Aqueles que pensam que estão prontos sempre acabam mortos.
‐Um tom mais escuro de magia

   Sua face estava azul, sua respiração instável quando Silva se aproximou. O couro que envolvia seus dedos trêmulos tocaram a parte direita do pescoço da garota. Nada.

   –A respiração está diminuindo.–Constatou o homem posicionando seus braços abaixo do corpo da garota.–Temos que ir atrás de Harvey.

   Aisha e uma especialista, não muito longe, ajudavam Bloom que mal conseguia se manter em pé.

–Chame Harvey!–Ordenou o soldado erguendo o corpo da garota.–Aguente firme.

   A especialista apenas assentiu correndo até a densa floresta.  

–Ela vai ficar bem?–Perguntou Aisha enxugando as lágrimas. 

   Ele apenas engoliu em seco. Os olhos da garota piscaram lentamente, cada vez perdendo mais a consciência.

   "Não feche os olhos." 

   Mas ela parecia não escutar o homem porque tudo o que ela lhe responderá fora um gemido curto e doloroso.

   "Não feche os olhos."

   Repetia Silva correndo o mais rápido que podia, sem machucar a garota em seus braços. O portão não estava tão longe. Mais um pouco. Apenas mais um pouco.

  Silva verificou a garota novamente. Seus olhos agora estavam fechados e nenhum suspiro escapava de seus lábios secos.

   "Abra os olhos!"

   Gritou Saul chacoalhando-a levemente, como se aquilo fosse apenas uma brincadeira. Como se ela fosse acordar e rir deles. Rir com ele. Mas não ouve resposta.

–Abra os olhos!–Gritou ele mais uma vez.

   Ele caiu de joelhos, seu peito se partindo ao meio. Tinha visto pessoas demais morrendo por sua culpa, por um erro seu.

–Por favor,–Sussurrou ele com delicadeza. lágrimas já brotavam em seus olhos.–Por favor, fique comigo.

   "Por favor."

   Silva mordeu a ponta de sua luva, arrancando-a de sua mão.

–É confuso pra mim. Tanto quanto deve ser confuso para você. Eu… eu…

   Uma lágrimas pingou sobre o rosto da garota, então outra. 

   Saul abriu e fechou a mão diversas vezes antes de toca-la no rosto da menina. Como se ela pudesse sentir.

–Nyx… eu posso te tocar. Eu posso te tocar, Nyx.

   Um sorriso triste brotou nos lábios do homem. No entanto o perfume de _Plumeria Pudica_ da garota desaparecia lentamente sendo substituído pelo cheiro de escuridão e sonhos.

   –Não, não, não, não… por favor…

   Mas já não havia mais nada para ser feito. 

   –Por favor, por favor. Acorde. Fique comigo, ouça minha voz… apenas não vá. Fique com a minha vida…

   E foi quando Silva se deu conta. Era brutal, horrível e proibido, no entanto, era a única alternativa.

   Magia de sangue a qual se vinculava a almas e as aprisionava tinham pena de morte. Negavam a liberdade da morte e da vida. Silva estava disposto a correr este risco, apenas não sabia se Nyx também estaria.

   Desembainhando uma lâmina Saul cortou seu próprio pulso, desenhando sobre o ombro esquerdo da garota uma marca antiga. 

   Poder e magia cantaram no sangue de Silva, e uma fumaça verteu levemente ao redor do braço de Saul e pelo tronco de Nyx, transformando-se em uma corda preta enquanto envolvia os dois. Amarrando-os juntos.

   Saul suspirou fechando os olhos, entregando-se aquele feitiço antigo e agressivo. A corda se apertou, e o coração dd Silva deu um salto no peito. Assim como o de Nyx, percebeu Silva.

   E então o soldado grunhiu de dor. Como se cada nervo em seu corpo estivesse sendo repartido. O homem se curvou sobre o corpo da garota. As costas de Nyx arquearam e então ela arquejou como se estivesse experimentando o ar pela primeira vez. 

   Seu coração bateu mais uma vez. 

   Mais uma.

   Mais uma.

   Ambas as pulsações eram idênticas e complementares, sinônimas. 

Nota da autora:
Voltei.
Sentiram saudades?
Eu senti.
Logo, logo sai o primeiro capítulo.
Beijinhos, beijinhos.
♡