2° Capítulo: Viva ou Morra.
Ding Bong Bing Dong
Pruhuhoo-hoo atenção alunos, agora são 7 da manhã, portanto o horário noturno acabará e as portas serão destrancadas, tenham todos um péssimo dia.
Com o anúncio da manhã dado, Makoto acordou não era recebido com a luz do sol pela janela como em sua casa...
Apenas a escuridão mórbida e fria de seu dormitório, até mesmo quando acordava o menino não conseguia se esquecer do pesadelo em que estava. Não havia escapatória, nem mesmo mentalmente... Aquele lugar o engolia e lentamente o tentava enlouquecer...
Mas Makoto se recusava a perder a esperança, acendeu a luz, tomou um banho e saiu para o refeitório tentando manter sua rotina.
Exceto pelas irmãs e por Kirumi todos estavam lá: Os dois Byakuya's sentavam juntos novamente tomando café enquanto conversavam, Keebo e Miu estavam juntos também, a inventora tinha um prato cheio em sua frente no qual atacava como uma besta enquanto o robô apenas olhava com uma mistura de admiração e inveja já que era incapaz de comer.
Em outra, Tsumugi, Hifumi e Gundham comiam e faziam bagunça, o domador continuava com seu drama excessivo, o fanfiqueiro parecia se empolgar e entrar na brincadeira enquanto a cosplayer apenas olhava incrédula e interessada.
E por fim, havia a mesa do grêmio estudantil: Na qual Sayaka, Kaito e Chiaki se sentavam em silêncio, ao sentar junto Makoto imediatamente captou a tensão no local.
Sayaka estava com uma face envergonhada e deprimida, não conseguindo olhar ninguém nos olhos. Chiaki jogava seu videogame com uma expressão mais incomodada do que normalmente era, sendo geralmente um rosto mais neutro.
Kaito parecia querer dizer algo mas esperava o outro integrante chegar para começar. Então assim que o estudante sortudo tomou um lugar, o astronauta começou a falar:
- Que rosto são esses? Levantem suas cabeças e seguiremos em frente, vocês são meus sidekicks então não podem ficar tão depressivos.
- Você está certo...- Apoiou Makoto, assim como Kaito o menino também buscava se manter esperançoso e feliz, não se permitiria perder o foco.-... nós não podemos desistir da esperança agora, ainda temos que escapar desse lugar.
- Mas gente... Vocês não estão com raiva de mim?- Afirmou Sayaka enquanto, de forma relutante, olhava nos olhos de Makoto.- Eu pensei em te matar, e você nem mesmo disse nada sobre isso.
- Oh cara...- Suspirou Kaito coçando a cabeça.- Não tem por que ficar se remoendo assim atoa, o que importa é que você não matou.
- Mas...
- Sayaka.- Foi a vez de Makoto discursar.- Eu entendo o porque você cogitou... Aquilo. Mas eu decidi confiar em você, só não deixe o desespero da Junko lhe contaminar okay?
-..... Falando nisso... Precisamos pensar em como lidar com aquelas duas...- Sussurrou Chiaki, ela não parava de jogar mas isso não parecia atrapalhar seu raciocínio e concentração na conversa.-... como grêmio estudantil... meio que é nossa responsabilidade ficar de olho nelas... Eu acho...
- Mas o que você sugere que nós façamos? Mukuro é a mais forte dentre todos nós aqui.- Disse Makoto seguido por Sayaka:
- E Junko é facilmente capaz de entrar em nossas cabeças e nos levar a loucura.
- Na verdade ela só fala baboseira...- Comentou Kaito.-... é simples, é só você fingir não ouvir o que ela diz.
- Você fala como se fosse fácil... Mas enfim se vamos cuidar das duas precisamos pensar na força e na capacidade analítica delas.
-... Sobre a Mukuro... Talvez... Possamos pedir ajuda da Kirumi... Ela conseguiu se esquivar de um ataque dela com muita habilidade... Acredito que ela seja a mais capaz de subjuga-la...
- Kirumi certamente é forte, talvez devêssemos pedir para ela se juntar ao grêmio.
- Eu concordo com o Makoto, ela basicamente é perfeita em tudo o que faz, seria uma grande vantagem termos ela conosco.
- Então se todos concordam, vamos chamar...
- O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO AQUI?- Subitamente Trioleon apareceu na porta gritando para todos no refeitório como se estivesse desapontado.
