União
Após terminarem de explorar o segundo andar, os cinco membros do grêmio se reuniram no refeitório para organizar as informações que continham.
Kirumi havia preparado um café para a reunião. De forma unânime, todos estavam felizes com a nova integrante do grupo.
- Honestamente com Kirumi ao nosso lado eu me sinto muito mais confortável.- Admitiu Sayaka antes de tomar um gole de seu café e suspirar em alívio.
- Eu sinto grata pelo sentimento, de qualquer forma devemos já começar planejando nosso próximo curso de ação, se não se importarem eu já pensei em duas regras, gostariam de ouvir?
-... Claro... no que você pensou...?
- Gostaria de adicionar duas regras sobre os horários. Primeiro, gostaria que nós, do conselho estudantil, nos encontrássemos diariamente aqui no refeitório as 20h da noite. Assim poderemos conversar e relatar as coisas que aconteceram no dia o mais urgente possível e teremos uma hora de discussão e planejamento.
- Uma hora?- Perguntou Makoto.- O horário noturno começa as 22h, não teríamos duas horas para discutir?
- É aí que entra meu segundo pedido, nisso irei relatar a todos os outros colegas também. Para entrarmos em nosso quarto as 21 todo dia, isso não apenas evitará o acontecimento passado de confusão e movimentação demais, como também ajudará a apaziguar o medo de alguns, trancando as portas e dando míseros segundos de paz.
A idéia dela parecia ser bem simples, entretanto Sayaka não estava crédula de sua qualidade.
- Mas Kirumi, ninguém é obrigado a ficar no quarto das 21 as 22. Como você fará para ficarem em seus quartos?
- Muito simples. Eu serei uma das únicas pessoas a não precisar seguir esta regra, e ficarei nos corredores dos dormitórios vigiando. Se em algum momento eu pegar qualquer pessoa saindo, eu irei considerar ela como um possível suspeito sobre ser o supremo desespero.
- O que?- Disseram Kaito e Makoto em uníssono, para uma pessoa de fora aquele ato era bobo, fútil. Entretanto para aqueles jovens, vivendo uma vida perigosa onde confiança valia mais que ouro, ser suspeitado era terrível.
- E isso incluí vocês também, obviamente as irmãs e os Byakuya's não irão se importar, elas pois já sabemos serem perigosas e eles pois já são os principais suspeitos de serem supremo desesperos. Agora acredito que todos os outros, e isso incluí vocês também, ficarão assustados demais para saírem no quarto.
-.... Inteligente....- Sussurrou Chiaki, fora alto o bastante para os outros ouvirem, então quando eles olharam para ela a garota explicou.-.... isso não vai colocar apenas pressão em nós.... É uma forma de dizer ao terceiro supremo desespero... Que estamos de olho nele... Pelo menos foi o que eu entendi....
- De fato, com essa ação não apenas mantemos boa parte da turma sobre as rédeas mas também colocamos nosso inimigo em alerta, ele agora vai ter mais ciência ainda que estamos observando quaisquer possíveis movimentos.
- Uau, isso foi muito inteligente Kirumi, é quase como se você estivesse jogando uma partida de xadrez.
- De certa forma Sayaka, estamos. Bem pessoal ainda é 12, temos umas nove horas até o novo horário noturno, sugiro que repassamos essa nova regra para os outros, deixem que eu converso com os Byakuya's.
-....Eu falo com Hifumi e Tsumugi então... Acredito que seja a que tem mais intimidade....
- Eu converso com o Gundham, acho que consigo entender bem o que ele diz.- Falou Sayaka sendo seguida por Kaito.
- Ok, deixem que eu aviso a Miu, precisa ser alguém com culhões para conversar com aquela menina, Makoto você pode avisar o Keebo?
- Sem problema algum.- Com tudo planejado, o quinteto se despediu e cada um foi a procura de seus respectivos estudantes.
Makoto achara Keebo em seu próprio quarto, deitado sobre a cama de olhos fechados, dormindo tranquilamente. O sortudo não disse em voz alta com medo de ser preconceituoso, mas ficou surpreso ao ver um robô dormindo.
Ou pelo menos achou que estivesse dormindo, quando ele entrou no quarto acabou pisando forte demais fazendo o chão ranger, imediatamente então Keebo abrira seus olhos e se colocara em pé.
