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CAPÍTULO VINTE E TRÊS:
꧁ Pode correr, mas
não pode se esconder ꧂
George Weasley
Imediatamente eu fico confuso.
— Seus idiotas!— Pamela ralha, se aproximando em passos apressados com o Black em seu encalço, ela como sempre uma pessoa muito fácil de conversar.— Por que não a seguraram?
— Por que a gente faria isso? Prendê-la para que você faça sabe-se lá que atrocidades com a coitadinha? Nós jamais compactuaríamos com isso!— Fred cruza os braços e toma uma postura debochada.
— Garoto...
— Você a chamou de Karia?— eu pergunto, interrompendo os pombinhos.
— Sim, porque aquela é a Dakaria, inteligência!— Pamela fala e Nikolas Black toca seu braço, um pedido silencioso para que a amiga se acalmasse. Olho para o caminho pelo qual a enorme coruja branca partira e sorrio, por isso ela foi tão carinhosa. Ah, eu adoro essa garota, sabia que conhecia aqueles olhos, tinha que ser os olhos dela. Sabia que Dakaria é animaga, mas ainda não fazia ideia no que ela se transformava, ela insistia em fazer suspense com isso. Fofa.
— Ela é maravilhosa.— comento, para nenhum deles em especial. Mas é bom que eles não se esqueçam de que sou eu que estou pegando. Bem que eu senti que estava tempo demais sem vê-la, ouso dizer que senti saudades da minha amora.
— Desculpem o estresse, é que a gente está procurando por ela tem horas.— o Black fala, muito mais condescendente.
— E por que ela está fugindo de vocês como o diabo foge da cruz?— Fred tira as palavras da minha boca. Os dois corvinos trocam os olhares, de repente relutantes. Franzo a testa, curioso— Isso é alguma brincadeira estranha entre vocês?— caçoa ele e eu lhe dou uma cotovelada na costela.
— Não...— Nikolas comprime os lábios e respira fundo— É que a gente não gosta de deixar ela sozinha em um dia importante como esse.
— Como assim? Que que tem demais hoje?— pergunto puxando as luvas com os dentes.
— Ela não te falou mesmo?— Black inclina a cabeça para o lado, intrigado. Sacudo a cabeça negativamente. O que é que ela estaria escondendo de mim?— Hoje é o aniversário dela.
Arregalo os olhos, sendo completamente pego de surpresa.
— Porra, eu não tenho nada...— tateio os bolsos instintivamente como se fosse tirar um presente de lá do nada, mas eu nem imaginava quando seria o aniversário de Dakaria. Das horas e dias que passamos conversando, nunca nem me passou pela cabeça perguntar quando seria. Então ela é alguns meses mais velha do que eu... legal.
— Claro que não.— Pamela sopra uma risada nasalada e me julga como se devesse ter sido um dos primeiros assuntos que a gente abordaria, e eu a olho torto. A morena pega o braço do amigo e o puxa para dar meia volta— Vocês dois são pura comédia. Vamos, Nik. Nós temos que achá-la.
— Vocês ainda não responderam porquê ela está fugindo!— eu elevo o tom de voz às suas costas.
— Ela odeia comemorar o aniversário, Weasley! Aposto que saberia se tivesse se importado de perguntar!— Pamela responde no mesmo tom, sem se dar o trabalho de sequer nos olhar por cima do ombro. Eu olho para Fred, com tédio. Ele franze a testa e me questiona com o olhar.
— Não dá pra segurar sua namorada não?— reclamo e ele faz careta de desgosto, me seguindo quando eu vou atrás dos melhores amigos da minha amiga colorida.— E eu posso saber por que é que vocês estão perseguindo ela quando sabem que ela não gosta de comemorar o aniversário? Isso soa abusivo.— ironizo, caminhando calmamente ao lado de Nikolas Black— Deixem-na em paz, ela só não quer comer um bolo, não há nada demais nisso!
— É óbvio que a gente não vai forçá-la a ficar feliz e aproveitar uma enorme festa só porque perdeu um ano de vida, Weasley, desistimos disso há mais de dois anos. Só queríamos ficar junto dela, sempre tentamos conversar e convencê-la a ficar, mas ela sempre foge! Teimosa como uma mula! Se você fizesse alguma ideia do porquê ela odeia o próprio aniversário, também não iria querer deixá-la sozinha!— ela rebate, ríspida.
