12: Sozinho na companhia de outro
36000 palavras por aí
[13/12/2022- Segunda-Feira]
"Ahhhh!" Benjamin gemeu de tanta felicidade. Aquela sensação de satisfação mais parecia um orgasmo visual de tão belo que Valac Daemonium estava vestido.
Era algo diferente, que chamava a atenção até do ser mais despercebido. As calças eram negras com finas linhas verticais brancas. A camisa era branca ornamentadas de figuras do Sol, da Lua e das Estrelas negras. O traje era complementado pelo clássico blazer cujo combinava com as calças na sua cor.
"Gostou?"
"Adorei, Ben!" Valac sorria ao ver-se no espelho. O terno assentava-lhe mesmo bem e parecia que a sua roupa conseguia-o fazer mais bonito do que realmente era.
O que era uma mentira, porém.
Pelo menos aos olhos de Noah.
"O que achas, Noah?"
Aquela roupa não aumentava nem diminuía a beleza que o Valac tinha, pois ele já era incrivelmente belo. Com o terno mais caro que já vira, ou apenas de pijama de inverno, Valac continuava bonito. Mesmo que aquelas calças sobressaiam a bunda farta dele- com certeza de propósito- ou que o colete branco mármore exalte a sensualidade do seu tronco, aquilo não abatia a beleza e luxúria que o seu chefe tinha quando acordava de manhã, despenteado, com o rosto cansado e cheio de olheiras, rabugento. Para Noah, Valac não precisava de se esforçar para ser belo, ele já o era por natureza.
"Está...está incrivelmente belo." Sorriu.
"Agora, temos de encontrar uma roupa que combine com o seu namorado."
Noah engasgou-se.
Do olhar bobo e sorridente ao ver o Valac feliz com as suas roupas, o vermelhão apoderou-se das suas bochechas e os seus olhos de constrangimento.
Namorado?!
Valac riu-se da cara surpresa e corada do seu segurança. Namorado? Não esperava que Benjamin dissesse isso daquela maneira natural. Pensou que ele o conhecesse o bastante para saber que o Valac não era alguém que goste de namorar, ou que não dava tanta importância a esse tipo de relacionamento.
"Nós não estamos juntos, Ben." Mas continuou a rir, estava a achar engraçado o choque que o Noah teve ao ouvir aquilo.
"Ai não?" Estava confuso. Eles os dois tinham de ser namorados, ou no mínimo terem algo mais do que uma relação profissional para que o Valac o apresentasse. "Mas eu continuo a querer fazer pandã com vocês os dois. Vá, meu querido, agora é o senhor a experimentar roupa." Estendeu o braço em direção à pequena cabine de provas. Noah ainda estava meio atordoado, mas andou até ao destino mesmo assim. Benjamin levantou as duas mãos e percorreu, a alguns metros de distância, o contorno do corpo do albino, analisando-o, parecia estar-lhe a medir tudo o que precisava para trazer um fato do seu tamanho.
"Posso fumar aqui?" Valac perguntou. Apetecia-lhe um cigarro desde que chegou à empresa de roupas do seu estilista.
"Claro que não! Esse fumo nojento e malcheiroso vai ficar na minha roupa toda e eu odeio esse cheiro. Lá fora!"
"Ai, que coisa chata." Valac caminhou até à porta.
"O meu secretário vai guiá-lo até á saída mais próxima!"
Noah não gostou nada da ideia de um homem estar ao lado do Daemonium sem a sua supervisão.
Havia sempre probabilidade de algo mau acontecer com ele, e aumentava cada vez que o seu chefe ficava sozinho, ou com uma pessoa que não confiava. Mas Noah acalmava-se sempre ao pensar que Valac Daemonium não era um ser qualquer, ele era o filho do Sol, não um humano fraco que pode ser morto por um vírus ou bactéria.
"Haha...namorado." Sussurrou para si, poucos segundos antes de fechar a porta, vendo o seu segurança tornar-se um tomate mais uma vez.
Minha. Lua.
"Vocês não são somente colegas de trabalho, pois não?"
