Criança com Medo
Logan. Pov
Por muito tempo eu tentei ajudar meu pai a ser bondoso, perdoava todas as vezes que ele me xingava e maltratava minha mãe. Depois eu percebi que era em vão, mas isso me fez mais forte com o tempo. Criei um escudo fortíssimo depois que ele sumiu sem deixar rastros. Abandonando meus irmãos e eu. A mercê do universo ser agradável ou não conosco.
Flashback.
– Pai, por favor não faz isso. –Pedia já prevendo outra surra.
– Eu não te disse que queria que se afastasse daqueles moleques? NÃO TE DISSE?! HEIN SUA PESTE. –Ele agarrou meu cabelo com toda a força e me jogou na parede. O impacto fez com o que eu caísse no chão dolorido.
– Leonel para!!! –Minha linda mãe partiu em minha defesa e tentei segurar o braço dele para que não a ferisse. Era frágil em comparação à ele.
– Sila me solta! –Ele gritou e conseguiu soltar o braço das mãos dela, pegou o cinto e comecei a sentir as costas arderem a cada golpe. Tudo foi virando um borrão doloroso. Traumatizante.
– Ele só estava brincando! –Minha mãe implorava que Leonel parasse, puro desespero.
...
– Vai aprender a me respeitar! –Cansado de movimentar a cinta — ele me puxou para ficar de pé pelos braços e me joga no chão novamente — me dando chutes e por fim um soco na cara — minha mãe foi colocada para fora por ele na intenção de não deixá-la me socorrer — mas Sila não saiu de trás da porta. Chorou por horas e implorou que a deixasse entrar e amparar seu doce menino indefeso e ferido.
De volta ao presente.
Senti uma leve cutucada e acordei das minhas lembranças.
– Vai na viagem da comissão? –Ricardo toma um gole de seu capuccino. Entediado feito uma rocha.
– Está bem aéreo meu amigo, o quê foi? –Ele apontou pro meu pedaço de bolo intocável.
– Nem tocou no seu bolo. –Dei de ombros desinteressado.
– Estava lembrando de uma das surras icônicas que Leonel me deu. –Ricardo engasgou com o capuccino violentamente.
– Você sabe que eu não falo com seu pai... mas deveria perdoa-lo. –Bato em suas costas para que ele se recupere.
– O perdão só é concedido por quem realmente se importa em merecer. Não é o caso do Leonel.
– Quase morri, misericórdia. –Ricardo dera um suspiro emitindo um som dramático, ele era um tanto exagerado.
– Já pensou que ele pode tentar tirar a guarda do Samuel de você? Afinal ele é o pai. –Eu não havia pensado na probabilidade, Ricardo tinha razão. Tal aproximação repentina podia ter o intuito de armar para cima de mim. Vigarista barato, fingido.
– Se precisar de mim... um bom advogado, conheço muitos bons. Conte comigo. –Ele bebericou o último gole do seu capuccino e levantou do banco giratório que estava.
– Tenho que ir para a sala do Malcom, ele vai falar sobre a viagem, te espero lá. –Deu leves tapas na minhas costas e se foi apressado.
Espalmei o balcão com raiva, iria cortar as asinhas do Leonel antes que levantasse voo.
Ligação.
– Logan, vou sair com um amigo, ok?
– Tá Julian, mas me diz, vai voltar muito tarde?
– Não sei, só estou avisando pra não ficar me esperando pra jantar e por causa do Samu.
– Ok, não beba muito.
Julian suspirou insatisfeito.
Desliga.
Parti para a dentro da empresa, entrei na minha sala após cumprimentar Gisele e os outros. Avistei Emma deitada na mesa, como deitamos em uma mesa de escola. Me aproximei e ela levantou a cabeça sutilmente.
– Logan, eu não te vi entrar. –Disse com a voz bem baixinha. Seus lábios estavam pálidos e o olhar vazio.
– Acho que vou tomar um pouco de água. –Ela se levantou devagar e seguiu para a porta, suas pernas falharam e como eu estava perto — a peguei rapidamente antes de seu corpo atingir o chão.
– Emy! –Chamei na tentativa dela me responder, mas parecia ter perdido a consciência. Precisei pedir ajuda.
– Ajuda! –Gritei a todos pulmões ao sair da sala com seu corpo leve em meus braços, ela se tornou mais pálida ainda.