— E por que é que ela odeia o próprio aniversário?!— Fred pergunta.
Pamela finca os pés no gramado e se volta para nós, irritada.
— Se ela não lhes contou, não sou eu quem vai fazê-lo!— ela me fulmina com o olhar. As vezes eu me pergunto como alguém calmo como Dakaria tem uma amizade tão consistente com alguém tão estressado como Pamela. Opostos se atraem mesmo. Eu não suportaria tanto mau humor todo santo dia, espero mesmo que ela só seja assim conosco— Então, se nos permitem, temos que encontrar nossa amiga agora!
E nós deixamos o casal de amigos se afastar de braços dados. Coloco as mãos no quadril e suspiro.
— Aposto que a encontramos primeiro!— eu grito para eles.
— Por que você não vai se foder, senhor Weasley?— ela grita de volta. Eu olho para Fred, julgando-o com o olhar e comprimindo os lábios de desgosto.
— Que que eu fiz agora?— ele quer saber, irritado.
— Sua namorada é um pé no saco, mano.— balanço a cabeça fazendo caminho na direção dos vestiários.
— Ela não é minha namorada.— ele bufa, seguindo os outros com o olhar. Fica pensativo por uns segundos— Mas ela tem uma raba bonita.— admite em um resmungo e eu paro de andar para o encarar por cima do ombro, surpreso. Um sorriso torto quase rasga minhas bochechas e meu irmão sorri de canto, revirando os olhos— As vezes eu não penso com a cabeça certa.— ele dá de ombros e anda na minha frente calmamente.
— Desde quando você pensa com a certa?— eu pergunto como se estivesse pensando em voz alta e corro atrás da minha cópia estragada. Não tenho a menor preocupação quanto saber como vamos encontrar Dakaria, só tenho certeza que irei.
⋆
Olhei mais uma vez no mapa só para ter certeza. É. Ela tem que estar aqui.
— Puxa vida.— resmungo, soltando um suspiro. O corujal é enorme e corujas brancas é o que não falta, muitas dormindo por conta do horário e pela falta do que fazer. Será que ela se ofenderia se eu começasse a estalar os dedos e assobiar para chamá-la? Vou para a parede onde o nome dela aparecia no pergaminho com doze corujas das neves adormecidas em três níveis diferentes.— Amora?— chamo, algumas abrem os olhos de relance e todas tem os olhos âmbar, sendo descartadas facilmente da minha conta. Merlin abençoe a falta de variedade delas— Eu sei que você está aqui, vamos, deixa de graça.— uma das corujas, no alto à direita, sacode a cabeça e abre os olhos, revelando as íris castanhas que eu estava esperando. Meu sorriso cresce sem meu consentimento e eu estico a mão para fazer um carinho na lateral do corpo do animal— Você fica mesmo linda de qualquer jeito.— elogio e recuo quando ela bate as asas e vem para o chão a minha frente.
Eu já vi muitas transformações durante as aulas de transfiguração, mas nunca me encantei por uma tanto quanto por esta. Talvez porque seja Dakaria e porque tudo o que ela faz é perfeito.
Na sua forma humana, a garota me encara com os olhos cerrados, ajustando a roupa. Bem, o pijama azul estampado com alguns arco-íris. Dou risada e guardo o Mapa do Maroto no bolso de trás do jeans surrado.
— De qualquer jeito mesmo.
— Como é que você sempre me acha, senhor Weasley?— ela pergunta, ignorando minha babação de ovo.
— Você nunca ouviu o ditado?
— Que ditado?
— Aquele que tem em alguns filmes de terror.— indico como se tivesse plena certeza que ela iria assistir filmes trouxas— Você pode correr, mas não pode se esconder de mim, gatinha.
Dakaria, coloca a mão na cintura e balança a cabeça para mim como se eu fosse uma causa perdida, um sorriso singelo nos lábios carnudos.
— Você é um besta.— ela comenta.
— Você gosta disso.— dou de ombros, confiante.
Por uns segundos, nós dois ficamos em silêncio, como se tivesse alguma peça faltando e estivéssemos esperando o outro tomar uma atitude que fosse dar a resposta.
— Por que está se escondendo tanto dos seus amiguinhos hoje, senhorita Thomas?— pergunto, dando um passo na sua direção, diminuindo o espaço que já não era muito significativo entre nós. Dakaria umedece os lábios.
