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𝗼𝗻𝗲.

G.M, 23/12/2021
Los Angeles, CA

Ninguém me repreende quando eu solto um palavrão alto. Provavelmente porque ninguém entendeu o que eu disse. Saber um pouco de outro idioma é bastante útil em qualquer situação.

Endireito a postura, com as mãos no abdômen, e estico a perna esquerda. A mesma dor volta, descendo da panturrilha até a sola do meu pé. Porra!

─ Gina. ─ alguém me chama, e desisto de tentar quando me viro para olhar para a Madame. Ela não me pergunta nada, mas noto o ponto de interrogação em sua expressão.

─ Câimbra. ─ falo, indiferente.

─ Eu não acho que seja. ─ ela se aproxima de mim. ─ Por que você não tira essa uma hora de descanso?

─ Hoje é a última aula em três semanas, então não. Vou ficar até o final. ─ aperto a mandíbula e estico a perna esquerda para cima mais uma vez, alcançando a ponta do pé com a mão. ─ Viu? Foi uma câimbra, e já passou.

A Madame – que se chama Jean Evans, mas eu e as outras alunas a chamamos daquela maneira, que é quase um sinônimo para professora no ballet – suspira em derrota e se afasta, indo ajudar outra pessoa.

Não é a primeira vez que ela sugere que eu "tire uma hora de descanso". Ela fez isso três vezes na semana passada, porque acha que eu ando exagerando nas aulas desde outubro. O que pode ser um pouco verdade; aumentei as aulas de três para cinco dias na semana, e duas horas para três e meia. Mas ela deveria estar feliz, certo? Isso é um aumento na conta bancária dela.

Finalizo a aula sentindo toda a extensão da minha coluna latejar, mas ignoro isso. Hoje é quinta, um dos dois dias onde a aula acaba a noite – às sete nas terças e quintas, e às cinco nos outros três dias da semana.

Vou para o pequeno vestiário, mas não me dou o trabalho de trocar de roupa. Apenas coloco a calça de moletom e uma camiseta com o dobro do meu tamanho, tampando o collant preto e a meia calça bege. Solto o meu cabelo do coque apertado, mas o mantenho em um rabo de cavalo frouxo; tiro as sapatilhas, enfiando os pés doloridos em um par de all star gastos e penduro a bolsa no ombro direito antes de sair do lugar.

O vento gelado me atinge no segundo em que saio do salão. As ruas estão vazias, porque em dois dias é natal e as pessoas aqui são boas demais para passar as festas de fim de ano em suas casas enormes; não, elas precisam ir para Nova York, ou Paris, ou Grécia, sei lá.

Sei disso porque meus pais são esse tipo de pessoas, e eu passei a minha infância toda pulando de país em país nos feriados importantes. Não estou reclamando, adorei conhecer países e culturas diferentes, o que eu não gosto é o sentimento de superioridade deles.

Graças a Deus, passei muito mais tempo fora de casa do que dentro em toda a minha vida, então eles não conseguiram me afetar com essa merda. Mas minha irmã mais nova? Ela não escapou. E agora se acha melhor que suas amigas da escola porque ela tem dez anos e já tem um carro na garagem esperando ela fazer dezesseis.

É, eles são esse tipo de pais. Eu tenho uma boa relação com eles, apesar de tudo. E eles – mama principalmente – estão orgulhosos por eu seguir com o sonho da baba Polina em dançar ballet profissionalmente.

Foi a minha vó, Polina, quem me apresentou o ballet. Eu tinha cinco anos na minha primeira aula, e me apaixonei completamente. Ela faleceu quando eu tinha nove anos, mas pouco antes disso ela me disse que teve um sonho tão vívido que ela mal percebeu que estava sonhando quando acordou: eu estava em uma cerimônia, caminhando por um tapete branco, e recebia uma medalha de honra e o reconhecimento como a melhor bailarina bolshoi da atualidade.

Eu me agarrei a isso. Sonhei com isso também, depois que ela me contou. E dias depois, quando ela teve falência renal e não resistiu... Eu sabia que era o meu destino.

Então foda-se o orgulho dos meus pais. Não estou fazendo isso por eles. Porém, é bom permanecer na boa graça deles; afinal, o meu apartamento foi um presente de dezoito anos, e o carro aos dezesseis.

Sei que não seria nada sem eles. Mas isso não me impede de discordar de algumas coisas.

Sinto meu braço gelar mais rápido do que gostaria, então corro para dentro do meu carro. Um Audi a3 preto. O banco de couro gela a minha bunda, e eu ligo o ar condicionado imediatamente.

