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XXIV: "Novo começo"

Harry estava vivo. Mas apenas isso.

Arcanjos raramente tinham a permissão da outra pessoa para possuí-la, mas Louis não se importava. Louis não podia deixar Harry morrer, simplesmente não era a coisa certa a fazer, esse não era o destino do jovem e, honestamente,  não se importava se fosse. Iria salvá-lo, por bem ou por mal.

Arcanjos eram fortes, Harry seria curado imediatamente se o Diabo quisesse. Ele foi amaldiçoado, mas ainda podia curar humanos, embora nunca o tivesse feito antes. O jovem foi o primeiro.

Suspirou. Era estranho ser mais baixo... era estranho ser seu marido. Desceu os degraus que o levaram ao telhado e não havia ninguém no segundo andar. Estavam todos abaixo, onde estavam no começo. Dava para ouvir um choro, que com certeza era de sua sogra, e as pessoas se comunicavam rapidamente, nervosamente. Louis chegou à escada, mas ficou ali parado, não descendo e olhando para as pessoas enquanto enfiava uma das mãozinhas delicadas do marido no bolso da frente da calça, com a outra apoiada no corrimão, segurando um pouco mais o rosto, mostrando superioridade diante de todos os seres humanos nojentos daquela casa. Era um pior que o outro.

Havia apenas Anne, Gemma, Des e padre William, que segurava a cabeça diante do sangue que emanava de um corte, que à primeira vista parecia leve, mas era algo profundo.

Nada excepcional.

Anne deu um passo antes que Des a pegasse pelo braço, mas não tirou os olhos do corpo do filho, que naquele momento não estava sendo ele mesmo.

— Harry? Bebê? — sua voz tremeu. Ao ser mencionado, suas sobrancelhas se ergueram e sua cabeça lentamente se inclinou com um sorriso cínico e astuto nos lábios enquanto observava a mulher cair de joelhos, soluçando. — P-Por favor me devolva. Por favor.

— Anne…

— Por favor...

— Sim, Anne. — Louis falou, sua voz de menino soando calma e seca, tão fria quanto seu corpo. — Paciência. Eu não vou matar Harry, todos vocês podem continuar a maltratá-lo como de costume. — terminou, começando a descer as escadas pacientemente.

Padre William estendeu a mão em direção ao Diabo no corpo do jovem, mas o último foi mais rápido e, antes que o humano pudesse recitar qualquer coisa, ele o mandou voando até que estivesse sendo atingido contra a parede de maneira aguda e dolorosa.

— Não me diga o que fazer, seu velho tolo. — apesar do insulto, continuou soando calmo. — Você, sua igreja e seu Deus podem beijar minha bunda. Não esta, claro. — esclareceu. — Esta é apenas beijada por mim. — assentiu lentamente antes de se virar para a família Styles, observando sua sogra ajoelhar-se a seus pés, ainda soluçando muito.

— Por favor, deixe-o ir. — ela implorou. — Deixe-o ir...

— Está bem! — exclamou, fingindo se animar. — Mas diga "por favor" novamente. De forma irritante, sorriu um pouco quando viu a raiva misturada com medo nos olhos de todos.

— P-Por favor... eu imploro.

Bom. Não era como se Louis gostasse dela, mas ela era a mãe de seu marido. Apesar de suas crenças absurdas, ela fazia para ele o melhor lanche quando Harry se sentia mal, levava-o para a cama, dormia com ele quando tinha pesadelos, dava festas surpresa, buscava-o na aula e sempre o tratava com gentileza.

Ele inalou, olhando para cima por alguns segundos, pensando, antes de exalar profundamente e se agachar na frente da mulher. Levou a mão ao queixo, que ergueu o rosto com terror, tristeza, e a encarou por alguns segundos.

— Apenas faça o que eu digo e tudo ficará bem. — sussurrou, e a mulher, ainda soluçando, assentiu. Louis levantou-se novamente. — Levante-se. — ordenou.

