o1. você foi chamada de
volta à top gun !

Desde o início dos tempos, existe uma instituição que vem ensinado o 1% de todos os melhores pilotos e seu RIOs, como combater e navegar um jato e a defender seu país, e desde o início dos tempos, ela vem conseguindo, trazendo mais um grupo de jovens curiosos, com sangue de fogo e coragem no coração, para passarem três semanas treinando e se aprimorando cada vez mais, conhecendo seus próprios limites e os ultrapassando até que virassem os melhores combatentes aéreos do mundo.

O nome dessa "academia" é Escola de Combate Aéreo. Os pilotos a chamam de Top Gun.

Top Gun. A tanto tempo que a Capitã nem sonhava com esse nome, algo tão magnífico, mas ainda sim tão antigo que não conseguia achar mais espaço na cabeça da brasileira. Top Gun. A escola que a havia aprimorado na arte do combate aéreo e a como ser quem ela é hoje. Storm. A tempestade indomável. A mais habilidosa e mais imprudente de todos os pilotos da Marinha dos Estados Unidos. Uma gema rara. Mas ainda sim perigosa.

Top Gun.

Storm suspirou.

Ela respirou fundo e fechou os olhos mais uma vez antes de descer de sua moto e caminhar lentamente até os portões da Escola de Combate, ajeitando sua farda militar sobre os ombros, ela abriu novamente as portas de uma vida deixada para trás, mas ainda sim algo que a moldou profundamente.

Os corredores da academia continuavam os mesmos, mas desta vez, carregavam cada vez mais fotos e medalhas nas paredes, ela reconheceu seu próprio nome em vários deles e fotos da mesma sorrindo junto ao seu antigo parceiro Thunder. Storm observou grandes quadros de almirantes com feições sérias e achou conforto na figura amável de Tom Kazansky.

Top Gun continuava como Storm lembrava, séria e competitiva, um lembrete feliz de seus anos jovens com seu RIO Thunder e das lições que ela levaria consigo para sempre. Ela enxergou seu próprio nome na taça Top Gun, como a primeira mulher e piloto brasileiro a ter deixado sua marca ali.

Storm estufou seu peito de orgulho.

— Capitã Alves — Alice ouviu a voz potente do Almirante Bates a chamando, desviando sua atenção de todos os anos jovens de sua vida.

Storm abriu um sorriso ao ouvir a voz de Warlock.

— Warlock — ela respondeu sorrindo e caminhando até o almirante que estendeu o braço em cordialidade — Que bom vê-lo aqui.

— Poderia dizer o mesmo, Storm — ele respondeu sorrindo levemente para a brasileira loira — Cyclone está lhe esperando.

Storm revirou os olhos.

— Sério? — ela questionou, caminhando ao lado do moreno — Na sala do Almirante Chato? Sério Lock?

— Não é possível que você ainda guarde mágoas do Almirante Simpson — ele respondeu, lhe reprovando com o olhar.

Storm riu levemente fazendo o homem rolar os olhos.

— Viu? Ele é horrível! Até o nome dele é uma piada! — ela respondeu, gesticulando com as mãos — Simpson! Sério? O cara é amarelo ou alguma coisa?

Warlock reprimiu um riso e lembrou de sua posição, tentando novamente reprovar as palavras da Capitã, mas sendo incapaz diante do humor da mulher.

— Ele apenas a suspendeu algumas semanas, não é possível que você continue com isso — Warlock continuou, olhando no canto de olho para a loira — Você é realmente impossível.

Storm ajeitou o cabelo e sorriu para o homem, antes de abrir as portas para a sala de guerra do Almirante "Simpson".

— Você me ama por isso, Locky.

— Capitã Alice Alves — começou o Almirante "Cyclone" — Sua reputação precede você.

Storm abriu um sorriso ladino enquanto observava o almirante e Warlock sentados em uma mesa à sua frente na sala de guerra.

— Muito obrigada, senhor — a piloto respondeu ajeitando os braços atrás do corpo.

Cyclone tombou a cabeça e estreitou os olhos, tentando descobrir se a mulher estava sendo inocente ou impertinente.

— Não foi um elogio.

Storm repuxou os lábios, se controlando para não revidar e talvez se arrepender de suas ações mais tarde, quando fosse suspensa mais uma vez por Cyclone. A piloto olhou Warlock que lhe deu um olhar encorajador.