Noah não estava preparado para ser alvejado com tanta frequência.
"Não...não sei dizer, senhor."
"Uhhhh... Interpreto isso como um sim." Ben sorriu com malicia. Claro que o seu cúpido interno não estava errado. "Conta mais. Sente alguma coisa a mais pelo o Valac? Borboletas na barriga? Umas faíscas no seu amigo aí em baixo?"
Minha Lua, Valac, que amigos o senhor consegue arranjar!
O que respondia?!
"Quem não sente?"
Noah Alba! Que resposta foi essa?!!
Benjamin riu.
"M-Mas eu nunca o desrespeitaria dessa forma!" Acrescentou às pressas.
"E não parece ser uma pessoa que faça algo desse tipo." Virou costas e cursou com os dedos todos os ternos brancos e negros até achar um que combinasse com o Daemonium.
Ainda bem que as minhas aparências não enganam...
Benjamin continuou: "Eu podia jurar que vocês estavam juntos ou algo do tipo, por isso perguntei se eram namorados." Noah corou um pouco. "Depois de tanto tempo, pensei que o Valac conseguisse se apaixonar de volta e deixasse que o seu coraçãozinho de gelo fosse derretido."
"Ele já se derreteu?"
"Ah sim..., mas foi pelo idiota errado. Já há uns anos. Nunca o vi tão abatido, mas sabes com o menino é. Nunca se deixa estar na lama por muito tempo."
As perguntas curiosas eram em demasia. Nunca tinha ouvido falar daquele lado do senhor Daemonium, mas não iria perguntar a uma pessoa alheia sobre os assuntos pessoais do seu chefe. Mas uma pergunta não calava: "Acha...acha que el---"
"Voltei!"
☀☀☀
A cada minuto que passava, o nervosismo aumentava no corpo do albino.
Ele tentava disfarçar aquela ansiedade e o pressentimento mau que sentia desde que acordou na manhã do Festival. Andava em círculos no seu quarto, trancado, com as mãos suadas e frias, os olhares fixos nos seus pés, a respiração acelerada que ele tentava controlar a cada momento.
Lua, o que se estava a passar com ele?
O senhor Daemonium pediu-lhe para ele estar despachado e no hall de entrada da sua enorme casa às 19 em ponto- uma hora antes de festival começar-. Eram 18:42 e o Noah não tinha ainda ganho coragem para sair do seu quarto, a alguns quilómetros de distância do destino.
Estava interdito entre dois mundos.
Noah não queria ir no Festival, não se sentia seguro ou confiante o suficiente para ir e cada vez mais esse sentimento obscuro e enigmático aumentava. Mas tinha de proteger o seu chefe, era o seu papel como segurança. Tinha lhe prometido, assinado o contrato há 5 anos atrás que o protegeria de tudo e não deixaria que nada lhe acontecesse.
E não era capaz de pedir ao Valac que não fosse ao Festival, e muito menos de pedir a outro segurança que o acompanhasse em vez de si.
Olhou-se mais uma vez no espelho, tentando encontrar no seu reflexo branco alguma coragem para sair da sua casa pequena, pegar no seu Mercedes e conduzir até ao Daemonium.
"É só uma ansiedade humana, Noah." Respirou fundo. Cheira uma rosa, apaga uma vela.
Culpou-a nas multidões.
Pling!
__
De: DAEMONIUM, Valac
Para: ALBA, Noah
Data:
Que demora é esta, Noah?
__
Não está a ajudar o meu nervosismo, senhor Daemonium...
__
De: Alba, Noah
Para: Daemonium, Valac
Data:
Desculpe-me desde já.
Estou somente a encontrar algo que perdi e que é essencial no Festival.
__
A resposta não veio.
E a boca dele começava a ficar seca. Queria imenso contar que não queria de forma alguma ir ao Festival, mas também não conseguia aguentar o pensamento que tinha deixado a segurança do Daemonium a outra pessoa.
Nunca ir-se-ia perdoar se algo lhe acontecesse.