– O que houve? Chame a enfermeira! –Ricardo gesticulou à Malcom e como o próprio passava no corredor, veio até mim ver ela. Seus olhos escuros estremecerem ao ver a bela mulher desmaiada. Como se tivessem lhe tirado a base sólida.
– Cheguei na sala e ela estava estranha, disse que iria tomar água e desmaiou na porta. – Balbuciei tentando não fazer as palavras saírem tão falhas.
– Vou pegar algodão e álcool. –Ele correu na direção da sua sala que era um pouco a frente da minha.
– Aqui, coloque debaixo do nariz dela rápido! –Ricardo entregara o algodão e tentou fazer Emma acordar com o cheiro, passando sob o campo das narinas dela.
Malcom chegou com a enfermeira e um auxiliar, deitei Emy no chão — me afastei para que eles prestassem o devido atendimento.
– Ela vai ficar bem, deve ter sido uma queda de pressão. –Ricardo apoiou a mão no meu ombro ofegante. A tensão nos rondou e os segundos a seguir parecem um século para minha preocupação.
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Emma. pov
Antes de chegar na empresa, estava tentando ligar pra Raven e saber dela e de Lilian, mas ela não me atendeu, isso começou a me agonizar — o que desencadeou a crise, quando cheguei na empresa — não aguentei, tive que me render. Não tem como controlar ou fugir. Resisti por mais tempo que pensava conseguir.
– Emy, Emy. – Escutei uma voz familiar e abri os olhos devagar. Ainda confusa e zonza.
– Como está? Se sente melhor? –Agora vi que se tratava de Ricardo, ele estivera segurando minhas mãos, que se encontravam geladas.
– Foi uma crise de ansiedade. Mas já estou melhor. –Ele deu um sorriso amigável e foi até o filtro pegar água e por açúcar para mim. Mal sabia onde estava direito, minha mente girando, e girando.
– Pensei que tivesse tido uma queda de pressão ou algo assim. –Logan disse e se virou para mim, ele estava de costas olhando pelo vidro que dá visão ao estacionamento mais distante.
– Aqui está querida. –Ricardo me entregou a água com açúcar — não estava conseguindo falar muito por conta do desmaio, então apenas agradeci com um sorriso fraco. Totalmente perdida e imersa no acontecimento passado.
– Você toma medicamentos Emy... Quero dizer, Emma. –Logan se direcionou até cadeira à minha frente. Parecia preocupado e hesitante ainda. Os ombros rígidos e a postura pesada.
– Sim, eu me medico antes de vir e a noite, mas elas sempre vem e me acertam em cheio, de repente. –Terminei a água e me levantei para jogar o copo fora, mas minhas pernas falharam, Ricardo me amparou segurando minhas mãos.
– Ainda não Emy, você está voltando, mas ainda não está cem por cento. –Voltei a me sentar e suspirei fundo. Tinha que lhe dar ouvidos pois tinha razão.
Um fio gelado engolia meu estômago.
– Quer conversar sobre isso? –Logan me perguntara com o olhar acolhedor e cuidadoso.
– Ainda não estou preparada. –Ricardo acariciou meu cabelo com delicadeza votos do a se aproximar.
– Eu tenho ótimos psicólogos e terapeutas muito confiáveis, qualquer hora que precisar... eu lhe dou o contato deles e te ajudo. Conte comigo Emma. –Logan pôs sua mão sobre a minha agachado na frente dos meus joelhos trêmulos e insustentáveis.
– Conte comigo também. –Eles se olharam com confiança e percebi que o clima se tornou mais leve por minha causa... talvez. Ufa.
– Precisa falar com Malcom, ele merece uma justificativa. — Balbuciei nervosa.
– Você precisa descansar, Malcom sabe que você passou mal, não se preocupe. –Me encontrei mais aliviada por saber disto, admito.
– Preciso voltar a minha sala, mas qualquer coisa me chame Emy. –Ricardo depositou um beijo leve em meu rosto e eu afirmei com a cabeça agradecendo. Ele se foi sem dizer mais nada.
– Se precisar de mim, me chame. –Logan disse e eu sorri fraco, prestes a desabar no choro. Ao solta minhas mãos me senti solitária naquele grande corredor. Porém sabia que se preocupava... Mais do que imaginava talvez.
Ele saiu da sala a passos calmos.
– Que droga Emma Myers! –Berrei comigo mesma e não consegui impedir as lágrimas virem como uma enxurrada. Estava muito mal. Queria gritar, espernear e agredir a mim mesma.
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