𝗳𝗶𝗳𝘁𝗲𝗲𝗻.
V.H, 02/04/2022
Los Angeles, CA
Era fácil saber que tipo de família a pessoa é: observe-a comer. É um método totalmente infalível.
E vendo Gina comer o Risotto que pedimos, qualquer um diria facilmente que ela foi criada pela família real do Reino Unido.
─ Por que você tá me olhando assim? ─ ela pergunta, quando me nota olhando-a. ─ Minha boca tá suja?
─ Não, não é isso. ─ sorrio. ─ É só que... Sei lá, você come com tanta delicadeza.
Ela franze o cenho.
─ Você esperava que eu comesse como um ogro?
─ Você definitivamente fala como um. ─ retruco, sorrindo um pouco mais largo. ─ E também não é isso. Eu só estava imaginando o tipo de criação que você teve.
─ Você é estranho. ─ ela diz, prestes a tomar um gole de água.
Dou risada, balançando a cabeça.
─ Se você quer saber, então pergunte. ─ ela dá de ombros. ─ Mas vou te poupar, porque já sei qual a sua pergunta.
─ Então responda.
─ Minha mãe é a princesa do ouro. ─ ela diz, como se não fosse grande coisa. Quase engasgo. ─ Minha avó se refugiou no período da Guerra Fria, quando tinha doze anos. Ela veio para os Estados Unidos escondida na frota de soldados americanos, acho que em 1970. Ela acabou em uma região rural no Texas, e em um belo dia ela encontrou o primeiro grão de ouro.
Acho que eu vou desmaiar.
─ Ela conheceu o meu avô dois anos depois, ele era apenas um ano mais velho. Os dois, juntos, acharam a maior vala com ouro, prata e mais um monte de pedras preciosas. Eles enriqueceram pra caralho. ─ ela continua, então come mais uma garfada, mais um gole de água e continua: ─ Em 1983, minha mãe nasceu. Minha avó já tinha 25 anos, e já era bilionária, com todo o investimento que meu avô a ensinou a fazer. Quando eu nasci, essa quantia tinha quase dobrado.
Tá de sacanagem. A família dela é bilionária?
─ Meu avô morreu de uma doença da terra uns anos antes, então não o conheci, mas conheci minha avó. Ela me apresentou o ballet, cantava cantigas russas de ninar e me ensinou a falar russo o tanto que conseguia se lembrar. Ela morreu quando eu tinha nove anos, de falência renal, mas me deixou parte do dinheiro dela como herança. ─ ela sorri largo. ─ Eu não soube disso até ano retrasado, quando fiz 18 anos e o advogado da família me procurou para me dar os dados da conta bancária que ela criou antes de falecer. Ela fez uma para a minha irmã mais nova também. Meus pais ainda não sabem que eu tenho o meu próprio dinheiro, e ainda não quero que saibam.
Ok, uau. Tenho quase certeza de que estou a olhando como se ela fosse de outro mundo.
─ Diga alguma coisa. ─ ela diz.
─ Eu me sinto um idiota por ter insinuado que você estava de olho no meu dinheiro. ─ murmuro, e quis dizer cada palavra.
Ela dá risada.
─ Não sinta. ─ ela sorri. ─ Eu não levei a sério, de qualquer maneira.
Sorrio de volta.
─ Então... Qual é a sua história? ─ ela pergunta.
─ Nada super interessante como uma avó rainha da corrida do ouro. ─ falo, e ela revira os olhos. ─ Meu tataravô criou uma marca de cidra, ganhou dinheiro pra caralho, passou o legado para o meu bisavô, que duplicou o dinheiro, depois passou para o meu avô, depois para o meu pai. Ele vendeu a maior parte da marca para uma empresa gigante de cidras e vinhos, mas continua como sócio e ainda ganha dinheiro com isso. ─ falo, nem animado e nem tedioso. ─ É isso.
─ Nosso bebê terá as famílias mais interessantes dos Estados Unidos. ─ Gina fala, sorrindo. ─ Se puxar a você, já posso imaginar as histórias correndo pela cidade toda.
─ Você tá me chamando de fofoqueiro?