- Como assim? Nós estamos comendo...- Respondeu Tsumugi após levar um susto com o berro do animal.
- Quer dizer, quase todos...- Sussurrou Keebo um pouco triste.
- Sério?- Continuou o camaleão.- O portão para o próximo andar já se abriu e vocês nem vão explorar?
- Próximo Andar?- Após Hifumi perguntar, o impostor foi quem respondeu.
- Se esqueceu das regras? A cada vez que duas pessoas morrerem um novo andar será desbloqueado.
- Exatamente, e segure sua língua falando comigo lagartixa, eu só estou tomando um café antes de ir para lá.- Concluiu Byakuya dando um último gole em seu café e se pondo em pé. Ajustando seu terno ele se pôs a andar.
- Arrogante.- Disse o impostor após tomar a mesma atitude e seguir o milionário.
Um a um, todos os outros alunos também prosseguiram para explorar o novo andar, um passo mais perto da liberdade. Makoto novamente foi o último a seguir.
Antes de sair do cômodo o menino respirou fundo, ele conseguiu esconder dos outros: O quanto sua mão tremia, e o quão assustado ele estava.
Mas mantendo a esperança, ele segue em frente. Ao chegar as escadas, o menino se espantou ao ver que o portão estava mesmo aberto e vários degraus o levavam ao próximo andar.
Makoto já havia ficado feliz antes com a idéia, mas ver que, de fato, iria ter algo há mais do que o buraco onde estavam.
Essa alegria não durou muito quando ele pensou que isso foi a custa de 2 vidas... E que mais teriam de ser sacrificados se quisessem avançar para o próximo.
E consequentemente para a liberdade.
- Por que está hesitando?- Aquela voz, Makoto reconheceria em qualquer lugar, era uma das únicas vozes que lhe causava tamanho arrepio: A voz de Mukuro. A garota estava com os braços cruzados encostada na parede próximo ao menino.
- O que você quer comigo?
- Vim atrás da sua resposta.
- Como assim?
- Você não lembra? Aquilo que eu lhe perguntei durante a investigação? Você estava lutando para se manter otimista e acreditar em todos, mas e agora? O que pensa sobre mim e minha irmã? Como você se sente após ser traído?
-........
- Não consegue responder? Todo aquele seu papinho de esperança só chega até aqui?
- Eu jamais vou perdoar o que vocês duas fizeram, jamais! Isso é algo que eu nunca aceitarei ou me esquecerei.- Com a resposta que esperava receber, Mukuro começou a se preparar para sair dali.- Entretanto... Acima de tudo é a Junko a raíz de tudo correto? Você apenas tenta agradar ela por ser sua irmã.
- O que quer dizer com isso?
- Você pode ser melhor que isso, para você ainda existe esperança.
- Pobre Makoto, eu sou uma suprema desespero, eu não sinto ou tenho esperança.
Dizendo isso ela caminhou para os dormitórios sem olhar para trás. Honestamente nem Makoto acreditava muito em suas palavras, mas o fato de Mukuro lhe perguntar essas coisas talvez queira dizer que ela quer mudar.
Ao subir as escadas o menino chegou a um andar completamente azulado, assim como o anterior. A sua esquerda ele podia ver cinco salas grudadas, provavelmente sendo outro grupo de laboratórios.
No centro do andar havia uma construção em forma de "n", sendo que no cento dela havia uma porta nas laterais e uma no centro, sendo 3 salas ao todo, cada uma com uma plaqueta com o nome da sala.
No corredor Makoto acabou esbarrando em Sayaka que também verificava a estrutura do andar.
- Ah Sayaka, encontrou alguma coisa?
- Na verdade não, tem outro portão aqui, mas ele está fechado... Provavelmente só vai abrir se...
- Eu sei, por isso precisamos ficar de olho na Junko e na Mukuro, aquelas duas vão tentar nos quebrar a todo custo.
- S-Sim, e eu acho melhor eu não chegar perto da Junko, não sei o que ela pode fazer comigo...
- Sayaka...- Sentindo a óbvia pressão e culpa da garota, Makoto novamente segurou na mão dela fazendo a menina corar.- Você é minha assistente certo? Eu juro que não vou deixar Junko chegar a você de novo.
Novamente os olhos dela se encheram de lágrimas, a menina após fungar um pouco e se recompor deu uma rápido abraço no garoto lhe agradecendo e, vermelha como um pimentão, saiu de lá.
