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CAPÍTULO VINTE E SETE:
꧁ Concussão ꧂
Eu dou risada. É impossível não rir com Fred Weasley do seu lado.
George está matando aula com Lino para dar alguns retoques finais em outro de seus brilhantes projetos, por isso, Fred está me acompanhando. Nikolas e Pam estão tendo aula de Feitiços e nós estamos indo para a aula de DCAT.
Este Weasley está especialmente empolgado com a proximidade que estamos do Halloween, diz ele, é seu feriado favorito e o deste ano tem que ser o melhor de todos.
— Já se decidiu que fantasia vai usar, pequena Kia?— ele pergunta com a mão no topo de minha cabeça.
Nos aproximamos bastante nos ultimos dias, mas convenhamos, não é de mim que ele morre de raiva e até que ele não implica tanto assim comigo. Quando meu trio e o de George se uniram, meio que não demorou nada até virarmos uma coisa só.
Parece até programado que todo dia nós temos que nos encontrar. Conheci melhor Lino e ele é ainda mais adorável e engraçado de perto, vi uma faísca de algo quando ele e Pamela conversaram e eu ri comigo mesma por me dar conta de como minha melhor amiga está pegando fogo. Há um tipo de competição para lhe chamar a atenção entre Lino e Fred. Lino usa do seu charme e sorrisos, Fred usa da sua implicância e criatividade. É difícil dizer para quem Pamela está dando mais atenção.
Enquanto eles tem sabe-se lá o que, eu fico feliz em ver como os rapazes acolheram Nikolas. Pessoalmente acho que eles tinham que ter se conhecido muito antes por serem primos distantes, mas acontece.
George, Fred e Lino tratam Nik como se ele fosse o irmão mais novo deles. Tanto porque ele é o mais baixo, quanto porque ele tem mesmo cara de quem não passou dos catorze ainda. O Black sempre teve uma timidez latente para com pessoas que ele ainda está conhecendo, mas acabou me surpreendendo a forma que ele entrava na brincadeira dos rapazes.
Em questão de dois dias, eles já sabiam tudo sobre Nikolas e sua paixonite por Luna Lovegood. E desde então a vida dele tem sido bem difícil, mas não creio que precise entrar em detalhes.
Voltando para Fred e eu, esse garoto é uma cópia cuspida e escarrada de George, mas digamos que ele tem um pouquinho mais de... pimenta.
Fred é mais impulsivo, mais debochado e mais atirado também já que toda vez que estamos andando juntos ele está trocando olhares intensos com uma garota a quilômetros de distância.
Ele decidiu que me chamaria de Kia porque, segundo ele, todo mundo me chamava de um jeito diferente, e ele queria um só seu. Um jeitinho possessivo igual ao de George.
Ele disse:
— Vi que todo mundo tem um jeito único de te chamar. Pamela te chama de Karia, George te chama de Amora, Lino te chama de namorada do George e o pequeno Nik ali te chama de Thomas.
Temerosa, eu o olhei. Pensei que ele criaria um apelidinho grosseiro porém cômico já que fazer isso é a cara dela, mas ele tocou minha cabeça e olhou nos meus olhos dizendo:
— Kia. Eu te batizo como Kia. Minha cunhadinha.— ele debochou e eu ladrei furiosamente quando ele bagunçou meus cabelos. O ruivo riu e saiu correndo na frente, fugindo como um covarde de meus tapas.
Ele é um bom amigo por mais irritante que seja.
— Ainda tenho que ver.— respondo por fim, pensativa— Estou em duvida se fico horrenda ou lindíssima.
— Lindíssima, é? Só se for em uma próxima encarnação.— ele provoca e ri malicioso, se afastando quando o lanço um olhar mercenário.
— Seu irmão não pensa assim.— ergo o queixo e ajeito a mochila pesada no ombro. Ao ver que eu estava fazendo isso pela milésima vez em cinco minutos de caminhada, Fred bufa e pega a mochila de mim a colocando no ombro em um chocante ato de cavalheirismo.
— Fraca.— ele zomba antes que eu o agradeça. Fecho a boca e reviro os olhos— E, é, George está cego de paixão, pobrezinho.— ele estala a língua, soa chateado como se estivesse anunciando uma doença.
Meus lábios tremem e meu coração acelera. Eu não posso sorrir, mas infelizmente Fred não deixa passar nada.
— Kia! Está ouvindo!?— ele pergunta para mim se aproximando ao jogar o braço sobre meu ombro direito. Fiquei confusa com suas palavras e apurei os ouvidos tentando captar qualquer ruído estranho além das conversas distantes, passos apressados e o vento forte vindo de todos os lados.
— O que?— franzo a testa e olho para o ruivo cujo rosto se ilumina em um sorriso malicioso.
— Os sinos de igreja.— ele diz sugestivo e eu sacudo a cabeça e os ombros para que seu braço caia. Bufando, eu acelero os passos, mas ele não tem problemas em me seguir correndo.— George e Kia vão se casar, dar dois beijinhos encima do altar— ele cantarola como uma criança animada e sacode meus ombros como que para me puxar para uma dança.