"Ah, Deuses, é só fazer como a Camoren..." Olhou-se no espelho mais uma vez. "Dar o foda-se e não ir..."
☀☀☀
"Mas eu devo ser doido!" Empurrou o acelerador do carro para baixo.
Estava mais que atrasado.
Eram 19:07 e ainda faltava um pouco para chegar ao destino.
"Eu devo ser muito doido."
Recusar o instinto é o pior que podes fazer, Noah: A voz do seu pai martelava na sua cabeça.
"Doido não! Desprovido de qualquer inteligência!" Gritava consigo mesmo. Não estava a acreditar que tinha rejeitado os avisos e alertas do próprio instinto lunar e ido para o lugar que sabia que algo de muito mal iria acontecer. "Lua, olha, eu sei que eu ando a pecar aos teus olhos, mas..." A frase morria, enquanto se lembrava que ela não era uma Deusa que ajudava a mesma pessoa duas vezes seguidas sem nada em troca. "Deixa para lá."
The day is gone
Olhou para a estrada, olhou para o telefone. Era o nome do Daemonium que aparecia no ecrã, com a sua linda foto de perfil, tirada há dois meses atrás. Olhou mais uma vez para a estrada.
Dá o foda-se.
Quebrou mais uma regra.
"Alba."
"Onde caralhos tu estás?!"
"A caminho, senhor. A caminho."
"Eu não quero chegar atrasado ao Festival!" Notava-se que a sua ansiedade era três vezes maior do que a do Noah; somente pela voz.
"Prometo-lhe que não vai."
"Quero uma boa explicação para este atraso."
E desligou a chamada.
O que dizia?
☀☀☀
"Eu cheguei atrasado porque..." Engoliu em seco. Estava frio no hall de entrada, e o olhar cortante do Valac em volta do seu corpo cortava qualquer esperança que ele o fosse desculpar. "...Hum...Eu não..."
"Estás pálido, Noah."
Por um segundo ele ouviu: Estás despedido, Noah.
"E-Eu sou albino, senhor."
Valac suspirou. Via que estava a ser severo por pouca coisa, e que o Noah não estava inteiramente bem para ouvir um sermão básico que já deu a todos os seus empregados.
Talvez o Alba não tenha reparado enquanto se olhava no espelho- de casa, do retrovisor, dos espelhos da porta da casa Daemonium, mas a sua pele estava claramente mais branca do que o normal, não tinha cor. E isso mexia com o consciente do seu chefe. Não era normal o Noah sentir insegurança, ou mesmo que o sinta, não demonstraria isso para alguém, muito menos para ele.
"O que se passa?" Queria as respostas já. Daemonium odiava que lhe escondessem alguma coisa, e odiava mais quando algo não estava bem com as pessoas que ele se preocupava.
E o Noah sabia disso, perfeitamente.
Viu-se, mais uma vez, preso entre dois mundos.
Ou contava ao Valac que tinha um mau pressentimento acerca do festival que crescia e crescia e que não queria de todo ir ao Festival, deixando a segurança do seu chefe nas mãos de outro – nunca...-- ou...
...ou desculpava-se com alguma coisa que viesse à mente.
"Estou bastante preocupado com a sua segurança no Festival, Valac." Molhou os lábios, sentindo o nó na garganta crescer.
Valac sorriu na tentativa de o acalmar um pouco. Que conversa era aquela haha?
"Noah, és meu segurança há cinco anos e eu nunca te vi tão ansioso assim-"
"Eu sei."
"E, olha, já passamos por coisas bem piores do que um simples festival. E é só um festival, não vai acontecer absolutamente nada! Tem calma."
"É-É que eu não sinto isso." Estava ansioso, ofegava enquanto falava e nunca parava o olhar em nenhum lugar daquela sala. "Eu desde de manhã que sinto que...que algo de mal vai acontecer naquele festival..."
Valac ficou calado por dois segundos. Luz fazia-se na sua cabeça. "Tu não queres ir ao festival, é isso? É só dize--"
"Eu não quero deixá-lo nas mãos de outro!" As suas palavras saíram com rapidez e com brutalidade, deixando-o tanto ele como o remetente assustado. Foi mais o...o que sentia pelo seu chefe... a falar do que ele.
