A Segunda Execução
Todos se mantinham em silêncio quando o julgamento acabou, haviam votado mas o medo ainda os consumia com força. Honestamente, o fato de Gundham ter cedido os ajudou a relaxarem mais ainda nessa votação, se ele não tivesse admitido não há certeza se os outros acompanhariam Chiaki em suas deduções. Ou talvez teriam, ver ela tão confiante em suas palavras foi emocionante de se ver. E sem demoras, o resultado saiu. As luzes, ficaram verdes.
- Estou muito feliz em dizer que cada um de vocês votou, e 12 votos estavam certos: O assassino de K1-B0, o supremo robô, foi Gundham Tanaka, o supremo domador.
- Espera, foi unânime? - Perguntara Makoto, lentamente entendendo o que aquilo significava. - Gundham, você votou em si mesmo?
- Um bom perdedor sabe perder, esse combate foi magnífico na verdade. - Diferente de Kazuichi, Gundham não demonstrava medo algum, mesmo sabendo que iria morrer em breve ele se mantinha tão forte, tão inabalável. Algo que não podia ser dito dos outros, como Tsumugi por exemplo:
- Por que, Gundham? Por que você fez isso?
- Hm... isso dificilmente importa, não acha? Eu fiz, ponto.
- É claro que importa. Você matou um amigo! - O comentário furioso de Kaito fez com que Gundham lhe encarasse com ousadia e uma quantidade de estresse.
- Amigo? Quando foi que eu me permiti ser amigo de vocês tolos? Vocês são apenas humanos podres, indignos de tocarem um ser demoníaco e poderoso como eu. Amigos? Que tipo de amigos tentam comer os servos de outros amigos? Eu não ficaria para morrer por um bando de zé ninguéns traíras como vocês, e além do mais, eu não matei ninguém, aquele robô era uma máquina, não uma pessoa.
- Gundham, Keebo estava vivo, assim como eu e você, ele também estava lutando para sobreviver, ele também estava lutando para se dar bem com todos. - Dizia Makoto tentando conter as lágrimas que preenchiam seu rosto, Gundham estava pronto para lhe rebater quando Chiaki falou:
- Gundham, o que aconteceu entre você e Keebo no jardim? Poderia nos contar isso? Por favor.
-...- Não, ele não queria contar. Poderia simplesmente se manter em silêncio e levar tudo aquilo para o túmulo, mas seus planos mudaram, ao se lembrar de seus três amigos em seu casaco, e de como eles também haviam perdido um irmão.- Muito bem, se quer ouvir esse conto trágico então abra seus ouvidos:
Algumas horas atrás
- Gundham? Está aqui? Eu recebi sua carta em meu quarto, você disse que queria conversar.- Dizia Keebo entrando com extremo cuidado e receio do jardim, em sua mão havia um pedaço de papel, que recebera pela fresta de sua porta, nele havia uma mensagem de Gundham afirmando ter um assunto importante para se tratar no jardim. Ao chegar lá, o domador estava ao aberto, segurando uma pá em suas mãos, o robô não era tolo, ele tinha noção do que aquilo podia ser, contudo... ele veio.
- Você então acabou escolhendo seu destino máquina. Um ser com seu maléfico intelecto com certeza teria adivinhado minhas intenções. Está pronto para encontrar seu fim?
- Eu não vou morrer aqui Gundham.
- Então o que? Está planejando em matar? Mwaahahahaha, conheça seus limites máquina.
- Gundham, eu não vou morrer hoje, e nem você. Eu vim tentar conversar e te impedir de matar alguém.
- Tolice, acha mesmo que pode parar minha sede de sangue com pequenas palavras? Olhe para você, nem ao menos é um de nós, nem sofre pela fome, você não luta para sobreviver todo dia como nós lutamos, você não conhece nossa dor. É um ser vazio.
- Não. Eu não vou aturar mais desse preconceito. Eu luto para sobreviver, para ter um sentido tanto quanto vocês.
- Não ouse dizer que você luta para viver só porque lhe programaram a sentir tristeza, você não luta por nada, tudo o que você faz é porque te ensinaram.