— Acredito que depois do seu... — Cyclone limpou a garganta, buscando por palavras mais apropriadas — Episódio em Cuba, você já conheça o Almirante Bates.

Storm sorriu levemente para o amigo que lhe assentiu com a cabeça.

— Eu não esperava voltar — a brasileira disse, deixando a parte de "eu não esperava depois do que aconteceu em Cuba" de lado.

Simpson deu à piloto um olhar fulminante.

— São chamadas ordens, Storm — a Capitã engoliu um seco após a fala do Almirante Cyclone.

— Vocês dois tem algo em comum, Storm, o Cyclone aqui foi primeiro em sua classe em '88 — Warlock disse, tentando aliviar o clima.

Storm deu um sorriso ladino e assentiu com a cabeça em respeito ao Almirante.

— Muito bem, senhor — a piloto disse, arrumando novamente as mãos atrás das costas — Só espero que isso não defina muitas expectativas.

Cyclone devolveu o humor de Storm com uma carranca pouco animada. Storm repuxou os lábios novamente e ajeitou os braços mais uma vez atrás das costas, lançando um olhar a Warlock que gritava "eu te disse" e "agora você vai 'dar um jeito de me tirar daqui". Warlock mexeu no controle remoto a sua frente, fazendo uma tela de ligar atrás da Capitã.

— O alvo. É uma usina ilegal de urânio — disse o homem, gesticulando para uma usina no meio de montanhas com neve, na tela — Que viola um tratado multilateral da NATO.

A piloto encarou a usina, observando todo aquele urânio, e quão perigoso o mundo havia se tornado, o quanto uma pessoa, uma cidade, um país, poderia simplesmente desaparecer se um governante apertasse um botão.

— O urânio produzido lá é uma ameaça aos nossos aliados da região — continuou Warlock, olhando diretamente para a tela assim como Simpson e a mulher.

— Aonde eu estou voando? — cortou a Capitã, se virando para olhar os dois homens atrás de si.

Cyclone lhe deu um olhar julgador, mas a piloto não se intimidou.

— O Pentágono nos incubou de reunir uma equipe e destruí-la antes que entre em operação — continuou o homem lançando o mesmo olhar de Cyclone para a mulher após a interrupção — A usina fica em um bunker no subterrâneo no meio desse vale — a imagem mudou e agora mostrava o bunker em baixo de um vale com dois picos, um mais alto que o outro. — Storm voltou sua atenção para a tela mais uma vez — Ali o sinal de GPS trava e o local é defendido por inúmeros mísseis terra-ar e cercado por alguns caças de última geração, apoiados por uma vasta reserva de aeronaves sobressalentes — Warlock trocou a imagem novamente, agora mostrando caças bem conhecidos pela piloto — Incluindo alguns velhos F-14s.

— Parece que não somos os únicos nos apegando a coisas antigas — o Almirante deu um olhar significativo para a Capitã ao dizer isso. "Pelo menos eu estou fazendo alguma coisa, esse velho ai nem desgruda a bunda da cadeira" a mulher pensou após a fala do homem.

Houve uma pausa enquanto Storm analisava a situação. Haviam diversos mísseis terra-ar que ativariam ao encontrarem caças no espaço aéreo deles, então eles teriam que seguir abaixo deles, em uma altitude que não ultrapassasse a linha do vale. Depois, teriam que subir rentes a colina e atingir o usina. Uma, duas vezes, para que a caixa se abrisse e pudessem enviar um míssel para o subsolo. Depois teriam que subir todo pico da montanha, atiçando os mísseis e puxando pelo menos 9G.

Era uma missão suicida. Exatamente o seu tipo.

— Qual a sua leitura, Capitã? — questionou Warlock lhe encarando enquanto esperava alguma reação da mulher.

— Um F-35 não conseguiria, a trava de GPS o impossibilitaria e sua dificuldade em voar reto o faria se partir nas subidas G — disse a mulher, observando a imagem do vale — Dois times, voando em alas, quatro caças e duas bombas guiadas a laser, e depois uma subida de no mínimo 9G — a piloto complementou — E depois disso uma 'baita luta até chegar em casa.

Warlock e Cyclone se olharam.

— Pode ser feito? — questionou o Almirante Bates.

— Precisaria de quatro F-18 E/A Hornet para fazer isso — respondeu Storm, virando-se para o par de Almirantes, enquanto cruzava os braços na frente do corpo — Para o que exatamente eu fui chamada aqui, Almirante Simpson? Certamente não foi para verificar a viabilidade desta missão?

