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Damian’s POV
Voltar para a sala de aula depois daquela cena foi estranho. Beck e Emile continuavam sussurrando e rindo no corredor, e eu só queria que o chão me engolisse. A Anya caminhava logo atrás de mim, e eu podia ouvir os passos dela, descompassados como sempre.
“Por que eles fazem tanto drama por nada?”, ela perguntou, com a voz baixa, enquanto alcançava meu lado.
“Porque eles são idiotas”, respondi, sem encará-la. “E você não ajudou.”
“Eu? Não fiz nada!”, ela exclamou, quase rindo.
"Foi a pior decisão que eu podia ter tomado", respondi, cruzando os braços. "Você dormiu no meu quarto. Isso é, no mínimo, estranho."
Anya fez uma careta, mas não parecia nem um pouco arrependida. "Estranho pra você, talvez. Pra mim, foi só uma soneca. Relaxa, Segundo Filho."
"Não me chama assim", resmunguei, desviando o olhar.
“Estava confortável. Sua cama é melhor que a minha”, disse com naturalidade, e eu senti meu rosto esquentar de novo.
Chegamos à sala, e eu fui direto para o meu lugar, esperando que o dia seguisse normalmente. Mas, claro, Beck e Emile não iam me deixar em paz tão cedo.
“Então, Damian," Beck começou, se sentando ao meu lado com aquele sorriso provocador. “Como foi cuidar da nossa pequena Anya no seu dormitório?”
"Beck, pelo amor de Deus!", exclamei, sentindo meu rosto queimar.
"Ah, qual é? Não precisa ficar tão defensivo", ela continuou, claramente se divertindo. "Eu só acho que você é bem mais cavalheiro do que deixa transparecer."
“Você é insuportável”, eu disse, tentando manter a calma.
“Ah, não parecia tão... assim... ‘ruim’”, ela provocou. “Na verdade, parecia que você estava gostando.”
Do outro lado da sala, Anya já estava ocupada com algo no caderno, como se o que tinha acontecido minutos atrás nem existisse.
Por que ela conseguia agir como se nada fosse importante? E por que isso me irritava e me deixava aliviado ao mesmo tempo?
Ela ergueu os olhos, como se sentisse meu olhar, e sorriu. Um sorriso casual, mas que me fez desviar rapidamente, fingindo estar interessado no quadro da sala.
"Você tá inventando coisas", murmurei, tentando mudar de assunto.
Anya, por outro lado, só deu de ombros. "Ele não é cavalheiro. Só estava desesperado porque eu não ia parar de insistir."
"Desesperado?!", repeti, incrédulo. "Ah, claro!"
Ela riu, como se tudo fosse uma grande piada. "Tá vendo? No final, todo mundo ganhou. Eu descansei, e você... bem, continuou estudando, como sempre."
"Podemos, por favor, acabar com esse assunto?", interrompi, me levantando bruscamente. "Temos coisas mais importantes pra fazer do que ficar remoendo isso."
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Anya’s POV
O clima entre mim e o Damian estava... estranho. Depois do que aconteceu no dormitório, parecia que cada interação nossa vinha com um peso extra. Ele não conseguia me encarar por muito tempo sem corar ou resmungar algo, e eu? Bem, eu tentava fingir que estava tudo normal, mas sempre que ele passava perto, meu coração batia mais rápido do que eu queria admitir.
Na sala, durante os estudos, ele parecia ainda mais concentrado do que o normal, mas eu sabia que era só fachada. Ele nem mesmo reclamava tanto quando eu errava alguma coisa. Era como se ele estivesse tentando me evitar sem ser óbvio.
Naquela tarde, eu decidi voltar para casa com a Becky. Era mais confortável do que lidar com aquele clima pesado. Para minha sorte, ela não comentou nada durante o caminho. Só falava sobre o baile e como ia ser “o evento do ano”.
“Você já escolheu seu vestido, Anya?”, ela perguntou animada, enquanto o motorista nos deixava em frente à minha casa.
Balancei a cabeça, tentando esconder o desinteresse. “Nem pensei nisso ainda.”
“Como assim?! Você não pode deixar pra última hora! É o baile!”, ela parecia indignada, mas eu apenas sorri sem graça. Na verdade, eu nem sabia se queria ir.
“Depois eu vejo isso, Beck. Obrigada pela carona.” Saí do carro e corri para dentro antes que ela insistisse mais.
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Eu estava tendo o melhor sono da minha vida, até que meu celular começou a vibrar loucamente na mesa de cabeceira. Ainda meio zonza, tateei para tentar pegar o aparelho, mas minha mão bateu nele, e o celular caiu no chão. Suspirei e me estiquei para alcançá-lo, mas, no processo... acabei caindo da cama junto.
"Ow...", murmurei, esfregando o ombro enquanto tentava me sentar. Peguei o celular do chão, e o nome da Becky brilhava na tela.
"Becky?", atendi, com a voz arrastada de sono.
"Anya! Bom dia! Você tá pronta pra hoje?" A voz dela era tão animada que eu quase desliguei na hora.
"Pronta pra quê?", perguntei, bocejando.
"Pra escolher seu vestido pro baile, é claro! Você acha que eu vou deixar você aparecer lá com qualquer coisa?!"
"Baile...?", repeti, ainda tentando processar a informação. Olhei ao redor do quarto como se a resposta estivesse escrita na parede.
"Sim, o baile! Não me diga que você ainda não decidiu se vai ou não!", Becky exclamou, incrédula.
"Eu... não sei se quero ir", confessei, finalmente me levantando do chão e sentando na cama.
"Como assim, não sabe? Claro que você vai! Eu não aceito um 'não' como resposta. Daqui meia hora eu tô aí, e você vai comigo escolher um vestido incrível!"
"Becky, espera, eu nem–"
Antes que eu pudesse terminar, ela já tinha desligado. Soltei um suspiro pesado e olhei para o teto. Becky era impossível quando colocava algo na cabeça.
Depois de terminar meu café, subi para o quarto pensando no que vestir. Becky tinha feito parecer que íamos a algum evento de gala, então achei melhor me esforçar um pouco. Peguei um vestido branco com detalhes de renda que eu gostava. Ele era simples, mas bonito. Amarrei um laço atrás do cabelo e fiz alguns cachinhos nas pontas.
Enquanto me olhava no espelho, ouvi o som de um carro estacionando. Claro, Becky nunca perdia tempo.
Desci as escadas e, antes mesmo de chegar à porta, ela já estava entrando com aquele sorriso de sempre.
“Anya! Você está perfeita! Mas precisamos ir logo, a loja está esperando!”
Suspirei, mas sorri. Becky sempre sabia como transformar qualquer coisa em um evento. Peguei minha bolsa, dei um tchau rápido para mamãe e segui Becky até o carro.
“Preparada para encontrar o vestido ideal?”, ela perguntou, animada, enquanto me acomodava no banco.
“Se isso me fizer voltar pra casa mais rápido, então sim...”
Assim que saímos, ela praticamente me puxou pela mão, como se o lugar fosse evaporar em segundos.
"Você vai amar, Anya! Essa loja tem tudo. E com a gente tendo ela só pra nós, vai ser incrível!", Becky dizia, seu entusiasmo transbordando enquanto entrávamos.
Por dentro, a loja era ainda mais deslumbrante do que eu imaginava: lustres pendurados no teto, araras com vestidos luxuosos e um clima que parecia gritar “riqueza”. Eu mal tive tempo de processar o ambiente quando um grupo barulhento surgiu do outro lado.
Damian. Ewen. Emile.
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