Ele apenas ficou vendo-a se afastar, sentindo seu coração mais morno e suas bochechas quentes, enquanto estivesse lá deveria tentar ser o apoio dela.
Prosseguindo sua investigação Makoto decidiu primeiro verificar a sala de botânica.
O lugar era completamente diferente de como havia visualizado, primeiro que haviam poucas plantas, o chão do local era em sua maior parte terra, e tinha um mini lago lá dentro. Haviam dezenas e dezenas de vasos orgânicos no canto do cômodo, com brotos ainda se formando em cada um, e equipamentos de jardinagem ao lado.
Makoto não estava sozinho lá dentro, Gundham também se encontrava no local verificando cuidadosamente as plantas lá dentro enquanto seus 4 Devas Sombrios da Destruição corriam e brincavam pela terra do lugar.
- Gundham, encontrou alguma coisa?- Perguntou Makoto se aproximando do homem agachado no chão e, casualmente, tentou tocar em seu ombro. Mas antes que isso acontecesse, com reflexos formidáveis e bem capazes, o domador conseguiu se afastar do toque do sortudo.
- O que pensa que está fazendo humano? Não teme por sua vida?
- Temer? Me desculpa se eu te assustei, eu só queria saber se...- Falando isso Makoto deu um passo para frente o que fez com que seu companheiro desse três para trás.
- Não se aproxime verme, ou irá conhecer um poder que nem mesmo os deuses desejariam liberar! Escute bem praga, nenhum humano, eu repito, NENHUM HUMANO tem minha permissão de me tocar, você me entendeu?
Enquanto o domador dizia aquilo Makoto pôde perceber genuína desconfiança e atenção nos olhos dele. Como havia se esquecido? Gundham não era alguém que gostava de ficar em meio a outras pessoas, e depois do ocorrido com Kazuichi e Ibuki, é claro que ele iria ficar mais cauteloso ainda.
- Okay, okay, eu prometo que eu não vou tocar em você. Desculpa por agir sem pensar, eu vou ficar em uma distância segura tudo bem? Assim não vou poder te machucar.- Falando o mais mansamente possível Makoto levantou os dois braços em sinal de rendição. Gundham então observando o movimento do menino relaxou um pouco mais sua postura.
- Sábia escolha humano miserável, eu já lhe garanto se tentar de novo eu irei lhe mostrar o verdadeiro pesadelo.
- Eu sei que a situação em que estamos é complicada mas não precisa ficar tão arisco conosco, se trabalharmos juntos teremos mais chance de vencer esse jogo de suspeita.
- Voce não entendeu criatura, humanos são seres que nunca se devem ser confiados, independente se estamos nesse show de horrores ou não...
- Você diz isso mas eu vi você conversando com o Hifumi e com a Tsumugi, vocês estavam se dando bem não estavam?
- De fato, "O Alpha e o Ômega" assim como "A Donzela dos Tecidos" são mais dignos de estarem perto de mim do que o resto do lixo. Mas como eu disse antes, não há nenhum humano que tenha minha permissão de me tocar, isso incluí aqueles dois. Senão tem mais nada para me dizer eu peço que me deixe em paz.
Gundham era alguém muito estranho. Não apenas sua aparência e personalidade excêntrica, mas também pelo seu estado emocional. Era muito difícil de o entender, especialmente através de suas charadas, Makoto tinha certeza que o domador tinha sim uma certa vontade de se enturmar com os outros, mas ao mesmo tempo, era como se ele não soubesse como se socializar e em quem confiar.
Seria esse o motivo de tanta fantasia maligna?
Obviamente o domador não iria dizer mais nada, e não adiantaria pressionar. O melhor que Makoto pode pensar foi em simplesmente o deixar lá e prosseguir para o próximo cômodo: A sala de Física.
Lá dentro havia uma enorme máquina no meio que Makoto não conhecia, tão grande que deveria ter uns 5 metros de altura, ao redor haviam bancadas com pias e bancos espalhados.
A máquina continha uma escada na lateral, além de várias parrilas que sustentavam plataformas com cordas próximo ao topo.
Makoto então percebeu que no topo da máquina havia um alçapão aberto. Curioso, ele decidiu subir e ver o que havia dentro. Como esperava, ele não entendeu metade das coisas lá dentro, pelo alçapão o menino conseguia ver metros de engrenagens e dispositivos que nem sabia o nome.
A única coisa que conhecia lá dentro era o amigo que olhava cuidadosamente a estrutura: Kaito.