A mulher obedeceu imediatamente e Louis deu alguns passos para trás, virando-se e passando a mão no queixo do marido. Oh, Harry. Ele deve ter se curado rápido, porque sua paciência foi enfraquecendo com o passar dos segundos, e o desejo de fazer cada um deles pagar cresceu em seu peito. Então se virou.

— Vou explicar, sentem-se. — usou um tom amigável antes de mover a mão. As poltronas do local moveram-se abruptamente em direção a onde os humanos estavam, e eles foram obrigados a se sentar, exceto padre William, que continuou colado na parede. Louis começou a andar lentamente pela sala. — Por mais que eu ame estar dentro do seu filho, chegará um ponto em que terei que sair, como sempre. Mas quero que saibam de uma coisa… — parou e olhou sério para todos. Estava tentando se conter, realmente estava. — Eu vi e verei tudo o que vocês fizerem com meu garoto favorito.

Ana negou.

— Não é seu. Não é! Deixe-o ir!

Maldição.

Será que os humanos eram tão estúpidos? Mesmo Louis sendo o Diabo, quando ele e Harry fizeram um acordo, o menino era dele, mas ignorando isso, o garoto era apenas uma pessoa. Claro, Louis costumava dizer a Harry que era dele, que pertencia a ele, porque o cacheado gostava de ouvir, mas sabia muito bem que não era literal. Harry não era sua propriedade, não era seu escravo ou brinquedo, era uma pessoa. Era seu marido, sua fraqueza humana, sua alma gêmea, mas não pertencia a ele.

E realmente não iria responder a essa estupidez, mas então o ancião da igreja falou novamente. Louis aos poucos foi perdendo aquela paciência que continha até a cura do marido. Era como cuidar de animais em fuga, embora eles provavelmente se comportassem melhor.

— Ele é nosso. — o homem disse, e soou tão nojento saindo de sua boca. Quer dizer, era normal a mãe dizer isso, mas quem era ele? Lentamente, Louis se virou, os belos olhos de seu marido ficando ainda mais vermelhos do que já estavam. — É do nosso povo. Ele tem a proteção de Deus.

Louis sorriu, fazendo com que uma covinha aparecesse na bochecha de seu marido.

— Sr. padre depravado, seus comentários estão começando a tocar minhas bolas.

— Deus é misericordioso e...

— Deus não dá a mínima para você. — enfiou as duas mãos nos bolsos da calça, virando-se para enfrentar a família Styles. — Deus não dá a mínima para ele, e é por isso que estou aqui.

Padre William começou a rezar, e ao lado dele Anne e Gemma, de mãos dadas. Poderia dizer que faziam isso com esperança, intensidade. Se amaldiçoou ao sentir os músculos do corpo de seu garoto ficarem um pouco tensos e riu falsamente enquanto passava a mão pelos cachos macios.

— Ei, é falta de educação interromper alguém. — alertou, e levou seu olhar aos olhos de Des Styles, que foi o único que ficou quieto.

Harry, me desculpe.

— Certo, quer saber? — tirou a mão do bolso da frente da calça e estalou os dedos. Foi algo tão simples mas que fez a cabeça de padre William explodir em mil pedaços, respingos de sangue, pedaços ao seu redor, manchando sua camisa e o rosto de Harry.

Anne e Gemma ficaram em silêncio imediatamente, suas respirações irregulares com medo de serem as próximas, afetadas pelo impacto. Louis deu de ombros desinteressadamente, erguendo um pouco os braços.

— Eu avisei. Avisei que ele estava tocando minhas bolas e ele continuou.

— Harry, eu sei que você está aí...

Louis suspirou antes de virar as costas para a família.

— Des, controle sua esposa antes que ela comece a tocar minhas bolas também.

— Anne, cale a boca. — o homem ordenou, visivelmente perturbado.

— Ha-Harry...

— Anne, cala a boca! — ele exclamou, levantando a voz. A mulher ficou em silêncio imediatamente, soluçando entre respirações rápidas. Des a olhou dolorosamente. Também não queria isso, não queria isso para o filho, mas não precisava de mais de um morto. — Relaxe, vai passar. Respire fundo, você só tem que esperar. — a mulher piscou, derramando algumas lágrimas antes de assentir lentamente, respirando fundo.