Eu tento e tento segurar, mas a risada me escapa sem que eu possa resistir.
— Para com isso, Fred!— eu digo com o rosto começando a esquentar. O grande Weasley saltita ao meu redor enquanto caminhamos sem parar. Eu não consigo parar de rir! Inferno, eu amo estar com esses garotos.
E ele canta e canta sem parar, rimando e me envergonhando.
Agarro seu braço e lhe dou um puxão brusco para que ele se aquiete do meu lado. Quem foi que deu açúcar para essa criança? Felizmente estamos chegando a sala de aula.
— Caso tenha se esquecido, Fred, seu irmão ainda não me pediu em namoro.— lhe mostro minha mão sem aliança e o ruivo ri revirando os olhos.
— Que sexista, Kia! Por que é sempre o homem que tem que pedir? Ah, e você sabe que eu vou ser o padrinho de vocês, não sabe?
— Mas eu....— não sei o que responder. Comprimo os lábios sem saber o que dizer para ele e irritada porque talvez ele tenha alguma razão. Digo apenas talvez.— Cala a boca, Fred!— o solto e entro na sala pisando firme, mas agora meu amigo me plantou uma pulga atrás da orelha e eu não paro de pensar a respeito o resto do dia.
[...]
Ele pega minha mão e me puxa para longe de meus amigos. É hora da janta, é melhor que seja importante para que ele me tire assim da refeição que eu considero a mais importante do dia, a que eu faço antes de ir dormir. Ele está me levando na direção das masmorras, é estranho já que George detesta qualque proximidade com os Sonserinos.
— Você não tem o direito de me sequestrar assim sempre que lhe der na telha, sabe?— digo sugestivamente, o seguindo em passos apressados já que minhas pernas são menores que as suas.
— Ah, pensei que gostasse das minhas surpresas, amorazinha.— ele faz beicinho para mim por cima do ombro, eu sorrio boba e balanço a cabeça.
— O que está tramando, ruivo?— eu sou curiosa.
— Você vai ver.
E quando ele me puxa para ficarmos de frente a uma armadura reluzente, eu fico mais curiosa ainda.
— Isso deveria querer dizer alguma coisa?— toco o frio corpo metálico com admiração e me alarmo quando George levanta a viseira do elmo com um tapa brusco. Muitas coisas em Hogwarts são assombradas, e eu não tenho fetiches em perturbar os mortos. Ao ver que a estátua continuou estatística, eu relaxei. George esticou o pescoço, olhando para os lados antes de enfiar a mão no elmo e produzir um ruído como se estivesse colocando uma senha em um cofre. Seguro seu braço livre, ansiosa e excitada com a descoberta.— O que é isso?— fico na ponta dos pés tentando observar o que ele está tocando, mas o breu engoliu a mão de George e logo o som de pedras se deslocando atraiu minha atenção para a parede atrás do soldado de prata. George fechou sua viseira e abriu um sorriso travesso pra mim— Você não sabe mesmo me responder, não é?— lhe dou um murro no ombro quando uma passagem estreita se abre bem diante dos meus olhos.
— Por que você mesma não vê?— ele incentiva, seus olhos verdes cintilando com as luzes da tochas dispostas nas paredes. Tiro minha varinha do bolso e aponto para ele.
— Se for alguma piadinha, eu juro que arranco parte do seu couro.
— Você adora meu couro.
— Por isso só vou arrancar uma parte dele.— digo e George revira os olhos com um sorriso lindo nos lábios rosados.
— Vai na frente— ele aponta a passagem com o queixo. Eu cerro os olhos e murmuro lummos para ver o que há atrás da armadura. Uma escada estreita é o máximo que eu consigo ver.
— Eu vou porque gosto de desvendar coisas novas, não porque você está mandando.— digo, espremendo-me entre a parede e a armadura, passando para dentro da passagem. Sem olhar por onde, pesco a mão de George e o puxo comigo.
Assim que ele também passa pela porta de pedra, elas voltam a se fechar e só não nos mergulhamos na escuridão por conta da luz pálida na ponta de minha varinha. Os degraus são altos, temos que ficar de lado porque as paredes pareciam dispostas a esmagar nossos ombros. Apontei a varinha para George, receosa.
— Weasley, eu te juro...— deixo a ameaça no ar, para que ele a imagine como quiser. George sorri e segura minha mão como que para me passar confiança.
— Confia em mim, linda.— ele pede em um sussurro e com a mão livre, cobre a luz de minha varinha. Pisco algumas vezes para que meus olhos se adaptem. Uma luz esverdeada e distante atrai minha atenção. Seu brilho é fraco, não ajuda a enxergar a escada. Mas é uma luz no fim do túnel e eu tenho que investigar, contanto que George continue segurando minha mão.
— Nox.— murmuro e guardo a varinha na cintura.— Não ouse soltar minha mão.
— Não é minha intenção.
Lentamente, nós descemos as escadas, George me segurando com um pouco mais de força quando eu caçava pelo próximo degrau. Quanto mais me aproximo da luz, mais alto fica o silêncio. Consigo ouvir meu coração batendo.