- Kaito tudo bem aí?
- Uh? Oh Makoto, está tudo sim só estou conferindo se esse negócio é seguro.
- Você sabe me dizer o que é isso?- Em resposta a sua pergunta, o astronauta começou a vasculhar mais ainda no meio das engrenagens.
- Eu acredito que isso é um pouco de tudo. É muito complexo mas eu diria que é um purificador de ar, ao mesmo tempo que um aquecedor e...
- Você não sabe o que é, não é?
- Não.- Com isso o homem se dispôs a rir envergonhado e subiu para fora da máquina.
Os dois juntos sentaram nas plataformas próximas do alçapão, não era algo muito difícil já que não estavam tão longe, além de já estarem próximos do teto e poderem se apoiar para subir pelos canos.
- Kaito o que você acha que aquelas duas estão planejando fazer?
- Eu não faço idéia, elas são duas gurias loucas não dá para saber o que vão fazer.- Antes que pudesse perceber, Makoto estava tremendo. Por alguma razão conseguia se manter forte e ter confiança na frente de Sayaka. Mas quando ela não estava por perto sentia seu corpo se desesperar e fraquejar.
Kaito percebeu a hesitação do amigo, e sorriu colocando a mão em seu ombro.
- Ei cara não se preocupa, seja lá o que elas aprontarem nós estamos aqui, acredite e o impossível se torna possível.
- Você realmente não sente medo delas?
- É claro que não, são só duas garotas certo? Não precisamos tratar elas como uma ameaça global.
Por mais esperançoso que soasse, Kaito tinha razão. Não adiantaria ficar se preocupando com esse tipo de coisa agora, além do que, ele estava ali ao seu lado.
Foi então que caiu a ficha para Makoto, será que Kaito estava fazendo aquilo que ele fazia para Sayaka? Será que essa confiança toda não passava de um ato?
Após conversar com Kaito, Makoto decidiu ir para o terceiro e último cômodo do centro: A biblioteca.
Não era muito grande, deveria ter pelo menos umas 4 ou 5 estantes de livros, havia 3 mesas no centro com um abajur em cada uma. As tomadas das luminárias eram todas conectadas em uma mesma extensão gigante.
Kirumi estava lá dentro lendo um grosso e pesado livro sobre a idade média.
- Kirumi, achou alguma coisa?
- Não necessariamente. Apenas vendo quais tipos de gêneros eles tem aqui. A maior parte são livros históricos, mas se tem um pouco de cada.
- Eu me pergunto por que estamos sendo forçados a fazer esse tipo de coisa?
- Bom, acima de tudo, isso é um jogo. Talvez isto seja por puro entretenimento, ou algum tipo de experimento social, as possibilidades são muitas, não creio que admite chutar isso agora. Mais alguma coisa em que posso lhe ajudar Makoto?
- Na verdade, tem algo sim. Isso pode acabar soando um pouco estranho mas gostaríamos que você se juntasse ao nosso grêmio estudantil...
- Grêmio estudantil? Existe algo assim aqui?
- Eu, Kaito, Sayaka e Chiaki formamos um, nós queríamos poder ficar de olho nos outros e nas irmãs. E você não é apenas a mais confiável como também é a mais competente dentre todos, então presumimos que nada mais justo que você entrar também.
-...- A mulher colocou o dedo indicador no queixo como se estivesse pensando, após uns momentos ela enfim respondeu.- Será uma honra eu fazer parte do grêmio, para falar a verdade eu meio que tive planos sobre nossa situação que gostaria de conversar com todos, após investigarmos tudo nesse andar me encontrem no refeitório por favor.
Makoto estava curioso para saber quais tipos de planos se tinham na mente da empregada, ter ela ao lado deles já era uma enorme vitória e juntos poderiam impedir os planos de Junko.
Já terminando com os cômodos centrais do andar, Makoto seguiu para os novos laboratórios que haviam sido abertos, ele entrou no primeiro da esquerda.
O laboratório estava aberto e dentro se encontrava os dois Byakuya's, não havia dúvida de que aquele era o quarto do impostor.
Haviam dezenas de roupas diferentes em vitrines pelo local além de uma mesa colada no chão com vários tipos de maquiagem no topo.
- Makoto, há quanto tempo está parado aí?- Perguntou o impostor ao perceber que o menino parado na porta olhando em volta.
