Esse é o momento certo para ficar nervosa.

Meu pai simplesmente decidiu beber e agora está começando a ficar tarde e ele não quer ir embora. Eu tenho que ir para casa me preparar para ir.

⎯ Kook e agora? É para mim estar lá as 7. ⎯ Ele me encara preocupado.

⎯ O pior é que meu pai também está bêbado, não tem como fazer nada.

Vou até minha mãe e chamo sua atenção.

⎯ Não acha melhor irmos para casa? Está ficando tarde e amanhã temos alguns afazeres.

⎯ Com seu pai bêbado? Você sabe como ele é, espere ele ir por vontade própria. Aliás, ainda são 6. ⎯ Bato o pé e vou para fora da casa.

Eu não tenho o número dele e nem nada para explicar. O que eu faço? Mordo meu lábio com força e só sinto quando o corto. Droga!.

⎯ Tia Lia. ⎯ o primo de Hankook aparece ao meu lado. ⎯ Você está bem? Sua boca está sangrando.

⎯ Está tudo bem pequeno Jung, eu só estou um pouco nervosa. ⎯ Ele encara minha perna batendo sem parar.

⎯ Parece que está tendo um ataque epilético. ⎯ Faço careta para ele.

⎯ Vá lá para dentro vá. ⎯ o empurro com cuidado para trás.

⎯ TITIO! ⎯ Ele sai correndo e gritando por Hankook. Mas que garotinho...

Logo Hankook aparece preocupado vindo até mim.

⎯ Jung disse que você tava morrendo.

⎯ Jung é um exagerado.

⎯ Ele de qualquer forma não mentiu. ⎯ Ele encara meu estado. ⎯ Calma, vai dar tudo certo.

⎯ Já são 6:30, não tem mais jeito. Eu ainda tinha que me trocar e chegar lá a pé até as 7...

⎯ Eu vou levar você lá.

⎯ O quê? Tá louco?! Seu pai acabaria com você.

⎯ Do jeito que ele está nem vai perceber. ⎯ ele pega em minha mão e me puxa para dentro da casa.

Nossas mães estavam conversando e nossos pais bêbados. Hana estava mexendo em seu celular e Jung tomando sorvete.

⎯ Mãe, pai, senhora e Senhor Choi. Posso pedir a permissão de vocês para levar Jisu a um lugar em especial?. ⎯ Ele chama a atenção dos quatro.

⎯ Para onde? ⎯ minha mãe pergunta.

⎯ Prometi que hoje faria uma surpresa então quero cumpri-la.

⎯ Mas assim, tão tarde? Não querem esperar até amanhã? Assim vocês poderão ir de manhã. ⎯ Sua mãe sugere.

⎯ Mãe, por favor, eu havia prometido que seria hoje.

⎯ Deixe os dois irem ⎯ Seu pai fala de uma vez. ⎯, talvez esteja mesmo na hora de um herdeiro.

Arregalo meus olhos e sinto minhas bochechas corarem. Encaro Hankook que estava no mesmo estado.

⎯ É, deixe-os ir. ⎯ meu pai fala, totalmente bêbado. Nunca que ele falaria algo do tipo.

⎯ Ah... então a gente tá indo. ⎯ Ele me puxa de uma vez.

Ele pega a chave do carro dele e logo estávamos indo em direção ao local marcado.

Mas não achem que tudo daria certo assim, do nada. A má sorte me persegue consigo hoje ela trouxe um engarrafamento. 

Muito obrigada.

⎯ Não tem como passar mesmo? ⎯ Olho a situação do trânsito.

⎯ Desculpa Jisu, não tem. ⎯ Ele me olha preocupado.

⎯ Está tudo bem, tentamos pelo menos.

⎯ Tem somente 10 minutos e não estamos longe... aguenta correr? ⎯ Ele encara meu salto.

⎯ Quem disse que algo pode me parar? ⎯ Pisco para ele que abri um largo sorriso.

⎯ Então vai borboletinha, atrás da sua liberdade. ⎯ o abraço e depois saio do seu carro

Sem demora, corro até o centro da cidade. Por sorte não era tão longe e passando por algumas ruas consigo chegar. Paro um pouco para respirar e meus pés já estavam doendo o bastante para que eu sentisse como se estivesse quebrando os meus ossos.

Voltei em passos largos, não iria parar nessa altura do campeonato. Paro em frente ao beco em que ele havia falado e eu sinto um Deja-vu. Eu já vim aqui.

Entro no lugar e aos poucos começo a escutar uma música. Aumentava a cada passo dado. Logo, vi uma pequena multidão, luzes e música, muita música. Risadas e assobios acompanhados de Palmas.

Olho o horário e vejo que era mais de 7 horas. Mas pelo menos eles ainda estavam aqui.

Me aproximo e passo pela pequena multidão. Ao chegar na frente procuro o garoto das covinhas. Consigo encontrar o ruivo, o de cabelo azulado e a garota mas ele... será que já foi? Eu sabia, me atrasei demais.

