06
CAPÍTULO SEIS:
꧁ Eu nunca disse que sim ꧂
Dakaria Saint Thomas
— Eu tenho minhas dúvidas se amo essa ideia.— faço careta e Pamela olha para cima, pensativa. Estamos andando de braços dados na direção do jardim, a espera de Nik que deve estar na sua aula de história da magia.
Pam quer discutir comigo meios de matarmos aula de treino para o quadribol, já que ela tem muito medo de altura e detesta jogar. Sua última ideia foi de tocarmos fogo no armário de vassouras. Fala sério.
— Ninguém vai se machucar, oh, protetora dos inocentes.— ela caçoa.
— Muitos corações serão partidos, imagine quanto tempo alguns alunos devem ter gastado implorando de joelhos para os pais para terem a vassoura mais meia boca só para conseguir entrar no time? Nem todos tem condições para comprar outra.
Pamela comprime os lábios e revira os olhos azuis.
— Você se preocupa demais com os outros.— ela reclama, odeia quando a faço olhar pelo outro lado. Dou um sorrisinho contente.
— Não só com os outros, mas com você também. Quanto tempo acha que levaria até descobrirem quem foi que fez tamanha proeza? Multidões viriam tentar arrancar sua cabeça.
— Eu me garanto.
— Aham, vai nessa.— nós rimos, até parece que Pamela sobreviveria para contar história.
— Senhorita Thomas!— alguém grita nas nossas costas. Eu paro de andar e olho por cima do ombro. São os gêmeos Weasley, se aproximando correndo e vestidos formalmente. Eu tenho vontade de rir, uno as sobrancelhas com curiosidade e me mantenho firme no lugar quando Pamela tenta me puxar dali o mais rápido e indiscretamente possível. Eles estão uma graça. Preciso de um segundo para diferenciá-los, mas como tenho estudado a forma do seu rosto e seus sorrisos, acho que posso aprender antes do imaginado— Fico grato que tenha esperado.— diz quem eu imagino ser o meu amável pretendente, note a ironia, George Weasley.
— Como posso ajudar?— ofereço olhando no rosto de cada um procurando cada vez mais diferenças. Ok, talvez eu precise de um pouco mais de tempo.
— Você está pronta?— ele me pergunta deixando crescer um sorriso lindo nos lábios.
— Pronta pra quê?— pergunto.
— Para o nosso encontro, ora!— ele diz colocando as mãos na cintura, eu seguro meu sorriso o máximo que consigo.
— O que eu nunca concordei que aconteceria? Ah, eu me lembro.— ironizo.
— Nós temos outro lugar para ir.— Pamela diz. Eu não quero ir pra outro lugar agora. Arregalo os olhos para a minha melhor amiga e nós nos encaramos tendo um debate silencioso, ela não acredita que eu esteja disposta a isso.
— Bem, se você quer tanto assim ir para outro lugar, creio eu que meu irmão possa acompanhá-la, senhorita.— George diz colocando as mãos nos ombros de seu gêmeo e o obrigando a dar um passo para frente, como se ele fosse uma oferta de paz.
— Nem fodendo.— Pamela diz, simplesmente. Ela segura meu braço com firmeza e possessividade. Fred junta as mãos e olha para George por cima do ombro.
— Ela deu a resposta dela, vamos respeitar, né? Posso voltar para o meu quarto agora?— ele praticamente implora. Dá para sentir na pele o quanto a ideia de ficar a sós com Pam o agrada. A coisa toda é mútua, parece.
— Não.— George arregala os olhos tentando manter o tom de voz sério enquanto tudo o que eu queria fazer era rir da cena. Passei a ponta dos dedos nos lábios e baixei a cabeça para ter um pouco mais de autocontrole.— Seja gentil, leve a garota para dar uma volta enquanto a amiga dela e eu nos divertimos um pouco a sós.
Era algo tremendamente cômico de se assistir, era como se os dois fossem nossos filhos, crianças pequenas que brigaram no primeiro dia de aula e agora estão sendo forçadas a fazer as pazes. Eu passo a mão no antebraço de Pamela, como uma forma de carinho. Mais uma vez nos encaramos e mais uma vez discutimos sem abrir a boca. Eu pedi por favorzinho e fiz até beicinho, Pamela bufou como um touro com raiva e, ainda sem entender o motivo de eu estar fazendo tal coisa, ela soltou meu braço lentamente.
— Toma cuidado com o que faz, garoto.— ela aconselha George e depois olha para Fred— Eu sei andar sozinha, pode voltar para o buraco do qual saiu.— por fim ela aperta meu ombro e nos dá as costas, continuando seu caminho para o jardim. Fred olha para George também em uma discussão silenciosa, a mandíbula marcada de raiva. Os dois tem um gênio forte, não acho a melhor das ideias deixá-los sem supervisão de um responsável. Umedeço os lábios e espero. George empurra Fred com pouco carinho.
— Vai.— ele sibila. Fred cerra os punhos e com a maior cara de cu passa por mim sem se despedir, indo seguir minha melhor amiga. Nós que ficamos o seguimos com o olhar e eu me permito rir brevemente.
— Não sei porquê, não tenho um bom pressentimento com esses dois juntos.— comento e me volto para George que já está com os olhos cravados no meu rosto. Ele sorri de canto docemente.