Louis se virou, sorrindo e fazendo com que a covinha voltasse a ficar visível na bochecha de seu garoto favorito.

— Irônico que a pessoa que mais te machucou te acalme. — murmurou, dando alguns passos à frente, em direção à mulher. Des pegou a mão dela para mantê-la perto. — Você é a única pessoa decente nesta casa, que nunca maltratou meu marido. Devo dizer... você e eu devemos nos dar bem, somos praticamente uma família. — claramente,  não estava falando sério. Louis estava gostando do dano psicológico que estava causando aos Styles, estava se segurando a muito tempo.

A mulher franziu a testa em confusão enquanto seu lábio tremia. Era muito parecido com Harry, mas não. Não era Harry. Ninguém era como Harry.

— M-Marido?

Louis ficou em silêncio enquanto se sentava lentamente em frente à mulher, com as pernas ligeiramente afastadas e as mãos juntas, os dedos entrelaçados e a cabeça inclinada. Anne ainda não conseguia acreditar no que estava acontecendo, porque aquele não era Harry. Não era seu bebê. A cor de seus olhos não era tão bonita quanto a do filho, e seus movimentos eram fluidos, confiantes.

O Diabo sempre foi aquele medo que está por aí, mas você diz a si mesmo que ele não existe, e o imagina como um homem com riso histérico, com lábia petulante e mortes por toda parte. No entanto, lá estava ele: sentado em frente a ela, calmo, sabendo o que fazer, o que dizer, causando estragos com uma calma perturbadora, se passando por seu filho.

Estava olhando para ela, e foi quando Anne percebeu que Harry realmente não estava mais presente.

— Ele não te contou? — falou calmamente, fingindo indignação e erguendo as duas sobrancelhas. — Não se preocupe, deve ser a pouca confiança que você dá a ele. Eu não o culpo, é por isso que estou aqui. — comentou enquanto os soluços da mulher eram mais altos do que antes, dolorosos para todos, exceto Louis.

— Mãe… — Gemma sussurrou, assustada e também começando a chorar, ainda olhando para o corpo sem cabeça de padre William.

— Você tem ideia de todos os problemas pelos quais seu filho passou? — continuou o Diabo, sem tirar o olhar da sogra. — Você nunca soube, porque não o conhece bem o suficiente para saber quando ele está mentindo. Adivinha quem era o único ali para ele? — sorriu, esperando que ela não tentasse responder.

— É o suficiente. Já basta. — desta vez foi Des quem levantou a voz, tremendo levemente enquanto balançava a cabeça rapidamente. Louis o olhou quase imediatamente, friamente. — Apenas vá embora. Deixa-o em paz.

Anne notou que o Diabo dentro do corpo de seu filho estava olhando para seu marido. Isso significava um caos silencioso, novamente.

— Nós somos a família dele, cabe a nós estar com ele. Eu sei que não… sei que nem sempre foi assim, mas será, a partir de agora. — tentou tranquilizar aquela coisa que manejava o corpo do filho.

Louis lentamente se levantou, dando dois passos até ficar de frente para o pai de seu garoto. Se inclinou, descansando as mãos nos braços do único sofá em que o humano estava sentado, e ficou com o rosto de Harry a centímetros do de Des, olhando em seus olhos.

O sorrisinho que trazia no rosto aos poucos se desvaneceu enquanto os quadros e crucifixos da casa, que já estavam de cabeça para baixo, tremiam abruptamente.

— ... e quem diabos você pensa que é para me dizer o que devo fazer? Quem diabos fez você pensar que é um bom pai agora, sua escória? — rapidamente se endireita e acena com a mão rudemente, fazendo com que o sofá caia para trás e, com ele, Des. Anne engasgou, surpresa ao ver tal cena enquanto Gemma soluçava. — Ele ainda tem cicatrizes nas costas por causa da sua estupidez. — cuspiu, acenando com a mão. Desta vez, Des é jogado para o outro lado da sala, batendo na parede e atingindo uma mesa, fazendo com que coisas caiam.