- Ah Makoto, precisa de algo?
- Desculpa Keebo, eu te acordei?
- Ah, não... Eu não durmo de verdade...- Disse o robô com uma expressão bem triste em sua face.- Mas fechar os olhos e relaxar também ajuda a descansar, então é como se eu estivesse. Enfim, em que eu posso lhe ajudar?
- Ah eu só queria te avisar sobre uma nova regra que decidimos.- Makoto então começou a explicar sobre o grêmio estudantil, assim como da idéia de Kirumi e os motivos por trás.
- Entendo... De fato é uma linha de raciocínio lógico, pode deixar que eu irei seguir essa nova regra.
Achando que a conversa tinha acabado, Makoto se preparou para ir embora mas foi impedido por um chamado do robô.
- Se importa se eu lhe fizer uma pergunta? Por que eu não faço parte do grêmio estudantil? Tipo eu não quero querer parecer demais, mas é que eu entendo o por que todos os outros não fazem parte, mas eu me considero razoavelmente normal, tenho um intelecto bom e acredito poder ser útil para muitas coisas. Então por que?
- Bem...- Makoto pensara e pensara, mas não conseguia achar um motivo, será que era porque ele era um robô e Makoto não confiava nele? Seria Makoto robofóbico?-.......
- Obrigado, isso era tudo que eu precisava ouvir.... Se não se importar... Eu gostaria de ficar um pouco sozinho.
Com uma dor no peito Makoto saiu, não tinha resposta para a pergunta de Keebo, pelo menos, não uma que o satisfaria.
O adolescente se deparou com Chiaki e Sayaka conversando no ginásio, sua consciência estava muito pesada e ele teve que explicar para as duas o que aconteceu.
-O Keebo disse isso?- Perguntou Sayaka com uma expressão semelhante de amargura.- Mas eu entendo, ele está se sentindo sozinho...
-... Desde o começo o Keebo tem medo de não ser respeitado.... Agora ele não se encaixa em nenhum grupo aqui dentro...
As irmãs estavam fora de questão, estar junto dos Byakuya's significaria ter que aguentar uma constante disputa de ego. Tsumugi, Gundham e Hifumi tinham uma linguagem só deles, e agora que o grêmio estudantil tinham suas próprias coisas para resolver a única pessoa que sobrava para interagir era Miu....
Ou seja Keebo não tinha ninguém com quem pudesse conversar.
-... Estamos no dividindo demais... Eu acho.... Temos grupos sim mas estamos fechando nossas mentalidades só com esses grupos... Precisamos expandir mais nossas visões... É o que eu penso...
- Chiaki... Lembra daquilo que você me falou em seu laboratório? Sobre os jogos serem capazes de fazer todos nós nos sentirmos melhor? Vamos fazer uma brincadeira ou algo assim com todo mundo, assim vamos nos unir mais e...
- VOCÊ ESTÁ LOUCO MAKOTO?- O grito repentino de Sayaka assustou o jovem.- Você já se esqueceu o que aconteceu da última vez que planejamos algo para nos unir? Foi literalmente ontem.
- Sayaka? Não podemos deixar esse tipo de coisa ficar em nosso caminho, se continuarmos a nos isolar vamos apenas ter mais desconfiança e...
- Nós passarmos um tempo juntos não significa que estamos confiando uns nos outros, isso NÃO VAI AJUDAR, Junko sempre vai dar um jeito...
A tensão só aumentava, Makoto e Chiaki estavam sem palavras, um dos talentos de Sayaka era conseguir passar tranquilidade através de seus sorrisos, mas Junko quebrou ela, a cantora não conseguia mais se manter calma.
-... Dessa vez ela não vai...- Falou Chiaki, se a gamer não tivesse dito nada o assunto acabaria ali.-... iremos ficar no meu laboratório e Kirumi irá ficar vigiando a porta... Não importa o quão boa Mukuro seja, se Kirumi se dedicar 100% em proteger a porta nem a suprema soldado será capaz de passar.... Eu acho...
- Mas Chiaki...- Antes que a cantora terminasse sua frase, a menina segurou seus dois braços com força e, ainda insegura, olhou nos olhos da amiga.
