Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 11
Dizem que a vingança é doce;
à abelha custa-lhe a vida.
-Carmen Sylva
— Problema novo. — Alertou Bloom assim que Silva aceitou a ligação.
Silva já sabia disso. Ele tinha sentido isso, na noite anterior, na verdade ainda sentia. Era difícil ignorar a dor que era entrelaçada entre ele e a fada de cabelos rosas… ruivos.
— O que aconteceu? — Perguntou Sebastian deixando de lado a panqueca que ele comia para prestar mais atenção.
— Não sabemos. — Explicou Bloom do outro lado da linha com a voz cansada. — O irmão de Nyx sumiu e os pais não se lembram de nada, nem mesmo dela.
Sebastian parecia tão confuso quanto Saul quando prosseguiu:
— Você acha que foi Rosalind?
— Não podemos descartar a possibilidade.
Saul passou a mão pelo queixo, onde a barba tinha sido recentemente cortada, um misto de preocupação e raiva tomando conta de seu corpo. Será que aquele sentimento era realmente dele? Ou era apenas um reflexo.
— Onde está Nyx? — Saul se adiantou, sentando-se em uma das cadeiras de plástico da cozinha.
— Com Thales em algum lugar, eu acho. — Disse Stella sem muita importância.
A voz do antigo diretor se tornou mais firme quando ele prosseguiu, arrancando o celular das mãos de Sebastian:
— Você entregou seu anel para ela de novo.
— E parece que fiz bem. — Disse a princesa com a voz firme, como a de uma rainha. — Caso contrário ela nem saberia que o irmão está em perigo.
Silva bateu a mão contra a mesa como se ela fosse a culpada de tudo isso.
— Estou indo aí.
— Não pode. — Lembrou Sebastian sentado em frente a Saul na pequena mesa de jantar. — Você é um criminoso foragido e tudo o que mais precisamos é de discrição.
O celular ficou mudo por alguns instantes antes de Aisha começar:
— Mas achamos algo. — Saul ergueu os olhos para a tela escura como se pudesse ouvir o leve riso de vitória da garota. — Bloom na verdade. — Ela se corrigiu rapidamente. — Um livro com alguma espécie de animal que parece ter a mesma arcada dentária que a coisa que atacou o Devin. Mas não reconheci a língua.
— Enviem as fotos. — Exigiu Sebastian ansioso, esquecendo-se de tudo ao seu redor.
Não houve resposta por alguns segundos. Silva passou a mão pelos cabelos suspirando profundamente conforme a raiva consumia a ele sem nenhuma razão evidente. Logo, o motivo ficou claro em sua mente. Era Nyx quem sentia raiva, muita raiva, ele percebeu, até que sentiu uma dor incômoda no braço, mas se deixou distrair quando as fotos de um livro antigo chegaram no celular.
— É uma língua extinta. — Ele disse quase imediatamente, reconhecendo os desenhos ao redor do círculo. — É como um relógio, mas a mensagem é lida de trás para frente, começando pelos números primos. Rosalind deve ter pego esse livro nos Arquivos Reais.
— Achei que lembrava de um desses símbolos da época da escola. — Resmungou Sebastian pegando novamente o celular. — Eu era entusiasta por história… Dá pra desvendar, mas vai demorar um tempinho…
— Não temos tempo. — Replicou Bloom. — Três fadas sumiram. Uma voltou. Isso sem contar o irmão da Nyx, que parece ter sido apagado.
Sebastian ficou mudo. Não havia muito o que fazer, mas Bloom estava certa, era preciso ser mais rápido.
— E se tivéssemos um guia?
— Rosalind fechou a biblioteca. — Disse a fada do fogo com pesar.
— Tenho um na minha casa. Na estante de livros na sala de estar. — Explicou Saul. — Sabe onde fica, Stella?
— Sei…
O clima pareceu nublado do outro lado da linha e Saul novamente sentiu o braço arder, mas tentou ignorar.
— Vou fazer um mapa… — Ele disse assim que se lembrou que Stella não era mais tão próxima de Sky.
— Peça para Nyx vir. — Disse Sebastian, esfregando as mãos com os olhos fixos em uma mancha na madeira da mesa. — Conheço um feitiço, para que ela possa relembrar do que aconteceu. Como ela é Saul estão interligados, talvez ele note algo de diferente.
Ainda era estranho para Saul ouvir aquelas palavras. Sua alma estava presa a de Nyx por um feitiço e agora ele precisava entrar mais a fundo em sua mente, como se uma conexão de vida entre eles não fosse o suficiente.
— Não sei se é uma boa ideia… — Começou Aisha, apreensiva.
— Precisamos fazer isso, Aisha. — Bloom tentou incentivar o grupo. — Talvez o irmão dela esteja interligado com tudo isso.
— Ótimo. — Sebastian bateu as mãos. — Diga para que ela não demore.
Saul suspirou pesadamente, fechando os olhos com dor.