— Des, não!

— Pai!

O nomeado gemeu audivelmente, tentando se levantar, segurando-se na mesa. A mão de seu filho acenou e ele foi preso contra a parede.

— Você não viu a dor em seus olhos quando tentou exorcizá-lo daquela vez, e o pior de tudo, ele foi menos ferido pela queimadura do que por seu próprio pai tentando machucá-lo. — rosnou e acenou furiosamente com a mão novamente, enviando-o através da sala com mais força do que antes. Se virou para poder vê-lo enquanto as coisas penduradas na parede continuavam a cair. — Se dependesse de mim, você teria passado toda a sua eternidade no inferno, apodrecendo, mas seu filho te salvou, e foi assim que você pagou a ele, não estando presente quando ele precisou.

Chamas de fogo surgiram do nada sobre o corpo de padre William. Gemma gritou quando Anne começou a chamar o marido e o mesmo, já soluçando, fez um grande esforço para se levantar. Louis apenas revirou os olhos com as reações. O que esperavam? Que o arcanjo deixasse um homem sem cabeça na sala? Claro que não, sabia como limpar sua bagunça, e não queria problemas para Harry quando acordasse.

O cheiro de pele queimada começou a ser sentido quando o fogo cessou lentamente com um movimento suave dos dedos do Diabo. Era hora, podia sentir isso.

— Cuide bem dele. — disse. — E tenha medo de mim, pois estarei observando você e não hesitarei em queimar esta casa até... até… — sua voz tremia assim como seus joelhos, e podia sentir o sangue escorrendo de seu nariz. Acordado. Estava acordado. Não aguentaria por mais tanto tempo. — Até sentirem o cheiro... de seus corpos em chamas.

E assim foi, sua despedida.

Sem mais delongas, caiu lentamente no chão, ficando inconsciente, sentindo o corpo de seu garoto tremer incontrolavelmente, e ouvindo gritos da família.

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Tudo era bonito naquele lugar.

O sol brilhando em algumas partes, a brisa da primavera que não era fria, apenas refrescante. Tudo cheirava a flores, e seu humor era animado pelas risadas das crianças ao longe, brincando nos balanços. Estava debaixo de uma grande árvore. Estivera lá muitas vezes na vida, anos atrás, e sempre ia ao mesmo lugar.

Ele ouve passos se aproximando lentamente, alguém sentado ao seu lado, e consegue reconhecê-lo mesmo sem se virar. Um sorrisinho doce com covinhas aparece em seus lábios antes de virar o rosto e olhar para o marido, que estava sentado ao seu lado e o encarava.

— Lou...

Louis não pôde deixar de sorrir. Parecia tão legal, tão calmo. O cacheado tinha pequenas pétalas de flores em seus cachos, que parecem mais claras na luz, assim como seus olhos. Não pôde deixar de pegar sua mãozinha e lentamente começar a beijar os nós dos dedos, ainda o olhando.

Harry sentiu cócegas no estômago e suspirou, boquiaberto. Queria ficar assim para sempre.

Por fim, Louis tirou a mão do jovem da boca, mas não a soltou.

— Você gosta deste lugar?

Harry olhou ao redor antes de assentir.

— É o parque central da cidade, fica perto da escola. É onde você me pediu em noivado, só que no inverno não tem tanta gente, mas na primavera... fica lindo. Eu vinha com a minha família quando era pequeno e passávamos a tarde juntos.

O rosto de Louis mudou, visivelmente sério. Parecia um tanto frustrado.

— Você deveria ter me contado antes. — sussurrou, balançando a cabeça lentamente. — Eu deveria pensado nisso antes.

A testa de Harry franziu quando se aproximou do Diabo, descansando sua bochecha no ombro do outro.

— Como assim?