- Mas não é assim com humanos também? Vocês constantemente aprendendo como eu... Gundham, eu não vim para brigar, ou para me defender, eu só vim para lhe ajudar a não perder a esperança. Por favor. Desista dessa ideia horrível de matar alguém.
- Desistir? Para o que? Morrer de fome com pessoas que são falsas e nem mesmo são meus amigos? Eu nunca vou desistir de viver máquina.- Após esse comentário de Gundham, Keebo começou a sentir algo subindo em seu corpo e em seus mecanismos, um dos devas estava dentro dele e havia começado a roer fios em seu corpo, o robô desesperadamente se moveu tentando se soltar do animal, até que o roedor roeu um dos fios que mantinham as pernas de Keebo funcionando, o que fez com que a máquina ficasse paralisada.
Contudo, por ser um fio transmissor de uma potência de energia muito grande, ao roer o cabo, o animal acabou sendo eletrocutado até explodir, e teu sangue espalhar por todo o corpo de Keebo e transbordar para o chão.
- JUM-P! NÃO!- Gritou Gundham quando percebeu o que acontecera com um de seus servos leais. O domador correra em desespero mas já era tarde, o animal havia sido torrado e estilhaçado. Gundham chorou, por todo o estresse, e sua solidão, e sua fome, e sua raiva. Ele chorou, e ao olhar para Keebo, sua determinação se solidificou. Afinal, Jum-P morreu para que o plano se concluísse, parar ali e agora, seria dar as costas a sua morte. E assim Keebo encontrou seu fim.
Atualmente.
- E foi isso o que aconteceu... eu não poderia arriscar morrer aqui sem lutar.... eu não poderia jogar o nome de um de meus leais devas na lama. Eu não poderia... - Enquanto dizia isso, uma pequena lágrima se formava nos olhos de Gundham.
- Então.... um dos maiores motivos pelo qual você fez isso.... era por se sentir sozinho.- Disse Chiaki com um semblante triste. Todos se mantiveram em silêncio, encarando aquilo com extrema depressão. Makoto não conseguia parar de pensar:
Aquilo valera a pena? O sentimentalismo de continuar lutando por sua própria vida, mesmo a custo da de estranhos. Keebo não lutava por sua vida física, mas lutava por sua vida mental e social, algo que Gundham também continha problemas tendo. Os dois se sentiam sozinhos mesmo naquela situação, mas um deles continuava acreditando em esperança enquanto o outro sucumbira ao desespero. Qual dos dois tivera a melhor mentalidade? Qual dos dois estava mais perto de encontrar um pedaço de felicidade? Não havia como saber.
- De toda forma, eu perdi e vocês venceram, vocês ainda tem direito de viver. Irmãs demoníacas, vocês nunca mais irão fazer isso correto?
- Puhuhuu, mas é claro que não. Que tipo de idiota usa o mesmo truque duas vezes?
- ..... Bom, então acredito que podemos começar... Hifumi, Tsumugi.- A dupla encarou Gundham com lágrimas nos olhos, sendo essa a primeira vez na qual ele chamara os dois pelo nome.- Vivam, e cuidem bem dos outros devas enquanto eu estou fora por favor.- Eles estavam próximos de concordarem em prantos. Quando Duopidgy interrompeu o momento:
- Cuidar dos devas? Como assim?- Essas perguntas tão simples, fizeram um arrepio percorrer a espinha de Gundham, temendo que fosse ouvir as próximas palavras que saíram da boca do pombo.- Eles não fazem parte do corpo estudantil, então eu poderia tê-los matado quando desse mas agora que você está indo embora, eles também devem ir. Lacaios sempre seguem seu mestre não?
- SEU MALDITO!- Berrara Kaito enquanto o domador se mantinha parado, em choque e incrédulo.- Você vai matar até mesmo os hamsters? Qual é o problema de vocês?
- Eu acho até que é bom...- Comentou Byakuya limpando um pouco seus óculos.- ... Estou cansado de pisar em cocô de rato, e de sentir o cheiro desse homem que vive como um.
