Raven.

Estava um tanto brava com a Emma, pois ela não me ligou até agora, Natasha me contou o que aconteceu, fiquei extremamente preocupada, ela é minha irmã, jamais a abandonarei.

Alguém bateu na porta.

Coloque minhas pantufas rosas e ajeito o cabelo. Abro a porta e me deparo com quem eu menos espero ver em situações assim.

– Mãe? –Ela deu uma sorriso forçado e entrou.

– Vim ver minha neta. –Era inacreditável que ela tratasse Emma como algo insignificante em um dos piores momentos da vida dela.

– Sua neta está bem, porque ela sim tem uma mãe para cuidar! O que a senhora realmente veio fazer aqui?
–Admiti que estava exaltada.

– Eu já disse, até porque você sabe muito bem que esses shows que sua irmã da, são para chamar a atenção, coisa da cabeça dela. –Era impressionante como ela consegue ser assim, tão fria e cruel.

Lilian vem do quarto e estendeu os braços toda feliz, para que ela a pegasse.

Ligação.

– Alô?

– Raven, sou eu. –Reconheci a voz do Camillo.

– Senti falta de ouvir sua voz. – Ouço um suspiro demonstrando felicidade.

– Aconteceu alguma coisa? -Pergunto mexendo em meus cachos.

– Na verdade não, só queria acordar com o som da sua voz. –Ok, isto me fez sorrir, admito.

– Acabei de ter uma ideia. – Disse, imaginando seu sorriso.

– Eu topo tudo. – Ele e eu, estávamos entregues ao charme que nos conecta.

– Quer vir almoçar aqui? -Talvez tenha pegado ele de surpresa.

Silêncio.

– Posso te pedir um grande favor? -Afirmo que sim com um resmungo. Ele parece nervoso.

– Meus irmãos podem ir junto? Prometo que irão se comportar.

– É claro que sim, eles podem brincar com a Lilian, estarei te esperando. Já tem meu endereço.

– Até logo Ray. –Sua voz estava mais calma e "doce".

Desliga.

Minha mãe estava me encarando como se eu fosse uma aberração.

– O que é? –Perguntei irritada.

– Você vai tornar isto aqui uma creche? Mal sabe de onde ele vem não é? Porque tem um dedo tão podre para homem? Me diga Raven. –Ela gostava de tocar na minha ferida, vulgo Alan.

– É melhor não tocar nesse assunto, eu odiaria ter que agredir minha própria mãe. –Fiz sinal para Alisson pegar Lilian e levar para o quarto. Aquele não era um bom diálogo para que minha filha ouvisse.

Ela pega o celular e olha a tela.

– Cigano? Você está se envolvendo com gente desta laia?! O que tem na cabeça?

Tomo meu celular da mão dela com grosseria.

– Você não é ninguém para falar de crimes, abandono de incapaz é crime sabia? O que você fez conosco, foi bonito? Se não fosse meu avô, estaríamos debaixo de uma ponte! Então se coloque no seu lugar.

– Emma não me trata assim...

– Eu não sou a Emma! Ela ainda te perdoou pelo que fez, mas, eu não vou esquecer! –Estava de frente com ela, batendo de frente com minha própria mãe.

– Não quero seu perdão, muito menos seu amor, o da minha neta já me basta. –Seu olhar cínico me contesta. Por trás desses olhos azuis puxados para um verde esmeralda, tem muita ruindade.

Mensagem para Emma.

Estou zangada com você mocinha.

Digitando...

Me perdoa, eu não queria te dar trabalho e nem que ficasse triste, tem a minha pequena para cuidar, a gastronomia, não quero que pare sua vida.

Você é muito importante para nós Emma, eu te amo demais, nem imaginaria te perder e estar longe, quando acontecer algo assim, não hesite em me ligar, não importa o horário ou qualquer outra coisa, você jamais será um peso para mim.

Ela provavelmente está chorando agora.

Tenho muita sorte de ter você como irmã, eu te amo Ray, você e a Lilian são tudo para mim.

Queria poder estar ao lado dela para abraça-lá.

Quem te levou para o hospital?

Digitando...

Foi o Logan, a Naty ligou para ele, depois que eu enviei o número. Ele é um anjo. Está comigo aqui, deixei ele descansar.

Acredito que ela esteja se apaixonando, ou já está, tenho este pressentimento.

Vou preparar o almoço, me liga depois, quero conversar melhor.

Está bem, estou medicada, preciso descansar também.

Se cuida, eu te amo, não esqueça disto.

Desliga.

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Me abalou demais o jeito com que Emma contou sobre a sua tentativa de acabar com seus problemas. Queria tanto estar perto, poder conforta-lá, a ideia dela ir para outro país sem ter ninguém, não entrou na minha cabeça, agora tenho a confirmação de que Emy precisa confiar o máximo possível em alguém.

Campainha toca.

Abro a porta e encaro um dos rostos que mais gosto de ver, o do Cigano.

Recebo um abraço e retribuo na mesma emoção.

Raven vem do quarto correndo e para na frente dele, o encara de baixo para cima como uma grande escultura.

– Esse é o Camillo, amigo da mamãe, filha. –Coloquei a mão em seu cabelo cacheado cheio e ela, se colocou na frente da minha perna.

– Você é a cópia da sua mãe, tão linda quanto ela. –Ele sorriu levemente sem tirar os olhos de mim. Isto me deixa com um calor no rosto, incomparável.

Fecho a porta e indico o sofá.

– Está é minha mãe, Helena. –Apresentei ele a mesma, que não se disponibilizou ao menos para levantar do sofá.

– É um prazer senhora. –Ele faz movimento leve com a cabeça e ela sorri forçado.

– Alisson, este é o cigano. –Apresentei minha pequena grande pessoinha.

– Eu cuido da Lilian para Raven. –Ela aperta a mão dele e ele se senta. Minha mãe se retira e vai para algum canto da casa. Mal educada.

– Vocês moram juntas Ray? –Neguei com a cabeça. Sento ao seu lado e Lilian no meu colo.

– Às vezes ela dorme aqui, mas mora com os pais. –Alisson sorriu feito criança, era uma garota muito bondosa e amável.

– Aconteceu algo? Sinto que não está muito bem. -Ele sussurra em meu ouvido.

– Alisson, pode ver a lasanha por favor? –Ela faz que sim e vai para a cozinha, Lilian sai do meu colo e vai atrás dela.

– Minha irmã, tem crises de ansiedade e isto está prejudicando muito ela. Tentou suicídio ontem. –Tentei não me emocionar, mas, foi difícil conter o choro, me sinto um tanto culpada por não poder ajudá-la.

– Eu sinto muito Ray, a culpa não foi sua, não se sinta culpada. –Com suas mãos grandes e finas, ele encosta minha cabeça com leveza em seu peito, é reconfortante ter alguém para chorar.

...

– Sua mãe parece não ter gostado muito de mim. –Ele cochicha para que ela não ouça.

-– Ela não gosta de ninguém além de si própria. – Falei soltando um sorrisinho, gostava de brincar com relação à isto, melhor do que me lamentar.