Dez minutos depois, estou em casa. Tranco a minha porta e vou para o banheiro, lamentando o que me espera, mas feliz que seja a última vez em três semanas.

Abro a torneira com água morna e deixo a banheira enchendo, enquanto eu vou para a cozinha e tiro dois sacos de gelo do freezer. Acho que meus pais enriqueceram o dono da loja de conveniência no posto de gasolina aqui perto, só comprando gelo.

Depois que a banheira enche para cima da metade, jogo os dois sacos de gelo lá dentro, e começo a me despir.

Tento não bater os dentes um contra o outro, mas é quase impossível. Solto um grito quando entro na banheira; a água morna já era. Fico imersa até o pescoço sob a água gelada e os cubos de gelo que flutuam nela, mas a dormência me atinge um minuto depois.

É sempre o minuto mais demorado de todos os dias.

Não me mexo por quase cinco minutos, deixando a água aliviar a tensão nos meus músculos e curar as dores nos pés, nas pernas e nas costas. Sair é tão difícil quanto entrar, e saber que não posso entrar na água quente é torturante.

Me seco com dificuldade, e corro para o meu quarto, onde o ar quente me recebe. Solto um gemido de pura satisfação, e me escondo debaixo da minha coberta, me esquentando.

Quando meu corpo já recuperou a temperatura normal, alguns minutos depois, volto para o banheiro. Finalmente tomo banho do jeito certo, na temperatura máxima, e depois visto o meu pijama mais quente.

Calço a minha pantufa branca e vou para a cozinha. Meu celular toca assim que abro o armário de panelas. É Maggie.

Atendo, vendo apenas parte do rosto dela, incluindo o nariz vermelho e lábios rachados. Ela nem espera eu dizer oi.

Eu odeio o inverno. ─ ela resmunga. ─ Eu tô com duas blusas, uma calça de moletom, três meias e três cobertores, e ainda tô tremendo. Que porra é essa?

─ Aquecimento global. ─ dou de ombros. ─ E as montanhas do Colorado não são o melhor lugar pra passar o inverno.

Não estamos mais nas montanhas há anos, e você sabe. ─ ela retruca. ─ Mas meu pai se mudou de novo, mais perto da saída da cidade. Uns dez quilômetros mais longe que isso e eu provavelmente ficaria presa aqui até março ou abril.

Sorrio, enquanto encho uma panela pequena com água e óleo. O celular está apoiado no armário, então ela pode me ver.

─ O frio não é tão ruim assim. ─ falo, colocando a panela no fogo.

Você diz isso porque toma aquele banho de gelo três vezes por semana desde os seis anos. Pra você é fácil. ─ ela diz, então acrescenta: ─ Você é capaz de sentir frio, ou seu corpo já nem liga mais?

Dou risada, balançando a cabeça.

─ É claro que eu sinto frio, Maggie. ─ respondo. Ela sorri, e eu mudo de assunto. ─ Quando você volta?

Dia 28. Eu já tinha pensado em uma desculpa, mas meu pai nem perguntou nada. Provavelmente acha que é a minha mãe querendo passar a virada do ano comigo. ─ ela bufa uma risada.

─ Você tem vinte anos, não precisa de uma desculpa pra voltar pra casa.

Nem todos os pais são tão insensíveis quanto os seus, princesa. ─ mostro o dedo do meio pra ela e ela ri. ─ O que você tá aprontando aí?

─ Macarrão com queijo. ─ sorrio.

Você não tem uma dieta balanceada e essa merda toda? ─ dou de ombros.

─ É quase natal. As pessoas engordam nessa época do ano, não é? ─ ela dá risada, concordando. ─ Ok, te vejo daqui uns dias.

Beijo, princesa.

Ela desliga, e volto a atenção para o macarrão. Maggie está certa, eu tenho uma dieta. Mas nunca segui ela muito a risca; é óbvio que eu não vivo de besteira, mas sempre como algo calórico aqui e ali, quando sei que não vai me afetar.

Minutos depois, vejo a água borbulhando e jogo o macarrão no escorredor. Uso a mesma panela para colocar o molho com sal e os cubinhos de queijo. Quando eles derretem, lavo o macarrão e o jogo de volta na panela, colocando mais queijo por cima e misturo tudo.

Encho um copo com Pepsi e vou para a minha sala de estar, assistir algo enquanto como o macarrão. Eu amo estar sozinha.

Sem barulho, sem ninguém para me preocupar. É quase a vida perfeita.

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oi gente :) fanfic nova, gostaram???
pfvvvvv comentem bastante 🙏🏽

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