- BYAKUYA!- Mesmo rugindo como um leão, a fúria de Kaito não incomodava em nada o magnata, ele genuinamente não temia morrer, pois a probabilidade dele morrer era inexistente.
- Eu tenho certeza que Monobunny preparou uma punição muito especial para Gundham Tanaka, O supremo Domador. E seus devas também.
- Não,não, não, NÃO! Não encoste neles, eu imploro, eu sucumbo, eu faço tudo o que me pedir. MAS NÃO ENCOSTE UM DEDO EM MEUS DEVAS!- Gundham finalmente quebrara, finalmente se desesperara, não porque ameaçaram ele, mas porque ameaçaram alguém importante para ele.
- VAMOS DAR TUDO O QUE NÓS TEMOS. ÉÉÉÉÉÉÉ... HORA DE PUNIR!!!!
INICIALIZANDO EXECUÇÃO
Monobunny era ágil como um vulto, saltando de um lado para o outro para cima de Gundham que desesperadamente lutava para proteger seus devas. O coelho mecânico, conseguira pegar os três roedores do domador, e agora corria para dentro de uma sala com eles em mãos, enquanto Gundham o perseguia para recuperar seus amigos.
Ele o seguiu até uma sala com quatro mesas, sendo que em uma delas havia os restos de Jum-P, e nas outras três foram colocados os outros devas em jaulas. Havia um círculo mágico desenhado no centro da sala, e cada uma das mesas havia sido colocada sobre um dos lados do círculo, sendo que o lado do círculo de Jum-P brilhava, Monobunny estava no centro vestido como um tigre, em seu pescoço havia uma chave pendurada. Na sua frente uma cadeira e um chicote.
Gundham pegara os dois objetos, e como um domador de circo tentava acalmar e enfrentar o coelho mecanizado fantasiado de tigre em sua frente. Ele chicoteava o animal e usava a cadeira como escudo quando ele se aproximava demais. Até que Monobunny percebeu que atacar Gundham era inútil, e decidiu mudar de alvo, tentando atacar os hamsters em suas jaulas.
A batalha se transformou em uma fera poderosa e cruel constantemente trocando de alvos enquanto um Gundham ferido, cansado e sangrando batalhava ferozmente para manter seus amigos vivos, ele lutava com tudo que tinha, mas Monobunny conseguiu quebrar uma das jaulas e matar um dos devas, fazendo com que a parte do círculo referente aquele deva acendesse.
A luta continuou, Gundham chorava, suas pernas estavam fracas, seus braços cansados mas ele continuava lutando, até que Monobunny fez o mesmo com outra jaula, acendendo mais uma parte do círculo. Com todas as suas forças, o domador protegia o último deva, e chicoteava com toda sua força, chegando até mesmo a quebrar a cadeira nas costas da besta. Mas então um milagre aconteceu, a chave se soltou do pescoço do robô e usando seu chicote Gundham fora capaz de pegar a chave. Com toda a habilidade que tinha, ele usou ela para encaixar na fechadura e tentar libertar o último deva.
Assim que ouviu o click da chave girando, lâminas saíram do chão da jaula e empalaram o animal. Matando assim o último deva, Gundham paralisou ao ver o que acabara de fazer, e ficou lá parado e congelado, traumatizado, enquanto a última parte do círculo mágico se acendia e o cômodo entrava em combustão, queimando o corpo do domador até as cinzas.
EXECUÇÃO COMPLETA
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH.- Berrava Tsumugi enquanto caía no chão com as mãos em sua cabeça, a reação de muitos era igual, mas obviamente haviam vários que não eram afetados nenhum pouco. Como, por exemplo, um certo magnata:
- Okay, acabamos por aqui, acho que é hora de irmos embora.
- Espera por um segundo.- Ordenou Kirumi se colocando de frente com o homem, e com tremenda fúria, o confrontou.- Eu tenho umas perguntas para você. E. VOCÊ. VAI. RESPONDER!
- Okay, vamos logo com isso, o que você quer saber?
- Você poderia ter escapado junto com Gundham se tivesse nos deixado votar em você, mas mesmo assim você preferiu admitir que era inocente do crime. Por que? Você não iria ganhar nada com isso. Você poderia simplesmente ir embora com ele e mais duas pessoas.