[ Já a partir daqui não é uma indicação, é uma regra. Leiam essa parte escutando 'Middle of the night' ( Elley Duhé ) por favor, façam isso por vocês.  Eu fiz essa cena com essa música ( e é a música em que o Soobin havia pedido ao Tarhun ) e ela me teletransportou para outro mundo. Se a música acabar bota de novo kkkkk juro, é muito bom ]

Baixo minha cabeça e penso em voltar. Mas as luzes do local se apagam do nada. Sinto meu coração apertar pois tenho medo do escuro. Sinto meu corpo tremer e o desespero me consumir.

Uma música toca do nada, era calma e Misteriosa. Ela fez eu me acalmar e com isso, mãos pegaram nas minhas. Sinto mãos gigantes ⎯ Comparadas a minha ⎯ Entrelaçarem com as minhas. Eram macias e de alguma forma me trouxe uma calma confortante. Senti naquele momento meu coração acalmar.

⎯ Só sinta. ⎯ Escuto uma voz baixa, rouca e calma em meu ouvido e consigo reconhecê-la. Meu coração aperta e transborda.

⎯ O que está fazendo?.

⎯ Te trazendo a liberdade. ⎯ Ele me puxa para o centro do local. Sua mão vai de encontro a minha cintura enquanto a outra ainda segurava a minha mão.

⎯ E como quer trazer isso?. ⎯ Eu não o enxergava mas parecia que sabia todas as suas feições.

⎯ Escute a música e sinta. Sinta cada batida dela com o seu corpo, não esconda nenhum sentimento. Entregue tudo o que tem.

⎯ Não saberei fazer isso sozinha.

⎯ Você não está sozinha. ⎯ A conversa não me fez perceber que já estávamos nos movendo aos poucos.

Seus movimentos foram ficando rápidos mas pareciam confortáveis para mim. Eu acompanhava cada passo dado seu, dos giros, pequenos saltos aos mais calmos. Podia sentir toda a energia dentro de minhas veias. Meu coração explodiu naquele momento, explodiu de adrenalina misturada com felicidade. Era algo absurdo mas que me trouxe uma sensação incrível.

⎯ Feche os olhos. ⎯ Faço o que ele pede. Seu dedos percorreram todo os meus braços, os dirigindo. Ele comandava todo o meu corpo. Aquilo era a melhor sensação que eu senti em toda a minha vida. Não queria que parasse, nunca. Me sentia feliz, muito feliz mesmo fazendo pouco. Eu finalmente estava me sentindo completa.

A música foi parando aos poucos e seus movimentos também. As luzes ligam de uma vez e tudo vem a tona. Encaro seus olhos que me encaravam e pareciam hipnotizados.

Não conseguia falar nada, meu corpo ainda estava em êxtase e eu ainda sentia suas mãos me guiando. Aquela dança frenética e cheia de sentimentos...

Ele pega em minha mão e me leva para longe dali.

⎯ Que música era aquela? ⎯ Pergunto quando paramos de andar.

⎯ Uma música em que foi importante para a minha mãe. ⎯ Ele comenta sem importância mas vi seus olhos brilharem. ⎯ Eu não falei que era para vim com roupas confortáveis, sapatos e as 7?.

⎯ Desculpa é que minha família e eu fomos a um almoço hoje e só consegui sair agora.

⎯ A é, coisas de ricos. ⎯ Ele debocha.

⎯ Eu... nunca dancei com alguém antes e assim...

⎯ Eu sei. Pude sentir.

⎯ Nunca pensei que poderia sentir isso.

⎯ Isso se chama liberdade. A música pode trazer isso. ⎯ Ele se aproxima. Agora eu podia ver seu rosto, e estava perto demais. Ele encara minha boca e toca o local ferido delicadamente. ⎯ estava tão ansiosa assim para me ver?.

⎯ Você sempre acha que é o centro do universo?.

⎯ Desse universo não, mas do seu. ⎯ Meu corpo estala e eu não conseguia parar de o olhar. Eu é quem estava hipnotizada. Não queria discordar mas...

Apenas reviro os olhos e ele sorri.

⎯ Acho melhor você ir princesa, seus pais podem notar sua falta.

⎯ Acho difícil.

⎯ Ainda tem muito caminho pela frente. ⎯ Ele se afasta e coloca as mãos no bolso da calça preta.

Suspiro e me afasto também. Não queria ir embora, não mesmo. Eu quero sentir aquilo de novo, meu coração suplicava por aquilo.

Me viro e dou passos lentos indo embora.

Ah! Não consigo!.

⎯ Quando poderei sentir isso de novo? ⎯ Me viro para ele.

⎯ Quinta, no metrô as 9. Até lá tente não se matar princesinha, eu não vou embora. ⎯ não consigo segurar o sorriso e vou embora.

Espero que não vá mesmo.