¹⁵
Ainda sinto sua mão na minha... o som da sua voz... seu olhar. Consigo desenhar seu rosto de olhos fechados. A sensação do seu beijo...
⎯⎯ Lia, pode sorrir por favor? ⎯⎯ a fotógrafa pede me acordando do transe.
⎯⎯ Sim?.
⎯⎯ Sorrir. ⎯⎯ ela encena um sorriso e eu o faço.
O click da câmera e a intensa luz invadindo meu campo de visão.
⎯⎯ Acho que acabamos por hoje, vou deixá-la descansar um minuto e já já sua mãe chega. ⎯⎯ Minha estilista fala doce como sempre e sai do meu camarim me deixando a sós.
Me encaro no espelho sentindo todo o peso do cansaço do dia tomar o meu corpo.
⎯⎯ Onde está a estrela de Seul? ⎯⎯ Dayeon entra em meu camarim carregada de girassóis.
⎯⎯ Oi! ⎯⎯ Me levanto e a abraço.
⎯⎯ Meus parabéns! Sei o quanto essa revista é importante para a sua família.
"Sua família"
⎯⎯ ah... sim.
⎯⎯ Eu vi algumas das fotos quando cheguei, estava passando no telão.
⎯⎯ É, eles estão escolhendo. ⎯⎯ Encaro seu broche dourado. ⎯⎯ é bonito. É novo? Nunca a vi usar.
⎯⎯ Ganhei de um fã? Ele é tão fofo.
⎯⎯ Recentemente eu conheci o seu maior fã. ⎯⎯ Droga... não era para ter falado.
⎯⎯ Meu maior fã? Quem? Eu tenho vários, duvido ele ser o maior.
⎯⎯ Acredite, ele é, nunca o vi falar nada que não seja sobre você. Ele sabe tudo, decorado e anotado.
⎯⎯ Quem é então? Eu o conheço? Onde o conheceu? Fiquei curiosa agora...⎯⎯ ela coloca o dedo no queixo, pensativa.
O que eu falo? Não posso dizer que foi um vândalo.
⎯⎯ Não, você não o conhece. Só sei que ele é seu fã, muito.
⎯⎯ A vai! Quem é? ⎯⎯ Ela pega meu braço e começa a balançar. ⎯⎯ se não falar eu vou continuar perturbando, você sabe o quanto eu posso ser persistente.
⎯⎯ O nome dele é Taehun e é um vândalo. ⎯⎯ Ela para de balançar meu braço no mesmo momento.
⎯⎯ Jisu, você ainda está andando com eles?.
⎯⎯ Day...
⎯⎯ Eles ainda vão fuder com você quando descobrirem. Era para ter parado antes.
⎯⎯ Eu sei mas...⎯⎯ Eu não conseguia dizer, nada.
⎯⎯ É por causa deles que você passou esses 5 dias tristes? O quê? Está namorando com um?.
⎯⎯ Não! Dayeon, não é nada disso, você sabe o quanto eu amo a música.
⎯⎯ E a consequência dela não te lembra nada? ⎯⎯ Minhas costas ardem.
⎯⎯ Eu não consigo mais voltar atrás. ⎯⎯ Acaba saindo em um Sussurro. Um sussurro doloroso.
⎯⎯ Que seja, vejo você amanhã na escola. ⎯⎯ ela se levanta para ir embora.
⎯⎯ Eles são humanos, não monstros. ⎯⎯ ela para.
⎯⎯ E você tem pessoas ao seu lado que se preocupam. ⎯⎯ Ela fecha a porta me deixando só.
O que minha vida está se tornando?.
[•••]
O tilintar do garfo de meu pai estava me deixando nervosa. Odeio barulhos finos e repetitivos, me fazem ficar enjoada.
⎯⎯ Tenho boas notícias. ⎯⎯ Finalmente ele para os talheres.
⎯⎯ Sério? Quais?. ⎯⎯ minha mãe bebe um gole de seu vinho.
⎯⎯ Consegui a filial com aquela empresa americana e daqui a 1 mês iremos para lá.
Me engasgo fortemente com a água.
⎯⎯ O-O quê?! ⎯⎯ é o que eu consigo falar em meio a tosse.
⎯⎯ Jin-ra! ⎯⎯ Minha mãe chama a empregada que me ajuda a recuperar o ar.
⎯⎯ Não é ótimo?.⎯⎯ Minha mãe da um largo sorriso.
⎯⎯ E quanto tempo vamos ficar?. ⎯⎯ Arrisco.
⎯⎯ 1 ano.
⎯⎯ 1 ANO!? ⎯⎯ Me levanto de uma vez.
⎯⎯ Que reação é essa? ⎯⎯ Minha mãe se levanta também.
⎯⎯ E-Eu... eu não estou me sentindo bem, posso ir para o meu quarto? ⎯⎯ Encaro os dois. Meu pai revira os olhos e me permite ir.
Corro e ao chegar fecho a porta rapidamente. A falta de ar está vindo, consigo senti-la cada vez mais forte.
Não... não posso, não posso ir. Não posso ficar sem... ele.
[•••]
A brisa forte que vinha da janela não me deixava continuar dormindo, estava muito frio. Forçadamente me levanto para fechar as janelas. Quem a abriu? Me lembro de tê-las deixado fechadas.
A fecho e a tranco sentindo aos poucos a quentura do lugar. Bem melhor.
Ao fechar as cortinas sinto mãos abraçarem minha cintura e penso em gritar mas a voz... a voz que veio em seguida...
⎯⎯ Está tudo bem, sou eu. ⎯⎯ Meu corpo entra em êxtase e uma grande alegria inunda meu peito.
⎯⎯ C-Como chegou aqui? De onde veio? Como subiu?.
