Dizem que o pai é o seu primeiro amor..

Bom, disso eu posso discordar.

Por ser um alcoólatra e descontrolado, meu pai foi sempre rude. Ele queria ter o filho perfeito, um padrão inalcançável, mesmo que ele mesmo não fosse perfeito. E isso me causou danos, é claro.

Minha vida nunca teve abraços quentinhos, histórias para dormir, beijinhos quando eu caía e me ralava. Ao invés disso, eu era sempre xingado e taxado de fraco por alguém que, apesar de tudo, eu sempre amei.

E sobre a minha mãe, bem, ela descansa em paz. Morreu há vários anos. Era uma vida saudável antes dela morrer, mas desde então, só sou eu... e meu pai.

- Porra, Park Jimin, de novo tirou nove na matéria de matemática? E que tipo de roupa merda é essa? Você é um bosta. - Falando no diabo, a voz embriagada do mais velho disse.

Ele sempre quer que eu tire dez em todas as matérias. Além disso, o que a minha roupa tem a ver? Apenas estou vestindo um moletom rosa que contrasta com o meu cabelo e uma calça moletom branca. Meu amado all star rosa não pode faltar.

A desculpa do meu pai é a mesma toda vez que ele reclama das minhas roupas: que rosa não é uma cor masculina.

Eu não disse nada e nem podia. Meu boletim do segundo bimestre tinha acabado de sair e, como sempre, tirei nove na maldita matemática.

Me forcei a não mostrar nenhum sentimento. Já eram quase meio-dia e o portão iria abrir em breve. Então, apenas forcei um sorriso.

- Desculpa, papai. - Murmurei baixo, ouvindo o mais velho resmungar um palavrão. Acabei nem comendo para evitar mais tempo naquela casa.

Saí daquele lugar sufocante após pegar a minha mochila.

Seria mais um dia no terceiro ano do ensino médio. E sim, 18 anos e ainda morando com o pai.

Talvez ele não esteja tão errado quando diz que sou um imprestável.

Andei rápido a escola, vendo o portão ainda aberto, o que não era surpresa, já que eu tinha chegado relativamente cedo. Sentei-me no banco que ficava perto da entrada da escola, esperando um pouco para entrar. Normalmente, ficavam casais se pegando aqui.

Que sonho.

Olhei ao meu redor e vi Kim Taehyung, um colega da minha classe, que andava com um cara mais alto do que ele, o que me surpreendeu, já que Taehyyung é muito alto.

O outro tinha cabelos pretos que vão até os ombros, mais ou menos. Ele tinha algumas ondas no cabelo, o corpo parecia musculoso, mas não exagerado. O mesmo usava uma regata preta, que fazia as tatuagens cobrindo o braço direito inteiro ficarem à mostra. Além da regata, usava uma calça de moletom da mesma cor, uma corrente minimalista de prata e alguns anéis na mão. Ele parecia ter uma pele levemente mais escura do que a minha.

'Talvez seja o namorado do Taehyung', pensei, olhando o cara, que parecia ser mais velho do que o meu colega.

Fiquei tão distraído olhando aquele cara, que nem ouvi o sinal tocar e o portão se fechando lentamente. Só reparei quando Taehyung entrou às pressas e, quando percebi, o moreno que estava ao lado dele me encarava do mesmo jeito que eu fazia poucos segundos atrás.

Senti minhas bochechas queimarem. Rapidamente, me levantei, desajeitado, e entrei às pressas na escola lotada. Não resisti e, pela última vez, dei uma olhada para trás.

Vi muitos colegas indo com os amigos até a sala, se cumprimentando e se abraçando. Me senti meio mal, vendo pessoas tão próximas.

Já que para mim, é bem difícil me socializar.

Entrei na sala e passei o meu gloss especial, sabor morango. Eu sinceramente sabia que todos que viam isso me julgaria, mesmo que mentalmente, mas eu taco o foda-se.

Então, sentei na minha mesa. A professora então entrou. Deitei a cabeça na mesa e assim comecei a assistir à aula.