-... Sayaka, não deixe a paranóia lhe consumir.... Vamos, vai dar tudo certo.... Eu tenho certeza...... Por favor...
Ao se acalmar novamente, Sayaka chorou com o rosto sobre o peito de Chiaki, a gamer confortava a cantora com carinho e gentileza.
- Chiaki, eu vou chamar os outros, leve Sayaka lá para o laboratório.
Como esperava os Byakuya's e Miu recusaram a oferta, mas todos os outros seis confirmaram a presença. Kirumi ficaria vigiando a porta enquanto o resto se divirta.
A última pessoa que Makoto chamara foi Kaito, o astronauta percebeu o semblante triste do sortudo e perguntou o que havia de errado, no qual o jovem respondeu:
- Sayaka estava completamente descontrolada e eu não consegui ajudar ela. Era para eu ser o apoio emocional dela, mas no momento mais crucial eu não consegui fazer nada, Chiaki teve que acalmar ela sozinha mesmo não sendo muito segura de si. Eu luto todo dia para não perder a esperança, mas eu não sou confiante o bastante para conversar com alguém no estado em que ela estava. Eu não consegui pensar em nada para dizer que ajudasse... Eu não sei mais como posso manter a calma.
- Cara você pensa demais, em situações como essa você tem que falar o que está sentindo e pronto. Se você quer ser o apoio e confiança que ela precisa então não tenha medo de confronta-la e acalma-la quando estiver estressada. Isso é como um verdadeiro homem age, não permitindo que as inseguranças dominem seu corpo e o corpo dela.
- Mas é que é muito mais difícil do que parece...
- Como eu disse Makoto, você pensa demais.- Enfim a dupla chegou até o laboratório, Kirumi vigiava a porta como um segurança chegando até mesmo a fazer uma vista corporal sobre os dois. Lá dentro se encontrava a televisão ligada com os consoles conectados em um jogo de luta, Chiaki estava arrumando as configurações de jogatina, no canto do quarto Sayaka e Keebo estavam sentados com uma tentativa falha de sorriso sobre seus rostos. Hifumi e Tsumugi estavam revisando a coleção de jogos do laboratório enquanto Gundham tentava entender os controles do jogo.
Havia uma mesa cheia de pipoca, refrigerante e alguns outros aperitivos, pelo estado da comida era claro que Kirumi havia feito. Não demorou muito para Chiaki terminar de mexer nas configurações, ela então deu uma breve explicação a todos e logo começaram a jogar.
Se tinham apenas dois controles bons então tinham que revezar toda vez que alguém era derrotado. Se passaram algumas horas, como esperado Chiaki era a única que saía quando precisava de uma pausa, era impossível derrotar ela em qualquer jogo que jogamos.
Não foi surpresa descobrirmos que Hifumi e Tsumugi jogavam muito bem, e surpreendentemente Gundham também conseguiu aprender rápido. Por outro lado, Kaito, Sayaka, Keebo e Makoto eram horríveis o que acabava tornando as partidas cômicas.
Mas a melhor parte foi ver o sorriso forçado do robô e da pop star, se tornando um sorriso verdadeiro. Os dois gargalhávam e não se seguravam mais no meio do resto do grupo, finalmente relaxaram e se misturaram com todos.
- Makoto...- Keebo chamara o sortudo para o canto da sala, onde estava Sayaka que acabou ouvindo a conversa.-... Eu peço desculpa a você se fui extremo demais. Eu tenho tanto medo de estar sofrendo preconceito ou de estar sendo injustiçado que eu acabo ficando muito apavorado. Mas hoje eu percebi que eu sou igual a todos vocês e vocês me enxergam dessa forma, durante as brincadeiras não teve momento nenhum que alguém me provocou, eu apenas me diverti. Eu vou tentar parar com essas minhas paranóias e me enturmar mais com o pessoal.
O robô então voltou a festa deixando Makoto e Sayaka sozinhos no canto, o sortudo olhou para ela que parecia pensativa.
- Então... Isso serviu para algo?
- Viu? Enquanto mantivermos a esperança e não desistirmos, cada um de nós aqui pode crescer como pessoas melhores, não deixaremos o desespero vencer no final. Confia em nós Sayaka, juntos venceremos.
Ele estendeu a mão para ela, a menina sorriu e corou, ela tomou a mão dele e se deixou ser levada pelo sentimento de bondade que aquele jovem tanto carregava.