— Quando cumprimos um mês de compromisso nada mais fiz do que passá-lo com você em seu quarto. Fizemos sexo, conversamos e nunca pensei em trazer você aqui.

— Ei… — Harry estava de tão bom humor que até brincou sobre se ofender, levantando o rosto e apertando apenas um olho contra a forte luz do sol. — Gostei de como passamos nosso aniversário.

— Você merecia coisa melhor. — o Diabo esclareceu, engolindo em seco. Um pequeno silêncio se fez presente antes que abaixasse o olhar, encontrando os lindos olhos de seu garoto. — Era isso que eu queria dizer quando lhe disse que era o Diabo. Tudo é muito mais difícil ao meu lado, porque não fui feito para amar. Eu mimo você mas nem consigo levá-lo para jantar em algum lugar que você goste na porra do nosso aniversário. — estava visivelmente chateado consigo mesmo.

— Lou, você não poderia ter me levado para jantar, mesmo sendo humano. Seríamos expulsos por sermos dois homens.

— Eu não fui feito para merecer você.

Harry franziu a testa, sentindo preocupação em seu peito. Nunca tinha visto Louis liberar seus pensamentos assim, porque o Diabo sempre foi paquerador, e mostrou superioridade a qualquer um, e raramente revelou seus pensamentos, mas esses... eram pensamentos realmente sombrios.

Louis não amava a si mesmo. Realmente não.

— Lou, você... você não deveria dizer isso. Você não é ruim. — abriu a boca várias vezes, mas nada saiu. Estava desesperado, porque não sabia como fazê-lo se sentir melhor. — Eu sei... que você não recebe amor há muito tempo, provavelmente durante toda a sua existência, mas garanto que agora você receberá. Você é amado, eu te amo mais do que qualquer um jamais amaria. — engoliu em seco. — E isso é tudo que importa.

Louis o encarou por alguns longos segundos.

— Harry, você sabe que não está realmente aqui, certo? — o jovem apenas o olhou confuso. — Você provavelmente está no hospital agora, teve uma convulsão. Você já está curado mas seu corpo não é forte o suficiente para me sustentar.

O jovem olha para baixo e, de repente, milhares de imagens passam por sua cabeça: Sua mão sem anel, choro, aniversário, ingressos para uma apresentação de Frank Sinatra, floresta, Stella, Ruby, Liam, demônio, Fionn, festa surpresa, Louis , telhado, morte, sangue...

— Oh não. — rapidamente levou as mãos aos olhos, cobrindo-os. Não quer ver mais estas imagens, não queria se lembrar de nada. — Não pode ser. Tudo tinha sido real?

— Harry…

O dia parecia visivelmente nublado, a brisa esfriou, o riso das crianças tornou-se inaudível. É inverno, mas não bonito, era frio, onde não há lugar quente para relaxar.

O cacheado balançou a cabeça lentamente enquanto as lágrimas logo escorriam por suas bochechas. Descobriu o rosto depois de enxugar as bochechas. Devastado, essa era a palavra, ou talvez pior. Nada que havia acontecido com ele antes comparado a isso.

— Eu... estar aqui me fez esquecer. Parecia uma vida nova, quer dizer... eu queria que fosse. — sua voz falhou um pouco e ele respirou fundo para controlar o choro. — Eu realmente queria que isso fosse real.

— Eu sei amor. — se Harry não estivesse tão quebrado, se Harry estivesse bem e leve como alguns minutos atrás, estaria pulando por esse apelido agora.

Mas negou lentamente.

— Você diz que não me merece? Pelo menos você é o Diabo, você foi forçado a ser assim. Eu sou um humano e me tornei um monstro. — sua voz tremia, seu olhar estava perdido enquanto deixava novas lágrimas rolarem por suas bochechas.

Louis rosnou. Não, não podia permitir isso.

— Não é bem assim. — disse ele, aproximando-se e pegando-o pelas bochechas. — Olhe para mim. Harry, olhe para mim. — o cacheado olhou para o amor de sua vida. Este agora, que tem olhos vermelhos, consumindo o azul. — Não é assim...

