⎯ Oi. ⎯ Kazuha chega de mansinho. Tenta se equilibrar no telhado antes de se sentar ao meu lado. ⎯ Não vi quando chegou. ⎯ Não falo nada, não tinha o que dizer. ⎯ Está bravo comigo, não é? Eu entendo.

⎯ Não, não estou.

⎯ Está sim. Não está olhando nos meus olhos.

⎯ Kazuha eu só quero que entenda que a música é para todos, é por isso que estamos lutando.

⎯ Eu sei, eu sei, eu entendo. Fui burra e incompreensível. Fui grossa demais.

⎯ Ela vai desistir.

⎯ Tudo por conta do que eu falei?.

⎯ Não, é que ela usa a cabeça demais.

⎯ Mas não é segredo para ninguém o perigo que ela nos causa e se causa. A filha do prefeito, é por conta do pai dele que tudo isso começou.

⎯ Eu sei, não precisa me lembrar! Mas ela não é assim... não consegue ver?.

⎯ Ela é mais uma pessoa que vive escondida, mas na sua situação, ela não poderá soltar suas asas. O fardo é grande mais.

Não falo mais nada, ela compreende minha quietude e sai. Eu só não consigo aceitar, não consigo aceitar que ela nunca poderá sentir a música novamente. Eu ainda lembro dos seus olhos brilhando.

Escuto um assobio e ao olhar para baixo vejo Junghoon acenando para mim. Abro um enorme sorriso e desço para encontrá-lo.

⎯ Que susto que você me deu! ⎯ Bato em seu ombro.

⎯ Foi mal mas aqueles cara correm. ⎯ Solto uma risada. 

⎯ E isso no seu rosto? ⎯ Percebo a ferida. ⎯ Eles bateram em você?.

⎯ Não, isso foi eu caindo. Tentei desviar de um velhinho. Por que os idosos gostam de andar sozinhos pelos cantos? Eles nãos são rápidos o bastante para sair da frente no tempo certo. Ainda sinto a dor da queda. ⎯ Volto a rir.

⎯ É melhor ir para dentro tratar isso aí, tá cheio de terra.

⎯ Eu vou. E ela?.

⎯ Voltou para casa. Pediu para agradecê-lo.

⎯ Vocês sabe porquê eu fiz isso, não adianta essa cordialidade toda.

⎯ Eu só... não consigo deixar de lado.

⎯ Eu sei. Faça o que decidir, mas fique ciente de todos os resultados. ⎯ Ele bate em meu ombro e sai.

Isso é tão complicado.