Kirumi bateu na porta avisando ser 19:30, os outros membros do grêmio não podiam se esquecer de suas reuniões noturnas antes de entrarem em seus quartos.
Rapidamente Chiaki desligou e todos ajudaram a guardar os consoles. Enquanto os outros quatro se espalharam o grêmio estudantil se dirigiu ao refeitório para sua reunião.
Para a surpresa e desgosto de todos, Mukuro estava sentada na mesa mais próxima da porta da cozinha, parada encarando o grupo sem dizer uma palavra.
- O que ela faz aqui?- Perguntou Sayaka desconfortável, Kaito falou para ignorarem a soldado e focarem na reunião.
Os assuntos discutidos foram coisas básicas, estavam pensando como foi bom aquela atividade para aumentar seus laços, conversaram sobre possíveis formas de escapar daquele local, assim como o perigo das irmãs.
- Era para estarmos estudando na melhor escola do país, então o que aconteceu conosco?- Em resposta a pergunta de Sayaka, Chiaki e Kirumi começaram a deduzir.
-... Somos todos supremos aqui... Faria sentido nos sequestrarem por resgate...
- Mas em vez disso nos forçam a matar uns com os outros, por qual motivo? Vale lembrar que não somos a única sala, haviam quatro salas de novatos esse ano em Hope's Peak.
- Será que levaram as outras também?
- Provável Makoto, eu havia conseguido uma lista com meus colegas de classe, nem todos aqui estariam na mesma sala que eu, então só posso presumir que são das outras salas.
- Esses loucos devem estar fazendo isso pelo próprio prazer, colocando um bando de adolescentes para sofrerem assim.
A discussão do grupo continuou por mais um tempo, o horário das 21 estava chegando e todos iriam então para seus quartos. Sayaka decidiu dar uma passada na cozinha antes de ir se deitar, mas Mukuro a interceptou na porta sem dizer uma palavra.
- Ahn... Com licença, eu gostaria de passar...
- Não vai.
- O quê?
- Você não vai entrar na cozinha, você e nem ninguém.- Os outros quatro ouviram o que a soldado disse e imediatamente correram por respostas.
- Mukuro o que você quer dizer com isso?- A soldado olhou fixamente para os olhos de Makoto e sem nenhuma expressão continuou.
- A partir de hoje, a cozinha é propriedade minha e de minha irmã, e se manterá assim até que outro assassinato ocorra. Em outras palavras, vocês não vão ter mais acesso a comida até que alguém morra.
Aquela frase foi potente como um tiro, até onde a insanidade humana poderia ir?
- Vocês estão loucas? Não podem fazer isso!- Mas a fúria de Kaito não abalou Mukuro em nada, ele deu um passo para frente em sua raiva e no segundo seguinte ele havia voado para o outro lado do refeitório.
Mukuro havia usado um golpe com uma habilidade e força tão impressionantes que o físico do astronauta não parecia ter efeito algum. Sayaka, Makoto e Chiaki se afastaram no susto com medo de serem os próximos enquanto Kirumi, com cautela, assumia a liderança.
- Esse é o novo plano de vocês? Ao invés de instigar desespero, vocês vão forçar ele sobre nossas goelas?
No meio de seu interrogatório, Kirumi foi interrompida pelo computador anunciando serem 21 da noite. Os outros provavelmente já estavam entrando em seus quartos pela nova regra.
-.... Pessoal, por hora o que acham de eu sugerir que voltem aos seus quartos?
- M-MAS KIRUMI...
- Sayaka, já é tarde, logo as portas se fecharão, vamos resolver isso amanhã. Bom, na verdade foi só uma sugestão, se vocês quiserem continuar essa discussão eu não me incomodo, mas sugiro que não façamos isso. O que vocês decidem?
Kaito, Makoto e Sayaka não queriam voltar agora para os quartos, mas Chiaki concordava com a empregada e, se as duas estão pensando naquilo, então provavelmente era o correto.
O trio abaixou a cabeça e decidiu ouvir as duas. Deixaram Mukuro ali na porta e voltaram aos seus quartos.
Aquilo que piorou a sensação no peito de Makoto, foi ver Sayaka entrando em seu quarto com uma expressão vazia e seca...
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