09
CAPÍTULO NOVE:
꧁ Se arrependimento matasse ꧂
Dakaria Saint Thomas
Quando fecho a porta do meu dormitório, me encosto atrás da mesma com os ombros caídos. Eu sinto que estraguei tudo, porém, da mesma forma, sinto que fiz o que tinha que ser feito. Se não havia futuro com um garoto fantástico como George Weasley, mesmo que a breve viagem fosse tão tentadora, eu tenho que me colocar em primeiro lugar, porque eu me conheço, e se seguissemos com o beijo e amanhã George simplesmente me esquecesse, eu iria me sentir um lixo.
Não que eu esteja muito melhor agora, mas certamente eu fui pelo caminho menos doloroso.
Não consigo parar de pensar nas incríveis horas que passamos juntos, conversando e rindo atoa. Foi um momento tão mágico, eu nunca tinha me dado tão bem com um garoto. Inferno, por que que ele tem que ficar tão bonito sob a luz do entardecer? Fecho os olhos e seguro a vontade que tenho de bater a cabeça na parede.
Mais uma vez, estou arrependida de tê-lo botado para correr. Mas eu não quero me apaixonar por quem eu não posso ter.
Palmas me arrancam subitamente dos meus devaneios e eu dou um pulo, abrindo os olhos. Me deparo com Pamela, a garota veste um baby doll azul, mas está cedo para ir para cama. Ela coloca as mãos na cintura.
— Pensei que não te veria mais hoje!— ela ralha como se fosse minha mãe. Solto um suspiro e forço um sorriso.
— Não precisava ficar preocupada.— murmurei e tirei a blusa ansiando por um banho. Talvez seja porque eu não estava a encarando, Pamela se aproximou e veio agarrar meu rosto.
— O que aconteceu? Aquele idiota fez alguma coisa com você?— perguntou, friamente.
— Não! Não. Foi um dia ótimo, ele foi um amor, nós nos demos muito bem. E eu botei ele pra correr.— resmungo, muito perto de começar a choramingar. Afasto sua mão do meu rosto e me aproximo de minha cama para sentar na mesma e tirar os tênis.
Pamela demora em se voltar para mim, claramente confusa.
— Espera, o que?— ela vem se sentar do meu lado e, necessitada de um lugar seguro, eu deito a cabeça no seu colo em busca de carinho.
— Eu botei ele para correr porque ele é bom demais para ser verdade e eu fiquei com medo de não ser nada demais para ele amanhã de manhã.— eu desabafo e Pamela passa a mão nos meus cabelos. Ela pode ser muito afetuosa quando quer.
— Ah, com a fama que aqueles dois tem também, eu não acho que foi um pensamento errado esse que você teve.— ela comenta depois de uns segundos.
— Não, claro que não, eu estou na defensiva. Mas, tipo, a gente teve.... não sei explicar, o encaixe foi surreal, Pam.— deito-me de barriga para cima e encaro minha melhor amiga de baixo.— Ou ele é só muito bom nisso.
— Você ficou louca para beijar ele, não ficou?— ela pergunta, inclinando-se para cima de mim com um sorriso malicioso nos lábios.
Enfiei as mãos no rosto, gemendo frustrada.
— Ah, ele é tão lindoo!— choramingo— Mas eu sinto que ele não vale nada! Eu não sou o tipo de garota que se encaixa com esse tipo de garoto, Pamela! Eu sou uma apaixonada, eu quero uma pessoa só para a minha vida toda!
Minha amiga balança a cabeça e ri de mim. Eu coloco as mãos nas bochechas e a fulmino com o olhar.
— Você e Nik e suas visões de futuro! Dois apaixonados irremediáveis.
— As vezes acho que a gente divide o mesmo coração.— sopro uma risada sem graça, mesmo conversando com ela, eu não consigo parar de pensar em George Weasley, suas sardas e olhos verdes tão audaciosos— Ele foi muito gentil.— segredo-lhe. Pamela passa os dedos no meu rosto como se estivesse limpando minhas lágrimas invisíveis. Eu sou otária, mas não a ponto de chorar por algo que não aconteceu, tenha dó!
— Ele já foi gentil com outras também.
Eu bato nas mãos dela e me levanto em um pulo.
— Sua ridícula!— grito indo para o banheiro em passadas largas, revoltada. A gargalhada de Pamela me acompanhou e ela veio bater na porta que eu tranquei, terminei de me despir no banheiro mesmo.
— Eu estou brincando, Karia! Não leve a sério!
— Não! Eu sei que é verdade, isso que me irrita!— eu bufo e me encaro no espelho. Eu tomei a decisão certa. Olho no fundo dos meus olhos e me apoio na pia— Você sabe que fez o certo.— sussurro para o reflexo e ela assente.
— Não, olha, Karia... Mesmo que eu deteste aqueles dois e esteja convicta que sua existência é um desperdício de oxigênio... eu vi o jeito que ele te olha, sabe? Pode ser cedo para dizer, mas acho que ele está interessado de verdade em você.— Pam me fala e eu entendo. Eu vi esse interesse nos olhos dele hoje enquanto conversávamos, mas é algo momentâneo? Quantas vezes mais ele já usou aquele olhar? Eu não nasci para ter relações vazias, quero um romance como meus pais tiveram, desde o começo, eles sabiam que foram feitos um para o outro. Nunca em nenhum outro lugar vi um amor tão genuíno. Eu quero isso para mim e, mesmo que flertar atoa com conhecidos seja divertido, beijá-los sem sentir nada além de tesão é tão sem sentido para mim. Pamela é a única de nosso trio que não se importa com isso, mas pelo menos ela tenta entender o meu lado e eu realmente aprecio— Mas você quem sabe, independentemente da sua escolha, sei que vai acabar fazendo o melhor para você mesma.