Astraea estava ao lado do corpo do irmão, ele jazia deitado em um leito, entre plantas, agulhas e remédios. O rosto estava cinzento e a mão estava gelada ao redor dos dedos da fada da terra. Ela tentou não vomitar na noite anterior, quando ela viu o corpo do irmão, rígido como um cadáver. Ainda era difícil, para ela, acreditar que ele estava vivo.
Céus, ele mal respirava. O peito parecia estático e som algum escapava pelos lábios azulados. Será que ele, ao menos, podia ouvi-la murmurar desculpas?
Talvez, se ela tivesse tido a aquela maldita festa, nada daquilo teria acontecido, ou então, ela também estaria deste mesmo jeito.
Não importava, mais. Ela tentou se convencer. Ela podia não conseguir mudar o passado, mas ela daria um jeito de consertar o futuro. Um futuro onde quem fez isso com ele era degolada.
— Astraea… — Era a voz da especialista, calma e preocupada como a fada se lembrava.
— Acho que você perdeu seu lugar na guarda real. — Murmurou a garota limpando os olhos úmidos. — E eu perdi meu irmão.
Sammy se aproximou com passos apressados, sem se incomodar em pedir licença, quando se ajoelhou ao lado de Astraea e colocou as mãos lado de seu rosto, com tanta delicadeza que parecia temer que a fada se partisse.
— Vamos dar um jeito nisso. — Ela disse com firmeza, mas seus olhos eram amargos. — Ele vai acordar e então, nós vamos descobrir quem fez isso com ele.
— Não quer mais servir a Alfea? — Rebateu a fada, se afastando do toque quente de Sammy, uma risada mórbida escapando da sua garganta.
A especialista balançou a cabeça, o rosto sério começava a mostrar os sinais, não de uma garota, mas de uma mulher.
— Eu quero servir a você, Astraea. — Ela admitiu. — E se você quiser… se você pedir, eu mato, quem fez isso com Devin.
Astraea soltou a mão do irmão, sentindo-se aliviada por não estar tocando mais a pele de algo que parecia morto. Ela tirou o colar de lua e colocou na mesinha de cabeceira.
— Então vamos acordá-lo.
Saul estava na entrada da loja. Esperando por Nyx. Sebastian ao seu lado parecia brincar com algum tipo de telefone fixo. Ele sorria animado, como uma criança, ansiosa para o aniversário.
O especialista pegou um folha e caneta e começou a desenhar montanhas, traçando um caminho que o Bloom deveria seguir para chegar até sua casa.
— Sky vai mudar de ideia. — Sebastian disse de repente, atraindo a atenção de Saul, o qual apenas desdenhou com sorriso irônico. — Eu… eu vejo um monte de comédia dos anos 90 e sei como as famílias são.
Saul duvidava muito disso. Sky era um garoto amargurado e pensar que tinha perdido o pai tinha apenas o tornado ainda mais ressentido. Mas agora Andreas tinha voltado e não era o pai que Sky imaginava. Bom, aparentemente, agora, ela não tinha mais ninguém. Nenhum parente que pudesse apoiá-lo, ainda que Saul desejasse poder fazer isso.
— Merda! — Grunhiu Sebastian empurrando o especialista para e trás da porta, mal dando tempo para Saul olhar para a entrada da loja.
A porta se chocou contra ele e apenas o som da voz de Andreas pode ser ouvida. Um calafrio percorreu a espinha de Saul quando ele imaginou que Nyx não iria tardar para chegar até a loja.
O barulho de algo se estilhaçando fez Saul correr para dentro da sala, procurando algo celular, Nyx não poderia vir até eles, ou então ele a machucaria.
— Droga! — Resmungou Saul jogando os cobertores do sofá para os lados, o celular devia ter ficado com Sebastian.
“Eu vou voltar, Basti.” Disse Andreas do outro lado. Saul podia ouvi-lo quase como se ele estivesse bem à sua frente. Ele podia imaginar o sorriso convencido e os olhos enrugados de raiva.
Saul voltou a porta, esperando até que Sebastian a abrisse, dando sinal de que Andreas já tinha ido. A raiva que ele sentia, agora, ele dele mesmo e ele não se importou em interferir nos sentimento de Nyx, porque ele precisava daquela raiva para quando fosse matar Andreas.
Mais alguns minutos se passaram até que a porta fosse aberta, revelando o rosto banhado em sangue do homem.
— Não vai demorar para descobrirem que isso é um portal. — Avisou Sebastian, limpando o rosto com a manga da blusa.
— Eu sei. — Disse Saul se aproximando do vidro esparramado no chão, para pegar o celular de Sebastian.
Silva discou rapidamente o número da fada, torcendo para que ela o atendesse, o desespero se acumulando em seu coração. O telefone discou, mas a linha parecia vazia do outro lado, ela não atendeu e Silva ligou novamente.
— Está ligando para a garota? — Perguntou Sebastian abrindo e fechando os olhos com dor. Silva acenou em confirmação.
Mas o celular não respondeu a ligação porque Nyx já estava em Blackbridge.
Rói...
Voltei, amaram?
Ksksks
Brincadeiras a parte, espero que gostem do capítulo.
1565 palavras.
♡
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