- Oh, essa é sua pergunta? É simples, eu simplesmente não aguentaria ter incompetentes como vocês realmente cogitando a ideia de que me venceram, mesmo que por um segundo. Porcos devem aprender seu lugar e não sentar em cima de pérolas.
- Então é realmente como eu pensei...- Disse Makoto, fechando seus punhos com tremenda força.- Você deixou sua chance de fuga, simplesmente por sua arrogância.... Eu definitivamente não concordo em matar um amigo para sair daqui, mas vocês já haviam o matado, era sua chance de escapar.
- Eu vou escapar, não importa por qual meio. É um fato que eu vou ficar vivo até o final. Não adianta tentarem rebater isso, eu SOU um dos quatro que vai sair daqui.
- Tem uma coisa que eu também estou curiosa.- Disse Mukuro.- Você amarrou o impostor para ajudar com o plano de Gundham, e o impostor ter se soltado das amarras não me parece ter sido planejado. Então qual exatamente era seu plano?
- Eu planejava deixá-lo preso no andar até ele ser sufocado pela fumaça, ninguém iria tentar o procurar no laboratório no meio daquela confusão. Acho que o bastardo era um pouco mais habilidoso do que eu esperava.
- Hm, sádico. Mas interessante.- Elogiava Junko colocando seus óculos e voltando e agindo como uma secretária novamente.- Devo dizer que suas habilidades e planos, somadas com seu narcisismo, são grandes o bastante para que você quase consiga se igualar a um supremo desespero.
- Ugh, isso não foi um elogio mocreia. Por favor, nem tente referenciar que retardados como você e sua irmã estão acima de mim.
- Espera, você não é um supremo desespero?- Perguntara Sayaka, extremamente incomodada com aquela atitude dele.- Você é somente louco? Quer dizer que além de termos que continuar nos preocupando com essas duas irmãs insanas, e a probabilidade de outro desespero entre nós, temos também que ficar vigiando você?
- Ai, quando vai entender Sayaka? Você não é diferente de nós, você também cogitou matar alguém, não foi isso que todo esse negócio de fome nos revelou? Miu, Hifumi, Sayaka deram todo um ataque para comer um dos ratos daquele garoto esquisito, Tsumugi também cedeu a um ataque de loucura por conta de um cupcake. Sejamos verdadeiros, ninguém aqui está lutando pelos outros, é cada um por si. Entendam de verdade que vocês, são fracassados. O impostor é um parasita, o Kaito é um idiota, o Makoto é um comum, Chiaki é uma desiludida que acredita que todos podemos viver em um mar de flores se jogarmos joguinhos juntos e a Kirumi, bem ela pode ser uma mulher fantástica e perfeita, mas que nunca pensa em si própria, um desperdício.
- Então o que você está tentando dizer... é que todos aqui são loucos e errados na sua própria maneira?- Dizia Chiaki enquanto o encarava bem nos olhos.
- Sim, isso é exatamente o que eu estou dizendo. Agora me deixe subir, já é altas horas da madrugada, preciso dormir um pouco para planejar meu próximo passo.
Com esse discurso de Byakuya, a realidade caiu sobre todos. Eles tinham o potencial de se renderem a loucura, eram lentamente levados a um penhasco onde seriam jogados, sem falar que dentre eles já haviam pessoas no fundo do abismo. Quem era Makoto para os impedir? Sorte não era um talento de verdade, ele era o mais incompetente e inútil dentre todos ali.
Seu número de preocupações só aumentou: Junko, Byakuya, Mukuro, o misterioso terceiro supremo desespero, os ataques de Sayaka, o jogo da matança em si, o impostor gravemente ferido na enfermaria. O jogo iria mesmo vencer? Apenas 4 conseguiriam sair daquele lugar? Mais importante, qual será a mentalidade dos 4 que sobreviverem?
Era um pensamento... desesperador.
Capítulo 2: Viva ou morra.
Fim.
"Prazer e dor são irrelevantes desde que você tenha um propósito, e tome uma atitude por aquilo."
-Gundham Tanaka, O Supremo Domador-
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