⎯ Lia você está bem? Lia! ⎯ Dayeon bate em meu braço.

⎯ O quê? Falou algo?. ⎯ A encaro confusa.

⎯ Já faz uma semana que você está assim! O que aconteceu? Toda vez que eu pergunto você muda de assunto ou sai. Olha para você, mesmo com três quilos de maquiagem da para se notar os olhos inchados e os lábios feridos. Você está acabada amiga. Passa o tempo todo pensativa e os olhos lacrimejando. Você parece um zumbi, parece que está em abstinência. A vejo tremer de vez em quando também.

⎯ Eu estou bem Dayeon, juro.

⎯ Os seus pais fizeram aquilo de novo?.

⎯ Não eu só-... ⎯ Respiro fundo. ⎯ É o casamento.

⎯ Ah sim... pensei que já tinha encarado esse fato.

⎯ Não é tão fácil assim. ⎯ Bebo um gole do meu suco.

⎯ O ruim é que eu não posso falar nada para ajudar. ⎯ Ela tenta sorrir.

⎯ Está tudo bem. ⎯ Caminho um pouco pelo lugar.

Era bonito. Amo festas ao ar livre. Ajusto meu vestido branco enquanto tentava andar mas esbarro em alguém.

⎯ Me desculpa eu-... ⎯ paro de uma vez ao vê-la ⎯ Kazuha?!.

⎯ Fala um pouco mais alto, a China não deu para escuta-lá ainda.

⎯ Desculpa! ⎯ Tampo minha boca e encaro sua roupa. Ela está fantasiada de garçonete. ⎯ O que está fazendo aqui?.

⎯ Vim fazer alguns bicos secretamente. A gente não se mantém sozinhos e o lugar é de alguns amigos. ⎯ Então não é uma fantasia.

⎯ Como vocês estão?.

⎯ Só se passou uma semana, estamos bem.

⎯ Junghoon?.

⎯ Ele voltou naquela mesma noite. ⎯ Suspiro aliviada. ⎯ Pergunte logo sobre o Soobin.

⎯ Soobin?.

⎯ É... ⎯ Ela me encara estranha. Parece que cometi um erro sério. ⎯ Um gigante, olhinhos brilhantes de jabuticaba, covinhas super visíveis.

⎯ Então o nome dele é Soobin?!.

⎯ Você não sabia? ⎯ Nego com a cabeça. ⎯ Vocês são estranhos.

⎯ Ele está...

⎯ Bem. Bom, não tanto. Ele esconde mas a gente sabe quando ele está triste, ele começa a ficar pensativo demais.

⎯ Por que ele está triste?.

⎯ Não é possível que você seja tão lerda assim. ⎯ Contraio meus lábios. ⎯ É por sua culpa. Ele está triste pois você desistiu da música.

⎯ Eu não desisti da música eu só... não quero ser uma intrusa e piorar a vida de vocês.

⎯ Querida se você não percebeu somos uns amantes de música em uma cidade onde a música é proibida. Nossa vida já está ruim desde que nascemos.

⎯ Eu só...

⎯ Para de arranjar desculpas.

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

⎯ O ballet, onde aprendeu? Só pessoas influentes tem o acesso. Você...

⎯ Não abro sobre a minha vida a ninguém.

⎯ Você me odeia né?.

⎯ Para de ser assim! Eu não odeio você, mal a conheço. Só sei que meu amigo é louco por você. ⎯ Coro na hora. ⎯ Eu só...

⎯ Eu sou uma completa desconhecida, eu sei. ⎯ Ela morde o lábio inferior.

⎯ Eu vim de uma família rica do Japão. Eles vinheram para essa cidade a trabalho quando eu era mais nova e comecei a fazer ballet aqui pois minha mãe queria que eu atuasse em peças. Obviamente que eu discordava e fugi de casa.

⎯ E seus pais?.

⎯ Voltaram para o Japão, como se eu não existisse. ⎯ Sinto um perto em meu coração.

⎯ Sinto muito.

⎯ Não sinta.

⎯ As vezes eu tenho vontade de largar tudo para o alto e fugir também mas... sou a filha do prefeito então, tenho que continuar na minha jaula.

⎯ Como é sua rotina?.

⎯ Hum... estudar, fazer dieta, ficar em casa sob observação, as vezes pousar para algumas marcas estrangeira e... só.

⎯ Que chato. ⎯ Ela faz careta.

⎯ Bem-vinda à minha vida.

⎯ Cruzes. Agora sei porque quer tanto sair.

⎯ A música é a minha paixão, eu não consigo viver sem ela.

⎯ Eu entendo. Pelo menos temos algo em comum. ⎯ Ela sorri, e a primeira vez que a vejo sorrir para mim. ⎯ Por que está me olhando com esse sorriso bobo?.

⎯ É a primeira vez que sorri pra mim, seus sorriso é lindo. ⎯ Ela me da um soco leve.

⎯ Meu Deus você é muito melosa. Você por um acaso tem amigos?.

⎯ Tenho dois.

⎯ Não parece, tão carente. Enfim, tenho que voltar a trabalhar.

⎯ Boa sorte no trabalho.

⎯ Valeu. ⎯ Ela se vira para ir embora mas para e volta a me encarar. ⎯ Não desista. Amanhã, ao por do sol na praia. Pense bem. ⎯ Ela sorri e sai.