─ Não é a palavra certa. Acho que convencido encaixa mais.
Cerro os olhos para ela.
Gina acaba o Risotto e limpa a boca, tomando o último gole de água. Ela muda de assunto.
─ Você sempre soube que queria jogar basquete?
─ Sempre, desde moleque. ─ respondo, sem hesitação. ─ Fiz minha primeira cesta com dois anos, com uma fralda e um balde de lixo.
Ela solta uma gargalhada baixa.
─ Eu entendo. Minha primeira aula de ballet foi com cinco anos e eu soube que queria dançar para sempre. ─ ela sorri. ─ Você acha que o bebê vai querer fazer isso também? Basquete ou ballet?
─ Por que não os dois? ─ balanço os ombros. ─ Tenho certeza que a flexibilidade é um ótimo adicional no esporte.
─ A menos que seja menino. ─ ela diz. ─ É difícil garotos se interessarem por ballet.
Algo passa pela minha cabeça.
─ Posso assistir uma aula sua? ─ ela franze a testa levemente, mas ainda está sorrindo fraco.
─ Por que você quer, ou por que você ainda tá seguindo aquilo de "vamos conviver por 18 anos, então é bom nos conhecermos o máximo possível"?
Dou risada.
─ Primeira opção, Gigi. Eu soube que você é uma bailarina e tanto. ─ ela revira os olhos, mas não com arrogância. ─ Bolshoi, né?
Vejo o humor dela murchar em literalmente dois segundos.
Acho que vacilei.
─ Esse era o plano. ─ ela murmura.
Não insisto no assunto, porque sei que ela está abalada sobre isso e pisei na bola trazendo isso agora.
─ Mas e você? Algum contrato pré-assinado? ─ ela desvia o foco do ballet.
─ É ilegal, mas já recebi algumas ofertas totalmente não oficiais. ─ mordo o lábio, contendo minha animação. ─ Meu foco é os Lakers, pelo menos por um ano, e depois, se o Bulls me quiser, sou todinho deles.
Ela franze o cenho.
─ Bulls? O time de Chicago?
Ah, merda. Ela em Los Angeles, com o bebê, e eu em Chicago? Não rola.
─ Merda. Merda, merda. ─ murmuro.
─ Relaxa, ok? A gente dá um jeito. ─ para a minha total surpresa, ela alcançava a minha mão em cima da mesa. ─ Não vou te fazer desistir disso.
Gosto muito mais dela agora do que gostava há cinco segundos atrás.
─ Obrigado. ─ eu sussurro. ─ E vamos dar um jeito sobre Bolshoi também. Adiar não é desistir, certo?
Ela sorri, um sorriso pequeno.
─ Certo.
Ela pede um tiramisu de sobremesa, mas eu nego, por estar satisfeito. Depois de cinco minutos discutindo, decidimos dividir a conta – eu quis ser cavalheiro, mas ela jogou o cartão da princesa do ouro e ganhou o jogo.
─ Foi... divertido. ─ ela diz, entrando no carro.
─ Foi. ─ sorrio, dando partida no carro. ─ Não vejo a hora de repetir.
─ Sério?
─ Claro que sim. Sua bunda fica uma maravilha em um vestido. Você deveria usar mais, aliás. ─ pisco pra ela, que balança a cabeça, rindo.
─ Você realmente não presta, né?
─ Eu achei que você soubesse disso quando foi comigo para o meu quarto, Gigi. ─ sorrio para ela. ─ Mas eu prometo tentar mudar. Não posso dar um mau exemplo ao meu filho, ou agir feito um babaca ao redor da minha filha.
Ela sorri, virando para a janela.
Paro em frente ao prédio dela uns quinze minutos depois, mas não desligo o motor.
─ Gigi, tenho uma última pergunta.
─ Manda.
─ Nós vamos ser pais de um bebê, como já sabemos, mas a questão é... você quer levar isso como amigos, ou estamos abertos a possibilidades?
Ela me encara por três segundos muito longos, completamente em silêncio.
E quando ela quebra o silêncio, é apenas:
─ Boa noite, Vinnie.
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ginnie tendo o MINIMO de interação
eu e vcs:
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