"N—"
"E-E se acontecesse alguma coisa consigo? E-Enquanto eu estou deitado no sofá? Eu prometi-lhe que não deixaria que nada lhe acontecesse, e nunca me iria perdoar se se magoasse por um simples e estupido medo que eu tenho!" A voz quebrava-se, mas ele continuou a falar mesmo assim. "Eu não quero ao festival, senhor Daemonium, mas também não quero que fique sozinho na companhia de outro segurança que eu mal conheço e que mal confio, e-enquanto sei que algo mau vai acontecer naquele lugar!"
Foi com a mesma rapidez que Noah sentiu os seus olhos ficarem esbugalhados pelas lágrimas apavoradas, que o Valac segurou no seu rosto, parando-o perto do seu.
Viu as lágrimas dele caírem.
Apressadamente, limpou os pequenos cristais esbranquiçados que desciam pelo rosto- agora avermelhado- do albino. As suas lágrimas eram quase brancas... E foi nessas lágrimas brancas que aquele homem encontrou uma forma de expelir aquele medo.
Desta vez, fora Noah que o abraçou. Tinha de esconder a sua cara rubizada e insegura à pessoa que tinha prometido segurança e serenidade. Odiava mostrar fraqueza diante das pessoas, e já era a segunda vez que o fazia em tão pouco tempo.
Não fazia um som apenas enquanto chorava, entretanto. Somente apertava as laterais do colete cor de mármore que Valac tinha vestido enquanto sentia as mãos carinhosas dele na sua nuca e na parte de trás do pescoço.
Eu realmente não o quero perder.
"Não vamos ao Festival..."
"O quê?!" Noah separou-se dele, deixando de parte a vergonha que sentia pela cara feia ao chorar. "Mas é um dos seus-"
"Já fiz a minha escolha, Noah."
"Mas eu—"
"Noah, se tu sentes que algo está errado é porque está. E senti isso perfeitamente ao ver-te inseguro pela primeira vez nos meus braços...e é só um festival." Riu-se nervosamente. "Não tem problema algum."
"Tem a certeza?"
Sorriu, diabolicamente. "Fazemos assim..." Tocou no cós da camisa apertada e branca do albino. "Eu não vou ao Festival. Se e só se beberes tudo aquilo que eu te der."
Aquela era mesmo a alma de Valac Daemonium. Chantagem.
"Confia em mim."
Valac sabia que tinha aquele jogo ganho.
É a alma que eu mais confio e desconfio ao mesmo tempo. "Porque é que eu sinto que vou me arrepender?"
Daemonium não deixou aquela chance ser desperdiçada. Sedução era outra palavra que o descrevia. Puxou o corpo do albino para perto do seu e sorriu perto do seu ouvido esquerdo. "Já devias me conhecer."
☀☀☀
"Experimenta este."
O Alba já se sentia meio atordoado com as misturas todas que tinha feito entre o vinho e a sangria, o whisky e a vodka. Era bastante álcool para a segunda vez que bebia, mas estava a adorar aquela nova sensação: as pernas bambas, a vontade de rir por coisas minúsculas, a despreocupação.
Talvez o álcool não seja tão mau assim como dizem.
Meteu mais um pouco da bebida na boca, o Valac não tinha dito o que era, só dizia que era bom, extremamente bom e pesado
Era doce, com sabor apurado, mas suave.
"O que é isto?" Lambeu os lábios. Não queria desperdiçar uma gota daquilo.
"Cachaça. Cachaça Sebastiana...Carvalho eu acho? Não me lembro.
A música de mais um episódio da Netfix rodou na televisão. Estava com o volume no mínimo, mas ninguém presente nesta sala se importava mais com o que aconteceria a seguir daquele plot twist. Noah estava sentado no sofá, de pernas abertas, com a camisa levemente desabotoada, relaxado. Tinha se esquecido por momentos do profissionalismo que o descrevera durante estes anos. Valac, por outro lado, estava deitado no sofá com as garrafas de diversas formas e feitios, com líquidos escuros e incolores.
