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Damian estava no dormitório, tentando ignorar o barulho dos amigos do lado de fora. O som de risadas e conversas era um lembrete constante do dia de férias que ele decidiu passar longe. Quando a porta se abriu e Ewen e Émilie entraram, ele não disse nada, mesmo se sentindo incomodado pelo barulho.
"Ei, Damian! Você vai com a gente para a excursão? Vamos jogar futebol ao ar livre hoje!" Ewen falou, todo animado.
Ele olhou para eles, forçando um suspiro, mas permaneceu em silêncio. "Desculpe, mas não posso agora. Estou revisando as matérias."
Emile arqueou uma sobrancelha, sua preocupação transparecendo. "Mas você já é um estudante imperial. Não precisa se preocupar tanto assim, não é?"
Damian balançou a cabeça, sua expressão séria. "Não, eu preciso me esforçar se quiser me tornar... como meu pai," disse cabisbaixo, parecendo triste.
"Ah, vai! É um dia de férias e estamos indo jogar futebol. Não pode ficar preso aqui o dia todo!"
"Não, é melhor vocês saírem e se divertirem. Eu vou ficar aqui," ele respondeu, um pouco ríspido.
Os dois trocaram olhares, um pouco desapontados, mas logo desistiram. Com um último suspiro, saíram do dormitório, deixando-o sozinho.
Ele não costumava ficar longe dos amigos; na verdade, era estranho para ele. A verdade era que ele apenas queria um tempo sozinho. Caminhou até o espelho asteca pendurado na parede e observou sua capa enorme, as oito estrelas brilhando em seu peito. Ele se perguntou onde havia falhado. Por que, mesmo tendo tudo aquilo que seu irmão havia conquistado, ele ainda não era igualado a ele? As comparações eram dolorosas. Ele se lembrava dos elogios que seu irmão recebia. Por que não conseguia alcançar esse reconhecimento?
E, de qualquer modo, seus pais ainda não estavam lá. Ele sabia, no fundo, que nunca estariam. Essa ausência era um lembrete constante de que, por mais que tentasse, sempre haveria algo que o distanciava deles.
Damian estava tão perdido em seus pensamentos que não ouviu o telefone tocar imediatamente. Quando o som finalmente chamou sua atenção, ele se virou rapidamente para atender.
"Senhor Damian, estou ligando para informar que fiz a entrega que você pediu. A essa altura, a senhorita Anya deve ter recebido o presente."
"Ótimo! Você acha que ela vai gostar?" Damian questionou.
"Sim, acho que sim, senhor. É um pingente bastante especial. Sua mãe mesma escolheu," Jeeves respondeu.
Damian ficou um pouco surpreso, mas não comentou nada. "Vou passar o fim de semana no dormitório. Não vou para a mansão," ele avisou.
"Como desejar, senhor. Estarei à disposição se precisar de algo mais," Jeeves respondeu.
"Obrigado, Jeeves." Ele desligou e caiu sobre a cama, envergonhado, como quem acabou de passar por algo constrangedor. Levou as almofadas ao rosto, murmurando algo para si.
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Na residência dos Forger, Yor estava na cozinha preparando um pouco de chá quando tocaram a campainha. Ela secou as mãos no avental e foi até a porta.
Ao abrir, um entregador com um sorriso simpático a cumprimentou. "Bom dia! Tenho uma entrega para a senhorita Anya."
"Para a Anya?" Yor disse, surpresa. O entregador entregou uma caixa média preta, com detalhes dourados e um laço de cetim, nas mãos dela. A caixa parecia leve.
Yor pegou a caixa e a levou para a sala, onde Anya estava no sofá, assistindo a um programa que adorava. "Olha, Anya!" Yor chamou, segurando a caixa e sorrindo.
Anya virou a cabeça, os olhos brilhando de curiosidade. "O que é, mamãe?"
"Você recebeu um presente," Yor disse, entregando para a filha.
Anya imediatamente pegou .
"Obrigada, mamãe!" Ela abriu a caixa e a visão de doces importados fez seu sorriso crescer ainda mais.
"Uau!" Anya exclamou, admirando a variedade de guloseimas. "Olha, tem tanta comida!"
Loid, o pai de Anya, entrou na sala e notou a animação da filha. Ele sentiu uma leve pontada de ciúmes ao ver a felicidade dela. "Quem te enviou isso?" ele perguntou, tentando parecer indiferente.
"Não sei, mas é muito bom!" Anya respondeu, já segurando alguns doces.
Yor notou um bilhete no fundo da caixa. "Olha, tem um bilhete aqui!"
Anya pegou o bilhete e começou a ler em voz alta, seu tom neutro escondendo um leve entusiasmo.
"Oi, Anya. Espero que você goste desses doces. Aceite como meu sincero pedido de desculpas.
Assinado: Damian."
Loid, que havia saído da sala e agora voltava, ouviu a última parte e franziu a testa, ligeiramente curioso. "O que o Damian escreveu?"
"Só pediu desculpas," Anya respondeu, dando de ombros, mas seu olhar ainda estava fixo no bilhete.
Anya olhou novamente para a caixa, percebendo que havia algo mais lá dentro. Com curiosidade, ela começou a revirar os doces e logo encontrou um pequeno saquinho de veludo. Com as mãos tremendo levemente, ela puxou o saquinho para fora e o abriu.
Dentro, havia um lindo pingente: uma rosa negra pendurada em uma corrente delicada. Os detalhes da rosa eram intrincados, com cada pétala cuidadosamente moldada e um brilho sutil que refletia a luz.
Os olhos de Anya se arregalaram, e um sorriso involuntário apareceu em seu rosto. "Uau! O segundo filho tem muito bom gosto!" exclamou, segurando o pingente com cuidado. Ela virou o objeto na luz, admirando os detalhes.
Yor sorriu ao ver a reação da filha. "Nossa, é lindo mesmo, Anya!"
Loid, observando a cena, fez uma expressão desconfiada. "O Desmond mandando presentes pra você?" comentou, levantando uma sobrancelha, com a cara meio torta.
Anya, ainda encantada, segurou o pingente perto do coração. "Ele é meio esquisito, mas eu gostei," disse, tentando esconder seu entusiasmo, mas sem conseguir. A ideia de que Damian havia escolhido algo tão especial a deixou feliz, mesmo que tentasse disfarçar.
Anya então pediu: "Mãe, você pode me ajudar a colocar o colar no pescoço?"
Yor assentiu. "Claro! Quando você melhorar, poderá agradecer a ele pessoalmente pelo presente."
O pingente balançava suavemente, refletindo a luz de forma encantadora. Ela ficou olhando para ele, com a mente um pouco confusa. O gesto de Damian a fez se sentir especial, embora ela tentasse não demonstrar muito. Ele se importou comigo! pensou, um sorriso involuntário se formando em seus lábios. "Talvez ele não seja tão ruim assim."
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