— Ele disse que é melhor você valer a pena, porque tem certeza que sua amiga vai matá-lo.— George me conta e nós dois rimos. Eu coloco o cabelo atrás da orelha, levemente tímida com a privacidade que ele comprou por nós dois.
— Pamela é capaz de uma coisa dessas.— admito balançando a cabeça— Seu irmão é corajoso.
— Que nada, eu comprei ele. Estava choramingando até agora sobre o quanto ela o assusta.
— E quanto isso lhe custou?— levanto sobrancelha, curiosa. Hm, parece que ele está movendo uns pauzinhos só para ficar a sós comigo, se eu soubesse que ele queria de verdade, poderia ter arranjado tudo de graça porém eu também acho intrigante vê-lo correndo atrás. Nunca tive em mente essa visão de que um garoto com seu nível de popularidade se colocaria nessa posição já que está impregnado que são as pessoas que correm atrás dos populares, não o contrário. Admito, ele me surpreendeu de verdade. De um jeito bom.
— Não acho que vou te contar, é um presente.— ele baixa o tom como se estivesse me contando um segredo.
George cerra os olhos e dá um passo na minha direção para passar o polegar na maçã do meu rosto. Ele desce os olhos para os meus lábios e eu me sinto nervosa de um instante para o outro, meu estômago dá um nó.
— Hã... o que está fazendo?— pisco rapidamente, muito focada em seus olhos verdes.
— Tirando um cílio.— ele usa aquele tom de voz agradável que certamente mexe até com meu âmago. George me mostra o polegar para provar que não estava inventando— Quer fazer um pedido, senhorita Thomas?— ele sussurra, está tão perto que eu ouço com clareza. Se Minerva nos visse assim, decerto estaríamos condenados a ouvir um enorme discurso sobre respeito às normas da escola. Temos que estar todos a pelo menos um braço de distância. George está a dois palmos. Me sentindo perfeitamente instigada, sorri de canto e juntei meu polegar ao seu. Foi um pouco estranho pelos breves segundos que nós nos tocamos, eu senti como se quisesse mesmo segurar a mão dele. O cílio veio para o meu dedo e, por mais idiota que esse ritual seja, eu fiz um desejo.
Que se isso não passasse de diversão que ele sumisse imediatamente da minha frente.
Ele é muito legal, mas não nasci pra ser passatempo. Olhando nos teus olhos e vendo de relance aquele sorriso charmoso, eu soprei o cílio e deixei para que o universo cuidasse do rumo dessa história como bem entendesse.
— Posso saber qual foi o desejo?— ele pergunta umedecendo os lábios. Dou de ombros.
— Quem sabe um dia eu te conto?
O seu sorriso se torna divertido.
— Eu vou cobrar, hein.
Ah, eu estou pagando pra ver.
— Eu disse que não teríamos um encontro, senhor Weasley.— volto ao assunto principal.
— Disse, é? Eu acho que não ouvi, porque para mim você parece perfeitamente pronta para um.— eu olho para baixo examinando minhas próprias vestes. Estou com uma saia xadrez e uma camisa social branca abotoada até o topo. Solto uma risada nasalada e dou a volta pelo garoto, voltando pelo caminho que estava vindo.
— E quem me garante que isso não é uma armadilha?— eu lhe pergunto.
— Eu certamente não garanto.— ele me responde, seguindo-me prontamente.— Quem sabe eu não a guardo em um quarto secreto onde nenhuma outra pessoa poderia te achar e eu te faço só minha?— ele caçoa e se inclina para sussurrar no meu ouvido, eu me encolho e o empurro começando a rir.
— Que audácia a sua, meu senhor!— eu o censuro com o olhar, mas meu rosto está queimando e eu me sinto muito atraída pelo seu jeito inescrupuloso de se expressar.
— Te sequestrar ou achar que você poderia ser minha?
— Audácia é falar que pensa assim, me sequestrar seria estúpido considerando que Pamela te torturaria até dizer onde eu estou....
— Justo.— ele assente e olha para o chão enquanto caminhamos lado a lado.
— E, de fato, chega a quase ser insano achar que eu poderia ser sua.— caçoo. George me olha de lado, ah, ele é do tipo que gosta de ser desafiado.
— Ah, é?— ele levanta a sobrancelha ruiva.
— Com toda a certeza. Porque isso nunca vai acontecer.— eu enfatizo. George dá um sorriso, como que eu posso dizer?.... convencido. Ele tem certeza que eu não estou falando sério, está seguro disso.
— Eu sou do tipo que gosta de ver para crer.— ele estende a mão na minha direção, a palma virada para cima. Eu olho sua mão e reluto.
— Eu tenho uma varinha e não tenho medo de usá-la.
— Eu tenho uma resposta para isso, mas vamos nos contentar com um: confia em mim, querida?— ele rebate e eu reviro os olhos imaginando qual poderia ser sua resposta.
Achando que essa é a pior decisão que eu já tomei na minha vida, lentamente ergui a mão e segurei a dele.
— De jeito algum.— eu respondo. George abre um sorriso contagiante.
— É assim que se fala, garota.
⋆
Nota da autora:
Tá cedo para perguntar o que estão achando?
E sim, o estilo da Dakaria é bem soft girl, bem cottagecore aesthetic. Eu morro só de imaginar visualizar essa musa, muito princesinha.
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