O frio se faz presente e eu puxo George para que ele fique com o ombro colado ao meu. Ao fim da escada, eu enxergo um salão oval, cavernoso e úmido. Olho para cima e vejo um monte de lanternas japonesas flutuando contra o teto, com uma chama verde cintilando dentro delas.
Encarei George sentindo meu coração disparar de animação, ele sorriu me observando de um jeito doce.
— O pequeno Black me deu uma dica ou outra.— ele diz puxando a varinha da manga e a girando nos dedos.
Eu sempre sonhei em ver lanternas japonesas de perto. E agora George me proporcionou isso. Empolgadíssima, me joguei nos braços dele e o enlacei com as minhas pernas, apertando nossos rostos um contra o outro.
— Obrigada, obrigada, obrigada!— eu repeti com um sorriso largo no rosto, enchendo o seu de beijinhos e lhe arrancando uma risada gostosa. George cruzou as mãos sob minha bunda e nós nos encaramos de perto. Ele me segurava no colo como se eu não pesasse nada e me olhava como se eu lhe pertencesse. Fiquei perdida em seus olhos e emaranhei os dedos em seus cabelos.— George... eu...— não encontro palavras para expressar o quão apaixonada eu estou. Tudo em mim se encontra na mais profunda alegria, me afogo no deleite e no conforto.
Aí eu o beijo, nós nos encaixamos de um jeito inquestionável, gostoso e perfeito. Eu penso, santa Rowena, ele tem que ser meu tanto quanto eu sinto que poderia ser dele.
George me coloca no chão, mas eu não saio das nuvens, sem separar o beijo, ele me agarra em uma pegada firme e me prende contra si. Quando nossas línguas se encontram pouco importa o cenário. A pouca luz influencia a tensão que se espalha pelo meu corpo e de repente eu sinto que preciso dele. Agarro sua camisa e o puxo como se tivesse como o colar a mim.
Ele me faz cambalear para trás e eu acabo escorregando no piso desregulado e o puxo para o chão comigo. Ele cair encima de mim não foi a pior parte já que George tem bons reflexos e conseguiu colocar as mãos no chão para amortecer a queda. A pior parte foi eu bater a cabeça no chão.
A dor foi aguda e instantânea, imediatamente pensei que tinha sofrido uma concussão.
— Ai.— é o que eu falo, soltando-o e levando as mãos a cabeça.
— Amora, você está bem?— ele fica preocupado. Eu o olho com os olhos cerrados e sorrio em meio uma careta.
— Eu sou apaixonada por você, George Weasley. E eu sofri uma concussão.— digo, levemente desnorteada.
O ruivo para por completo. Sobre mim, ele fica mil vezes mais atraente e eu esprimo as têmporas vendo-o se multiplicar.
— Você o que?
— Sofri uma concussão.
— Desculpa. Eu também estou apaixonado por você.
Isso mexe comigo, mas eu acho que vou desmaiar por outro motivo.
— George.— chamo quando ele passa a mão nos meus cabelos e me ajuda a me sentar, aumentando minha náusea. Eu o olho com a testa franzida e agarro a gola de sua camisa preta— Eu preciso ir na enfermaria. Namora comigo.
Ele ri e examina minha cabeça no tato, possivelmente procurando sangue. Mas eu acho que não foi tão sério. O chão só me pegou de jeito. Mais tarde divago sobre a fraqueza humana, agora as coisas estão rodando e admito que isso me deixa muito nervosa.
As coisas que o Fred me disse ficaram na minha cabeça. Eu gosto demais de George. Eu quero que ele me namore, me escolha. Porque eu definitivamente já o escolhi.
— Acho que você bateu a cabeça um pouco forte demais.— ele olha nos meus olhos como se entendesse do assunto. Eu não duvido que entenda.
— Eu não estou brincando.— murmuro e ele sorri para mim— Você acha mesmo que algum dia já fomos só amigos coloridos?
O sinto afagar meus cabelos, meu rosto. Gosto do carinho, isso me deixa um pouco mais centrada.
— Não... acho que não.
— Você gosta de mim, George?— pergunto.
— É claro que sim. Eu gosto muito.
— Você quer.... namorar comigo?— minha respiração está dificultada, tanto por causa da ansiedade, quanto por causa da concussão.
George segurou meu rosto com as duas mãos meio frias e chegou bem pertinho.
— Eu quero.— ele disse em um sussurro. Por alguns segundos só tinha um dele. Seguro seus pulsos, estou passando muito mal— Eu namoro com você.
Mesmo com a cabeça rodando, eu deixo escapar um sorriso. Fecho os olhos e nós colamos nossas testas.
— Meu garoto lindo... eu preciso mesmo ir na enfermaria.
— Porra! Desculpa, vem, eu te levo, princesa.
— Não consigo levantar.— resmunguei, sei que ele me pegou no colo sem hesitar, no instante seguinte as luzes verdes no teto giraram em espiral lentamente e de repente tudo apagou.
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