CAPÍTULO TRINTA E QUATRO:

꧁ O que há com Pamela? ꧂

Dakaria Saint Thomas

Sorrio e seguro a mão de Nikolas com ansiedade.

— Você fez isso mesmo!?— pergunto só para ter certeza, extasiada.

— Fiz, fiz sim! Agora quieta, eu estou passando mal.— o Black está pálido e segura a própria cabeça como se estivesse prestes a desmaiar. Eu dou risada, porém a porta novamente se abre e nossa atenção é desviada para Pamela que voltou para o quarto bufando. Estava molhada da cabeça aos pés, deve ter tomado um belo banho de chuva. Quanto mais perto ficamos do inverno, mais chuva temos até que a neve comece a aparecer.

— Está linda como um gato molhado, raio de sol.

— Não fode, Dakaria.— ela responde atirando a mochila no chão. Pamela ia fazer caminho para o banheiro, porém olha duas vezes para a cara de Nik e se aproxima de nós— Que há com ele?

— Ele chamou a preciosa Luna para sair! Eles irão à Hogsmead juntos esse final de semana!— conto, feliz por ele ter tomado finalmente uma atitude, chegou até mim se tremendo há poucos minutos como se tivesse tomado um choque enorme e só conseguiu pronunciar "e-eu ir... com Luna pra.... pra Hogsmead, final de semana".

Pamela franze a testa, coloca as mãos na cintura e encara o Black.

— De onde finalmente tirou culhões para fazer isso?

— Pamela!— a olho torto e ela arregala os olhos azuis, dando de ombros— Que rude.

— O que foi? Eu estou orgulhosa, só não esperava.

— Porque seus namoradinhos me obrigaram!— Nikolas se levanta, ficando vermelho. Me levanto junto dele, tinha me abaixado na sua frente para conseguir olhar seu rosto.

— E isso é uma tortura? Eles te ajudando a chamar a garota que você gosta para sair?— Pamela pergunta, depois de um tempo parou de fingir que se incomoda por nós dizermos que ela tem dois namorados. As coisas entre Fred, Pamela e Lino ficam cada dia mais confusas, e a pior parte é que Pamela não me conta nada do que está pensando, porque ela só gosta de falar de coisas que tem certeza.

Isso mata meu lado curioso e intrometido.

Eu sei que ela gosta do Lino Jordan porque ele é um amor de pessoa e sabe ser engraçado sem passar dos limites, por vezes lhe arrancando altas gargalhadas — o que não é uma tarefa muito fácil — durante as aulas, ou seja, nos momentos mais inapropriados possíveis. Eles foram expulsos da aula umas três vezes e andam muito juntos. De vez em quando a pego o encarando do outro lado da mesa com um sorriso singelo nos lábios e um brilho no olhar. Ela sempre vira o rosto quando sente que foi pega no flagra.

Mas eu sei que Pamela também gosta muito de Fred Weasley, que, apesar de viver a irritando e implicando com ela, também forma uma ótima dupla com ela. Eles são muito parecidos e isso os deixa em uma tensão absurda, de jeito que é insuportável ficar por perto quando Fred está no clima de flertar e não brigar. Os sorrisos duros, o revirar de olhos e a teimosia de Pamela a impedem de demonstrar o que sente com relação ao meu cunhado irritante, mas eu a conheço o suficiente. Eu vejo como ela prende o fôlego quando Fred a encara como se fosse arrancar a roupa dela na frente de todo mundo — e aposto que ele também.

Esse triângulo amoroso parece estar durando uma eternidade, e ela me jura que nunca ficaria com nenhum dos dois porque não quer problemas na sua vida. Eu finjo que acredito que ela não sonha com isso toda noite. Ambos os rapazes são lindos, inteligentes e atraentes só que, claro, eles não são mais do que o meu namorado, mas deu para entender o que eu disse.

— Eu vou matar eles, é, é isso! Eu vou matar eles!— Nik determina, fazendo-me recolher os lábios para segurar a risada. Minha mente monta o cenário de um pequeno Nikolas furioso indo enfrentar aquele trio de gigantes que o esmagariam se quisessem.

Essa luta meu amigo perderia facilmente se estivesse sem sua varinha, isso eu afirmo com toda a certeza do mundo.

— Só para tirar uma duvida... quando você diz seus namoradinhos, está falando comigo e com a Pam ou só com ela?

— Só com ela.— Nik olha torto para nossa melhor amiga como se tivesse sido ela a mandante.

Seus cachorros escaparam da coleira e sobrou para meu adorável Nik, pobre Nik.

— O que? O brinquedo sexual dela não estava no meio? Mentira!— Pamela zomba e eu reviro os olhos, sorrindo. Só não coro violentamente porque estamos só nós três no quarto. Eu a mataria se tivesse mais um par de ouvidos por perto.

— Não fala assim, garota.— censuro, arregalando os olhos.

— Eu falo sim!— ela se volta para mim— O bom filho a casa torna, não é? O que houve, Karia? A cama quebrou no dormitório dele?

— Para com isso!— reclamo, afligida que o assunto tenha se voltado para mim tão subitamente— Fala como se eu tivesse me tornado uma ninfomaníaca, Jesus!

— Você não dorme mais comigo tem um mês!— e ela começa a me atacar de graça, Nik volta a se sentar e eu coloco a mão no seu ombro— Me abandonou com essas vadias desinteressantes que não prestam nem para ser figurantes já que não tem nome nem rosto!

— Mas elas tem nome, a gente sabe que a Sa...

— Não me interessa, você entendeu o que eu quis dizer!— ela me corta e eu sorrio, sem jeito, a culpa vindo me importunar.