⎯⎯ Tantas perguntas. ⎯⎯ Ele fala em um tom de cansaço.
Sinto suas mãos soltarem o meu corpo e ele se afastar. Quando tomo coragem de virar o vejo indo para a minha cama e deitando.
⎯⎯ Uau! Essa é a melhor cama que eu já deitei em toda a minha vida!. ⎯⎯ Solto uma risada.
⎯⎯ Está cansado?.
⎯⎯ Muito. Acabei de chegar de viagem.
⎯⎯ E... o primeiro lugar que veio, foi pra cá? ⎯⎯ Não deveria ter perguntado isso jisu! Ele vai te achar tola por se importar tanto assim.
⎯⎯ Sim. Fiquei sabendo que sentiu muito a minha falta esses dias. ⎯⎯ Ele se vira para mim.
⎯⎯ Pois é melhor trocar de informante, essa pessoa está passando a informação errada. ⎯⎯ Ele sorri e da dois tapinhas na cama ao seu lado.
Me aproximo e me sento.
⎯⎯ Como foi lá? ⎯⎯ Falo antes que o silêncio tome conta.
⎯⎯ Foi bom, dancei tanto que estou com bolhas nos pés. Foi ótimo rever a família. ⎯⎯ Noto o brilho intenso no seu olhar e isso me faz sorrir, mas também noto o hematoma na sua bochecha.
⎯⎯ O que é isso? ⎯⎯ Sem querer toco e ele reagi com uma careta de dor. ⎯⎯ Desculpa.
⎯⎯ Não foi nada. ⎯⎯ Ele sorri.
⎯⎯ Creio que "nada" não pode lhe ter causado um hematoma desses.
⎯⎯ É só... guangues. ⎯⎯ Meus olhos se alargam.
⎯⎯ Você se meteu em uma briga com guangues?! ⎯⎯ Tampo minha boca de uma vez pois acabo falando alto demais. ⎯⎯ Está maluco?.
⎯⎯ Calma, é outro tipo de guangue. São a família rival da minha no mundo da música. São os Ampth.
⎯⎯ Ampth?.
⎯⎯ Eles sempre tentam nos superar, isso faz anos. Só que quando perdem, eles ficam meio... bravinhos.
⎯⎯ Ah... ⎯⎯ Me levanto e pego um pequeno kit de primeiros socorros ao lado da minha escrivaninha e ligo o abajur dando um pouco de luz ao lugar.
⎯⎯ O que está fazendo? ⎯⎯ sento novamente ao seu lado.
⎯⎯ A ferida está aberta, não deve deixá-la assim. ⎯⎯ Começo com uma pomada.
No meio do processo percebo o seu olhar em mim que não desviava. Isso estava me deixando nervosa, sentia seu olhar me sugar por inteira.
⎯⎯ Estava com saudades dos seus olhos, princesinha. ⎯⎯ Isso me desmontou por inteira.
Não conseguia me concentrar na ferida, estava tremendo. Sua mão toma a minha me fazendo parar. Ele estava perto. Muito perto. Perto até demais. Vejo seu olhar direcionado para a minha boca. Ele não ia... ia?
Estava ansiosa para acontecer, não deveria, eu sei! Não sei nem o que sinto totalmente por ele. Isso me deixava nervosa. Eu estou tão nervosa!.
Quando vejo uma certa distância plausível entre nossos rostos eu fecho os meus olhos e em resposta recebo um sopro em meu rosto e uma risada. Ah não... não acredito nisso.
⎯⎯ Eu te odeio. ⎯⎯ Guardo todas as coisas e me deito na cama de costas para ele de braços cruzados. Ele continuava rindo.
⎯⎯ Me desculpa. ⎯⎯ Ele abraça o meu corpo por trás. ⎯⎯ Então você queria me beijar? Ahn?.
⎯⎯ Não seja idiota.
⎯⎯ Ah qual é! Então vamos tentar de novo, vem.
⎯⎯ Vai a merda, Soobin!.
⎯⎯ Não me chama pelo meu nome dessa forma, vem, é sério dessa vez.
⎯⎯ Eu não quero beijar você.
⎯⎯ Mas eu quero.
Não Choi Jisu, não caia nessa, não estremece corpo! Não pareça tão fácil assim.
⎯⎯ Tudo bem... se você não quer... eu vou embora então, não consegui as boas vindas que eu queria. ⎯⎯ Sinto suas mãos soltarem aos poucos da minha cintura.
Não consigo lutar contra o meu corpo então me viro de uma vez me dando de cara com ele que sorri.
⎯⎯ Vou tratar isso como um sim. ⎯⎯ Ele beija a minha testa.
⎯⎯ Pensei que era melhor que isso. ⎯⎯ Por que ao lado dele fico tão atrevida dessa forma?.
⎯⎯ Não busque tudo de uma vez. ⎯⎯ Ele passa seu dedo no topo do meu nariz.
⎯⎯ Desculpe mas nasci tendo tudo de uma vez na minha mão. ⎯⎯ Ele sorri de lado.
⎯⎯ Bem humilde, amém. ⎯⎯ Solto uma risada.
Paramos por alguns segundos, sua mão foi de encontro a minha bochecha enquanto a acaricia. O sinto se aproximar mais e mais, meu corpo paralisa. E agora, o que eu faço? Se for verdade... eu nunca beijei ninguém de verdade, só tive que dar um selinho em Hankook para a minha família.
Sua mão adentra os fios do meu cabelo me puxando de vez para um beijo. De começo foi calmo e doce, que aos poucos foi se intensificando, sentia e demonstrava toda a saudade dentre esses dias todos.
É Jisu... você o ama. Agora será mais difícil ainda sair disso.
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