- Eu acabei de chegar na verdade, então esse é o seu laboratório impostor?
- Simples eu sei, mas parece ter um disfarce aqui para todo tipo de pessoa.
- Então você deveria se sentir mais a vontade deixando de ser meu parasita correto?- Byakuya ergueu sua voz lançando adagas com os olhos para o impostor.- Com tantas opções aqui acho que já é hora de você deixar de me copiar não concorda?
- Não, eu não concordo.
- Excuse me?
- Em primeiro lugar eu sou um impostor sem identidade, eu só irei me vestir igual uma outra pessoa que existe e me portar que nem ela!
- Ridículo, esse deve ser o comportamento mais ridículo que eu vi em toda minha vida.
- Esse é meu talento e o colocarei em uso, além do mais você sendo alguém tão excepcional deveria saber usar o seu melhor. Mas já que você o desperdiça eu devo por sua posição em melhor uso.
- Como ousa dizer isso imundo? Alguém como você, esquecido por Deus e o mundo, acha que é mais digno de meu talento do que eu?
- Eu acho que um porco é mais digno de seu talento do que você.
- O que você disse?
- Você não tem ouvidos perfeitos? Não achei que fosse necessário repetir a mim mesmo.
- Essa foi a gota d'água, você vai se arrepender disso impostor.- Byakuya saiu do laboratório com passos pesados e apressados, quase empurrando Makoto de sua frente, o menino apenas estava parado lá ouvindo a discussão sem saber exatamente se deveria separar eles ou não.
- Byakuya, você está bem?- Perguntou o aluno sortudo para o impostor, mas o segundo apenas se mantinha calado e pensativo.
- Me deixe a só por um momento...
Não era uma boa idéia tentar forçar uma conversa agora, Makoto simplesmente escutou o pedido e um pouco surpreso com aquela briga saiu de lá.
Ele foi para o laboratório ao lado: na parede do fundo havia uma enorme televisão instalada, e pelas prateleiras em volta, se encontrava inúmeros DVD's caixas e consoles diferentes. Além de uma pilha de manual de instruções e quadrinhos no chão.
Só os consoles já diziam tudo, era o laboratório da suprema gamer, e Chiaki estava lá, toda empolgada vasculhando entre os jogos.
- Makoto, olha aqui é o último lançamento de Final Fantasy! Olha, é o Ultra Despair Girls combi, ele é meio pesado e extremo as vezes mas em geral é muito bom. Meu Deus eles tem até mesmo os livros que completam as histórias de alguns jogos: Injustice, Danganronpa Zero, Kingdom Hearst, e...
A empolgação da menina foi cortada por uma risada, a garota imediatamente ficou vermelha ao perceber todo o seu ataque de "Fan Girl" e retrocedeu.
- ...Desculpa... eu devo ter extrapolado um pouco...
- Não Chiaki, eu que peço desculpas por ter rido assim do nada. É a primeira vez que eu te vi tão agitada e alegre que me pegou desprevenido, só isso.
-....- A menina tinha uma mão em seu coração e suspirava em alívio com um sorriso no rosto.-...video games são tudo para mim... Eu nem posso contar quantas vezes eles me ajudaram em momentos depressivos... Quando eu vi tudo isso aqui... Eu só pensei que talvez isso também pudesse ajudar os outros a sentirem melhor....... Pelo menos eu acho...
- Honestamente, eu sinto que só esse seu sentimento já acalmaria alguns um pouco mais. De toda forma eu vou conferir os outros laboratórios, vejo você depois.
O próximo da fila era uma quase cópia do anterior, mas ao invés de uma enorme televisão era uma mesa de desenho de última qualidade e um notebook com o Word aberto, e ao invés de jogos eram Actions Figures de diversas séries, filmes, animes e desenhos possíveis.
O laboratório do supremo fanfiqueiro. Como se esperado, ele e Tsumugi também estavam completamente empolgados e basicamente babando pelo o que viam.
- Hifumi olhe, é a nova edição daquele mangá do ninja colorido sem desenvolvimento feminino.
- Senhorita Shirogane, eu achei a action figure do protagonista questionável daquele anime de pecados com coisas bem questionáveis.
Diferente de Chiaki os dois não pareceram terem percebido Makoto, e ele diferente dela, não tinha muita paciência com aqueles dois. Então sem que fosse notado ele apenas avançou para a próxima porta.