"É bom."
"Encomendei uma reserva de 50 garrafas só destas bebidas. Mais umas dezenas do champanhe e até perdi a conta dos vinhos."
O Noah já nem sabia contar 50 garrafas, estava mole como nunca antes, relaxado, queria dormir, mas não de cansaço. Parecia que tinha tomado um calmante forte.
Valac era mais resistente ao álcool, não se deixava abater facilmente, mas naquela madrugada já se sentia tocado. Não queria ficar muito bêbado, porque sabia que queria se relembrar para sempre da primeira vez que o Noah tivesse bêbado.
"O Kuma, senhor Daemonium?" Disse de olhos fechados, com os braços entrelaçados sobre a sua barriga.
"Já me perguntaste isso." Gargalhou. Era surreal a maneira como trabalhador mais rígido e sério conseguisse esquecer-se de tanta coisa em tão pouco tempo.
"Já?"
"Já, mas eu relembro. Ele está lá em cima, a dormir desde tarde. É o que dá ficar até de madrugada a ver séries com o pai." Sentou-se mais ajeitadamente.
"Estou mal disposto."
Estômago fraco haha.
"Achas que vais vomitar?"
"Não, não claro que não. Isto com a...cachaça?...vai lá." Tentou encontrar a garrafa amarelada no meio de tantas turvas que os seus olhos faziam. Nem preparou um copo, apenas enfiou o gargalo na boca e bebeu a goles o líquido laranja.
Valac estava pasmo.
"Isto é mesmo bom."
Valac viu a garrafa ir ao encontro mais uma vez daqueles lábios molhados, mas não deixou que o líquido caísse na boca dele. Já era álcool a mais para a segunda vez que o Noah bebia.
"Chega, Noah." Bebeu o resto do líquido que aquele anjo tinha deixado no fundo da garrafa. A bebida tinha um sabor especial agora. "Vamos jogar ao verdade e consequência."
"Isso é jogo de crianças, meu chefe."
"Foda-se. Verdade ou consequência?"
Aquele jogo era mais um Cavalo de Troia. Mascarava as perguntas que queria fazer com aquele jogo puro e antigo. No entanto, também era exposto a todas as perguntas que iriam calhar, mas não se importava. Se doesse ou não, Valac Daemonium dizia a verdade nua e crua.
"Verdadeiro."
"Verdade." Corrigiu. "Gostas de alguma menina?"
Gargalhou alto. Todos que já conheceu faziam a mesma pergunta. "Não esperava essa pergunta vindo de si, senhor Daemonium."
"Responde à pergunta, Noah."
"Não." Voltou a gargalhar. "Eu nunca gostei, não gosto, e nunca irei de gostar de alguma mulher." Cruzou o seu olhar- ou aquilo que ainda era capaz de ver- com a íris alaranjada do seu chefe. "De facto, eu gosto até de dois meninos." Corou, mas não de vergonha. Noah não estava envergonhado, nem mesmo tímido e reservado.
O que o álcool faz às pessoas, minha Lua.
"Quem são?"
"Uma pergunta de cada vez, senhor Daemonium." Voltou a ri, pensando com as poucas células racionais que ainda trabalhavam. "Verdadeiro ou consequência?"
"Verdade." Corrigiu mais uma vez. "Escolho consequência."
Pegou leve desta vez. "Tente me seduzir...ao som de uma música à sua escolha."
Noah Alba... não conhecia este seu lado.
Valac pegou no seu telefone de maneira desajeitada. Estava um pouco nervoso para o que acontecia a seguir. Escolheu a primeira música que se lembrou e transmitiu-a no Youtube da televisão.
No ecrã, estava escrito "The pussycat Dolls- Buttons ft.Snoop Dogg", uma música que o Noah desconhecia.
