𝘀𝗲𝘃𝗲𝗻𝘁𝗲𝗲𝗻.
G.M, 15/04/2022
Los Angeles, CA
Coloquei a minha melhor expressão de tranquilidade e abri a porta do carro, em frente ao portão enorme da casa dos meus pais.
Depois da breve conversa com Vinnie no estacionamento do hospital, na terça-feira – o dia em que descobrimos que não tem apenas um bebê dentro de mim, mas dois –, decidimos que vamos contar para os nossos pais hoje, e depois contar a reação deles pelo telefone mais tarde.
Por isso, estou aqui. São seis da tarde, e sei que papa está em casa, assim como mama e Yuliya. É uma conversa para a família inteira, aparentemente.
Quem abre a porta para mim é Olga, a governanta da casa.
─ Gina, que bom te ver! ─ sorrindo, a abraço. Por um tempo, quando minha mãe estava ocupada demais ajudando na empresa que criou com meu pai, Olga que cuidou de mim. Essa mulher é um anjo. ─ De visita?
─ Mais como... Invocar o conselho familiar. ─ ela ergue as sobrancelhas.
─ Dá última vez... ─ ela se interrompe, mas sei o que ela iria dizer. Da última vez que o conselho familiar foi invocado, eu tinha doze anos e achei que era uma boa ideia confrontar meu pai sobre a secretária que eu peguei ele comendo no escritório; foi nojento, e no fim eu fiquei de castigo por me meter nos "assuntos dos adultos" – com o apoio da minha mãe.
─ Eu sei. ─ suspiro. ─ Mas não é como da última vez. É sobre mim.
─ Mesmo? ─ ela sorri. ─ Alguma coisa sobre Bolshoi?
Meu sorriso cai um pouco.
─ É uma parte do assunto. ─ ela franze a testa, e apenas porque confio nessa mulher com a minha vida, eu digo: ─ Estou trazendo dois novos integrantes para a família.
Olga demora exatamente cinco segundos para entender, descendo os olhos para a minha barriga ao fim deles.
─ Dois?
─ Dois.
Ela me abraça, me parabenizando, e eu agradeço.
─ Não vou te segurar mais. ─ ela se afasta. ─ Sua mãe está na sala de estar, seu pai no escritório e Lia no quarto.
Vou atrás de Lia primeiro, que ficou surpresa por me ver aqui e depois brava por ter feito ela sair do quarto. Meu pai ficou incomodado por ser tirado do foco, mas quando eu citei o conselho familiar, ele me seguiu sem mais nenhuma palavra.
Essa coisa de conselho familiar foi criado pela baba Polina. O primeiro que eu me lembro, foi quando minha mãe invocou, para pedir permissão de investir o dinheiro em outro prédio para a empresa – que ela e papa construíram com o dinheiro da baba. O último foi um fiasco total, então meio que se extinguiu depois disso.
─ Gina. ─ minha mãe se levanta do sofá, largando o livro que estava lendo. ─ Por que não avisou que viria? Eu poderia ter mandado preparar um jantar e...
─ Não é preciso, mama. ─ sorrio fraco. ─ Sentem-se, os três.
Meu pai pega a poltrona, e Yuliya e minha mãe no sofá.
─ O que você está fazendo? ─ Yuliya pergunta, e me lembro que esse é o primeiro dela.
Afinal, na última vez ela era um bebê. E meu pai jogou a culpa da traição nela. "Sua mãe precisa de atentar à sua irmã, e eu preciso de alguém que me dê atenção enquanto isso, não é nada para se alarmar, filha".
─ Invocando o conselho familiar. ─ meus pais se olham. ─ Não é nada sobre nenhum de vocês. Aprendi a lição.
Meu pai relaxa visivelmente, e quase reviro os olhos.
─ Muito bem, então diga. ─ ele diz.
Passei o dia inteiro preocupada com a reação deles, que não planejei como dar a notícia, em primeiro lugar.
─ Gina? Você vai simplesmente ficar em silêncio? ─ minha mãe pressiona.
Forço uma tosse, e não olho para nenhum deles quando começo a falar.
─ Eu não vou mais tentar ganhar a bolsa para Bolshoi. ─ é a primeira coisa que sai, e não deixa de ser verdade.
As reações são variadas.
─ O que? Por quê? ─ mãe.
─ Foi pra isso que você me tirou do trabalho? ─ pai.
─ Eu não tenho nada a ver com a sua vida. ─ Yuliya.
Suspiro e cruzo os braços.
─ Eu não vou tentar, porque vou dar a luz a gêmeos pouco antes, e aposto que isso vai me deixar fora de forma.
Sei que os peguei de surpresa. Os olhos arregalados no rosto da minha mãe são um bom indicativo disso. Lia até deixou o celular cair.
─ O que você acabou de dizer?
─ Que eu vou adiar o Bolshoi, porque vou ter dois bebês.
Ainda parece mentira. Dois bebês.
─ Eu não sabia que você estava namorando. ─ meu pai diz. Ele sabe que não estou namorando ninguém, porque ele saberia se eu estivesse.
─ E não estou. ─ falo.
─ E como isso aconteceu? Quem é o garoto? ─ minha mãe pergunta.
─ E, por favor, não diga que foi um acidente.
Yuliya ainda estava em silêncio.
─ Foi em uma festa de ano novo, eu o conheci e... enfim, aconteceu. ─ dou de ombros. ─ Não importa, realmente, certo? Já está feito.
─ Quero conhecê-lo.
Olho para o meu pai imediatamente. Isso não estava nos meus planos.
─ O quê?
─ Seu pai tem razão. Precisamos conhecer o pai dos meus netos. ─ minha mãe diz, mas não está sorrindo ou animada. ─ E conversamos sobre Bolshoi depois.
─ Não tem essa de "depois", mama. Eu já tomei minha decisão. ─ não foi exatamente isso, mas eu não poderia me apresentar de qualquer maneira, então que seja. ─ Talvez eu tente a bolsa outro ano, ou talvez ballet não seja o meu futuro.
Ela se ofende profundamente. O que é irracional, já que ela não sabe literalmente nada sobre ballet.
─ Sua avó...
─ Eu sei exatamente o que ela sonhou e queria para mim, e é exatamente o que eu sonho e quero, mas isso não significa que seja a coisa certa.
Meu pai não é fã de conversas como essa, então não é nenhuma surpresa quando ele se levanta, pronto para se retirar.
─ Svetlana, marque um jantar amanhã. ─ ele para na minha frente. ─ Chame o seu namorado e os pais dele.
Não sei se isso saiu melhor ou pior do que eu esperava.
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tem pais: trauma
nao tem pais: trauma
pais = trauma
curiosidade: é assim q eu imagino a família da gina
JFD o maior dilf de todos sim!!!!!
já foram ler bloody red??? me deem um biscoitinho lá :)
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