— Lou, eu matei Fionn. — murmurou. Nem mesmo ele próprio conseguia acreditar que estava dizendo isso em voz alta, tão normalmente, quando estava morrendo por dentro. Um silêncio caiu enquanto Louis o segurava, balançando a cabeça. — Eu fiz. Essa coisa veio atrás de mim e o encontrou. Ela o rasgou vivo, colocou seu corpo em uma bolsa... e ainda está lá. — não entendia como, mas por algum motivo não parecia que o gato estava enlouquecendo. Parecia absorver o que havia dito, embora realmente não estivesse, porque sua voz estava tremendo e as lágrimas continuavam a cair em seu rosto. — Seu pai está sozinho, tudo o que ele tinha era seu filho e eu tirei isso dele. — engoliu antes de levar seu olhar para um ponto perdido. Mal conseguia respirar de tanta a dor. — Eu matei meu melhor amigo.

Louis não podia fazer nada além de apertá-lo contra o peito. Podia sentir a dor de seu garoto como se fosse a sua própria, e isso se devia à grande ligação entre eles. Foi uma daquelas poucas vezes em que o arcanjo ficou em silêncio, mas desta vez foi diferente: não ficou sem palavras, mas sabia que não havia nada para curar aquela ferida, e queria protegê-lo. Queria protegê-lo de qualquer coisa.

Deveria tê-lo protegido, deveria ter cuidado mais dele.

— Harry, não há nada que eu possa dizer que possa consertar esse dano. — levou a mão aos cachos do marido, acariciando-os com cuidado, como se fossem frágeis o suficiente para quebrar ao menor toque. Deveria ser cuidado, como nunca tinha sido. — Mas vou te falar a verdade, mesmo que muitas vezes não resolva nada: não foi sua culpa. Nada do que aconteceu é sua culpa.

Por fim, Harry soluçou baixinho, tremendo nos braços do amor de sua vida. Não, ele definitivamente não tinha conseguido acreditar em nada, e infelizmente ainda tinha os mesmos sentimentos. Chorou alto, mas silenciosamente no peito do Diabo, que acariciou suas costas, seus cachos e beijou sua testa.

— Sh, calma. Estou aqui contigo...

— V-você deveria ter me deixado morrer.

— Como eu poderia? — Louis respondeu imediatamente, rindo secamente no meio da frase, os lábios grudados nos cachos de seu menino. — Como poderia deixar você morrer, conhecendo a pessoa que você é? Como eu poderia deixar você, quando você é único para mim? — fechou os olhos com alguma força. — Como poderia deixar você morrer sem deixar que soubesse que passei a amá-lo ainda mais do que você poderia?

Harry desabou, soluçando alto e envolvendo os braços ao redor do torso do homem mais velho, escondendo-se. Foi um misto de alívio, tristeza e paz. Era um misto de sentimentos que não parava de passar por seu peito, deixando-o atordoado. Tentou parar de chorar, parar de molhar a camisa preta do marido.

Louis ergueu o rosto, segurando as bochechas, e os dois fecharam os olhos com força antes de encostar os lábios um no outro, movendo-os apaixonadamente, profundamente, sentindo cada parte de suas bocas, curtindo cada sensação, cada segundo.

Uma das mãos de Louis cheia de belos anéis foi para o pescoço de seu garoto favorito, segurando-o pelos cachos para mantê-lo perto, interrompendo o beijo profundo quando pequenos soluços escapavam e tentando confortá-lo com carícias e beijos suaves, mas curtos em seu rosto e sua boca.

Para Harry, Louis era o amor de sua vida, e para Louis, Harry era o amor de sua existência. Sua alma gêmea. Sentiu isso quando era apenas uma alma, no momento em que foi criado. Sentiu isso em seu peito, e esse sentimento o trouxe até ele. Era como um chamado do destino, algo que não podia e não queria recusar.

Longos minutos depois, se afastou e enxugou melhor as lágrimas de Harry. Agora ele estava sério, encarando o garoto, e sabia que quando Louis tinha aquele olhar era porque diria algo que não queria ou não poderia repetir duas vezes.