Lá dentro ele encontrou um carro desmontado com a parte dianteira levantada por um macaco mecânico, com várias ferramentas e motores em volta, o laboratório do Kazuichi...
A imagem voltou...
O corpo cortado, depravado e queimado do menino surgiu diante os olhos de Makoto. Os gritos de dor dele soaram em seu ouvido.
Makoto ficou tonto, sentiu a ânsia de vômito novamente percorrer em seu estômago embrulhado mas se recompôs. Assim que voltou a se firmar ele percebeu que lá dentro se encontrava Miu e Keebo conversando.
O robô estava jogado contra o carro e a inventora estava por cima dele passeando com o dedo sobre seu exterior.
- M-Miu? O que você está fazendo?...
- Cala a boca um minuto... Hm... Quem inventou você realmente sabia o que estava fazendo... Tão bem montado e construído, olha isso, essa placa aqui é bem firme...
- O professor disse que ele usou a liga mais forte e maleável de metal que conseguiu achar para minha estrutura corporal, ele não queria que os fios dentro de mim ficassem muito sufocados...
Makoto, de forma veloz fechou a porta, Miu estava apenas fazendo renovações no corpo de Keebo, nada mais e nada menos do que isso, e o jovem sentia que caso a interrompesse teria que aguentar mais de sua falação.
Ainda se recompondo da.... cena que acabou vendo, o aluno seguiu para o último laboratório e cômodo do andar. Sem demora e receio Makoto abriu a porta e entrou em um quarto cheio de manequins com vestidos e roupas de marcas.
Havia uma área própria do lugar apenas para tirar foto ao fundo do lugar.
- Esse é...- Antes que pudesse terminar sua frase, o garoto ouviu a porta se fechando atrás de si, ao se virar se deparou com Junko lhe encarando fixamente pela porta.-... o laboratório da suprema estilista.
- Junko? P-Por que fechou a porta?- Mas a garota nada lhe respondeu, ela apenas continuou ali parada encarando fixamente seu rival.
Enfim, ela riu:
- Puhuhuhuh, isso é interessante, sério.
- Interessante?
- Você é só um garoto comum com uma sorte minimamente acima da maioria, ou talvez seja abaixo? Enfim, e ainda assim você está aqui entre os leões, agindo como se fosse um peixe grande entre nós.
- Eu não penso nada disso, eu sei que entre vocês eu sou o mais fraco, e eu sei mais do que ninguém que meu único traço bom é eu tentar me manter positivo.
- Não me entenda errado Makoto Naegi, eu não estou dizendo que você é insignificante, apenas que é surpreendente você conseguir ser você. Eu acho que talvez seja exatamente por isso que você me rivaliza tanto, pessoas excêntricas são mais fáceis de desestabilizar, mas gente comum e entediante como você? É difícil puxar a um limite tão grande. Você fala de tentar impedir todos de se machucarem, mas é uma pena que não conseguirá. Pois discursos de esperança não são tão impactantes como de desespero.
- Mentira, em todo lugar que você vai você escuta coisas incentivando a se ter esperança e...
- E quantas pessoas escutando?
- O que?
- Você tem razão, discursos sobre esperança estão em toda parte, mas exatamente porque eles são ouvidos todo dia que as pessoas nem percebem mais que eles estão lá. Frases como "vai ficar tudo bem, se você trabalhar duro você consegue" são tão utilizadas todo santo dia, que a maioria das pessoas nem dão mais tanto valor quanto eles tem.
- Besteira, o ser humano vive lutando para seguir em frente, é esse ato de confrontar os problemas e continuar mesmo com eles nas costas que significa ter esperança.
- Então olhe em volta garoto, quantas pessoas estão felizes confrontando seus problemas? E quantas já desistiram e lentamente se rendem ao desespero? Quanto mais forte uma esperança mais forte será o desespero que vier depois dela, e quanto mais forte o desespero mais difícil e árduo será de se ter esperança.
- Você está errada, eu vou provar que você está errada.
- Então me prove, você ainda tem 10 estudantes sobre sua proteção, tente protege-los, tente impedi-los de matarem uns aos outros. E se prepare garoto, eu irei com tudo, e não espero nada mais e nada menos que sua melhor jogada.
Com isso, a garota abriu a porta e saiu com um ar confiante e triunfante. Makoto foi deixado sozinho no laboratório tremendo, as cartas estavam na mesa e ele não podia perder aquele jogo de forma alguma. Pois vidas estavam na linha e ele não poderia perder a esperança.
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