E, mesmo assim, eu quis tanto beijá-lo. Foi algo que me subiu tão naturalmente que foi como se houvessem faíscas no ar a nossa volta. Minhas mãos começaram a soar, meu coração palpitou e eu só queria sentir o gosto dele. Corrigindo, eu quero.
Querendo apagar meus pensamentos, eu fui tomar um banho quente de banheira. Nem isso serviu para tirar a sensação de quase na ponta da língua.
⋆
Para, eu me cobro mentalmente e encaro os olhos azuis de Nik. Ele parecia estar me perguntando algo.
— O que?— eu quero saber, não queria deixar ele no vácuo, mas minha mente está na mesa da Grifinória.
— Você está estranha! O que é que você tem, Thomas?— ele parece irritado com meu jeito avoado, ontem tive um encontro e fui até deitar mais cedo porque não queria me esbarrar com George Weasley tão cedo na hora da janta. Pulei o café da manhã pelo mesmo motivo, porém se eu ficar sem almoçar, eu vou acabar desmaiando. Pamela está comendo do meu outro lado, ela geralmente fica imersa em um mundo só dela quando se alimenta, então não nos preocupamos de inclui-la na conversa.
— Depois eu te conto.— faço careta, não querendo trazer o assunto a tona em um lugar público. Nik me lançou um olhar desconfiado, no entanto, recolheu as armas e se concentrou no seu purê de batata.
— Tá bem, acho bom mesmo, mas assim... você conseguiu falar com a Luna?— ele baixou o tom e eu balancei a cabeça negativamente.
— Não me esbarrei com ela ainda, mas relaxe, eu vou falar.— eu sorrio. Não preciso me concentrar na minha inexistente vida amorosa se tenho a de Nikolas para me entreter.
— Tudo bem, é, tudo bem.— ele respira fundo, nervoso. Toco seu ombro e o faço olhar para mim.
— Fique tranquilo, Black, aposto que até o fim do ano vocês se casam.— zombo e o Black revira os olhos, suas bochechas tomam um tom rosado e eu as belisco.
— Para com isso, Thomas.— ele ri e luta para me afastar.
A maioria já está jantando, todos estão sentados em suas respectivas mesas então quando as grandes portas do salão são abertas, muitos burburinhos são brevemente interrompidos pela curiosidade em saber quem estaria entrando agora. Eu não ajo diferente.
É um grande grupo entrando, dentre eles estão Fred Weasley, Lino Jordan, Garota-bonita-não-identificada, e... George Weasley. Ele sorri quando a garota o empurra para o lado, rindo, e eu rapidamente desvio o olhar, desconfortável com a cena.
— Pensei que ela não viria hoje.— Nikolas fala e eu respiro fundo tomando coragem de seguir a mesma reta que o seu olhar. Saindo de trás do grupo de George, Luna Lovegood aparece saltitando e sorrindo docemente para Neville Longbottom que lhe entrega um pequeno cacto. De longe dá para ver como o garoto está vermelho. Luna para de saltitar e dá um beijo na bochecha de Neville.
Uau.
Isso que eu chamo de acertar dois coelhos em uma cajadada só, minha nossa.
Sopro uma risada enquanto meu melhor amigo parece murchar do meu lado, pego o suco de uva e, por um momento, meu olhar se cruza com o de George, mas eu viro a cara para Pamela antes que ele sequer pisque. Viro meu copo facilmente, minha amiga já está me encarando, ela até parou de mastigar a coxa, os lábios molhados de gordura, seus olhos azuis arregalados como se ela estivesse com vergonha por mim e por Nik. Ela mastiga lentamente e observa minhas reações, eu não choro pelo leite derramado.
Sorrio para a garota.
— A comida está boa, madame?— puxo o assunto mais idiota possível. A comida em Hogwarts é sempre divina. Pamela se obriga a engolir e sorri para mim, sem graça.
— Sim, bem boa...— ela parece querer falar outra coisa, mas a situação é tão patética que eu só estou com vontade de rir. Nossa, ele foi bem rápido.
— Eu não estou com fome..— Nikolas lentamente afasta o prato remexido e se levanta do banco.— Com licença.— ele se retira sem olhar para nós e eu suspiro. Eu e Pamela trocamos olhares e a minha amiga se encontra perdida demais para falar qualquer coisa coerente.
— Eu vou com ele.— dou de ombros e me levanto também. Sigo para a direção que o Black foi em passos tão apressados quanto.
— Dakaria, ei!— a voz pouco familiar me chama quando passo perto da mesa da Grifinória, porém, eu finjo não ouvir e continuo andando. Que coisa mais idiota, eu não estou nem aí.
⋆
Nota da autora:
O "por trás das câmeras" desse cap é aquele edit que eu postei da fanfic no TikTok kkkkkkk se você não viu, pode ir lá ver! Meu perfil no TTK tem o mesmo nome que aqui: bellacruellax
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