— Ouça com atenção. — disse ele. Harry assentiu, fungando. — O demônio que matou Fionn está no inferno. Eu vou cuidar desse aí, vou me vingar por você, vou me encarregar de fazer ele pagar por cada segundo que você sofreu. — Harry assentiu enquanto franzia os lábios, tentando não chorar incontrolavelmente novamente. — Devo ir agora, desta vez... por tempo indeterminado.

— O que!? Não. Não, você não pode sair agora. Não posso...

— Harry. — o cortou. — Você sabe que eu não dou a mínima para sua família, mas eles estarão te vigiando. O que aconteceu com você não é pouca coisa, e eles vão querer verificar se você realmente é você. Eles vão te machucar, e eu não vou tolerar isso. — Explicou suspirando enquanto continuava a enxugar as lágrimas que escorriam pelo rosto do menor. — Mas eu voltarei.

— Você não vai… — soluçou, dolorido e tremendo ainda mais. — V-você só diz isso para não me machucar, para que eu possa resistir. Você não vai voltar...

— Não. Olhe para mim. Olhe para mim, Harry. Eu o farei. Eu prometo que vou. Vou voltar, devo retornar... devo retornar a você.

O silêncio esteve presente por alguns segundos.

— R-Retornar para mim… ?

Louis olhou em seus olhos, e a brisa suave do inverno terminou.

— Espere por mim, hm? Você deve esperar por mim.

— Lou? — É quase instantâneo ele começou a sentir o corpo cansado, pesado, a ponto de acabar encostado no peito do Diabo. Seus olhos estavam se fechando. — L-Lou…

Ouviu a voz do marido dizer-lhe algo, mas não conseguiu entender o quê.

Ele adormeceu.

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Dias depois, finalmente, seus olhos se abriram.

Ele piscou lentamente, olhando ao redor. Quarto branco, algo injetado em seu antebraço, alguém de avental arrumando as coisas ao seu lado.

Hospital. Estava em um hospital.

… oh.

— Ei, você finalmente acordou. — disse a mulher com encorajamento, pegando um caderno e verificando o que dizia. — Harry Styles, sou a Dr. Lee. Você se lembra do que aconteceu com você?

Claro que se lembrava... mas por alguma estranha razão, isso não o afetou.

— Sim. — respondeu. Até a voz dela soava estranha. — Quanto se passou?

— Quatro dias desde o incidente. — respondeu a mulher, anotando algumas coisas em seu caderno. — Sente alguma dor?

— Não. — suspirou, cansado antes de se mexer um pouco, tentando se sentar. A enferma rapidamente o socorreu, perplexa.

Sua cabeça deveria pelo menos doer. Um milagre, talvez?

— Preciso dar uma olhada em você para ver se está tudo bem, mas vou avisar a sua família. Eles estão esperando lá fora há muito tempo. Vou mandar trazer um pouco de água para você, e talvez possa tomar uma sopa, garotinho.

Harry apenas a observou ir embora, já sentado, e observou a si mesmo. Olhou para as mãos, moveu os dedos dos pés, tocou o rosto... o que mudou?

Porque não havia mais vazio. Claramente Louis se foi, mas isso não parecia o afetar tanto mais.

Poucas coisas pareciam o afetar ultimamente.

Tentou se lembrar de algo profundo, algo que sabia que poderia doer. Visualizou a imagem de seu melhor amigo desmembrado, morto e com um olhar perdido.

...

Nada.

E talvez fosse uma leve suspeita, talvez Harry só estivesse cansado e precisasse comer ou beber, mas... havia uma grande chance... não. Não era fome, não era sede. Era uma probabilidade.

O Diabo havia cumprido seu acordo.

Sua alma se foi. E isso o afetava?

Nenhum pouco.

Era um novo começo, uma maneira diferente de ver as coisas... e ele iria aproveitar.

O máximo que pudesse.

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História original: BooDarkness

Tradução: Hey_Jeez5

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