𝗲𝗶𝗴𝗵𝘁𝗲𝗲𝗻.
V.H, 15/04/2022
Santa Monica, CA
Voltar para casa era sempre bom. Sempre tinha aquele sentimento de carinho e amor por ser recebido pelas pessoas que eu mais amo no mundo. Mas agora? Tô com medo pra caralho.
Minha mãe não é exatamente religiosa, mas não tenho certeza se ela vai receber muito bem a notícia de que vou ter não um, mas dois bebês, e fora de um relacionamento.
Acho que chegou a hora de descobrir.
Meus pais moram em Santa Monica há uns dez anos, quando se cansaram do barulho de Los Angeles e comprarem uma casa na praia perto do Píer. É bem tranquilo, e é perto de onde eu moro agora, então é aceitável.
Não me incomodo em bater, apenas destranco a porta com a minha chave e entro.
─ Mãe? ─ chamo, fechando a porta.
Dez segundos depois, ela aparece no corredor, usando um avental, com o cabelo preso e um pano de prato no ombro.
Ela se recusa a contratar pessoas para fazer o que ela ainda pode.
─ Oi, filho! ─ vou até ela e abraço. ─ Aconteceu alguma coisa? Você nunca aparece sem avisar.
─ Não... bem, sim. ─ me atrapalho. ─ Cadê o pai?
─ Lá atrás, mexendo naquela lata velha. ─ sorrio, então beijo a testa dela e cruzo a casa até o quintal de trás.
Meu pai está deitado sob o Caddy Eldorado que pertencia ao meu avô, nos anos 80. Apesar da insistência da minha mãe, ele nunca se livrou dele – mesmo que ele nunca tenha saído do lugar por mais de vinte anos. Meu pai se diverte arrumando poucos detalhes de vez em quando, mas não posso julgá-lo por isso.
─ E aí, velhote. ─ empurro um pouco o suporte onde ele está deitado, e ele resmunga.
─ Vou te mostrar o velhote quando eu te derrubar, seu pirralho. ─ ele sai de baixo do carro, sujo de óleo e graxa. Ele vem para me abraçar, mas eu me afasto. ─ O quê?
─ Sem abraços até você tomar um banho. ─ ele revira os olhos. ─ Vou ajudar a mãe na cozinha enquanto isso.
Ele some pelo corredor e eu para a cozinha.
─ O Reggie ligou essa semana? ─ pergunto, começando a cortar a coisa verde que ela me empurrou.
─ Ontem. ─ ela responde. Reggie, meu irmão mais novo, é a porra de um gênio, e estuda na Brooklyn Science Academy, um internato para adolescentes inteligentes como ele, em NY. Ele liga uma vez por semana, às vezes mais. ─ Ele ganhou uma medalha por um experimento. Ele tentou me explicar, mas no segundo em que ele disse o primeiro componente químico, meu cérebro pifou.
Solto uma gargalhada.
─ Mas e você, vai contar o motivo da visita inesperada ou não?
─ No jantar. ─ dou de ombros. ─ Ou depois. Não quero correr o risco de alguém se engasgar e morrer.
─ Seu otimismo me comove. ─ ela me empurra com o ombro. ─ É tão sério assim?
Se ter dois bebês é algo sério? É, pra caralho.
─ Espere e verá.
Vinte minutos depois, estamos sentados na mesa de jantar. Meus pais se servem e eu o faço logo depois, quase salivando em cima do frango no meio da mesa.
Mas, quando coloco o prato cheio na minha frente, minha mãe puxa ele pra longe.
─ Mãe!
─ Não tem risco de ninguém se engasgar agora, então conte.
Meu pai franze a testa, mas não diz nada.
─ Não podemos comer primeiro? ─ minha mãe balança a cabeça. ─ Mesmo?
─ Não vai doer esperar mais cinco minutos, Vincent.
─ Eu sei, mas é provável que a senhora jogue o prato na minha cabeça. ─ murmuro.
Recebo silêncio em troca, e agora sei que não vou escapar mesmo. Abaixo os braços para o meu corpo, apertando as mãos juntas.
─ Primeiro, eu quero dizer que nem em um milhão de anos eu imaginaria que isso fosse acontecer tão cedo. Eu juro. ─ começo. ─ Eu conheci uma garota no ano novo, e a gente acabou... ─ como eu vou olhar pra minha mãe e dizer que fodi alguém? Não. ─ Eu dormi com ela. ─ muito melhor. ─ Mas no calor do momento, nós não nos importamos com o preservativo e...
─ Ela vai ter um bebê? ─ minha mãe pergunta, com os olhos arregalados.
─ Não. ─ ela quase parece aliviada, mas não dura nem três segundos. ─ Dois.
Minha mãe parece que vai desmaiar. E não a julgo, já que eu mesmo desmaiei quando Gina me contou.
─ Gêmeos? ─ meu pai pergunta, e eu concordo. ─ Não é incomum na nossa família, a maioria de nós somos gêmeos.
─ Seus genes decidiram pular uma geração, então... ─ dou de ombros. ─ Vou ser pai de dois bebês. ─ depois de respirar fundo, minha mãe me olha mais uma vez, com a pergunta nos olhos. ─ São meus, mãe. Fizemos o teste, por precaução.
─ Quem é a garota?
─ Ela é amiga da namorada do Huxhold. ─ minha mãe conhece meus amigos, mas não Maddy. ─ Ela é uma boa pessoa, acho que podemos fazer isso acontecer. Criar os bebês, quero dizer.
Minha mãe abriu a boca para dizer algo, mas meu celular apitou. Me desculpei, pegando o celular rapidamente, e li a mensagem na tela.
─ Ah, merda. ─ murmurei, sem perceber.
─ O que? É alguma coisa com os bebês? ─ mordo um sorriso. Mesmo com a casca grossa de mãe, eu sei que no fundo ela está explodindo de felicidade.
─ Não, nada com eles. ─ sorrio fraco. ─ Os pais dela querem jantar com a gente.
─ E isso é ruim? ─ meu pai pergunta. ─ Eu iria sugerir o mesmo, em algum momento.
Balanço a cabeça.
─ Eu não faço a mínima ideia. ─ suspiro.
─ Você não conhece os pais dela? ─ minha mãe pergunta.
─ Não pessoalmente. ─ respondo. ─ Mas já vi alguns artigos sobre a empresa dos pais dela, e também... É, a mãe dela meio que é a princesa do ouro, então...
─ Meio? Ou ela é ou não é, Vincent.
─ Ela é. ─ falo. ─ Sabe aquela história de uma refugiada ser uma das pioneiras da corrida do ouro? Era a avó dela.
Pela primeira vez em muito tempo, minha mãe fala um palavrão.
─ Eu tive essa mesma reação. ─ brinco.
─ Vamos jantar com eles amanhã? ─ ela pergunta.
─ Se vocês quiserem.
─ E tem como negar? ─ meu pai zomba. ─ Nos mande a hora e o lugar, e estaremos lá.
Houve um estranho minuto de silêncio, mas cuidei para acabar com isso logo.
─ Posso comer agora, mãe?
Ela bufa, mas me devolve o prato.
Não demonstro, mas tô nervoso pra caralho.
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vai conhecer os futuros sogros eita
no off o vinnie ta assi
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