Não dá para negar, desde o Halloween eu tenho sido o George, as salas de aula e aí o George novamente. E sempre que eu fico a sós com ele uma coisa leva a outra, aí eu me vejo por baixo dele, ou de costas. Não é culpa minha!

As aulas estão deixando todos estressados porque sabemos que os N.I.E.M.S estão chegando e eu ando preocupada com o desempenho acadêmico de George já que ele está a mil por hora o tempo todo deixando sempre os estudos para depois.

Mil vezes pior do que minha dificuldade em domar um garoto hiperativo por pelo menos duas horas por dia para estudar, é esse garoto se enchendo de compromissos a cada cinco minutos. Ou ele tem que treinar quadribol ou tem que cobrar uma dívida de alguém, ele tem que vender logros, fazer mais logros e tem que comparecer às aulas e tentar ser expulso delas porque sempre há algo mais interessante para fazer do lado de fora, segundo ele.

Eu tenho muita vontade de espancá-lo, porque sei que ele é perfeitamente inteligente  para ir bem nas provas e ele só não faz isso porque não quer, porém ele não me deixa ajudar em nada dos seus projetos e sempre que somos só nós dois, ao invés de termos alguma conversa séria sobre sua correria desproporcional e seu futuro misterioso, a gente começa a se agarrar porque esse maldito sabe que eu não tenho estruturas nem mentais nem físicas para fazê-lo parar.

Enquanto tento colocar juízo na cabeça do Weasley, posso sim estar deixando meus amigos um pouco de lado. Não fico a sós com eles tem uma semana, mas nós conversamos todos os dias, oras!

— Desculpa.— resmungo, fazendo careta— Eu prometo que vou mudar isso, é só que George está numa correria danada e eu ainda estou me adaptando com essa coisa de ter namorado...— sorrio só de pensar no meu ruivo.

— E eu estou sentindo falta de nós três, poxa. A gente tem que ter um dia só para nós três, como nos velhos tempos.— Pamela não é de demonstrar sentimentos, muito menos saudades. Eu fico cautelosa, de repente, algo não está me cheirando bem. Junto as mãos e a encaro, mas ela não mantém o contato visual, deixando-me mais preocupada ainda. Ela quer conversar conosco, mas não aqui nem agora mesmo que seja uma boa oportunidade.

O que está havendo?

— Legal que você simplesmente cagou para o que eu disse!— Nikolas reclama sem nem se dar conta do que pode estar rolando.

— Claro que não, meu mascotinho. Você ouviu o que eu disse? Eu estou orgulhosa de você.— Pam passa a mão nos cabelos negros de Nikolas Black e sorri.

O que está acontecendo, Pam?

⋆

Volto á órbita quando sinto alguém agarrando minha cintura e me tirando do chão em um abraço por trás. Reconheço o toque do meu Weasley, por isso não solto um grito e sim uma risadinha.

— Boa noite, minha rainha!— George cumprimenta quando me gira e depois me coloca no chão, me virando para si e me puxando para depositar um selinho demorado nos meus lábios mesmo que seja extremamente imprudente darmos tamanha demonstração de afeto em público, principalmente a este horário que os professores circulam mais alerta. Lhe dou um tapa no ombro e o afasto, sorrindo que nem idiota.

— Boa noite, ruivinho.

— Contenham-se, credo.— Fred resmunga, irritadinho. Ele e Lino ladeavam George, claro que eu os havia notado de cara, mas escolhi ignorar.

— Está com inveja, Weasley?— pergunto debochada, abraçando a cintura de George e me acomodando ali quando ele fecha os braços ao redor dos meus ombros e cambaleia comigo beijando o topo da minha cabeça.

— Cara, é sério, eu amo vocês, mas eu também os odeio pra caralho.— Lino fala, atraindo a atenção para si. Eu sorrio para o Jordan que faz uma careta engraçada para mim.

— Eu entendo a inveja. Olha só essa mulher— George me exibe ao desmancharmos o abraço e eu o empurro agindo como se não tivesse adorado.

— Puta merda.— Fred bufa.

Como estou pensando no que aconteceu desde cedo e eles estão aqui... eu deveria lhes perguntar? Eu pessoalmente duvido que Pam esteja estranha por causa dos rapazes, mas não custa nada...

— Fred, Lino...— chamo enquanto vamos andando juntos para o Grande Salão na direção do jantar. Estava caminhando sozinha pois estava dando umas aulas para Luna e a garota abriu mão de mim facilmente a certo momento para ir correndo atrás de Nikolas e Pam que decidiram assaltar a cozinha mais cedo.

Os garotos imitam apenas um "hum?" enquanto George me coloca entre ele e Lino.

— Algum de vocês reparou... alguma coisa diferente com a Pamela essa semana?

Neste momento me sinto uma péssima amiga por ter que perguntar para terceiros como minha melhor amiga está. Vou ajeitar as coisas imediatamente, eu prometo.

— Não, acho que não.— Lino é o primeiro a me dar uma resposta, após uma pausa para pensar.

— Ah, bem que você falou; ela não tentou me azarar ainda, tipo, eu fui o último então está na vez dela, mas ela não fez nada ainda.— Fred diz, vindo andar de costas na minha frente.

— Por que, o que tem com ela?— George pergunta.

— Ela estava estranha hoje mais cedo...— digo.

— Como?— eles me perguntam. Eu comprimo os lábios e balanço a cabeça, sem saber exatamente como explicar.

— Não sei, só sei que algo me deixou preocupada.

— Quer ajuda para descobrir?— George oferece e eu lhe dou um sorriso.

— Não. Quando ela quiser, ela me conta.— dispenso e Fred volta a caminhar normalmente ao lado de George, parece pensativo.

Eu pensei que eles tinham entendido, mas quando George e eu atravessamos as portas do Grande Salão na frente, ao olharmos para o lado, os rapazes tinham sumido.