de mim e Malcom atrás dele.
– O que você disse a ela? –Sua voz saiu como se eu fosse seu filho precisando ser repreendido.
– Para levar um tapa da mulher mais educada e gentil que já conheci, não deve ser sido coisa boa não é? –Malcom estava decepcionado com minha atitude, mas sua opinião não me importava agora.
– Apenas que sei, que o seu amigo passou a noite com ela. –Puta que pariu, esse tapa foi tão forte que meu maxilar ainda estava doendo.
– Mas, isto não te diz o respeito né Logan. Deveria ter ficado quieto. –Ricardo revira os olhos e entra no carro impaciente. Virou defensor das mulheres agora.
– Ricardo troca de lugar comigo por favor. –Emy pediu, obviamente se referindo ao fato de que eu iria sentar perto dela. Ele obedeceu feito um cachorrinho e ficamos os três atrás, Emma na janela, eu na outra e Ricardo no meio. O clima pesado feito uma bigorna.
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