— É um pouco complicado.— ela murmura e eu ergo a mão para segurar seu rosto.
— Pode descomplicar para mim, amora?
— Queria poder.— ela murmura deitando a cabeça em minha mão. A forma como ela me olhou deixou implícito que ela não queria responder àquilo. Por mais que a curiosidade me corroa, eu respeito. Bem, ou daqui a pouco começarei a investigar na surdina até o fundo.
— Poderia então ao menos me dizer por que não me contou que seu aniversário estava tão perto?
— Não é nada contigo, Georgie, só tenha certeza disso.— ela tira minha mão de seu rosto e a segura. Ela sorri sem olhar nos meus olhos— Normalmente eu me isolo de todo mundo nesse dia de merda, mas eu não quis....— ela se interrompe, pensando duas vezes se deve falar.
— Me afastar?— deduzo e nossos olhos se encontram novamente.
— É. Algo do tipo.— ela faz uma careta meiga, tímida. Um sorriso malicioso nasce nos meus lábios e eu me aproximo ainda mais dela.
— Não precisa ficar tímida, minha amora. Pode se apaixonar por mim. Eu deixo.— brinco e Dakaria solta uma risada gostosa. Ela me empurra, mas eu logo volto para ela.
Temos passado muito tempo juntos. A brincadeira e os flertes são gostosos, ela é linda, maravilhosa, e eu estou me viciando nos teus beijos. Sempre somos sinceros um com o outro e nossa amizade é consistente. Fico besta quando ela ri das minhas gracinhas e as vezes eu tenho a mais pura certeza de que vou me apaixonar primeiro.
As vezes acho que já aconteceu, porque, eu juro, eu estou de quatro por essa garota. Meu orgulho me manda lembranças sempre que eu fico sozinho com ela.
— Por que você acha que eu cometeria um erro desses? Isso aqui é só um brincadeira entre bons amigos.— com a mão livre, ela gesticula no espaço entre nós, apontando para o seu peito e para o meu. É minha vez de dar risada.
— Ah, é?— solto sua mão para agarrar sua cintura e a puxar abruptamente para mim. Dakaria recolhe os lábios e arregala os olhos para mim— Acha mesmo que bons amigos se olham desse jeito?— baixo o tom e a encaro fixamente. Sinto um frio na barriga e me embalo no clima gostoso que é tê-la com as mãos sobre meu coração, nos meus braços. Não resisto á vontade de balançar com ela de um lado para o outro, como se estivesse tocando alguma música só para nós ao fundo.
Os passarinhos estão cantando e a vida é tão colorida, alguém atira uma pedra na minha cabeça!
— O que eu acho.... é que eu não teria problemas se você quiser se apaixonar por mim.— ela responde e eu sorrio. Acho que mesmo se a gente pudesse controlar esse tipo de coisa, ela seria a garota que eu escolheria.
Então eu a beijo. Juntamos nossos lábios de forma carinhosa e eu sinto meu coração batendo forte dentro do peito, chacoalhando todo meu tórax.
Não demoro em me afastar, franzo a testa e Dakaria fica curiosa com minha careta.
— O que foi?— ela pergunta.
— Acho que engoli uma pena.— finjo tentar cuspir a mesma e Dakaria se desmancha em uma gargalhada.
— Garoto, eu te odeio!— ela age como se fosse me esganar e eu dou risada junto dela.
— Até parece. E, ei, não vamos esquecer...— eu dou um beijo em sua bochecha e aproximo os lábios do seu ouvido— Feliz aniversário, senhorita Thomas.— murmuro e Dakaria me abraça com certa força, me pegando um pouco desprevenido pelo ato que pode ser considerado mais íntimo que muitos beijos.
Meu estômago se embrulha e eu a abraço de volta encaixando perfeitamente nossos corpos como que ela tivesse sido feita pra mim. Afundo o rosto na curva de seu pescoço e deposito ali um chupão. A risada de Dakaria se torna maliciosa e eu me sinto no mais puro estado de deleite.
As corujas são nossas espectadoras, mas eu sinto como se tivéssemos só nós dois no mundo.
⋆
Nota da autora:
Por favor, me digam que não é só na minha cabeça que esses dois formam um casal tão fofo! 😰
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