Warlock escondeu um sorrisinho.

— Você me perguntou onde você iria voar — começou Cyclone — É aqui que você vai voar, você está aqui porquê Warlock e o Almirante Kazansky parecem realmente te adorar — continuou Simpson, se levantando da cadeira — Eu tinha outras pessoas em mente, realmente milhões mas eles me asseguraram que ninguém voava como você e que esse é... — o homem pausou, colocando as mãos nas têmporas — Como foi que eles disseram...? Que esse era "exatamente o seu tipo de missão".

Storm sorriu para Warlock que abaixou a cabeça, tentando reprimir um sorriso de volta.

— Você vai ser a líder desta missão, Capitã Alves, e eu espero de você tudo e mais do que eles falaram — o homem pausou — Estamos entendidos?

— Sim, senhor! — respondeu a piloto, tentando ao seu máximo não sorrir de euforia. — Com quem eu irei voar?

Warlock clicou em outro botão, fazendo a imagem mudar e fotos de doze pilotos aparecerem na tela. Ela reconheceu o sorriso convencido de Jake Seresin, o namorado de sua irmã e o olhar tímido de Bradley Bradshaw, o garoto que ela havia criado como seu e sorriu para onde ele havia chegado.

— Você irá escolher cinco pessoas desta lista para lhe acompanharem nesta missão, eles são todos graduados da Top Gun e representam o melhor dos melhores — disse Warlock.

— Para esta missão? — caçoou a mulher, os pilotos desta geração não eram equipados para missões tão "manuais" como esta.

Simpson sorriu maliciosamente, o que fez o interior de Storm se contorcer.

— Por isso mesmo você vai ensiná-los.

O sorriso de Storm se desmanchou. Líder da missão. Professora. Ela era grata por ter sido escolhida para liderar uma missão tão perigosa e com tantos riscos e responsabilidades, mas, ensinar? Ensinar? Ela? Nunca.

— Ensinar? — a piloto engasgou, engolindo seco — Não, não, senhor, eu sou um piloto de caça, meu lugar é lá em cima, eu nunca conseguiria ensinar, nunca fui instrutora por um motivo, continuo Capitã, por esse mesmo motivo.

Cyclone parecia estar se divertindo muito com a situação. Warlock encarou Storm com olhares penosos, mas ela sabia que de nada serviria.

— Nós poderíamos ir com o outro candidato, Almirante — comentou Warlock, insinuando enquanto se virava para olhar Cyclone. Storm agradeceu mentalmente por Locky estar lá.

Simpson não parecia nada feliz com o que sabe se lá Warlock estava falando, mas a Capitã foi grata do mesmo jeito.

— De jeito nenhum, Bates — respondeu Cyclone, seco. Storm levantou a sobrancelha, quem neste mundo poderia ter menos confiança de Simpson do que ela?

— Iceman gosta dele, e eu também o conheço, ele acabou de terminar um programa com uma nave hipersônica, a Darkstar, está sem nenhum projeto pela frente — Warlock continuou, tentando convencer o homem.

A Capitã continuou quieta, observando a discussão, com medo de que se interferisse, poderia acabar com suas chances de sair desse programa de "ensino".

— Eu já aceitei ela, não preciso de mais um piloto insubordinado, Alves já faz isso por dois, quem dirá mais um — respondeu Cyclone, e Storm percebeu que talvez o debate já estivesse ganho.

Quem raios pode ser mais impossível do que eu?

— Capitão Mitchell é um piloto legendário, um ás, treinado perfeitamente em todas as formas de combate aéreo, será algo bom para ele, voltar para Top Gun, encerrar sua carreira como piloto — disse Warlock, achando o ponto de dobra do Almirante; o fato de essa ser a última missão do piloto, uma desculpa para fazê-lo parar de voar.

Cyclone ponderou sobre a situação antes de se levantar e ajeitar sua farda no corpo.

— Ele vai treinar esta equipe, você irá escolher quem voará com você e então acabou. Faça por valer, Capitã — terminou Cyclone, apontando para a mulher antes de se virar para Warlock — Mande chamá-lo, mas ele é a sua responsabilidade, e o assegure que essa será a última missão que Maverick fará parte.

Storm não conseguiu mascarar o choque.

— Maverick?

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