Se ele tivesse sóbrio naquele momento, de certeza que não tinha pedido algo tão ousado ao seu patrão. Porém, naquele momento, só queria ver aquelas coxas grandes e fortes a contornar a sua cintura e sentir os lábios nos seus. Ah, o quanto o seu subconsciente o desejava, o quão o seu lado perverso queria o possuir, dominar e de certa forma ser dominado por ele. Beijá-lo, tomá-lo, mordê-lo, agarrá-lo.
Talvez seja esse desejo o pecado que Minguante se referia...
Ele não queria pensar nisso agora. De facto, não pensou em mais nada quando sentiu o peso todo daquele demónio em cima da sua cintura e viu aquelas mãos envolvendo o seu pescoço.
"Fecha os olhos."
Assim o fez. Não demorou muito para sentir algum tecido macio e fresco tocar nas suas pálpebras. Vendado, senhor Daemonium? Ousado. Deixou-se levar, quis ser a presa. Nem pensou muito na música que os envolvia, estava somente concentrado no toque.
Valac começou por desabotoar os primeiros cinco botões da camisa branca do albino, deixando que a sua pele pálida e brilhasse à luz do televisor. Estava quente, ao contrário dos dias normais. Ele sempre fora gélido, mas naquele exato momento o seu corpo estava a ser consumido pelo calor.
Deixou eu as suas mãos o tocassem; como previa, o Noah era um puta gostoso do caralho mesmo. E por muito que o toque, nunca se cansaria de tocar naquele corpo. Arranhou o seu peito, levemente, criando arrepios gostosos por todos os nervos. Não queria jogar com a cintura- ainda-, somente queria aproveitar aquele pecado de corpo. Com um dedo apenas, levantou-lhe o queixo, exibindo todos os músculos fortes do seu pescoço.
Sugou.
Ouviu-o gemer. Será este o seu ponto fraco? Ou estava demasiado sensível?
Noah mordeu o lábio, tentando reprimir todas aquelas sensações prazerosas que estavam mais intensas que o normal. Aquele demónio tinha algo fora do normal. Cravou as unhas o bastante dentro dos bolsos de trás das calças apertadas do demónio e apertou toda a carne --macia, mas ao mesmo tempo dura—que conseguiu. Puxou-o para si, colando os dois abdómens ainda vestidos.
Por muito que quisesse desrespeitar as regras do jogo do Daemonium e deixar de ser a presa e tornar-se também num predador, controlou-se com o pouco de bom senso que ainda lhe restava.
Valac jogou com a cintura, ao sentir que até mesmo o seu segurança tinha aquela pressãozinha no meio das suas pernas. Queria levá-lo à quase loucura, sem passar dos limites. Afastou um pouco o seu corpo do dele e obrigou-o a afastar as pernas, ainda com ele em cima.
Caramba, o que é isso?
Noah puxou o ar por entre os dentes cerrados ao sentir que a pressão na sua virilha tinha sido aliviada por míseros segundos, chegando com força logo em seguir.
Foi com tanta sede que o voltou a beijar, que se perguntava há quantos anos não beijava alguém. Segurou a sua nuca com desejo, ainda com a sua mão dentro do bolso das calças e deixou-se que aquela tensão toda fluísse.
Aquela sensação de apenas sentir, não conseguir ver o que vinha a seguir deixava-o ainda mais pressionado e ansioso pelo desconhecido.
Valac deixou-se ir também. Abriu por completo a camisa e apreciou aquela tatuagem celestial antes de beijar cada centímetro da risca vertical que divida o corpo em dois, ajoelhando-se no chão.
Noah não acreditava no que ia acontecer, à medida que sentiu aquelas mãos endiabradas desapertarem o botão das calças e puxarem o feixo prateado, cruel e lentamente. Ele já estava corado, parecia um grande pimento, dos pés à cabeça. Não era de vergonha, e o Valac sabia disso...e tão bem que ele sabia.
Queria tanto tirar a venda.
E no momento que sentiu as mesmas mãos a explorarem o seu ventre, que sentiu tudo nele pulsar de tanta desejo, de tanto calor, de tanta vontade de ser possuído e possuir...
"A música acabou."
[Continua]
--Não me matem--
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro